8 de julho de 2009

Som contemporâneo embala romance de Fagner

Resenha de CD
Título: Uma Canção
no Rádio
Artista: Fagner
Gravadora: Som Livre
Cotação: * * * 1/2

Fagner acertou ao dividir a produção de seu bom álbum de inéditas Uma Canção no Rádio com o jovem produtor Clemente Magalhães. A aliança com Clemente deu ao som do cantor um tom mais contemporâneo, evidenciado já na regravação de Muito Amor no ritmo do tango eletrônico propagado por grupos como Bajofondo. Há frescor no álbum, ainda que o repertório tenha caráter levemente oscilante. Impregnada de denúncia social, inclusive no discurso de seu co-autor e convidado Gabriel O Pensador, Martelo não faz jus à alta expectativa depositada na primeira colaboração de Fagner com o rapper carioca. Da mesma forma, Uma Canção no Rádio (Filme Antigo) - a faixa-título composta e gravada com Zeca Baleiro - tem seus méritos, mas não reedita a inspiração da produção registrada pela dupla no belo álbum editado em 2003. Dentro da seara do romantismo popular, Regra do Amor (Oliveira do Ceará) se impõe com o provável hit do disco - se ele vier a ter um diante da anemia que enfraquece progressivamente o mercado fonográfico. Mas o fato é que o álbum merece a repercussão radiofônica que corteja abertamente. Nem que seja pelas belas parcerias de Fagner com Chico César (Farinha Comer, outra faixa de temática social) e com Fausto Nilo (A Voz do Silêncio, de tom confessional). Os arranjos - quase todos assinados por um coletivo que se denomina Núcleo Criativo Corredor 5 - são elegantes e nunca soam modernosos. Um deles, o de Amor Infinito, até remete vagamente aos arranjos ouvidos nos álbuns gravados por Fagner em seus áureos anos 70. Por fim, há no disco as habituais incursões do cantor pelos ritmos nordestinos com músicas que são sucessos no circuito no forró, mas soam como inéditas no Sul do Brasil. Me Dá meu Coração (Accioly Neto) impressionaria bem mais se não tivesse sido apresentada a esse público off-Nordeste por Elba Ramalho em seu recente disco Balaio de Amor. Já Flor do Mamulengo ganha envolvente levada de reggae que somente reforça a similaridade do ritmo jamaicano com o xote nordestino. Enfim, Uma Canção no Rádio é disco bonito para o rádio que celebra com dignidade os 60 anos que Fagner vai completar (em 13 de outubro de 2009).

24 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Fagner acertou ao dividir a produção de seu álbum de inéditas Uma Canção no Rádio com o jovem produtor Clemente Magalhães. A aliança com Clemente deu ao som do cantor um tom mais contemporâneo, evidenciado já na regravação de Muito Amor no ritmo do tango eletrônico propagado por grupos como Bajofondo. Há frescor no álbum, ainda que o repertório tenha caráter levemente oscilante. Impregnada de denúncia social, inclusive no discurso de seu co-autor e convidado Gabriel O Pensador, Martelo não faz jus à alta expectativa depositada na primeira colaboração de Fagner com o rapper carioca. Da mesma forma, Uma Canção no Rádio (Filme Antigo) - a faixa-título composta e gravada com Zeca Baleiro - tem seus méritos, mas não reedita a inspiração da produção registrada pela dupla no belo álbum editado em 2003. Dentro da seara do romantismo popular, Regra do Amor (Oliveira do Ceará) se impõe com o provável hit do disco - se ele vier a ter um diante da anemia que enfraquece progressivamente o mercado fonográfico. Mas o fato é que o álbum merece a repercussão radiofônica que corteja abertamente. Nem que seja pelas belas parcerias de Fagner com Chico César (Farinha Comer, outra faixa de temática social) e com Fausto Nilo (A Voz do Silêncio, de tom confessional). Os arranjos - quase todos assinados por um coletivo que se denomina Núcleo Criativo Corredor 5 - são elegantes e nunca soam modernosos. Um deles, o de Amor Infinito, até remete vagamente aos arranjos ouvidos nos álbuns gravados por Fagner em seus áureos anos 70. Por fim, há no disco as habituais incursões do cantor pelos ritmos nordestinos com músicas que são sucessos no circuito no forró, mas soam como inéditas no Sul do Brasil. Me Dá meu Coração (Accioly Neto) impressionaria bem mais se não tivesse sido apresentada a esse público off-Nordeste por Elba Ramalho em seu recente disco Balaio de Amor. Já Flor do Mamulengo ganha envolvente levada de reggae que somente reforça a similaridade do ritmo jamaicano com o xote nordestino. Enfim, Uma Canção no Rádio é disco bonito para o rádio que celebra com dignidade os 60 anos que Fagner vai completar (em 13 de outubro de 2009).

8 de julho de 2009 às 11:47  
Anonymous Geraldo Medeiros Jr said...

Acho que a crítica foi perfeita, Mauro. De fato o repertório é oscilante e passa uma certa apatia do cantor, perto do também apático mercado fonográfico. Por outro lado, a música e o canto de Fagner continuam muito bons. Há algumas boas canções. Talvez o mais forte do disco sejam os arranjos e o tom mais moderno trazido pelo produtor.

8 de julho de 2009 às 13:34  
Anonymous Anônimo said...

Como já disse por aqui: Fagner desde seu primeiro trabalho já unia o regional ao urbano. Não vejo novidade em mais um grande disco deste grande cantor.
Benvindo Mr.Fagner.

8 de julho de 2009 às 18:20  
Anonymous Anônimo said...

Se com a mídia metendo o pau ele sempre teve lugar em minhas prateleiras, imagina com os elogios do Globo, do Mauro.

DÁ-LHE FAGNER!

PS: UNIVERSAL, CADÊ A VERSÃO ORIGINAL DE "CANTEIROS" ?

8 de julho de 2009 às 18:35  
Anonymous Anônimo said...

Competente no "regional", competente no "urbano", competente ao musicar poemas - nacionais ou não - competente em escolher "parceiros" em trabalhos contemporâneos (c/ Zeca Baleiro arrasou) e competente até no "brega".
Com esse aí não tem para ninguém, não. TÁ COMPRADO!

8 de julho de 2009 às 18:42  
Anonymous Anônimo said...

Fagner tinha q fazer um projeto com Elba!! Eles cantando O Que Será naquele programa da Globo ficou maravilhoso!

8 de julho de 2009 às 18:53  
Anonymous Anônimo said...

É vero. Concordo com todos os comentários acima e acrescento que Fagner e Elba têm muito em comum: rascantes ou líricos quando querem; regionais ou urbanos quando querem; competentes SEMPRE.

8 de julho de 2009 às 19:05  
Anonymous Anônimo said...

Mano Freire disse..

A primeira coisa que concordo é que entre os nordestinos a voz de Fagner é a melhor. E só. Pessoalemnte se tornou um cara chato, antipático, arrogante... Em recente entrevista para uma rádio do sertão de Pernambuco, onde meteu o pau nos baianos - Gil e Caetano - músicos diante os quais sempre foi inferior. Meteu o pau nas bandas de forró que surgiram na terra dele, porém, regravou um sucesso do Mastruz com Leite. Reforço que foi um grande artista, mas sem as presenças dos compositores que estiveram com ele ao longo da carreira - e que parecem que não se juntam mais - ja era. Eis que daí a qualidade m-u-s-i-c-a-l desabou há tempos. Fafá de Belém de calças. É só pegar os discos todos até Palavras de Amor e comparar com os dolorosos que vieram depois. Na turné junina que fez no NE, homenageu Michael Jackson com a batidíssima Canteiros. Se fosse Gil ou Caetano teriam cantado em Inglês claro, quelr uma do rei do pop. Mas como ele é bom de popularesco vai tocar no rádio sempre, quem sabe. Vai Fagner canta, mexe com a cabeça. Vc pode porque está no almanaque da MPB.

9 de julho de 2009 às 21:57  
Anonymous Anônimo said...

o que vem a ser romantismo popular?
um eufemismo pra brega?

10 de julho de 2009 às 06:13  
Anonymous Geraldo said...

Se fosse Gil não seria Fagner. Fagner é Fagner. E por ser Fagner, é único. Não tem paralelos. Faz o que a intuição lhe sugere, testa e até faz o mesmo se lhe convém. É único na voz. Para os saudosistas dos anos 70, nada melhor do que os discos daquela década. Fagner não parou no tempo. Fez discos românticos que venderam nos anos oitenta. Fez também Donos do Brasil nesta década, onde musicou Francisco Carvalho, fez parcerias com Zeca Baleiro, Chico Cesar, entre muitos outros. Um novo trabalho dele é muito bem vindo, mesmo que não seja o melhor de todos.

10 de julho de 2009 às 08:30  
Anonymous Anônimo said...

Paulino disse

Concordo com o Mano Freire, Fagner perdeu o trem da história, ficou para atrás. Sem inovar. Virou baú dele mesmo. A fafá de Belém de calças, cantando altos bregas. Dizwem que nem a tropa do Pessoal do ceará nem papo com ele quer mais, por conta de jeito estúpido de ser. O jeito é ir lá atrás e ouvir Conflito, só isso basta.

10 de julho de 2009 às 13:34  
Anonymous Anônimo said...

Quem perde o trem da história é quem fica parado na estação vendo o trem passar.
Fagner adaptou-se e muito bem a todas às mudanças de nossa MPB.

É um dos maiores da Geração Nordeste. É um dos maiores musicistas de poemas. Soube trabalhar em duo com artistas decentes da nova geração. Manteve-se audível na triste geração "Sullivan & Massadas" e cá para nós, se falar mal das cabeças "pensantes" da Tropicália for ruim para alguém, para mim é só motivo de somar mais pontos.

Perguntem a Chico ou a Milton sobre o que acham de Fagner e vice-versa. Depois me contem.

10 de julho de 2009 às 20:56  
Anonymous Anônimo said...

Eu diria que "romantismo popular" é um "brega" melhorado. MUITO melhorado. Músicas simples e fáceis de se assimilar sem necessariamente fazerem vomitar.

E se tem uma coisa que Fagner sabe fazer e cantar é "romantismo popular". Eu gosto.

10 de julho de 2009 às 21:03  
Anonymous Anônimo said...

Ou ele é inovador e brega ou ele não inova. Tentem chegar a alguma conclusão para fazer valerem os argumentos. Ok ?

10 de julho de 2009 às 21:27  
Anonymous Anônimo said...

"Amigos a gente encontra. O Mundo não é só aqui. Reparem naquela estrada. Que distância nos levará ?"

Se alguém parou no tempo Fagner é que não foi.

10 de julho de 2009 às 21:31  
Anonymous Anônimo said...

FAGNER É 1000. ASSIM COMO DJAVAN É BOM E VENDE. INCOMODA ?

10 de julho de 2009 às 22:50  
Anonymous Anônimo said...

Desde a estréia na Polygram lança discos regularmente - sem os exageros de Caetano ou as quarentenas de Chico.
A maioria imprecindíveis, alguns bons e poucos medianos. Ruim ? Nenhum.
Gravou em duo tanto com Gonzagão (2) como com Zeca Baleiro (2 também).
Transforma qualquer poema em beleza musical.
Canta "romantismo popular" e um petardo regional em um mesmo disco com igual competência e dedicação.
Para falar de mal de Fagner é preciso apelar para a vida particular mesmo, pois o artista é merecedor do respeito de qualquer pessoa que saiba o que é música.

11 de julho de 2009 às 03:33  
Anonymous Anônimo said...

Alcâtara disse...

Já fui fã de Fagner. Fui. Esses anônimos, cacoetemente, sem nomes saberiam dizer porque a turma tãooooo boaaa quanto Fagner, digo, seus conterrâneos, Belchior, Ednardo, e outros, não quer papo de projeto com ele? Gente se toquem, Fagner bregou há tempo. Virou um cantor povão desde que braço essa linha musical, sempre do sempre, o mesmo do mesmo. compositor mediano, que busca fontes novas, o que é bom, porque ele não faz mais nada em termpos de compor. Ora, podemos dizer que Caetano foi tão ridículo quanto, ao cantar Tapinha não dói. Mereceu vaias e vaias. Mas passou, e trouxe depois algo novo. Fagner continua cheirando as flores de canteiros. No encontro com Zeca Baleiro, a única coisa que salva, no DVD, é o Zeca arrebetando com Canção Brasileira, que não é de Fagner. Mas ele ainda pode, só falta querer, sair do mesmo do mesmo.Agora ir aos hosws de Fagner beber, namorar se divertir ao som, dele e...de costas para o palco é bem legal. Claro, em festas de rua. Agora, os amantes que querem ouvir pela bilésima vez Canteiros, Revelação, a triste Borbulhas de amor(com respeito a Gullar), cartaz e outros etrenos sucessos, tem mesmo é que descabelar com tantas emoções.

11 de julho de 2009 às 11:10  
Anonymous Anônimo said...

Música é emoção! E que "bão".

Anônimo, o poeta.

11 de julho de 2009 às 15:16  
Anonymous Anônimo said...

A-D-O-R-O FAGNER. ONTEM, HOJE E SEMPRE.

11 de julho de 2009 às 15:35  
Anonymous Anônimo said...

Prezado Alcâtara, vou pedir licença a um anônimo que escreveu algo no primeiro post sobre esse CD aqui que resume em boas palavras o que penso também sobre o "bregou há tempo":

No auge de sua fase "brega" Fagner gravou "Lua do Leblon"; "Borbulhas de Amor"; "Pedras que Cantam"; "Você Endoideceu Meu Coração"; "Me Diz"...
Ah se nossos artistas "bregas" tivessem essa competência!

Agradeço o usofruto, anônimo.

11 de julho de 2009 às 18:01  
Anonymous Anônimo said...

Anônimo das 18:01h pode "usofrutar" à vontade. Sou eu mesmo e complemento a lista:
- Me Leve (84)
- Semente; Deixa Viver; Dono dos Teus Olhos; Paroara (em duo c/ o grande Chico) (85)
- Dona da Minha Cabeça; Forró do Gonzagão (em duo c/ o grande Gonzaguinha) (86)
- Desfez de Mim; Amor Escondido (89)

Páro por aqui porque dentro dos padrões dos "críticos" do "brega" em 93 ele voltou a ficar "chique".

Abraços aos fãs e aos "críticos".

11 de julho de 2009 às 21:31  
Anonymous Anônimo said...

Alcântara, gosto pra cassete de Belchior e Ednardo mas Belchior há uns 10 anos só regrava, regrava e regrava seus belos sucessos (nada contra) e Ednardo tá mais sumido que rico em lotação.
Fagner tá aí REGULARMENTE como bem disse um anônino "cacoeteiro" como eu.
Quanto a sua dúvida, convença o Belchior a gravar alguma coisa nova e ache o Ednardo. Depois eu marco uma reunião com os três e te mando a resposta.
Abraços.

PS: Geraldinho tá em touneé pela Europa (ele pode); Alceu não é muito de gravar em parceria (olha no que deu "O Grande Encontro"); Elba deve estar ocupada porque tá em tudo que é canto (ô disposição!) e o Zé... bom o Zé eu chamo pra reunião também. Sem contar a Amelinha que seria a voz feminina da reunião estando Elba no momento atarefada.
Mais abraços.

11 de julho de 2009 às 22:10  
Anonymous Anônimo said...

Anônimo, faltou o Dominguinhos.

12 de julho de 2009 às 21:07  

Postar um comentário

<< Home