14 de março de 2010

'Farewell Tour' é síntese fiel da história do A-ha

Resenha de Show
Título: Farewell Tour
Artista: A-ha
(em fotos de Mauro Ferreira)
Local: Citibank Hall (RJ)
Data: 13 de março de 2010
Cotação: * * *
Em cartaz:
Belo Horizonte - MG (14 de março, Chevrolet Hall)
Brasília - DF (16 de Março, Ginásio Nilson Nelson)
Recife - PE (18 de março, Chevrolet Hall)
Após tocar The Sun Always Shines on TV, o A-ha encerrou o bis da apresentação carioca de sua Farewell Tour, se despediu dos seis mil fãs que encheram a imensa pista do Citibank Hall e saiu do palco sem tocar seu primeiro e maior hit mundial, Take on me, o single que impulsionou a carreira do trio norueguês em 1985. Era jogo de cena, claro! Um minuto depois de os fãs pedirem Take on me em coro, Morten Harket (voz), Paul Waaktaar-Savoy (guitarra) e Magne Furuholmen (teclados) reapareceram em cena, cantaram seu sucesso (ainda irresistível) e, aí sim, se despediram para valer dos fãs cariocas. Em tese, para sempre. A turnê que trouxe o trio de volta ao Brasil marca a despedida dos palcos de uma banda fiel ao tecnopop que o projetou lá em 1985. Passados 25 anos, nada mudou tanto assim no som do A-ha. O fim é meio igual ao começo.
Realçando o clima de despedida, tema do compositor erudito norueguês Edvard Grieg abriu a apresentação carioca do trio às 22h15m da noite de sábado, 13 de março de 2010. Bastou Morten, Magne e Paul apareceram no palco do Citibank Hall para eletrizar de imediato o público. The Bandstand abriu o roteiro - salpicado de hits - evidenciando a irregularidade do repertório do último álbum de inéditas da banda, Foot of the Mountain (2009), cuja faixa-título, tocada na sequência, se confirmou em cena como a música de maior inspiração da safra recente do trio. Simpáticos, Morten e Magne dispararam diversos agradecimentos - "Thank You", "Obrigado, Rio" - enquanto enfileiravam singles de uma carreira fonográfica que, ao longo dos anos 90, foi perdendo a força mostrada na segunda metade da década de 80, quando o A-ha viveu seu apogeu comercial e artístico. Na Farewell Tour, o A-ha - fiel ao seu som tecnopop - age como se ainda estivesse nesse auge, favorecido pelo clima de despedida que enternece os fãs. Músicas como Analogue (bissexta lembrança do álbum homônimo de 2005), Forever Not Yours e Minor Earth, Major Sky foram se sucedendo em sequências que alternavam euforia (nos temas mais conhecidos) e apatia (nas músicas mais recentes). Sim, por mais que o A-ha tenha bom domínio do idioma (tecno)pop, às vezes seu show transcorre sem pegada. Contudo, justiça seja feita, Morten ainda segura bem os agudos. E baladas como Stay on These Roads - revivida com arranjo clonado da gravação original que batizou o terceiro álbum do trio - e Crying in the Rain (apropriado cover dos Everly Brothers) resistem bem ao tempo. Pena que a mais bela das baladas, Hunting High and Low, tenha reaparecido no bis sem a essencial delicadeza do registro original.
A boa surpresa da noite foi a inclusão de You Are the One, música do A-Ha que fez grande sucesso no Brasil, mas que está fora do roteiro oficial da Farewell Tour por ser irrelevante (no exterior) na discografia da banda. Pois You Are the One - esquecida nas demais apresentações da turnê brasileira - foi inserida no roteiro do show carioca em clima folk, com os três músicos unidos em torno de seus violõese vozes. Mimo que valorizou apresentação que destacou ainda The Living Daylights e Manhattan Skyline, esta com Morten recorrendo ao uso de um megafone. O show já estava no bloco final, encerrado com Cry Wolf. No todo, as batidas sintetizadas da música do A-Ha - tiradas pelo falante Magne de seus teclados com o auxílio de outro tecladista, Erik Ljungren, posicionado ao fundo do palco - soam datadas, mas eficientes. É tecnopop à moda dos anos 80. Há quem goste. Há quem odeie. Mas é inegável o apelo do synth pop do A-Ha em sua fase inicial. Tanto que o trio faz sua Farewell Tour com som fiel ao seu início de carreira, já há longos 25 anos. Goste-se ou não, o A-Ha vai ficar na História da música pop - e nas memórias de seus fãs brasileiros.

6 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Após tocar The Sun Always Shines on TV, o A-Ha encerrou o bis da apresentação carioca de sua Farewell Tour, se despediu dos seis mil fãs que encheram a imensa pista do Citibank Hall e saiu do palco sem tocar seu primeiro e maior hit mundial, Take on me, o single que impulsionou a carreira do trio norueguês em 1985. Era jogo de cena, claro! Um minuto depois de os fãs pedirem Take on me em coro, Morten Harket (voz), Paul Waaktaar-Savoy (guitarra) e Magne Furuholmen (teclados) reapareceram em cena, cantaram seu sucesso (ainda irresistível) e, aí sim, se despediram para valer dos fãs cariocas. Em tese, para sempre. A turnê que trouxe o trio de volta ao Brasil marca a despedida dos palcos de uma banda fiel ao tecnopop que o projetou lá em 1985. Passados 25 anos, nada mudou tanto assim no som do A-Ha. O fim é meio igual ao começo.
Realçando o clima de despedida, tema do compositor erudito norueguês Edvard Grieg abriu a apresentação carioca do trio às 22h15m da noite de sábado, 13 de março de 2010. Bastou Morten, Magne e Paul apareceram no palco do Citibank Hall para eletrizar de imediato o público. The Bandstand abriu o roteiro - salpicado de hits - evidenciando a irregularidade do repertório do último álbum de inéditas da banda, Fool on the Mountain (2009), cuja faixa-título, tocada na sequência, se confirmou em cena como a música de maior inspiração da safra recente do trio. Simpáticos, Morten e Magne dispararam diversos agradecimentos - "Thank You", "Obrigado, Rio" - enquanto enfileiravam singles de uma carreira fonográfica que, ao longo dos anos 90, foi perdendo a força mostrada na segunda metade da década de 80, quando o A-Ha viveu seu apogeu comercial e artístico. Na Farewell Tour, o A-ha - fiel ao seu som tecnopop - age como se ainda estivesse nesse auge, favorecido pelo clima de despedida que enternece os fãs. Músicas como Analogue (bissexta lembrança do álbum homônimo de 2005), Forever Not Yours e Minor Earth, Major Sky foram se sucedendo em sequências que alternavam euforia (nos temas mais conhecidos) e apatia (nas músicas mais recentes). Sim, por mais que o A-ha tenha bom domínio do idioma (tecno)pop, às vezes seu show transcorre sem pegada. Contudo, justiça seja feita, Morten ainda segura bem os agudos. E baladas como Stay on These Roads - revivida com arranjo clonado da gravação original que batizou o terceiro álbum do trio - e Crying in the Rain (apropriado cover dos Everly Brothers) resistem bem ao tempo. Pena que a mais bela das baladas, Hunting High and Low, tenha reaparecido no bis sem a essencial delicadeza do registro original.
A boa surpresa da noite foi a inclusão de You Are the One, música do A-Ha que fez grande sucesso no Brasil, mas que está fora do roteiro oficial da Farewell Tour por ser irrelevante (no exterior) na discografia da banda. Pois You Are the One - esquecida nas demais apresentações da turnê brasileira - foi inserida no roteiro do show carioca em clima folk, com os três músicos unidos em torno de seus violõese vozes. Mimo que valorizou apresentação que destacou ainda The Living Daylights e Manhattan Skyline, esta com Morten recorrendo ao uso de um megafone. O show já estava no bloco final, encerrado com Cry Wolf. No todo, as batidas sintetizadas da música do A-Ha - tiradas pelo falante Magne de seus teclados com o auxílio de outro tecladista, Erik Ljungren, posicionado ao fundo do palco - soam datadas, mas eficientes. É tecnopop à moda dos anos 80. Há quem goste. Há quem odeie. Mas é inegável o apelo do synth pop do A-Ha em sua fase inicial. Tanto que o trio faz sua Farewell Tour com som fiel ao seu início de carreira, já há longos 25 anos. Goste-se ou não, o A-Ha vai ficar na História da música pop - e nas memórias de seus fãs brasileiros.

14 de março de 2010 às 14:45  
Anonymous Anônimo said...

"You are the one" para o Rio de Janeiro foi um grande presente. Viram como ser carioca faz toda a diferença?

14 de março de 2010 às 17:42  
Anonymous Anônimo said...

Pra quem quiser ver "You are the one" no Rio de Janeiro: www.youtube.com/watch?v=oiCq7C_y2Ng

14 de março de 2010 às 19:48  
Anonymous Anônimo said...

Lamento não ter ido :(

15 de março de 2010 às 12:13  
Blogger André Luís said...

O nome CORRETO do último álbum do A-ha é "Foot of the Mountain" (e não "Fool on the Mmountain")... e trata-se de um grande disco!

15 de março de 2010 às 22:02  
Blogger Marcia said...

Olha, resenha é resenha, então respeito. Estive nos dois shows, em Sampa e no Rio, e na minha opinião, foram maravilhosos. Mas também deve ser porque acompanho a banda desde 1987.
Mas pelo amor de Deus, uma correção: a abertura não foi com Grieg, mas Tchaikovsky, Serenata para Cordas em Do Maior Op.48.
Ninguém é obrigado a ser profundo conhecedor de música clássica, ainda mais nesse país, mas se não sabe, é melhor não escrever nada!

abraços

21 de março de 2010 às 02:29  

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