11 de julho de 2009

Zeca grava DVD com descontração e politização

Resenha de Show - Gravação de DVD
Título: Uma Prova de Amor
Artista: Zeca Pagodinho
Local: Citibank Hall (RJ)
Data: 10 de julho de 2009
Cotação: * * * 1/2

"Tem gente filmando a gente, mané... Manera, mané, manera...", cantarolou Zeca Pagodinho logo após entrar em cena no palco do Citibank Hall, no Rio de Janeiro (RJ), e abrir o show com apática interpretação do samba Deixa a Vida me Levar. Cantarolar os versos de Manera Mané - o samba de Beto sem Braço, Serginho Meriti e Arlindo Cruz gravado por Zeca em 1988 em seu terceiro álbum, Jeito Moleque - foi a forma espirituosa encontrada pelo sambista para informar ao público que se aglutinava na pista de que aquela apresentação do show Uma Prova de Amor seria diferente porque estava sendo gravada para gerar DVD e CD ao vivo. Não que o público já não soubesse. Mas Zeca, do seu jeito espontâneo, fez questão de dar seu recado: o show seria mais "calmo", com as necessárias interrupções para repetir os números que não forem bem captados. Mas elas, as repetições, nem foram muitas. O cantor parecia à vontade, embora não tenha escondido o nervosismo na hora de receber Jorge Ben Jor - que recita em Ogum a mesma oração declamada no CD de estúdio homônimo do show - e, sobretudo, na hora de apresentar o (delicioso) samba inédito, Se Ela Não Gosta de mim, composto recentemente com Arlindo Cruz e Junior Dom com fidelidade à receita ensinada pelos bambas do Cacique de Ramos. Tanto Ogum quanto Se Ela Não Gosta de mim foram repetidos, mas o fato é que a gravação até transcorreu ágil e, descontado o bis usado para os necessários ajustes, o show durou as cerca de duas horas regulamentares. Dez!
Como Zeca já tem três DVDs em sua videografia, pareceu ter havido a preocupação de não deixar redundante o roteiro urdido pelo diretor Túlio Feliciano. O que explicaria a inclusão de temas menos inspirados do repertório de Zeca, caso de Alô, Mundo - o samba de temática social que deu título ao álbum gravado pelo artista em 1993. Pretexto para um discurso pacifista feito por Zeca em cena. O roteiro, a propósito, segue linha bem politizada em números ocasionais como Eta Povo pra Lutar e Maneiras, o samba do segundo álbum de Zeca (Patota de Cosme, 1987) que o artista regravaria anos depois com o grupo O Rappa. Aliás, Patota de Cosme - o samba - é revivido no show, abrindo o bloco religioso que alinha Ogum (com a luxuosa participação de Jorge Ben Jor, bem emendada num improvisado Taj Mahal) e Minha Fé.
Musicalmente, os arranjos combinam metais com percussão em sambas como Não Sou Mais Disso, cruzando o universo das gafieiras (mote do último registro ao vivo do cantor) com a batucada dos pagodes armados nos fundos de quintais. Como cantor, Zeca tem deficiências que saltam aos ouvidos no palco, mas que, em sambas populares como Vai Vadiar, são abafadas pelo coro espontâneo do público. Que recebe de forma calorosa os convidados Almir Guineto (em Lama das Ruas, parceria de Zeca com Guineto que também se junta ao time de sambas sociais do show), Monarco (debilitado, mas ainda majestoso, em Coração em Desalinho) e a Velha Guarda da Portela (vibrante como de hábito em Esta Melodia e em Vivo Isolado do Mundo). É comovente a reverência de Zeca ao grupo de bambas, saudado em cena como "meu baú de jóias". Entre hits já inevitáveis como Verdade e temas que podem virar hits além das rodas de samba se forem bem trabalhados na mídia (caso de O Canto da Sereia, de Toninho Geraes), Zeca Pagodinho deu seu recado, inclusive social, sem sair do (seu) tom, provando mais uma vez ser sambista fiel a si mesmo.

Almir, Ben Jor e samba inédito no DVD de Zeca


Zeca Pagodinho gravou o DVD (e o CD ao vivo) do show Uma Prova de Amor na noite de sexta-feira, 10 de julho de 2009, na casa Citibank Hall, no Rio de Janeiro (RJ). A gravação contou com intervenções de Almir Guineto (em Lama das Ruas), Jorge Ben Jor (em Ogum e num improvisado registro de Taj Mahal que deve ser aproveitado somente nos extras), Monarco (em Coração em Desalinho) e da Velha Guarda da Portela (em Esta Melodia e em Vivo Isolado do Mundo). Com lançamento previsto para outubro, o quarto DVD de Zeca Pagodinho vai trazer no repertório samba inédito composto por Pagodinho em parceria com Arlindo Cruz. Intitulado Se Ela Não Gosta de mim, o samba tem a levada dos clássicos brotados no quintal do bloco Cacique de Ramos. Eis o bom roteiro apresentado por Zeca Pagodinho no registro ao vivo:
1. Deixa a Vida me Levar
2. Eta Povo pra Lutar
3. Uma Prova de Amor
4. Lama das Ruas - com Almir Guineto
5. O Canto da Sereia
6. Não Sou Mais Disso
7. Então Leva
8. Fita Amarela
9. Vai Vadiar
10. Patota de Cosme
11. Ogum - com Jorge Ben Jor
12. Taj Mahal - com Jorge Ben Jor
13. Minha Fé
14. Tema Instrumental - Banda
15. Se Ela Não Gosta de mim
16. Esta Melodia - com Velha Guarda da Portela
17. Vivo Isolado do Mundo - com Velha Guarda da Portela
18. Jura
19. Alô, Mundo!
20. Normas da Casa
21. Ratatuia
22. Quando a Gira Girou
23. Maneiras
24. Coração em Desalinho - com Monarco
25. Verdade
Bis:
26. Quando Eu Contar (Iaiá) / Bagaço da Laranja

Com atraso, Som Livre lança a trilha de 'Capitu'

Exibida em dezembro de 2008 pela TV Globo, a microssérie Capitu seduziu vários de seus telespectadores pela boa trilha sonora. Foi nessa trilha que o folk-rock do Beirut, um grupo cult norte-americano, ganhou projeção no Brasil. A gravação do Beirut ouvida na refinada série, Elephant Gun, integra obviamente o CD (capa acima à esquerda) com a trilha sonora de Capitu. Lançado pela Som Livre neste mês de julho de 2009, com mais de seis meses de atraso em relação à exibição da série na TV, o disco traz os temas instrumentais de Chico Neves e Tim Rescala que pontuaram a trama inspirada em Dom Casmurro, a obra-prima do escritor Machado de Assis (1839 - 1908). Entre as faixas cantadas, há Minhas Lágrimas (Caetano Veloso) e Juízo Final (Nelson Cavaquinho). Detalhe: Quem Sabe, a faixa que abre o CD, é de um grupo carioca, o Manacá, do qual faz parte a atriz Letícia Persiles, a intérprete de Capitu na fase juvenil. Lançamento tardio.

Clássico de Sinéad é reeditado com CD-bônus

Ao lançar seu segundo álbum, I Do Not Want What I Haven't Got, em 1990, Sinéad O'Connor conseguiu projeção mundial por conta do estouro da balada Nothing Compares 2 U, da lavra de Prince. Nenhum outro álbum posterior da artista irlandesa bisaria o êxito desse disco, cuja Limited Edition está sendo lançada no mercado brasileiro pela EMI Music neste mês de julho de 2009. A novidade é o CD adicional com dez faixas-bônus. Os destaques são os covers inéditos do reggae Night Nurse (Gregory Isaac) e de Mind Games (John Lennon), produzidos por Daniel Lanois. Outros três bônus preciosos da reedição são My Special Child (música lançada como single em 1991), Damn your Eyes (o lado B do single de Three Babies) e uma versão estendida de Silent Night, da trilha sonora do filme The Ghosts of Oxford Street. Há também cover de Cole Porter (You Do Something to me, do projeto Red, Hot & Blue) e registros ao vivo que valorizam a reedição desse clássico da discografia da artista, que, embora há tempos afastada das paradas, continua sendo uma das vozes mais sensíveis e originais de sua era. Vale (re)ouvir I Do Not Want What I Haven't Got.

Cachorro dilui agressividade em álbum anêmico

Resenha de CD
Título: Cinema
Artista: Cachorro Grande
Gravadora: Deckdisc
Cotação: * 1/2

Em seu quarto álbum, Todos os Tempos (2007), o grupo Cachorro Grande já tinha se mostrado menor no cenário roqueiro brasileiro do que fez supor sua promissora estréia no mercado fonográfico em 2001. Definhando a cada dia, Cachorro Grande não dá o menor sinal de recuperação em seu quinto álbum, Cinema. Justiça seja feita: a produção de Rafael Ramos é a melhor já obtida pela banda. Há todo um polimento que, se por um lado dilui a agressividade do quinteto (mesmo em faixas mais viscerais como Dance Agora), por outro refina a embalagem do som vintage da banda. Cinema foi gravado em equipamentos analógicos que evocam o rock dos anos 60 e 70. Há um coerente sotaque retrô em, por exemplo, Amanhã - faixa incrementada com uma cítara que remete aos Beatles da segunda metade da década de 60. O problema, grave, é que o repertório é muito ruim. Vale destacar O Tempo Parou, bom tema urdido com efeitos e barulhinhos bons que, no entender do quinteto, justificam o título Cinema por evocar trilhas típicas da Sétima Arte. Conceitos à parte, fica difícil engolir um repertório de qualidade tão ruim. Entre baladas (Por Onde Vou e Eileen) e rocks mais ou menos pesados (Pessoas Vazias, com destaque para o arranjo vocal), o álbum deixa a triste certeza de que a produção caprichada não conseguiu disfarçar a anemia da safra de inéditas que apequena o Cachorro Grande neste ruim Cinema assim como já fizera no anterior Todos os Tempos. Falta a inspiração inicial.

10 de julho de 2009

Claudia Leitte deverá trocar Universal pela Sony

Claudia Leitte (foto) já está com um pé na Sony Music. A saída da cantora da rival Universal Music ainda não foi confirmada oficialmente - assim como a ida (ainda não sacramentada) para a Sony. No entanto, nos bastidores do mercado fonográfico, a mudança de gravadora da estrela da axé music já é dada como certa. Claudia estrearia na Sony ainda neste ano de 2009 com um CD e um DVD de repertório quase todo inédito (o DVD trará clipes das faixas, e não um registro de show).

'Chiaroscuro' é o título do quarto álbum de Pitty

Chiaroscuro, palavra que na língua italiana significa claro-escuro, é o título do quarto álbum de Pitty (veja a capa à esquerda). Com lançamento já agendado pela Deckdisc para 11 de agosto de 2009, o CD vai ser promovido com a faixa Me Adora, em rotação nas rádios a partir de 14 de julho. A música já gerou clipe dirigido por Ricardo Spencer. Chiaroscuro - nome também da técnica de pintura criada por Leonardo da Vinci (1452 - 1519) para enfatizar o contraste entre luzes e sombras - apresenta 11 músicas inéditas da lavra de Pitty, produzidas por Rafael Ramos. Eis, na ordem, as onze faixas de Chiaroscuro - o terceiro disco de estúdio de Pitty:
1. 8 ou 80
2. Me Adora
3. Medo
4. Água Contida
5. Só Agora
6. Fracasso
7. Descontruindo Amélia
8. Trapézio
9. Rato na Roda
10. A Sombra
11. Todos Estão Mudos

Com Legend, Ana repete a fórmula de Vanessa

Anunciada por John Legend, por meio do twitter, na última quarta-feira, 8 de julho de 2009, a gravação do artista norte-americano com Ana Carolina - para o disco de inéditas que a cantora vai lançar em agosto - segue a fórmula que deu certo com Vanessa da Mata e com Wanessa: um dueto bilíngue com um cantor dos Estados Unidos em música assinada em parceria com o astro. A receita foi testada com êxito por Vanessa da Mata com a canção pop Boa Sorte / Good Luck, composta e gravada com Ben Harper para o álbum Sim. A música liderou as paradas em 2007. Mais recentemente, no primeiro semestre deste ano de 2009, Wanessa (ex-Camargo) também conseguiu um hit radiofônico ao gravar com Ja Rule a música Fly / Meu Momento, tema que tem co-autoria do rapper norte-americano (em parceria com nomes como Deeplick). Agora é a vez de Ana Carolina. Entreolhares é o nome da música gravada por ela com John Legend, parceiro da cantora e de Antonio Villeroy na composição. Inicialmente previsto para ser lançado em julho, o álbum de Ana Carolina já teve seu lançamento adiado para agosto. O disco foi produzido por Kassin, Mário Caldato Jr. e Alê Siqueira.

Pearl Jam lança 'Backspacer' em 21 de setembro

Backspacer é o título do nono álbum de inéditas do Pearl Jam. Gravado com produção de Brendan O' Brien, nome recorrente na discografia da banda, o CD tem lançamento agendado para 21 de setembro de 2009. O repertório alinha 11 inéditas. Entre elas, Got Some. O primeiro single, The Fixer, vai ser lançado em formato digital em 24 de agosto. Backspacer sucede Pearl Jam (2006).

9 de julho de 2009

Takai justifica inclusão de 'Ben' em 'Luz Negra'

Com o título de Luz Negra, nome tomado emprestado do samba de Nelson Cavaquinho e Irani Barros que consta de seu repertório, o primeiro registro ao vivo da carreira solo de Fernanda Takai chega às lojas ainda neste mês de julho de 2009, via Deckdisc. Trata-se da gravação do show Onde Brilhem os Olhos seus, originado do CD de 2007 em que Takai (em cena na foto de Alexandre Moreira) aborda com criatividade o repertório de Nara Leão (1942 - 1989). No roteiro, a cantora do Pato Fu extrapola o repertório de Nara e canta sucessos de Duran Duran (Ordinary World), Eliana Pittman (Sinhá Pureza), Eurythmics (There Must Be an Angel, música já gravada por Takai em 2005 para a trilha de um desfile de moda) e Roberto Carlos (Você Já me Esqueceu, tema de Fred Jorge lançado pelo Rei em 1972). Ben - a balada tristonha que deu título ao álbum solo lançado por Michael Jackson (1958 - 2009) em 1972 - está no repertório (gravado em maio em Minas Gerais), mas Takai já se justifica de antemão e nega oportunismo na inclusão de Ben no CD e DVD Luz Negra. Com a palavra, Takai:
Ben está no repertório desde o lançamento da turnê, em março de 2008. É até estranho agora que o Michael Jackson morreu, pois Ben era uma lembrança em vida. Espero que as pessoas não se enganem e achem que estou cantando somente por isso. Escolhi essa canção porque, além de ser um ótimo intérprete de músicas dançantes, Michael sabia emocionar com esse tipo de balada, um pouco melancólica. Também foi uma que ouvi muito em fita cassete!”. Fernanda Takai (em um informativo da Deckdisc).

CD revive a passagem da 'Bad Tour' pelo Japão

Já está em pré-venda no Brasil - em algumas lojas virtuais - o CD The Best of Michael Jackson Live (foto). Trata-se de um registro extra-oficial - fabricado por selos obscuros - da passagem da Bad World Tour pelo Japão em 1987. Na edição estrangeira, o disco é duplo e se chama One Night in Japan. A edição nacional - que chega às lojas ainda neste mês de julho de 2009 para faturar com o culto a Michael Jackson (1958 - 2009) iniciado após a morte do cantor - é simples e apresenta 18 números do show. A gravação ao vivo já tinha sido editada em DVD, já de volta ao catálogo. Eis as músicas de The Best of Michael Jackson Live:
1. Beat It
2. Billie Jean
3. Thriller
4. Bad
5. Off the Wall
6. Rock With You
7. Human Nature
8. Wanna Be Starting Something
9. She's Out of my Life
10. I Want You Back
11. The Love You Save
12. I'll Be There
13. I Just Can't Stop Loving You
14. Things I Do for You
15. Heartbreak Hotel (This Place Hotel)
16. You Are my Lovely One
17. Working Day and Night
18. Shake Your Body

Roberta grava extras de DVD com Chico e Ney

O primeiro registro ao vivo de show de Roberta Sá vai chegar às lojas em agosto de 2009 com faixas-bônus de estúdio. A cantora gravou duetos com Chico Buarque e Ney Matogrosso para os extras do DVD. Com Chico, Roberta revive Mambembe, música lançada pelo compositor na trilha sonora do filme Quando o Carnaval Chegar, em 1972, com Nara Leão (1942 - 1989). Com Ney, o dueto aconteceu em Peito Vazio, parceria de Cartola (1908 - 1980) e Elton Medeiros. A gravação ao vivo do show Que Belo Estranho Dia para se Ter Alegria vai ser editada em CD e DVD. Na foto acima, de Mauro Ferreira, Roberta é vista num flagrante da gravação, realizada em 3 de abril de 2009 na casa Vivo Rio, no Rio de Janeiro (RJ), com intervenção de Marcelo D2.

Elba, Roberta, Yahoo e Rafael no DVD de Mara

Já nas lojas neste mês de julho de 2009, o primeiro fraco DVD de Tânia Mara - Falando de Amor ao Vivo, também disponível em CD editado pela EMI Music - conta com as intervenções de Alexandre Pires, Elba Ramalho, Roberta Miranda, Yahoo, Marcus Viana e Rafael Almeida. Elba soltou sua voz em três números: Mais Uma Vez (única parceria de Renato Russo com Flávio Venturini), Lembrança de um Beijo (Accioly Neto) e o registro de Não Chores Mais (No Woman No Cry, na versão de Gilberto Gil) que termina com a oração Pai Nosso. Já Roberta Miranda é a convidada de Meu Dengo - tema da lavra da própria Roberta - enquanto Alexandre Pires se junta a Marcus Viana em Não me Ame, versão de música italiana. O DVD tem tom populista.

'Paraíso' ganha segunda trilha com sertanejos

Por conta do expressivo sucesso de vendas da trilha sonora nacional da novela Paraíso, voltada para a música sertaneja, a Som Livre lança neste mês de julho de 2009 um segundo volume da trilha. Com título que alude à fictícia emissora de rádio que movimenta a trama rural de Benedito Ruy Barbosa, o disco Rádio A Voz do Paraíso reúne mais sucessos sertanejos. A seleção inclui 17 fonogramas de nomes prestigiados na cena caipira, casos de Almir Sater (Três Toques na Madeira) e Sérgio Reis (Ôh...Viola Iluminada), mas, em sua maioria, o disco propaga gravações de duplas sertanejas como Gino & Geno (Com Dinheiro É Mole), Bruno & Marrone (100% Casamento), Gian & Giovani (Arrepiou... Arrepiou) e Hugo & Thiago (No Lugar Onde Eu Moro).

Coleção reaviva a memória do samba paulista

Criada por Guga Stroeter, com T. Kaçula e Renato Dias, a bela série Memória do Samba Paulista - cujos primeiros quatro CDs já estão chegando às lojas com distribuição da Tratore neste mês de julho de 2009 - registra as obras de bambas de Sampa pouco ou nada cultuados e mostra que a produção de samba paulista não se esgota nos repertórios de compositores como Adoniran Barbosa (1910 - 1982), Eduardo Gudin e Geraldo Filme (1928 - 1995). A primeira leva da série inclui discos dedicados a Antonio Messias de Campos, o Toniquinho Batuqueiro (veja a capa do CD acima à direita), compositor que já abasteceu o repertório das quadras de escolas como Rosas de Ouro e Unidos do Peruche. Aos 80 anos, completados em 25 de fevereiro de 2009, Toniquinho canta seu samba eventualmente impregnado de sotaque rural. A série inclui também títulos dedicados à Velha Guarda da Unidos do Peruche, ao grupo Embaixada do Samba Paulistano - fundada em 1995 com a reunião de bambas de diversas agremiações paulistas - e ao coletivo feminino Tias Baianas Paulistas, que foi organizado entre 1994 e 1995 por Valter Cardoso (1941 - 2004), o Valtinho das Baianas, para valorizar a força das baianas no samba.

8 de julho de 2009

Whitney canta Alicia e Diane em 'I Look to You'

Batizado com o nome de composição de R. Kelly, I Look to You, o aguardado álbum que marca o retorno de Whitney Houston ao mercado fonográfico - após sete anos sem lançar disco de inéditas - vai ser puxado por uma música da compositora Diane Warren, I Didn't Know my Own Strength. Com lançamento agendado nos Estados Unidos para 1º de setembro de 2009, I Look to You conta com a produção e os vocais do rapper Akon na faixa Like I Never Left. O repertório inclui tema de Alicia Keys, Million Dollar Bill, faixa produzida por Swizz Beatz. O último álbum de inéditas da cantora, Just Whitney, é de 2002. Que venha I Look to You!!!!

Registro da turnê do Wilco pelos EUA vira filme

Resenha de DVD
Título: Wilco Live
Ashes of American
Flags
Artista: Wilco
Gravadora: Nonesuch
/ Warner Music
Cotação: * * * *

Cada vez mais, registros de shows de bandas de rock ganham status de filme ao serem editados em DVD. E o fato é que Wilco Live Ashes of American Flags - o ótimo DVD do Wilco que a gravadora Warner Music acaba de lançar no mercado brasileiro - faz jus a esse status. É um filme mesmo, com belas imagens captadas ao longo da turnê feita em 2008 por cidades dos Estados Unidos como Tulsa, New Orleans, Nashville, Mobile e Washington para promover o álbum Sky Blue Sky (2007). Cidades grandes e pequenas que, às vezes, mexem com o estado emocional da banda. Os diretores Brendan Canty & Christoph Green souberam costurar o material colhido na estrada - em números de shows, passagens de som, viagens de ônibus etc. - com sofisticação. Como as entrevistas com os músicos dão boa geral na obra do grupo sem tom maçante, o resultado é um filme capaz de envolver até quem não é fã do Wilco. Para quem quer saber apenas de música, vale a informação de que os números musicais são bem filmados e que o áudio do DVD é exemplar. A propósito, os extras exibem sete músicas (Airline to Heaven, Hate It Here, I am Trying to Break your Heart e At Least That's What You Said estão na seleção adicional). Extras à parte, Ashes of American Flags - cujo título foi extraído de música da obra-prima da discografia da banda, Yankee Hotel Foxtrox (2002) - merece ser visto pelas belas tomadas que os diretores extraem do que poderia ter dado origem a mais um (banal!) registro de turnê de uma banda de rock.

Colour vai do soul ao blues em disco de inéditas

Banda pioneira na fusão de rock pesado com elementos de funk e hip hop, Living Colour volta ao mercado fonográfico em 15 de setembro de 2009 com o lançamento de The Chair in the Doorway, seu primeiro álbum de estúdio e de inéditas em seis anos. E o segundo desde que, em 2000, o grupo foi reativado com a formação que se estabeleceu a partir de 1993 (Vernon Reid, Corey Glover, Will Calhoun e Doug Wimbish). Gravado desde 2008 em Praga, na República Tcheca, o sucessor de Collideoscope (2003) vai ser editado pela Megaforce Records e apresenta onze músicas que evocam do soul (Behind the Sun) ao blues (Bless Those), passando por rock de alto teor político (DecaDance). Eis as faixas do quinto disco do grupo, The Chair in the Doorway:
1. Burned Bridges
2. The Chair
3. DecaDance
4. Young Man
5. Method
6. Behind the Sun
7. Bless Those
8. Hard Times
9. Taught Me
10. Out of Mind
11. Not Tomorrow

Fresno abre porta do estúdio para fãs em DVD

Saiu o primeiro DVD solo do Fresno, grupo do Sul do Brasil que já estreou no formato em 2007 no projeto coletivo MTV ao Vivo 5 Bandas de Rock. O Outro Lado da Porta exibe show feito no estúdio Midas (SP). Sem inéditas, o roteiro de 15 músicas combina músicas da pré-história desse quarteto - casos de Absolutamente Nada e Stonehenge - e sucessos radiofônicos do Fresno, casos de Alguém que te Faz Sorrir e Uma Música, cujos clipes são exibidos nos extras. Os números musicais são entremeados com depoimentos de Lucas Silveira (voz, guitarra e teclados), Gustavo Mantovani (guitarra), Rodrigo Tavares (baixo) e Bell Ruschel (bateria). A direção do vídeo foi feita por Daniel Ferro em parceria com Rafael Mellin. O Outro Lado da Porta tem produção de Rick Bonadio.

Diogo Poças é aposta alta da Warner para 2009

Irmão de Céu, Diogo Poças - em foto de Marcos Lopes - é uma das maiores apostas da Warner Music para o segundo semestre de 2009. Antecipado pelo single promocional com a música Pedacinho de Vida, parceria de Diogo com Jessé Santos, o primeiro álbum do cantor e compositor chega às lojas em breve com repertório essencialmente autoral, produção de Pepe Cisneros e participação da mana Céu na faixa Nada que te Diz Respeito. Sambas como Carioquinha (no qual o paulista Diogo corteja o Rio de Janeiro em letra que relaciona vários cartões postais da Cidade Maravilhosa com pontos famosos de Sampa) e A Vizinha de Frente são temas que integram o repertório do álbum, feito no estúdio paulista BRC.

Som contemporâneo embala romance de Fagner

Resenha de CD
Título: Uma Canção
no Rádio
Artista: Fagner
Gravadora: Som Livre
Cotação: * * * 1/2

Fagner acertou ao dividir a produção de seu bom álbum de inéditas Uma Canção no Rádio com o jovem produtor Clemente Magalhães. A aliança com Clemente deu ao som do cantor um tom mais contemporâneo, evidenciado já na regravação de Muito Amor no ritmo do tango eletrônico propagado por grupos como Bajofondo. Há frescor no álbum, ainda que o repertório tenha caráter levemente oscilante. Impregnada de denúncia social, inclusive no discurso de seu co-autor e convidado Gabriel O Pensador, Martelo não faz jus à alta expectativa depositada na primeira colaboração de Fagner com o rapper carioca. Da mesma forma, Uma Canção no Rádio (Filme Antigo) - a faixa-título composta e gravada com Zeca Baleiro - tem seus méritos, mas não reedita a inspiração da produção registrada pela dupla no belo álbum editado em 2003. Dentro da seara do romantismo popular, Regra do Amor (Oliveira do Ceará) se impõe com o provável hit do disco - se ele vier a ter um diante da anemia que enfraquece progressivamente o mercado fonográfico. Mas o fato é que o álbum merece a repercussão radiofônica que corteja abertamente. Nem que seja pelas belas parcerias de Fagner com Chico César (Farinha Comer, outra faixa de temática social) e com Fausto Nilo (A Voz do Silêncio, de tom confessional). Os arranjos - quase todos assinados por um coletivo que se denomina Núcleo Criativo Corredor 5 - são elegantes e nunca soam modernosos. Um deles, o de Amor Infinito, até remete vagamente aos arranjos ouvidos nos álbuns gravados por Fagner em seus áureos anos 70. Por fim, há no disco as habituais incursões do cantor pelos ritmos nordestinos com músicas que são sucessos no circuito no forró, mas soam como inéditas no Sul do Brasil. Me Dá meu Coração (Accioly Neto) impressionaria bem mais se não tivesse sido apresentada a esse público off-Nordeste por Elba Ramalho em seu recente disco Balaio de Amor. Já Flor do Mamulengo ganha envolvente levada de reggae que somente reforça a similaridade do ritmo jamaicano com o xote nordestino. Enfim, Uma Canção no Rádio é disco bonito para o rádio que celebra com dignidade os 60 anos que Fagner vai completar (em 13 de outubro de 2009).

O registro do reencontro de Clapton e Winwood

Não por acaso, a capa do CD e do DVD duplos Live from Madison Square Garden - que registram o reencontro de Eric Clapton com Steve Winwood nos palcos, em fevereiro de 2008, no célebre palco de Nova York (EUA) - remete à psicodelia dos anos 60. Amigos desde 1964, as biografias de Clapton e de Winwood começam a se cruzar profissionalmente em 1969, ano em que o guitarrista e o tecladista integraram o Blind Faith, um dos grupos pioneiros na fusão de rock e blues. A banda se formou e se dissolveu em 1969, tendo lançado um único álbum e feito uma única turnê. Mas deixou marcas nos trabalhos de ambos. É por isso que Clapton e Winwood abrem o show com Had to Cry Today, uma das músicas do solitário álbum do Blind Faith (outras quatro, como Can't Find my Way Home, são apresentadas ao longo do roteiro de 20 números). Neste vigoroso reencontro, Clapton e Winwood celebram também o guitarrista Jimi Hendrix (1942 - 1970) - ícone daqueles efervescentes anos 60 - em Little Wing e em Voodoo Chile. O DVD exibe no disco 2 documentário sobre as obras de Clapton e Winwood - The Road to Madison Square Garden, com entrevistas recentes com os músicos - e Rambling on my Mind, uma espécie de making of das três apresentações que lotaram o Madison Square Garden, agora perpetuadas neste registro ao vivo que festeja os 40 anos do lendário Blind Faith com a maestria dos dois gigantes do quarteto.

7 de julho de 2009

Crônica de uma morte anunciada, mas sentida

Não foi exatamente um velório, mas um tocante tributo de corpo presente. Pontuada por discursos de tom superlativo e números musicais, a cerimônia em homenagem a Michael Jackson (1958 - 2009) - que fez os olhos do mundo se voltarem para o ginásio Staples Center, em Los Angeles (EUA), nesta terça-feira, 7 de julho de 2009 - realimentou o culto ao astro e reanimou o assunto na mídia quando já havia poucos fatos consistentes a acrescentar no noticiário diário sobre a repentina saída de cena do rei, agora definitivamente entronizado no olimpo pop. O circo midiático está armado, mas os corações se desarmaram frente à grandeza do pop de Jackson. Não pareceram fabricadas as lágrimas de Usher em Gone to Soon, a sensibilidade de Stevie Wonder (em foto de Paul Buck, da AP) na escolha de I Never Dreamed You'd Leave in Summer e a emoção de Jermanie Jackson em Smile - a música de Charles Chaplin (1889 - 1977) que, como revelou a atriz Brookie Shields, amiga de Michael, era a preferida do astro. Se houve hipocrisia na postura do pai do cantor (Joe Jackson, carrasco cruel na fase inicial da carreira do filho, sentado na primeira fila como um pai enlutado), houve também sinceridade na exposição da grandeza artística de Michael, enfatizada nos vários discursos. Cantores como Mariah Carey (I'll Be There), Lionel Richie (Jesus Is Love) e Jennifer Hudson (emocionante em Will You Be There) passaram a impressão de que estavam realmente sentindo a morte de Michael. Podem não ter convivido com ele, como Hudson, mas também lamentavam sua partida precoce. Como os fãs nos quatro cantos do mundo. Sim, há uma sensação estranha no ar por conta da morte do astro. E esses sentimentos não são produtos da mídia ávida pelo desenrolar da trama armada com o desaparecimento do Rei do Pop. Eles são frutos da memória afetiva dos fãs. A música de Michael Jackson está bem enraizada no inconsciente coletivo do pop e lá permanecerá quando o circo for desarmado...

Três primeiros solos de Michael são reeditados

Enquanto o mundo pop assiste nesta terça-feira, 7 de julho de 2009, ao funeral-show de seu rei Michael Jackson (1958 - 2009), no ginásio Staples Center em Los Angeles (EUA), a indústria do disco trabalha a todo vapor para abastecer as lojas com CDs e DVDs do astro. A filial brasileira da Universal Music, por exemplo, repõe no mercado nacional neste mês de julho de 2009 os três primeiros álbuns da carreira solo do cantor. Got to Be There (capa acima à direita - gravado em 1971, mas lançado em janeiro de 1972), Ben (1972) e Music and me (1973) voltam ao catálogo com suas capas originais. Dessa fase solo inicial, apenas o último disco individual do artista na gravadora Motown, Forever, Michael (1975) não vai ser reeditado (foi o LP do hit One Day on your Life).
Paralelamente, a mesma Universal Music põe nas lojas em escala mundial, a partir de 21 de julho de 2009, o box Hello World: The Motown Solo Collection, que reúne todos os fonogramas dos quatro álbuns individuais gravados por Michael Jackson para a Motown em sua fase infanto-juvenil iniciada no grupo Jackson 5.

Arnaldo idealiza dois CDs com dois guitarristas

Arnaldo Antunes (à esquerda em foto de Márcia Xavier) vai lançar no segundo semestre de 2009 álbum de inéditas produzido por Fernando Catatau, o bom guitarrista do grupo Cidadão Instigado. Intitulado Iê Iê Iê, o disco tem um tom dançante e traz no repertório duas novas parcerias do artista com Carlinhos Brown e Marisa Monte. Paralelamente, Arnaldo já planeja gravar outro CD. Este futuro trabalho vai ser dividido com Edgard Scandurra, guitarrista do extinto Ira! - grupo contemporâneo da banda, Titãs, que revelou Antunes. O projeto com Scandurra pode começar a ser concretizado ainda em 2009 (mas não sai este ano).

Sobrinho de Chico foca a voz noturna de Áurea

A voz de Áurea Martins - vista à direita em foto de Walter Firmo - vai ecoar no cinema. Sobrinho de Chico Buarque, Zeca Buarque de Hollanda foca as cantoras da noite em filme que já entrou em fase final de produção. Laureada na 22ª edição do Prêmio da Música Brasileira com o troféu de melhor cantora de MPB, Áurea - que desde os anos 70 teve presença destacada na cena noturna do Rio de Janeiro (RJ) - é uma das personagens principais do curta-metragem, misto de documentário com ficção (em takes em que as próprias cantoras encenam passagens de seu cotidiano). O lançamento do curta-metragem está previsto para o ano que vem.

'Moonwalker', musical de Michael, sai em DVD

Produzido em 1988 para divulgar músicas de Bad, o álbum lançado por Michael Jackson em 1987, o filme Moonwalker ganha reedição em DVD - nas lojas do Brasil a partir de 16 de julho de 2009, via Warner Music - no embalo do culto ao Rei do Pop. Recheado de efeitos especiais, o musical teve roteiro baseado em história escrita pelo próprio Michael, intérprete do protagonista (um extraterrestre com poderes mágicos que ajuda três crianças a combater o vilão Mr. Big). A trama serve de pretexto para a apresentação de clipes de músicas como Man in the Mirror e Smooth Criminal, lançadas no álbum Bad, cuja faixa-título é alvo de paródia no filme. A trilha sonora do filme Moonwalker inclui também releitura de Come Together, música dos Beatles, de 1969.

6 de julho de 2009

Boyle vai além da Broadway no primeiro álbum

(Quase) três meses depois de ganhar fama mundial ao cantar lindamente I Dreamed a Dream (um tema do musical Os Miseráveis) na edição de 11 de abril de 2009 do programa Britain's Got Talent, a escocesa Susan Boyle já está em estúdio gravando o seu primeiro álbum. A produção é de Simon Cowell, jurado do programa. O disco, que vai ser editado pela gravadora Sony Music, deverá extrapolar no repertório o universo musical da Broadway.

Diogo evolui em oscilante show de boa produção



Resenha de Show
Título: Tô Fazendo a Minha Parte
Artista: Diogo Nogueira (em fotos de Mauro Ferreira)
Local: Canecão (RJ)
Data: 5 de julho de 2009
Cotação: * * *
Na (imediata) sequência do lançamento de seu segundo álbum, Tô Fazendo a Minha Parte, Diogo Nogueira deu a partida no Canecão, no Rio de Janeiro (RJ), na turnê nacional de um novo show baseado no álbum. Tô Fazendo a Minha Parte é o show mais bem-produzido do artista. Trocas de figurinos - uma delas feita atrás do cenário, entre sombras, em momento a la Ney Matogrosso que eletriza o séquito feminino que acompanha as apresentações de Diogo - e cenários de Hélio Eichbauer (o painel do bloco inicial - com símbolos como a bola de futebol e a pipa - é o mais bonito) atestam o crescimento do filho de João Nogueira no mercado da música. Diogo faz sua parte, mostrando evolução cênica e jogando charme para suas fãs. Contudo, o deslocado bis em que Diogo tenta reproduzir o suingue único de Jorge Ben Jor na voz e na guitarra, emendando sucessos como Taj Mahal e Fio Maravilha, sinaliza que o show ainda precisa de ajustes no roteiro. Há ênfase excessiva no repertório do novo disco (leia a crítica do CD no post abaixo) e o fato é que esse repertório ainda é irregular.
O show começa bem. Há empolgação no bloco inicial, sobretudo em Fé em Deus - sucesso do disco anterior de Diogo - e em Tô te Querendo, destaque da safra de inéditas do CD Tô Fazendo a Minha Parte. Mas, por mais que o cantor esteja se apresentando com maior desenvoltura, nem sempre o pique é mantido em cena. E, por mais que Diogo esteja em evolução como cantor, fica difícil ouvir na sua voz um samba como Vazio (Está Faltando uma Coisa em mim) sem mentalizar o registro soberano de Roberto Ribeiro (1940-1996). É que, ao vivo, o canto de Diogo às vezes sai do tom.
No segundo bloco, que evoca o universo da Lapa (bairro carioca celebrizado pela atmosfera de samba e boemia), Diogo encarna o malandro com figurino impecável. A mudança de clima é sinalizada com o número de dança feito por Diogo com a bailarina que surge da platéia num interessante jogo de cena. A banda toca Homenagem ao Malandro (Chico Buarque) e Diogo baila pelo palco em momento Carlinhos de Jesus. E o próprio entra em cena instantes depois na continuidade do descontraído bloco - aliás, bem apropriado para a apresentação de Malandro É Malandro, Mané É Mané e de Sou Eu, o samba de Chico Buarque e Ivan Lins que evoca o universo das gafieiras. Na sequência, Lama das Ruas, parceria de Almir Guineto com Zeca Pagodinho, se torna infalível na hora do inspirado refrão (acompanhado em coro pelo público).
Findo o tributo à malandragem da Lapa, vem a pior parte do show. A sequência com sambas novos como Amor Imperfeito e Chegou o Amor chega a ser enfadonha porque eles não estão à altura do show. A inclusão de um clássico do pagode deixaria o roteiro mais azeitado e impediria a queda brusca do pique. Recuperado na sequência final com Água de Chuva no Mar, Cai no Samba e Portela na Avenida, número em que Carlinhos da Jesus volta à cena para encarnar o Mestre-Sala que baila e corteja a dançarina fantasiada de Porta-Bandeira. Enfim, um bom show, no todo. Mas ainda com acertos a serem feitos na parte que cabe ao roteirista...

Diogo burila identidade própria no segundo CD

Resenha de CD
Título: Tô Fazendo
a Minha Parte
Artista: Diogo Nogueira
Gravadora: EMI Music
Cotação: * * 1/2

Diogo Nogueira foi lançado no mercado fonográfico em 2007 com precoce DVD e CD ao vivo que se escoravam na obra e na figura saudosa do pai do artista, João Nogueira (1941 - 2000). Tinha tudo para dar errado, mas deu certo. E o sucesso se deveu sobretudo ao carisma e à bela estampa do rapaz - devidamente explorada na capa de seu segundo CD, Tô Fazendo a Minha Parte, batizado com o nome do samba de Flavinho Silva e Gilson Bernini que abre o disco com versos que soam pouco críveis na voz do bem-nascido Diogo (escrita na primeira pessoa, a letra perfila trabalhador que tenta sobreviver na fé com seu salário de fome). De fato, Diogo faz sua parte neste seu primeiro álbum gravado em estúdio com produção de Alceu Maia, presente como arranjador e cavaquinista em quase todas as 13 faixas. No todo, o repertório inédito é de bom nível, embora ainda irregular. O problema é que Diogo se debate entre o samba que brota nos melhores quintais - Tô te Querendo (Xande de Pilares, Adalto Magalha e Almir Guineto) e Mar do Amor (Ciraninho e Alex Magno) são destaques do repertório - e o pagode meloso (sambas como Amor Imperfeito jogam o disco para baixo). Mas, justiça seja feita, a impressão é boa. Até porque Diogo está cantando melhor na comparação com seu primeiro projeto fonográfico. Entre pagode que exalta Deus (Força Maior, com uma temática já recorrente no repertório de Diogo) e dois sambas dolentes que não fazem jus ao talento de Arlindo Cruz (Não Dá e Luz pra Brilhar meu Caminho, parcerias de Arlindo com Wilson das Neves e com Jorge David e José Franco Lattari, respectivamente), brilha o samba composto por Ivan Lins com letra de Chico Buarque. A despeito de qualquer polêmica, o samba Sou Eu tem a grife dos autores, é envolvente e faz Diogo explorar bem um tom malandro já usado com êxito na regravação de Malandro É Malandro, Mané É Mané (Neguinho da Beija-Flor), incluída como faixa-bônus neste CD que apresenta três composições de autoria do artista, feitas com diversos jovens parceiros. Chegou o Amor, Espelho da Alma e Força Maior (o melhor dos três sambas da lavra do compositor emergente) reforçam a ideia de que Diogo Nogueira já se distancia da sombra de João Nogueira e burila identidade própria. Faz bem.

'Me Adora' é o 'single' do quarto álbum de Pitty

Em rotação nas rádios (e na rede) a partir de 14 de julho, Me Adora é o single do quarto álbum de Pitty - o terceiro de estúdio. Com lançamento agendado pela Deckdisc para 11 de agosto de 2009, o disco tem intervenção do gaúcho Hique Gomez (metade da dupla projetada no show Tangos & Tragédias) na faixa Água Contida, inspirada em ária da ópera Carmen, de Bizet (1838 - 1875). Na foto ao lado, extraída do site onde Pitty dá detalhes da gravação do álbum, a cantora põe voz numa das músicas do disco produzido por Rafael Ramos. Medo, Fracasso, 8 ou 80 e Rato na Roda são temas do repertório autoral. Detalhe: o material será editado simultaneamente nos formatos de CD e vinil.

5 de julho de 2009

Zélia faz show leve com sons e gestos saborosos

Resenha de Show
Título: Pelo Sabor do Gesto
Artista: Zélia Duncan (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Theatro Municipal de Niterói (RJ)
Data: 4 de julho de 2009
Cotação: * * * * *
Em cartaz em Niterói (5 de julho no Theatro Municipal de Niterói),
em São Paulo (31 de julho e 1º de agosto no Citibank Hall) e Rio de
Janeiro (29 de agosto no Canecão) em turnê que segue pelo Brasil

Zélia Duncan reedita no show Pelo Sabor do Gesto a delicadeza elegante do álbum que o inspirou. O show - que estreou na noite de sábado, 4 de julho de 2009, no principal teatro de Niterói, cidade natal da artista - confirma o excelente momento de Zélia. Talvez pelo fato de ser dirigida em cena por uma atriz, Ana Beatriz Nogueira, a cantora nunca esteve tão leve, linda e solta no palco. Escorada na direção musical do baixista Ézio Filho, quase sempre hábil na intenção de tranpor para o show a sonoridade suave do disco (urdida pelos produtores Beto Villares e John Ulhoa), Zélia seduz o espectador com espetáculo moldado com sons e gestos saborosos. É emocionante, por exemplo, a iniciativa de traduzir a letra de Todos os Verbos (parceria de Zélia com Marcelo Jeneci) para a linguagem dos deficientes auditivos em singela homenagem a uma fã portuguesa, Marta Morgado, que driblou problemas de audição ao tomar contato com a música de Zélia. Tocou o público.

Iluminada com sensibilidade por Aurélio de Simoni, Zélia Duncan apresenta no show todas as 14 músicas do CD Pelo Sabor do Gesto. É ato de coragem que expressa a confiança da artista neste trabalho tão renovador. A faixa-título, que Zélia canta sentada enquanto toca violão, é o número que traduz com perfeição o espírito leve e poético do disco. Mas as demais canções também chegam envolventes ao palco. Boas Razões, Ambição (a obscura canção de Rita Lee que soa ainda mais sedutora em cena), Telhados de Paris, Se Um Dia me Quiseres... As novas músicas vão sendo apresentadas em roteiro redondo - veja post abaixo - e nem parece que elas são novas para o público da artista. Intimidade, parceria de Zélia com Christiaan Oyens que em 1996 deu título ao terceiro álbum da cantora, é a primeira música fora do disco a ser apresentada. E, nela, fica especialmente perceptível a graciosa movimentação de Zélia em cena. E o que dizer de Tudo Sobre Você? Seu acabamento pop é tão perfeito que a platéia interage imediata e espontaneamente com a cantora no número (repetido no bis após Benditas), acompanhando a letra e marcando com palmas o ritmo dessa primeira parceria de Zélia com John Ulhoa.

Zélia enfatiza no roteiro as músicas de Pelo Sabor do Gesto, mas extrapola o repertório do disco com boas sacadas que ratificam sua capacidade de incursionar por repertório alheio sem nunca cair no óbvio. Quem se lembraria de I Love You, fox maroto e irônico, perdido entre tantos clássicos lançados por Roberto Carlos em seu álbum de 1971? Pois Zélia lembrou e presta seu tributo aos 50 anos de carreira do Rei com abordagem lúdica do tema, ao fim do qual simula um instrumento de sopro com a boca. Permeia I Love You a mesma fina ironia que pontua Felicidade, outro número off-disco. Envolta em barulhinhos bons feitos pela banda, Zélia quase recita os versos de Luiz Tatit. Esse tom meio confessional seria bisado em Duas Namoradas, a inédita de Itamar Assumpção (1949 - 2003) - feita em parceria com Alice Ruiz - que Zélia desvenda em seu oitavo álbum solo. Ainda dentro do universo indie, Defeito 10: Cedotardar expõe a verve de Tom Zé, parceiro de Moacyr Albuquerque neste tema já lapidado por Thaís Gulin, cantora emergente, em seu primeiro álbum, de 2006.

Enfim, um show lindo e redondo. Coesão perceptível nos vocais harmoniosos de Os Dentes Brancos do Mundo (a jóia que Zélia encontrou no baú dos irmãos Marcos e Paulo Sérgio Valle), na economia quase silenciosa de Sinto Encanto (pérola atual de Zélia com Moska) e no suingue bailante que desabrocha em Flores. No fim, há sensível homenagem a Michael Jackson (1958 - 2009) - "Uma pessoa tão revolucionária quanto solitária" - com Nem Tudo, uma das duas parcerias de Zélia com Edu Tedeschi (a outra, Aberto, cresce no show). E é com o último apropriado verso dessa música, "Nem tudo que acaba aqui deixa de ser infinito", que Zélia encerra o show, então já certa de que sua saída de cena não tira do espectador a sensação de leveza deixada por esse espetáculo de sons e gestos saborosos que, a partir de julho, percorrerá o Brasil.

Zélia canta Roberto (e Tatit e Tom Zé) em show

Uma das músicas mais desconhecidas do repertório de Roberto Carlos, I Love You - ofuscada por hits como Detalhes, Amada Amante e Debaixo dos Caracóis de seus Cabelos no álbum lançado pelo Rei em 1971 - é uma das surpresas do roteiro do novo show de Zélia Duncan. Inspirado no recém-lançado CD que lhe dá nome, o belo show Pelo Sabor do Gesto estreou na noite de sábado, 4 de julho de 2009, no Teatro Municipal de Niterói (RJ), situado na cidade natal da artista. Além de reverenciar Roberto e de cantar no show todas as 14 músicas do novo disco, Zélia - em foto de Mauro Ferreira - extrapolou o repertório do álbum, incluindo tema de Luiz Tatit (Felicidade) e parceria de Tom Zé com Moacyr Alburquerque (Defeito 10: Cedotardar). Eis o roteiro da estreia do show Pelo Sabor do Gesto - elegante como o CD que o originou:
1. Boas Razões (Alex Beaupain - Versão: Zélia Duncan)
2. Ambição (Rita Lee)
3. Telhados de Paris (Nei Lisboa)
4. Se Um Dia me Quiseres (Zélia Duncan e Zeca Baleiro)
5. Intimidade (Zélia Duncan e Christiaan Oyens)
6. Tudo Sobre Você (Zélia Duncan e John Ulhoa)
7. Felicidade (Luiz Tatit)
8. Esporte Fino Confortável (Zélia Duncan e Chico César)
9. Aberto (Edu Tedeschi e Zélia Duncan)
10. Se Eu Fosse (Dante Ozzetti e Zélia Duncan)
11. Duas Namoradas (Itamar Assumpção e Alice Ruiz)
12. Defeito 10: Cedotardar (Moacyr Albuquerque e Tom Zé)
13. Todos os Verbos (Marcelo Jeneci e Zélia Duncan)
14. Pelo Sabor do Gesto (Alex Beaupain - Versão: Zélia Duncan)
15. Os Dentes Brancos do Mundo (Marcos e Paulo Sérgio Valle)
16. I Love You (Roberto Carlos e Erasmo Carlos)
17. Sinto Encanto (Moska e Zélia Duncan)
18. Flores (Fred Martins e Marcelo Diniz)
19. Nem Tudo (Edu Tedeschi e Zélia Duncan)
Bis:
20. Benditas (Zélia Duncan e Mart'nália)
21. Tudo Sobre Você (Zélia Duncan e John Ulhoa)

'Graffiti Soul' traz à tona o velho Simple Minds

Resenha de CD
Título: Graffiti Soul
Artista: Simple Minds
Gravadora: Universal
Music
Cotação: * * 1/2

Era uma vez a década de 80. E era uma vez o Simple Minds, um grupo escocês de grande projeção naqueles anos (hoje já celebrando três décadas de existência). Graffiti Soul, o 15º álbum da banda, traz à tona o velho Simples Minds. No que isso tem de bom e de ruim. É difícil ouvir faixas como Stars Will Lead the Way - destaque entre as nove inéditas - sem pensar no Simple Minds como uma (boa) xerox do U2. Mas o fato é que o grupo - reunido no novo disco com sua formação original, liderada pelo vocalista Jim Kerr e o guitarrista Charlie Burchill - apresenta um CD correto e coeso. Músicas como Moscow Underground e Light Travels sustentam Graffiti Soul com dignidade e uma pegada que soa mais roqueira (à moda plácida da banda) em Kiss and Fly. Ao fim, como bônus, há cover honesto de Rockin' in the Free World, tema de Neil Young. Ao fim, há também a certeza de que o tempo não esperou pelo Simple Minds. Graffiti Soul soa tão 80...

Placebo (ainda) brilha em CD mais ensolarado

Resenha de CD
Título: Battle for the Sun
Artista: Placebo
Gravadora: EMI Music
Cotação: * * * 1/2

A cena pop britânica é tão volátil que o antigo trio inglês Placebo já não está mais na ordem do dia. Mas o fato é que há brilho em Battle for the Sun, o sexto álbum de estúdio do grupo do cantor Brian Molko. Trata-se de título atípico na discografia do Placebo por ser mais ensolarado - ainda que esse sol seja encoberto pelo tom sombrio de uma ou outra faixa, em especial Devil in the Details - e por ter sonoridade mais pesada, efeito provável da escolha de David Bottrill para comandar a eficaz produção. Battle for the Sun é também o álbum que marca a estreia do novo baterista do trio, Steve Forrest, substituto de seu xará dissidente Steve Hewitt. Novidades à parte, a faixa-título é empolgante. Baladas como Kings of Medicine, de pegada mais leve, também se impõem em repertório que, embora bem distante da coesão, alcança bons momentos em Kitty Litter e em For What It's Worth. É provável que fãs antigos do Placebo estranhem o clima iluminado de temas como Bright Lights. Só que Battle for the Sun merece atenção...

Psicodelia e eletrônica elevam rock do Kasabian

Resenha de CD
Título: West Ryder
Pauper Lunatic Asylum
Artista: Kasabian
Gravadora: Sony Music
Cotação: * * * * 1/2

Terceiro álbum do Kasabian, o ótimo West Ryder Pauper Lunatic Asylum expõe no título o nome de um hospital psiquiátrico da Inglaterra. A capa é inspirada em Their Satanic Majesties Request, o LP psicodélico lançado pelos Rolling Stones em 1967. Tais referências não soam aleatórias. Doses concentradas de psicodelia (sobretudo na inebriante Fast Fuse) e de eletrônica (sobretudo em Swarfiga, tema instrumental de moldura tecno) elevam a cotação do rock do quinteto inglês no mercado do BritPop. Trata-se do melhor álbum da banda pela produção rica em referências ao rock dos anos 60 (e 70) e pelo repertório de excelente nível. Difícil resistir à pegada de Where Did All the Love Go?, faixa com alto teor de consciência social e humanitária. Entre balada de textura acústica (Thick as Thieves) e rock bem poderoso (Underdog), há Take Aim, faixa em que o guitarrista da banda, Sergio Pizzorno, se aventura como vocalista. São tantas músicas boas que a escolha de Fire como primeiro single do álbum pareceu desprovida de razão diante da força de outras faixas, embora a música tenha seus encantos. Quando vem a última das 12 faixas, Happiness, a sensação é justamente de felicidade pelo prazer de escutar um álbum que avança em relação aos antecessores Kasabian (2004) e Empire (2006). West Ryder Pauper Lunatic Asylum celebra a primeira década de vida do Kasabian com vigor insuspeito e já tem presença garantida na lista de melhores discos de 2009. Até os loucos vão concordar.