8 de dezembro de 2007

Bebel garante bons momentos no retorno ao Rio

Resenha de show
Título: Momento - Verão no Morro
Artista: Bebel Gilberto
Local: Morro da Urca (RJ)
Data: 8 de dezembro de 2007
Cotação: * * *

Favorecida pela atmosfera sedutora e jovem do Morro da Urca, Bebel Gilberto garantiu bons momentos ao público (igualmente jovem) que subiu o morro para ver a volta da cantora aos palcos cariocas. Em miniturnê pelo Brasil, aonde veio fazer apenas três apresentações do show calcado no seu terceiro CD, Momento, a filha de João Gilberto e Miúcha tirou - já na madrugada de sábado, 8 de dezembro - a má impressão de seus shows anteriores no Rio, feitos em lugares inadequados para ela como o Theatro Municipal do Rio de Janeiro e o Golden Room do Copacabana Palace. Luxo!!

O trabalho hype de Bebel está escorado em sonoridades, grooves e levadas. Como cantora, ela deixa (muito) a desejar - como ficou ratificado no bis, quando, depois de sua consagradora releitura do Samba da Benção, reviveu duas já célebres parcerias com Cazuza, Mais Feliz e Preciso Dizer que te Amo. Na primeira, em especial, ela exibiu interpretação sofrível. Mas ninguém subira o morro na espera de arroubos vocais da artista e o show acabou contentando o público certo. O que contou foram os tais grooves. Os da música Momento foram especialmente sedutores com bolhas caindo pelo palco e criando belo visual que desviou a atenção da letra pueril.

Espontânea e espirituosa, Bebel abriu o show com Tranqüilo, um tema da Orquestra Imperial que gravou em seu atual álbum com o instrumental da big-band carioca. Entre uma tirada e outra ("Fico pensando em inglês quando faço show", "Estou numa fase em que entendo tudo" e "Tô solteira, solta e mal-intencionada"), Bebel uniu August Day Song (música de seu primeiro álbum, Tanto Tempo) com Os Novos Yorkinos (um dos poucos destaques do repertório autoral do irregular Momento). As levadas são mesmo similares. Em Um Segundo, ela tentou um tom teatral que apenas realçou os lugares-comuns dos versos de seu cancioneiro sentimental. Bebel é mais cativante quando se apropria de repertório alheio - como Night and Day (Cole Porter) e Sweet Dreams (Are Made of This), hit do duo Eurythmics - e o reprocessa à moda de sua bossa hype.

Se o show pareceu não engrenar na sua primeira metade ("Vocês falam, hein? Agora parem de falar e vem participar", ralhou Bebel, dando pito sutil na parte desatenta da pláteia), a segunda foi bem charmosa. Bebel estava se apresentando para um público que fala a sua língua. Quando saiu de cena antes do bis, ao som de Aganju (Carlinhos Brown) e Caçada (baião do tio Chico Buarque, inferior ao registro impecável do CD), os aplausos não foram meramente protocolares. Bebel Gilberto garantira alguns momentos legais no seu retorno aos palcos cariocas. Desta vez, a impressão foi boa...

Semente de Armandinho brota primeiro na rede

Quarto álbum de Armandinho (em foto de Washington Possato), Semente vai chegar às lojas em 15 de janeiro. Já em rotação nas rádios, a faixa-título terá o seu clipe filmado no Rio de Janeiro na segunda-feira, 10 de dezembro, com a participação das crianças da Rocinha Surf Escola. Contudo, antes de pôr nas lojas o disco do cantor gaúcho de pop reggae, a gravadora Universal Music testa com Armandinho novo produto digital, o Maxi Single. Intitulado Madeira, o Maxi Single do autor do hit Desenho de Deus oferece quatro músicas do novo álbum (Morena Nativa, A Filha, Semente e Outra Vida) para download por R$ 3,99. O disco digital estará sendo vendido na UOL Megastore já a partir da próxima semana.

'Angenor' é o nome do tributo de Cida a Cartola

Angenor - nome de batismo de Cartola (1908 - 1980) - é o título (singelo) do tributo de Cida Moreira ao compositor. O disco, que festeja o centenário de Cartola em 2008, sairá pela Lua Music entre março e abril. No repertório, há 16 músicas do autor da ausente As Rosas Não Falam. Eis a seleção de Cida para seu disco Angenor:

1. Que Infeliz Sorte (1929)
2. Sim (1952)
3. Alvorada (1974)
4. Acontece (1975)
5. O Mundo É um Moinho (1976)
6. Peito Vazio (1976)
7. Sala de Recepção (1976)
8. A Canção que Chegou (1977)
9. Autonomia (1977)
10. Nós Dois (1977)
11. Evite meu Amor (1979)
12. Feriado na Roça (1979)
13. Fim de Estrada (1979)
14. O Inverno do meu Tempo (1979)
15. Senões (1979)
16. Silêncio de um Cipreste (1979)

'Tropa' gera DVD de Tihuana e CD de Ramiro

O grupo Tihuana (foto) vai gravar DVD ainda este ano, no embalo do sucesso do filme Tropa de Elite, cuja trilha sonora inclui sua música homônima - lançada pela banda em 2000. A gravação do DVD vai ser realizada em 23 de dezembro, em São Paulo (SP), no Kazebre Rock Bar. Entre os convidados, há o ator André Ramiro.

A propósito, André Ramiro, que é rapper, também pega carona na exposição obtida com o seu trabalho no filme de José Padilha - em que intepreta o personagem Matias - e finaliza seu primeiro álbum, As Crônicas do Rato Careta, com título que alude ao apelido do artista (Rato Careta) na vida real. O disco, que tem lançamento previsto para fevereiro, vai ser editado no formato barato de SMD (Semi Metalic Disc), cujo preço final para o consumidor costuma ficar em torno de R$ 5 - o que inibe a fabricação de cópias piratas.

7 de dezembro de 2007

Jorge e Teresa recriam dueto de Milton e Alaíde

Seu Jorge é a bissexta presença masculina no tributo ao álbum duplo Clube da Esquina produzido por Guto Graça Mello (à esquerda na foto) com elenco feminino. Jorge recria com Teresa Cristina o dueto feito por Milton Nascimento com Alaíde Costa no samba Me Deixa em Paz, de Monsueto. O registro da faixa foi feito no estúdio Mosh, em São Paulo (SP). Ainda sem título e em fase de gravação, o disco tem lançamento previsto pela EMI Music para o primeiro semestre de 2008. Tudo que Você Podia Ser reaparecerá na voz de Roberta Sá. Mariana Baltar ficou com Cais. Luiza Possi canta Paisagem da Janela enquanto Vanessa da Mata interpretará Um Girassol da Cor do seu Cabelo. Ivete Sangalo vai pôr seu tempero em Cravo e Canela. Já Shirle de Moraes reinventa San Vicente. Por sua vez, Maria Rita foi cotada para cantar Dos Cruces.

Paulinho arrepia com majestoso samba de gala

Resenha de show
Título: Paulinho da Viola Acústico MTV
Artista: Paulinho da Viola
Local: Canecão-Petrobrás (RJ)
Data: 6 de dezembro de 2007
Em Cartaz até 9 de dezembro
Cotação: * * * * 1/2

Do palco do Canecão, onde estreou a turnê de lançamento do CD e do DVD que gravou dentro da série Acústico MTV, Paulinho da Viola avisou a Zélia Duncan (na platéia) que ele não esquecera de fazer a letra para a música que lhe tinha sido enviada pela cantora. Maroto, prometeu não demorar dez anos - tempo que levou para colocar os versos de Ainda Mais na melodia que Eduardo Gudin lhe dera. Ainda Mais foi uma das músicas do roteiro apresentado por Paulinho na estréia do belo show. Falante, mas dentro de seu tempo todo próprio, o compositor transpôs para o palco a chique atmosfera de seu acústico, só que sem as cordas. Foi ovacionado!!

Dirigido por Elifas Andreato, o artista abriu o show na penumbra, cantando os versos iniciais de Timoneiro, o samba composto com Hermínio Bello de Carvalho que voltou no bis, e no mesmo clima. Alternando-se no cavaquinho e no violão, Paulinho rebobinou um cancioneiro dos mais elegantes da música brasileira. Embevecida, a platéia que superlotou o Canecão se rendia a cada lindo número: Coração Leviano, Onde a Dor Não Tem Razão, Dança da Solidão, Pecado Capital (acompanhado em coro do primeiro ao derradeiro verso) e muitos outros sambas da mais alta estirpe. Foi um desfile de clássicos que reeditou o roteiro do acústico. Às vezes, o clima foi de roda de samba - como em Amor É Assim e em Argumento. Às vezes, o intimismo deu o tom - como em Só o Tempo. E, nessa seara íntima, a versão lenta de Tudo se Transformou se confirmou como o grande momento do show. O samba é, de fato, o que mais se transformou. Teve o ritmo ralentado e, quando o instrumental da banda entra na segunda parte, o samba fica arrepiante. Todo o público parece ter sentido o arrepio e aplaudiu o número no meio.

O único senão do show é a posição deslocada de Foi um Rio que Passou em Minha Vida no roteiro. Sempre apoteótico, o samba veio antes das músicas inéditas, erroneamente agrupadas uma ao lado da outra. O que gerou um anticlímax que o diretor poderia ter evitado com um melhor ajuste do roteiro. No todo, Paulinho da Viola reafirmou sua elegância num de seus mais belos shows (a luz deu um realce todo especial aos números). É o samba de gala!!!

Com Hebe e Fábio, Calcinha Preta grava DVD

Com inusitada apresentação de Hebe Camargo (foto), a banda de forró Calcinha Preta - uma das mais populares no gênero, atualmente bem diluído - grava seu terceiro DVD em show que será feito nesta sexta-feira, 7 de dezembro, na área externa da casa Chevrolet Hall, no Recife (PE). Tatau (já de fora do grupo baiano Araketu) e Fábio Jr. vão participar também da gravação. Fábio fará dueto com a vocalista Silvania na música Porque Tocou meu Coração. DVD sai em 2008.

Kanye e Amy já saem na frente no 50º Grammy

O rapper Kanye West e a ótima artista inglesa Amy Winehouse dominam a lista de indicações ao 50º Grammy. Por conta de seu terceiro incensado álbum Graduation, Kanye recebeu oito indicações. Amy faturou seis nomeações no embalo de seu segundo álbum, Back to Black, mas figura nas quatro categorias principais (Álbum do Ano, Gravação do Ano, Canção do Ano e Revelação) enquanto as oito indicações de West estão mais concentradas em categorias dedicadas ao rap (na seara mais importante, ele disputa somente o troféu de Álbum do Ano). Já o grupo Foo Fighters, o rapper Jay-Z, o produtor Timbaland e os cantores Justin Timberlake e T-Pain (de r & b) estão concorrendo em cinco categorias. O Brasil - como sempre - está representado na genérica categoria Álbum de World Music, na qual concorrem Bebel Gilberto (pelo disco Momento), Céu (pelo álbum Céu) e Gilberto Gil (pelo CD Gil Luminoso). Eis os principais nomeados ao 50º Grammy, cujos vencedores serão anunciados em 10 de fevereiro, numa festa em Los Angeles (EUA).

Álbum do Ano
Back to Black - Amy Winehouse
Echoes, Silence, Patience & Grace - Foo Fighters
Graduation - Kanye West
River: The Joni Letters - Herbie Hancock
These Days - Vince Gill


Gravação do Ano
Irrepaceable - Beyoncé Knowles
Rehab - Amy Winehouse
The Pretender - Foo Fighters
Umbrella - Rihanna
What Goes Around ... Comes Around - Justin Timberlake


Canção do Ano
Before He Cheats - Carrie Underwood (compositores: Josh Kear e Chris Tompkins)
Hey There Delilah - Plain White T's (compositor: Tom Higgenson)
Like a Star - Corinne Bailey Rae (compositora:Corinne Bailey Rae)
Rehab - Amy Winehouse
(compositora: Amy Winehouse)
Umbrella - Rihanna com Jay-Z (compositores: Shawn Carter, Kuk Harrell, Terius "Dream" Nash e Christopher Stewart)


Artista Revelação
Amy Winehouse
Feist
Ledisi
Paramore
Taylor Swift

6 de dezembro de 2007

Histórias do 'Clube da Esquina' em quadrinhos

As histórias do Clube da Esquina estão sendo recontadas na forma de quadrinhos já disponibilizados na internet. Os desenhos são de Lauto Ferreira Júnior. Já os textos foram inspirados no livro Os Sonhos Não Envelhecem, de Márcio Borges. O artista gráfico está publicando novas histórias a cada 10 dias com a intenção de mostrar a trajetória de Milton Nascimento, Lô Borges e Fernando Brant - entre outros sócios do Clube - do início dos anos 60 até os dias atuais. Os quadrinhos podem ser lidos no site do Museu Clube da Esquina, que propaga na rede material relativo ao movimento.

"A intenção dessa série também é apresentar esses artistas e suas histórias para uma nova geração que, mesmo não conhecendo a obra musical dos membros do Clube, irão conhecer histórias humanas, reais, carregadas sempre de grande emoção, humor e poesia. Pessoas comuns, que com sua obra transcenderam o limite de uma esquina na capital mineira de Belo Horizonte". Lauto Ferreira Júnior.

Ao vivo, Sururu põe Zeca e Martinho na roda

Parceria muito pouco conhecida de Geraldo Pereira com Arnaldo Passos, lançada por Blecaute em janeiro de 1949, Que Samba Bom inspirou o título do disco ao vivo que o grupo Sururu na Roda vai lançar em 2008. Com a participação de Zeca Pagodinho, o CD Oh, Que Samba Bom! foi gravado em 26 e 27 de novembro em dois shows feitos pelo grupo no Centro Cultural Carioca - casa que vai editar o álbum por seu selo, o CCC Discos. O Sururu incluiu sambas de Martinho da Vila (Onde o Brasil Aprendeu a Liberdade) e Chico Buarque (Morena de Angola) no repertório. Eis as 14 faixas do CD:

1. Balançada - Sururu na Roda
2. Errei - Sururu na Roda
3. Momento de Agradecer - Nilze Carvalho, Fabiano e Zeca Leal
4. Boca a Boca - Nilze Carvalho
5. Sou Gamado por mim - Moacir
6. Mercado das Flores - Rodrigo Maranhão
7. Se Eu Ganhar na Loteria - PC Castilho
8. Correnteza - Edu Krieger
9. É de Mar - Tuninho e Roque Ferreira
10. Vendi meu Samba - Cristiano Ricardo
11. Morena de Angola - Chico Buarque
12. Onde o Brasil Aprendeu a Liberdade - Martinho da Vila
13. Que Samba Bom - Geraldo Pereira e Arnaldo Passos
14. Volta / Não Sou Mais Disso - Candeia / Zeca Pagodinho e Jorge Aragão - Com Zeca Pagodinho

Skank regrava Beleza Pura para trilha de novela

Música de autoria de Caetano Veloso, lançada pelo autor em 1979 no seu álbum Cinema Transcendental, Beleza Pura vai ganhar releitura do Skank (foto). O grupo aceitou regravar a música para a abertura da novela homônima, que estréia em fevereiro na Rede Globo, no horário das 19h. Vale lembrar que o quarteto costuma obter sucesso com seus covers. Foi assim com É Proibido Fumar (hit do segundo disco do Skank, Calango, de 1994) e com Vamos Fugir, reggae de Gilberto Gil regravado para comercial de TV que acabou entrando na única coletânea do grupo, Radiola (2004).

Alcione encontra seu público em show informal

Resenha de show
Projeto: Som às sete
Título:  Alcione Acústico
Artista: Alcione
Local: Teatro Sesc-Ginástico (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 5 de dezembro de 2007
Cotação: * * 1/2

A voz - extremamente rouca - não estava em seus melhores dias. Só que o público, extramemente ouriçado, nem pareceu notar. O show de Alcione no popular projeto Som às Sete, do Teatro Sesc-Ginástico, foi marcado pela informalidade. Foi feito "na calmaria, sem aquele bandão todo atrás de mim" - como já definiu a Marrom na abertura da última de suas duas apresentações no projeto. No palco, apenas a cantora e o correto tecladista Alexandre Menezes. Na platéia lotada, fãs afoitos e entusiasmados pelo instante íntimo e quase pessoal com sua estrela. Entre uma música e outra, ela - a estrela - desceu do salto e fez piadas e até discurso ecológico para o seu público, majoritariamente feminino e gay. A informalidade também se estendeu ao roteiro moldado de acordo com os vários pedidos do público. Pediram Menino sem Juízo, A Loba, Você me Vira a Cabeça (Me Tira do Sério), Garoto Maroto e outros hits do repertório mais sentimental da Marrom. Bem-humorada e com a segurança de quem domina este repertório, Alcione atendeu logo todos os pedidos. E aproveitou para badalar a próxima música de trabalho do irregular CD De Tudo que Eu Gosto. A eleita - a ser promovida pela gravadora Indie Records depois do Carnaval - é Quando o Amor Bateu na Porta, balada de Altay Veloso que traz o romantismo derramado que caracterizou este show da Marrom no Som às Sete. O projeto poderia ter sido a oportunidade para vôos estilísticos mais altos. Só que Alcione preferiu um rasante seguro por sucessos como Nem Morta, Estranha Loucura, Ou Ela ou Eu, Sufoco, Maria da Penha e Meu Ébano. Até mesmo as surpresas do repertório - Molambo e Ontem à Noite - vieram do atual show da boa artista. Ainda assim, a apresentação cumpriu seu objetivo ao promover o descontraído encontro de uma cantora popular com seu público em projeto de caráter também popular. Alcione sabe aonde pisa.

5 de dezembro de 2007

Tinoco chega ao DVD com e sem o mano Tonico

Aos 87 anos, Tinoco - projetado no universo sertanejo dos anos 50 ao formar dupla caipira com seu irmão Tonico, falecido em 1994 - chega ao DVD. Com e sem Tonico. Com o seu irmão, ele aparece em DVD (capa à esquerda) que registra a entrevista da dupla ao programa Ensaio, em 1991. Sem Tonico, Tinoco se juntou ao violeiro Mazinho Quevedo para gravar este ano o DVD e CD ao vivo Coração Caipira - editados pela Som Livre. Neste show, captado em Ribeirão Preto (SP), Tinoco revive os principais sucessos da dupla que formava com o irmão. Entre eles, Chico Mineiro e Tristeza do Jeca. O repertório inclui Baile na Roça, Pé de Ipê e Cana Verde.

Titãs já planejam álbum de inéditas para 2008

Já reduzido a um quinteto, o grupo Titãs planeja gravar um álbum de inéditas em 2008. Será o primeiro trabalho da banda com repertório novo desde o disco Como Estão Vocês? - editado em 2003, sem o merecido retorno comercial a que o álbum fazia jus. Antes de apresentar as inéditas, entretanto, os Titãs vão gravar em janeiro, no Rio de Janeiro, o DVD e o CD ao vivo que perpetuarão a turnê feita pela banda ao lado do trio Os Paralamas do Sucesso. O registro deste show será editado em meados do ano.

Som Livre amplifica o barulho do grupo Chicas

Editado de forma totalmente independente em 2006, o primeiro álbum do grupo feminino Chicas - Quem Vai Comprar Nosso Barulho? - está sendo relançado pela Som Livre. A gravadora global está redistribuindo o disco dentro de seu selo Som Livre Apresenta, dedicado a novos talentos. O quarteto vocal formado por Amora Pêra, Fernanda Gonzaga, Isadora Medella e Paula Leal conseguiu fazer algum barulho na mídia e o disco ganhou impulso com a inclusão da faixa Geraldinos e Arquibaldos na trilha sonora da novela Duas Caras. O samba é de autoria de Gonzaguinha, pai de Amora e Fernanda. A reedição da Som Livre já chegou às lojas.

Délcio registra sua obra autoral em dose tripla

Trinta cinco anos depois de estourar seu primeiro grande samba (Esperanças Perdidas, sucesso em 1972 nas vozes dos cantores do grupo Os Originais do Samba), Délcio Carvalho dá continuidade à sua carreira fonográfica - iniciada em 1979 com o álbum Canto de um Povo - e lança nada menos do que três CDs. Editados pelo selo Rádio MEC em série intitulada Délcio Carvalho - Inédito e Eterno, os discos Encontros Musicais, Acústico e Roda de Samba registram, ao todo, 42 músicas do compositor, parceiro de Ivone Lara em clássicos como Sonho Meu e Alvorecer. Em sua (imensa) maioria, as composições são mesmo inéditas e - quando não - são quase desconhecidas. Paulão 7 Cordas assina arranjos e produção musical. Eis os repertórios dos três discos do ótimo compositor:

Encontros Musicais
1. Não Há Mais Você (Marco Pinheiro e Délcio Carvalho)
2. Cordas (Roque Ferreira e Délcio Carvalho)
3. Passa Passa (Délcio Carvalho e Cacaso)
4. Felicidade Esquecida (Cláudio Jorge e Délcio Carvalho)
5. Sombra do Adeus (Afonso Machado e Délcio Carvalho)
6. Estranha Aquarela (Délcio Carvalho e Mário Lago Filho)
7. O Amor que Encanta (Capiba e Délcio Carvalho)
8. Calmaria e Vento (Délcio Carvalho e Guilherme Godoy)
9. Coisa Séria (Délcio Carvalho)
10. Teu Amor Chegou na Hora (Délcio Carvalho)
11. Miragem (Licença Iaiá) (Délcio Carvalho e Rubem Confeti)
12. Sonho de Criança (Toco da Mocidade e Délcio Carvalho)
13. Tá Faltando na Cidade (Aécio Flávio e Délcio Carvalho)
14. Rio de Janeiro (Délcio Carvalho e Lefê Almeida)

Acústico
1. Dor de Amor (Dedé da Portela e Délcio Carvalho)
2. Pelo Corpo Inteiro (Edson Soliva e Délcio Carvalho)
3. Hora de Chorar (Cristóvão Bastos e Délcio Carvalho)
4. De Repente (Francis Hime e Délcio Carvalho)
5. Pra que Tristeza? (Délcio Carvalho)
6. Livro Aberto (MarcoPinheiro, MárcioProença e DélcioCarvalho)
7. Fins de Tarde (Délcio Carvalho e Avarese)
8. Dependência (Ivor Lancellotti e Délcio Carvalho)
9. Só Eu Sei (Agenor de Oliveira e Délcio Carvalho)
10. Rua do Sonho Esquecido (Alceu Maia e Délcio Carvalho)
11. Manchetes de Jornal (Délcio Carvalho e Avarese)
12. Longa Estrada (Ivor Lancellotti e Délcio Carvalho)
13. Telhas Canal (Délcio Carvalho e Raymundo Meirelles)
14. Samba Mulato (Délcio Carvalho e Ari Araújo)

Roda de Samba
1. Minha Verdade (Ivone Lara e Délcio Carvalho)
2. Me Esqueça (Délcio Carvalho e Nei Lopes)
3. Novo Encanto (Délcio Carvalho e Raymundo Meirelles)
4. Amor sem Esperança (Ivone Lara e Délcio Carvalho)
5. Era Carnaval (Jorge Simas e Délcio Carvalho)
6. Vou (Marcelo Menezes e Délcio Carvalho)
7. Por Onde Começar (Wilson das Neves e Délcio Carvalho)
8. Tarja Preta (Délcio Carvalho e Sérgio Fonseca)
9. Sorrindo pra Viver (Délcio Carvalho e Wanderley Monteiro)
10. Pra Afastar a Solidão (Ivone Lara e Délcio Carvalho)
11. Samba do Sétimo Dia (Délcio Carvalho e Mário Lago Filho)
12. Teatro da Vida (Wanderley Monteiro e Délcio Carvalho)
13. Roda de Samba (Délcio Carvalho e Avarese)
14. Dupla Genial (Monarco e Délcio Carvalho)

4 de dezembro de 2007

Universal garante completar coleção de Caetano

Em relação ao recente post 'Universal Music desrespeita Caetano e público', de 3 de dezembro de 2007, a gravadora Universal Music avisa que vai lançar em 2008 as duas caixas restantes da coleção que - pelo cronograma inicial - reeditaria toda a obra de Caetano Veloso ao longo de 2007. A companhia informa que as caixas 83-94 e 95-06 têm lançamentos previstos para junho e outubro de 2008, respectivamente. A justificativa dada para o espaçamento entre as edições é o lançamento do CD e DVD Caetano Veloso - Multishow Cê ao Vivo. A gravadora promete para as próximas duas caixas o mesmo (luxuoso) tratamento gráfico das anteriores, completando a coleção - intitulada Quarenta Anos Caetanos.

Roupa Nova e o velho sentimentalismo natalino

Resenha de CD
Título: Natal Todo Dia
Artista: Roupa Nova
Gravadora: Roupa Nova
Music / Universal Music
Cotação: * * 1/2

Sexteto que viveu o seu auge produtivo nos anos 80, com sucessivos hits nas paradas radiofônicas da época, o grupo Roupa Nova teve sua carreira fonográfica revigorada com os dois volumes do projeto RoupAcústico. Escorado nesta injeção de ânimo, o grupo volta à cena com um disco de repertório natalino - gênero tradicional no exterior, mas que nunca pegou (para valer) no Brasil, com a exceção do álbum lançado por Simone em 1995.

A inédita e melodiosa faixa-título, de autoria de Maurício Gaetani, abre Natal Todo Dia e dá a pista do inevitável tom sentimental que permeia a maior parte do repertório. No mesmo estilo, aliás, aparece - mais no fim do disco - a também inédita e melodiosa No Fundo do Coração, de Cleberson e Márcio Horsth. E ambas estão dentro do que se espera do grupo Roupa Nova: canções palatáveis estruturadas segundo os cânones do gênero popular romântico. No entanto, o disco nem sempre evidencia o (inegável) talento do grupo: as harmonizações vocais, geralmente envolventes, à altura daqueles grandes conjuntos norte-americanos de doo wop. Como pode ser comprovado, aliás, na faixa Um Anjo Muito Especial, já em rotação (há meses) na trilha sonora da novela Sete Pecados.

No que diz respeito às harmonizações vocais, a propósito, vale ir direto para a faixa 5 e ouvir a bela introdução a capella de Silent Night / Noite Feliz. Infelizmente, o Roupa Nova não investiu tanto no seu maior trunfo. E o que se ouve também são pálidos covers de My Sweet Lord (o maior hit da carreira solo do beatle George Harrison, marco da busca espiritual do artista) e da linda What a Wonderful World, ambas cantadas no original em inglês. Mesmo a presença de David Gates - cantor do grupo Bread — na faixa Volte nesse Natal (a versão de Come Home for Christmas, de Gates) soa burocrática e reforça a impressão de Natal Todo Dia ser álbum aquém das possibilidades dos músicos e cantores do Roupa Nova.

Aliás, o resultado também é oscilante entre as cinco versões de músicas estrangeiras que formam o repertório - incluindo a batida Então É Natal (Happy Xmas - War Is Over, de John Lennon), que, no Brasil, foi popularizada na voz de Simone. O grupo surpreende positivamente ao assinar e a cantar versão de música fraterna de Michael Jackson. Heal the World, lançada por Jackson no álbum Dangerous (1991), virou A Paz na bacana versão em português de Nando, o baixista do sexteto. Em contrapartida, há versões que não fazem jus aos registros originais das músicas. Exemplo é Natal Branco, antiga versão de Marino Pinto para White Christmas, de Irving Berlin. A gravação do grupo é uma das mais fracas já feitas para o clássico, lançado por Bing Crosby em 1942 e regravado por Elvis Presley e Frank Sinatra, entre muitos outros cantores. Faltou roupagem realmente nova para o velho sentimentalismo natalino.

Queiroga grava samba que fez com Pedro Luís

Com uma maior visibilidade no mercado fonográfico após ter feito a produção do elogiado último álbum de Elba Ramalho, o belo Qual o Assunto que Mais lhe Interessa?, Lula Queiroga (em foto de Marcelo Lyra) lança no início de 2008 seu terceiro disco solo, Tudo Enzima. No repertório inédito, há samba feito por Queiroga com Pedro Luís, Tem Juízo mas Não Usa, entre músicas autorais como Você Não Disse e Altos e Baixos (parceria de Lula com seu sobrinho e guitarrista Yuri Queiroga). O CD Tudo Enzima fecha a trilogia iniciada com o disco Aboiando a Vaca Mecânica (2001) e continuada em Azul Invisível Vermelho Cruel (2004). Em 1983, Queiroga dividiu o LP Baque Solto com Lenine, mas somente conseguiu retomar sua carreira fonográfica em 2001. O compositor tem músicas gravadas por Zizi Possi, Zélia Duncan, Ney Matogrosso e Roberta Sá - entre outros intérpretes. Com Pedro Luís, o autor já tinha composto o xote Noite Severina. Em tempo: Lenine participa de Tudo Enzima em faixas como as supra-citadas Tem Juízo mas Não Usa e Altos e Baixos. A conferir.

Ana e Marisa na trilha da nova novela das seis

Presença já assídua nas trilhas de novelas da Rede Globo, Ana Carolina tem outra música em folhetim da emissora. Aqui - a canção do álbum duplo Dois Quartos - abre o CD que vem com a trilha sonora brasileira da novela Desejo Proibido, uma história de época, exibida às 18h. Apesar de toda a trama estar situada nos anos 30, em Minas Gerais, há várias músicas mais contemporâneas na seleção musical. Uma das exceções é Rosa, a valsa de Pixinguinha, letrada por Otávio de Souza. De 1917, Rosa aparece na gravação feita por Marisa Monte em 1991 para o álbum Mais. Eis as 16 faixas do CD Desejo Proibido, distribuído este mês, via gravadora Som Livre:

1. Aqui - Ana Carolina
2. Trem das Cores - Caetano Veloso
3. Rosa - Marisa Monte
4. Desenredo - Boca Livre (com participação de Roberta Sá)
5. Sonho Lindo - Tânia Mara
6. Amor de Índio - Roupa Nova
7. Todo Azul do Mar - 14 Bis
8. O Trenzinho do Caipira - Boca Livre
9. Tamanho Não É Documento - Eduardo Dussek
10. Deusa da minha Rua - Ivo Pessoa
11. Céu Cor-de-Rosa (Indian Summer) - Sidney Magal
12. Danada da Preguiça - Luk Brown
13. Tipo Zero - Edson Cordeiro
14. Diabinho Maluco - Joel Nascimento
15. Ave Maria - Selma Reis
16. Hino Sertanejo - Tonico e Tinoco

3 de dezembro de 2007

Vazam mais informações sobre CD de Madonna

Depois de duas músicas do 11º álbum de Madonna terem logo vazado na internet, The Beat Goes on e Candy Shop, outras informações sobre o CD - cujo lançamento está previsto para o início de 2008 - já começam a circular na rede em caráter extra-oficial. Em alta, Justin Timberlake faria dueto com a cantora nas faixas 4 Minutes to Save the World e Dance Tonight. Outras duas músicas - já supostamente intituladas Even the Devil Wouldn't Recognize You e Miles Away - também contariam com intervenções de Justin. O repertório do (último) disco da artista com vínculo com a Warner Music incluiria ainda Across the Sky.

Parece que o tempo não passou para os Eagles

Resenha de CD
Título: Long Road Out of Eden
Artista: Eagles
Gravadora: Universal Music
Cotação: * * * 1/2

Não, Long Road Out of Eden não pode ser encarado como o CD da volta dos Eagles, já que o grupo - desfeito em 1982 após década de fenomenal sucesso comercial - já retornara a rigor nos anos 90, com direito a um CD, Hell Freazes Over, gerado a partir da gravação de um especial para a MTV. Mas Long Road Out of Eden é o primeiro trabalho de estúdio da banda desde 1979. Lá se vão 28 anos, só que parece que o tempo não passou para os Eagles. O álbum é duplo e reúne 20 músicas. Uma delas é instrumental (I Dreamed There Was no War). Em essência, é mais do mesmo - ou seja, rock de inspiração country com belas harmonizações vocais - porém feito com rara competência. Não deve sair do repertório nenhum clássico como Hotel California, mas How Long e Busy Being Fabulous são dois bons exemplos de que o rock dos Eagles ainda continua sedutor.

Sem patrocínio, Rita cancela gravação de DVD

Rita Ribeiro não vai mais gravar o DVD do show Tecnomacumba na apresentação que fará em 12 de dezembro - no Canecão (RJ) - encerrando a vitoriosa temporada de quatro anos do espetáculo. É que não se confirmou o patrocínio batalhado pela artista para viabilizar a gravação, que chegou a ser anunciada pela cantora em recente show feito no Rio de Janeiro com Tantinho da Mangueira e nos cartazes promocionais que listam a programação do Canecão.

Universal Music desrespeita Caetano e público

Caetano Veloso é, de fato, o artista mais importante da gravadora Universal Music. Inclusive pela longevidade rara de seu contrato. O artista estreou na companhia há 40 anos. E de lá não mais saiu - embora a gravadora hoje denominada Universal Music já tenha pouco a ver com a companhia que lançou em 1967 o primeiro LP de Caetano, Domingo, dividido com Gal Costa. Por isso mesmo, a interrupção do projeto que reeditaria em 2007 todos os discos do astro em série de caixas divididas por ciclos/períodos - iniciativa inspirada em projeto da Sony BMG, que tivera idéia similar para reeditar a obra de Roberto Carlos na coleção Pra Sempre - é um desrespeito com Caetano e com o público consumidor de discos. Apenas duas caixas foram lançadas - 67/74 e 75/82, com títulos referentes aos anos que englobavam - e as demais, ao que parece, não serão editadas. A intenção era lançar quatro caixas ao longo de 2007 para festejar as quatro décadas do artista na gravadora. Daí o (engenhoso) título da coleção, Quarenta Anos Caetanos.

É fato que as duas caixas iniciais venderam pouco. Fato previsível, pois os colecionadores mais dedicados da obra de Caetano Veloso certamente já tinham adquirido a luxuosa caixa Todo Caetano, editada em 2002. Cinco anos entre uma reedição e outra é tempo muito curto e insuficiente para motivar nova compra da obra do artista. Mesmo porque a caixa de 2002 tinha sido perfeita no que diz respeito à qualidade do som e à total preservação do material gráfico dos álbuns originais. Só que, já que o projeto foi lançado, é inadmissível que tenha sido interrompido - e sem sequer um aviso ao consumidor de CD. Aliás, como ficam os compradores das duas caixas iniciais?? Suas coleções ficarão incompletas? Já que a idéia foi inspirada na coleção de Roberto Carlos, bem que a Universal poderia ter feito como a sua concorrente Sony BMG, que, mesmo com pouco retorno comercial, está honrando o compromisso de editar todas as caixas previstas na coleção Pra Sempre. É justo...

2 de dezembro de 2007

Vercillo adensa obra em seu CD mais brasileiro

Resenha de CD
Título: Todos Nós
Somos Um
Artista: Jorge Vercillo
Gravadora: EMI Music
Cotação: * * * 1/2

Jorge Vercillo já conseguira se livrar da sombra de Djavan. Só que não se livrara da cartilha radiofônica, da tal receita do sucesso. Daí a grande surpresa com o oitavo álbum do artista, que parece ter encerrado fase em seu CD anterior, ao vivo, aberto com uma música intitulada... Ciclo. Todos Nós Somos Um é trabalho que liberta Vercillo de fórmulas e amarras. É disco renovador que abre ciclos e parcerias na obra do artista. A começar por Cartilha, a abolerada canção que dá início ao disco. É a primeira parceria de Vercillo com Fátima Guedes, autora dos versos apaixonados. Mas, pelo caráter denso, a melodia bem poderia ser da lavra de Fátima. Embaladas com cordas, as canções Deve Ser e Devaneio também seguem por trilha densa que encorpa a obra de Vercillo neste que é seu disco mais brasileiro. E que merece figurar bem nas paradas.

A brasilidade salutar aparece já segunda (grande) faixa, Camafeu Guerreiro, baião estilizado que desemboca em refrão calcado no ritmo do ijexá. O berimbau de Marco Lobo introduz e permeia este tema que evoca o universo afro da capoeira. Entre sambas (Toda Espera, Tudo que Eu Tenho), toada bucólica (a bela Luar de Sol) e o Xote do Polytheama (gravado com a voz e o violão de Guinga), Vercillo apresenta sua segunda parceria com Marcos Valle, Numa Corrente de Verão, sambossa que transita na mesma trilha pop e ensolarada da anterior (e mais inspirada) Pela Ciclovia, lançada por Leila Pinheiro. Valle faz ótima intervenção na faixa com seus vocais e seu elétrico piano Fender Rhodes. Há variedade rítmica.

Faixa já propagada na trilha da novela Duas Caras, a balada Ela Une Todas as Coisas é mais um sinal de que Vercillo se afastou da banalidade. Mesmo que uma ou outra música seja dispensável, em especial Vôo Cego, Todos Nós Somos Um é bom álbum de tom humanista - explicitado já na faixa-título, um rock de batida pop que evoca a pegada do anterior CD de estúdio do artista, Signo de Ar. Sim, Jorge Vercillo está no caminho certo e, se começar a colher os frutos da coragem de se reciclar, será por mérito e não pelo 'l' dobrado reincorporado ao seu sobrenome. Ele está livre...

O registro histórico da explosão dos Paralamas

Resenha de CD / DVD
Título: Rock in Rio ao Vivo Os Paralamas do Sucesso 1985
Artista: Os Paralamas do Sucesso
Gravadora: MZA Music / EMI Music
Cotação: * * * (CD) e * * * * (DVD)

A informalidade dos figurinos usados por Herbert Vianna e João Barone na segunda apresentação dos Paralamas do Sucesso no festival Rock in Rio, em 1985, confirma que o pop carioca da época às vezes fazia literalmente jus ao (depreciativo) título de rock de bermudas. Mas, analisando o azeitado show em perspectiva, a partir de sua bem-vinda edição em CD e DVD, fica a constatação de que - não obstante as bermudas... - o jovem rock carioca começou a virar coisa de gente grande no palco armado na Cidade do Rock. Sobretudo o rock dos Paralamas. O trio carioca explodiu no festival. Seus dois shows - feitos em 13 e 16 de janeiro - foram uma espécie de big bang na carreira do grupo, como bem definem seus integrantes em texto escrito para o encarte do DVD, cuja edição foi coordenada pelo produtor Marco Mazzola, da MZA Music, gravadora que vem editando registros de shows do festival.

A gravação histórica ora lançada em CD (dispensável) e em DVD perpetua a segunda apresentação do trio, feita em 16 de janeiro, um dia depois da eleição indireta do civil Tancredo Neves para a Presidência do Brasil. Daí o sutil comentário do vocalista Herbert Vianna - "A gente vai ver aquela careca na TV por um bom tempo. Espero que alguma coisa de bom seja feita" - antes de apresentar Inútil, a música do Ultraje a Rigor que tinha virado um dos hinos nas campanhas pelas eleições diretas. Nem Herbert nem ninguém podia imaginar naquele dia de renovadas esperanças políticas que a careca de Tancredo Neves iria ser vista por muito pouco tempo. Ao contrário do presidente, contudo, os Paralamas foram longe e já mostraram energia incomum nessas apresentações da fase pré-Selvagem? (o clássico disco de 1986 que deu contorno adulto e brasileiro ao rock jovial do trio). Os Paralamas cresceriam muito.

Com imagem e áudio restaurados na medida do possível (todas as imagens dos shows do Rock in Rio I foram captadas pela TV Globo com as limitações técnicas da época), o DVD rebobina momento de glória na carreira dos Paralamas. Como sintetiza João Barone ao fim do ótimo documentário Por Trás dos Óculos, apresentado nos extras com mix de entrevistas atuais e de material jornalístico produzido pela Globo durante a cobertura do festival, o show dos Paralamas é o mais lembrado até hoje dentre todos do Rock in Rio. Daí a validade da edição do DVD. Em 1985, Herbert Vianna ainda usava óculos, tinha farto cabelo e tinha garra. Foram-se os óculos (logo limados a partir de bem-sucedida operação de miopia), foi-se o cabelo, mas permanece a garra que faz com que os Paralamas do Sucesso continuem na estrada 22 anos depois de seu big-bang.

Celso populariza seu som entre rap e ecos de Gil

Resenha de CD
Título: Feriado
Artista: Celso Fonseca
Gravadora: EMI Odeon
Cotação: * * 1/2

Com Feriado, Celso Fonseca inverte a rota de lançamento de seus álbuns - geralmente editados no exterior e depois licenciados para o Brasil. Seu novo CD chega primeiro ao mercado nacional com um som (mais) popular do que o ouvido nos últimos discos do cantor, guitarrista e compositor. Em vez do refinado mosaico pop dos CDs assinados em dupla com Ronaldo Bastos, Fonseca parte para repertório mais eclético em que cabem música de Jamie Cullum (a bela Next Year, Baby), burocrático cover de Caetano Veloso (Você Não Entende Nada), releitura moderninha de Águas de Março, regravação de Sorte e um registro de Ela Só Pensa em Beijar que tira o hit de MC Leozinho do circuito funk para realçar a (real) beleza da melodia.

A safra autoral também segue a trilha mais popular. Em Viajando na Viagem, o onipresente Marcelo D2 põe seu rap no sambossa de Fonseca. E outro rapper - Ben Lamar, nascido em Chicago (EUA), mas radicado no Rio - adiciona o mesmo tempero na faixa-título, parceria de Fonseca com Ronaldo Bastos. Entre raps e bossas, há nítidas influências de Gilberto Gil, com quem Celso Fonseca tocou guitarra durante 15 anos. Beleza é bom samba à moda de Gil, cuja música Barato Total é sampleada - na gravação de Gal Costa - na faixa Não se Afasta de mim. Não cola. Pode ser que, no exterior, Feriado encontre admiradores fervorosos. Mas, para ouvidos brasileiros, a impressão é a de que Celso Fonseca - vez por outra - ainda parece o clone de seus ídolos Caetano Veloso e Gilberto Gil.

O som do samba inspira imagens de 80 artistas

De autoria do fotógrafo Walter Firmo, a imagem acima foi clicada com inspiração em O Mar Serenou, samba de Candeia, lançado por Clara Nunes em 1975 no álbum Claridade. A foto de Firmo é uma das oitenta obras a serem exibidas na oitava edição da exposição A Imagem do Som. O samba é o tema da exposição em 2007. Ao todo, oitenta artistas visuais criaram imagens para oitenta sambas selecionados pelo jornalista Antonio Carlos Miguel. Entre eles, há Agora É Cinza, Deixa a Vida me Levar, Com que Roupa?, Diz que Fui por Aí, Jura e O Amanhã. Com a curadoria de Felipe Taborda, a exposição A Imagem do Som do Samba vai ser aberta para convidados em 6 de dezembro no Paço Imperial (RJ). Já o público poderá conferir os trabalhos de 7 de dezembro até 28 de fevereiro de 2008. O livro-catálogo com as oitenta imagens estará à venda.