'Dalva e Herivelto' cativa com músicas e amores
Título: Dalva e Herivelto - Uma Canção de Amor
Texto: Maria Adelaide Amaral
Direção: Dennis Carvalho
Elenco: Adriana Esteves (Dalva de Oliveira), Fábio
Assunção (Herivelto Martins), Thiago Fragoso (Pery
Ribeiro), Claudia Netto (Linda Batista) e Fernando Eiras
(Francisco Alves), entre outros
Exibição: TV Globo, de 4 a 8 de janeiro de 2010
Cotação: * * * *
Folhetinesco como boa parte das músicas que o embalou, o amor de Dalva de Oliveira (1917 - 1972) e Herivelto Martins (1912 - 1992) dava até uma novela. Motivada pelo sucesso da minissérie sobre Maysa (1936 - 1977), exibida em janeiro de 2009, a TV Globo produziu para este início de 2010 microssérie de cinco capítulos sobre a saga da cantora com o compositor. A exibição do emocionante último capítulo - na noite de sexta-feira, 8 de janeiro de 2010 - reiterou o que já estava perceptível desde o primeiro: o alardeado padrão globo de qualidade. Irretocável na reconstituição de época e na caracterização de todo o elenco. Adriana Esteves evocou o visual de Dalva da mesma forma que Claudia Netto ficou com a cara da cantora Linda Batista (1919 - 1988), para citar somente os dois melhores exemplos. Contudo, o minucioso trabalho de arte seria infrutífero se a escritora Maria Adelaide Amaral não tivesse cumprido com talento a missão de condensar em cinco capítulos acontecimentos que renderiam no mínimo 20 sem encheção de linguiça. Como já previsto, a trama ficou (con)centrada no conturbado caso de amor entre Dalva e Herivelto, usando o manjado (mas eficiente) recurso de estruturar a narrativa em dois tempos simultâneos. As idas e vindas do casal eram entremeadas com as cenas em que Dalva, agonizante no hospital, morria à espera de uma visita redentora de Herivelto que aconteceu somente em sua imaginação. A música foi um belo pano de fundo, com a dupla Charles Möeller e Claudio Botelho cuidando com capricho da remontagem dos lendários shows do Cassino da Urca. No papel de Dalva, Adriana Esteves se superou. Sua entrega à personagem foi tamanha que - afinal - pouco importou o fato de a atriz não ser cantora (sim, as cenas de dublagem soaram meio artificiais no início, quando Dalva integrava o Trio de Ouro, mas até ganharam alguma naturalidade nas músicas entoadas pela intérprete em sua carreira solo). Fábio Assunção também fez bonito no palco de Herivelto, personagem pintada com tintas até suaves pela autora se confrontado o texto da série com a narrativa feita por Pery Ribeiro, filho do casal, no livro Minhas Duas Estrelas. Talvez porque o número limitado de cenas fez a autora priorizar a trajetória de Dalva no último lindo capítulo da série. Folhetim à parte, Dalva e Herivelto - Uma Canção de Amor reviveu de forma primorosa a era da música brasileira pré-Bossa Nova. Era de vozeirões como o da estrela Dalva. Que venha o DVD!