11 de novembro de 2006

Bethânia mergulha de cabeça em grande show

Resenha de show
Título: Dentro do Mar Tem Rio
Artista: Maria Bethânia
Local: Tom Brasil Nações Unidas (SP)
Data: 10 de novembro de 2006
Cotação: * * * * *

Diferentemente do antecessor Tempo Tempo Tempo Tempo, show que estreou em fevereiro de 2005 com costura frouxa que foi sendo ajustada na estrada, Dentro do Mar Tem Rio chegou à cena já arrebatador. Maria Bethânia transpõe suas memórias das águas para o palco sem o tom eventualmente solene dos dois CDs recém-lançados (sobretudo de Mar de Sophia) que fornecem a matéria-prima do roteiro primorosamente alinhavado por Berré com Fauzi Arap, firme condutor de seu barco cênico desde 1967.

Desta vez, o cenário idealizado pela diretora Bia Lessa – um painel clean sobre o qual são projetados símbolos dos mares e rios – não disputa espaço com a intérprete (na foto, clicada em cena por Beti Niemeyer). Sua alteza, em majestosa forma vocal, reina soberana em dois atos. No primeiro, com figurino vermelho, em referência a Iansã, saudada ao fim em Dona do Raio e do Vento. No segundo, vestida de branco e dourado que remetem a Oxum e a Yemanjá, os orixás tributados em Canto de Oxum e Iemanjá Rainha do Mar.

Dentro do mar de Bethânia tem Rio, sertão, sambas de roda, fados, frevos e cantigas de acento folclórico. São pérolas que emergem do roteiro ora em tom lúdico e terno (Pedrinha Miúda), ora épico (Memórias do Mar, Kirimurê), ora mais intenso (como na valsa Lágrima, de letra perfeita para a intérprete exibir a sua natural dramaticidade) e ora até (explicita ou implicitamente) político. Se o texto Ultimatum (Álvaro de Campos, 1917) é dos mais fortes já ditos por Bethânia no palco, Asa Branca, um dos números iniciais do primeiro ato, já lembra a recorrente falta d'água no sertão, cujo fim é rogado quase ao término do show em Meu Divino São José.

A bela intensidade da poesia e da música que emergem no palco - urdidas com paradoxal atmosfera de delicadeza - faz do show um dos melhores da carreira de Maria Bethânia. A costura do roteiro é perfeita. O elo bem pode ser a melancolia ruralista que agrupa A Saudade Mata a Gente, Gostoso Demais (toada de Dominguinhos que a artista gravou em 1986 no disco Dezembros) e Tristeza do Jeca em seqüência de pura beleza. Ou então a mágoa amorosa que junta Atiraste uma Pedra (o clássico de Herivelto Martins e David Nasser, revivido por Bethânia em 1981 no disco Alteza) à supra-citada valsa Lágrima em um bloco de contornos mais românticos.

A força com que Maria Bethânia mergulhou na onda erótica de Eu que Não Sei Quase Nada do Mar fez com que, na estréia paulista, o público a ovacionasse ao fim da música de Ana Carolina e Jorge Vercilo como se o show tivesse terminado. O delírio foi tanto que a cantora teve que pedir para dar prosseguimento ao belo roteiro, eventualmente sublinhado musicalmente com a viola caipira de Jaime Alem (em números como De Papo pro Ar) e com a sanfona confiada ao pianista João Carlos Coutinho em Riacho do Navio e em Filosofia Pura, chula lançada pela diva no disco Ciclo (1983).

Grande e bela surpresa do fim do segundo ato, que precede o bis carnavalesco (Das Maravilhas do Mar Fez-se o Esplendor de uma Noite, A Filha da Chiquita Bacana, Chuva, Suor e Cerveja e Água Lava Tudo, marcha popularizada por Emilinha Borba no Carnaval de 1955), Movimento dos Barcos (Jards Macalé) fecha o segundo ato e sinaliza que as densas memórias das águas de Maria Bethânia estão vivas, embaralhando passado e presente para formatar um dos melhores shows da intérprete em banho de fina musicalidade.

Marisa é, por ora, a campeã de vendas de 2006

Com a incerteza que ainda paira sobre o lançamento anual de Roberto Carlos, Marisa Monte (foto) pode fechar o ano como a campeã de vendas de discos de 2006. De acordo com a gravadora EMI Music, até hoje já saíram das lojas 170 mil cópias do CD Universo ao meu Redor e 175 mil exemplares do disco Infinito Particular, totalizando 345 mil unidades já efetivamente vendidas. Os dois álbuns foram lançados em 10 de março com tiragem inicial de 300 mil cópias, que poderá se esgotar com o tradicional aquecimento do mercado fonográfico em dezembro. Mas o novo CD de padre Marcelo Rossi, Minha Benção, vende muito bem e logo já deverá ultrapassar os discos de Marisa Monte.

Paula Toller lança segundo disco solo em 2007

Embora o Kid Abelha tenha migrado da Warner Music para a Universal Music, em 2001, Paula Toller (foto) ainda devia por contrato a realização de seu segundo disco solo à antiga gravadora do grupo. Dívida que será saldada pela cantora no começo do ano. O novo trabalho individual de Toller é o primeiro lançamento nacional da Warner em 2007. A artista estreou na carreira solo, em 1998, com o álbum que trouxe Oito Anos, música recriada por Adriana Calcanhotto no projeto infantil Adriana Partimpim. O segundo CD - produzido por Paul Ralphes - terá repertório inédito.

DVD revive a dupla Pena Branca & Xavantinho

Enquanto finaliza o DVD com registro de uma entrevista concedida em 1974 por Cartola e Leci Brandão ao programa Ensaio, a gravadora Trama vai pôr nas lojas, nos próximos dias, um DVD da dupla Pena Branca & Xavantinho editado na mesma série que vem digitalizando o acervo do programa da TV Cultura. A entrevista da dupla foi gravada em 1991.

Na excelente companhia de Betto Sodré (percussão) e Kapenga (viola), Pena Branca & Xavantinho contam causos, revivem músicas ouvidas nos bailes mineiros (Boiadeiro do Norte, entre elas) e apresentam temas ruralistas como Velho Cartieiro, Casinha de Aço, Felicidade e O Cio da Terra. É luxo só!!!

Por conta da edição de seu Ensaio, a dupla - das mais genuínas do universo sertanejo brasileiro - chega postumamente ao DVD, pois foi forçosamente desfeita em 1999 com a morte de Xavantinho.

Amy Lee mantém porta aberta para pop gótico

Resenha de CD
Título: The Open Door
Artista: Evanescence
Gravadora: Sony BMG
Cotação: * * *

Mesmo sem seu dissidente guitarrista Ben Moody, o grupo americano mantém o bom nível e os clichês de seu pop gótico, passando no teste deste que pode ser considerado seu segundo disco, já que foi a partir do anterior Fallen (2003) - este, sim, o segundo álbum do Evanescence, mas o primeiro a ser editado por gravadora major - que a vocalista Amy Lee e Cia. ganharam projeção mundial graças a hits como Bring me to Life e My Immortal (música, a rigor, lançada no álbum de estréia da banda, Origin). Pela capa, já é possível detectar o tom dark de faixas como Snow White Queen.

The Open Door exibe repertório previsível que impressiona especialmente em Lacrymosa, faixa urdida com mix de guitarra, piano e coro. Em evolução, a voz de Amy Lee continua em plano especial, sobretudo quando o seu piano se destaca no arranjo, como na balada Lithium. Enfim, não é o segundo disco do grupo, mas é como se fosse. E músicas como Call me When You're Sober prenunciam que as portas da indústria fonográfica deverão ficar abertas para o Evanescence. O que pode ser sinal de acomodação.

10 de novembro de 2006

Segundo do Killers exibe munição mais pesada

Resenha de CD
Título: Sam's Town
Artista: The Killers
Gravadora: Universal

Music
Cotação: * * * *


Há muito mais urgência neste segundo álbum do quarteto de Las Vegas (EUA) do que na sua superestimada, porém bacana, estréia fonográfica, Hot Fuss (2004), que vendeu cinco milhões de cópias ao redor do mundo no embalo de som retrô que - com textura sintetizada - evocava os anos 80 e as bandas de tecnopop como Duran Duran. Dois anos e alguns sucessos depois, entre eles Somebody Told me, The Killers volta com um álbum mais visceral e intenso - efeito talvez da produção dividida entre Flood e Alan Moulder, que já assinou trabalhos de bandas como U2 e Depeche Mode. Como mostram faixas como When You Were Young, já há maior equilíbrio entre guitarras e sintetizadores em Sam's Town - o que confere maior peso ao CD, em todos os sentidos. Pode até ser que o álbum não venda os mesmos milhões de cópias de Hot Fuss, só que, entre ecos de U2 e Bruce Springsteen, o quarteto sinaliza em temas como Bones e For Reasons Unkown que a sua munição quase épica é certeira. Se não vender, azar do público...

Daniela põe McCartney no 'Balé Mulato ao Vivo'

Daniela Mercury pôs inédita versão de música de Paul McCartney - A Certain Softness, rebatizada Essa Ternura na letra em português - no repertório do CD Balé Mulato ao Vivo (foto). A faixa foi gravada em estúdio, assim como a outra inédita do repertório, Quero a Felicidade, composta pela cantora com Manno Góes em tom próximo do rap. Gravados em Salvador (BA), em 17 de setembro, o CD e o DVD Balé Mulato ao Vivo perpetuam o atual show da artista baiana em apresentação feita no Farol da Barra com as intervenções da Banda Didá e a cantora Mariene de Castro (no samba de roda Dona Canô), de Márcio Mello (em Toneladas de Amor) e da cantora Gil (convidada do inédito frevo Água do Céu).

Filmado com direção do cineasta pernambucano Lírio Ferreira, de filmes como Baile Perfumado e o recente Árido Movie, o DVD traz o registro integral do espetáculo. Além das músicas do disco de estúdio que gerou o show, Daniela agregou ao roteiro sucessos de Geraldo Azevedo (Dia Branco, lançado por Amelinha em 1979 no disco Frevo Mulher), Banda Mel (Baianidade Nagô e Prefixo de Verão) e Gilberto Gil (Não Chores Mais, a famosa versão de Gil para o reggae No Woman no Cry, de Bob Marley). Já o CD reúne 12 números da apresentação, além das citadas gravações de estúdio de Essa Ternura e Quero a Felicidade. O lançamento está previsto pela gravadora EMI Music para o fim de novembro de 2006. Axé!

Skank é convidado para a 'Banda dos Contentes'

Erasmo Carlos requisitou o quarteto Skank (em foto de Weber Pádua) para o disco que está gravando no Rio com doze participações especiais. O tema escolhido foi A Banda dos Contentes, música que batizou o álbum lançado pelo Tremendão em 1976 e que foi ofuscada pelo sucesso da faixa Filho Único. A gravação do cantor com o Skank foi concretizada esta semana, aproveitando a vinda do grupo de Minas Gerais ao Rio para fazer um show na casa Oi Noites Cariocas.

O lançamento do CD Erasmo Carlos Convida 2 - seqüência do bem-sucedido álbum editado em 1980 - já está programado pela gravadora Indie Records para 2007 (possivelmente para março).

Belo tenta voltar à tona com samba e suingue

Resenha de CD
Título: Belo
Artista: Belo
Gravadora: Sony BMG
Cotação: *

Belo despontou no grupo Soweto com vocal de qualidade acima da média (baixa) de seus colegas pagodeiros. Aliado ao canto de fraseado eventualmente soul, o carisma de Belo logo fez dele um ídolo popular. Mas egotrips precipitaram sua saída do Soweto - que logo se apagou sem sua estrela - e o induziram a uma conseqüente e precoce carreira solo que ia bem até que, por problemas com a Justiça, Belo teve que se retirar de cena. Sua popularidade diminuiu, mas não a ponto de inviabilizar um retorno. Belo, o disco editado esta semana pela gravadora Sony BMG, é nova tentativa do artista de se reerguer no mercado.

Com produção do fiel amigo Prateado, Belo tenta voltar à tona com samba mais suingante e menos dolente, ainda que sempre enquadrado em linha sentimental. Incrementada com sample da voz de Tim Maia em gravação de Me Dê Motivo, a faixa que abre o disco, Tá Fazendo Frio, traduz bem o tom do repertório. Mesmo uma balada inicialmente forrada com teclados, como Pra Ver o Sol Brilhar, deságua no balanço predominante no CD. O que pega é a qualidade insossa das músicas e o caráter lacrimoso das letras, que batem invariavelmente na tecla da desilusão amorosa. Isso faz com que o disco acabe soando muito repetitivo. Por melhor que seja a forma vocal de Belo, e ele está cantando bem, o tom fica monocórdio. Inclusive numa canção de acento mais soul como Quero te Amar, gravada por Belo em dueto com Flávia Santana.

A baladona Vem encerra o álbum e atesta que Belo continua bom cantor. Resta saber se esse repertório banal, muito aquém de sua voz, lhe possibilitará remodelar sua imagem e retomar para valer a trajetória iniciada no mercado fonográfico ao lado do Soweto.

Show do Dead Fish na MTV volta em 'dualdisc'

Até então inédita, na forma de CD, a gravação editada no DVD MTV Apresenta Dead Fish vai ser lançada na embalagem de dualdisc neste mês de novembro de 2006. Feito em 2004, o registro ao vivo do grupo capixaba foi o segundo a ser produzido na incoerente série da emissora. O roteiro do show é formado por 25 músicas. Entre elas, Queda Livre, Bem-Vindo ao Clube e Zero e Um. O dualdisc (foto) chega às lojas pela Deckdisc, única gravadora que tem investido no formato no Brasil.

9 de novembro de 2006

Villeroy inaugura ao vivo parceria com Donato

Autor de músicas gravadas por Ana Carolina (casos de Garganta e Rosas, primeiro single do CD duplo que Ana vai lançar em dezembro), o gaúcho Totonho Villeroy trocou o seu nome artístico para Antonio Villeroy e já assinou um contrato com a Warner para edição do CD e DVD Sinal dos Tempos - Ao Vivo, gravados em um show feito com a Orquestra de Câmara do Theatro São Pedro - na cidade de Porto Alegre - em abril de 2005.

A gravação chegará às lojas puxada pela inédita É onde seu Lugar. Villeroy (em foto de Leonardo Aversa) inaugura até parceria com João Donato em Música no Gravador, com a participação especial do próprio Donato, de quem o artista canta também A Paz (1987). A antiga parceira Ana Carolina marca sua indispensável presença na inédita Da Laia do Lama e em Que se Danem os Nós (de 2001).

Babado grava DVD que virá como bônus em CD

Com a participação de Carlinhos Brown e a presença de cerca de 500 convidados vips, o Babado Novo grava nesta quinta-feira, 9 de novembro, o DVD que virá como bônus na edição dupla do CD que o grupo vai lançar em janeiro. O DVD trará show captado no Trapiche Barnabé, em Salvador (BA). Já o CD foi gravado no Rio de Janeiro com direção musical dividida entre o guitarrista da banda, Sérgio Rocha, e Lincoln Olivetti. O rapper angolano Dog Murras é convidado de Insolação do Coração, parceria de Carlinhos Brown com Michael Sullivan, eleita o primeiro single do CD. Já o cantor, compositor e sanfoneiro Targino Gondim - autor de Esperando na Janela, hit na voz de Gilberto Gil - participa de Abra Aí, xote do repertório de Luiz Caldas. Na foto de Márcio Pedreira, a vocalista da banda, Cláudia Leitte, posa no estúdio carioca AR com Gondim.

Tributo a Mario Lago sai sem Caetano e Chico

O (farto) tributo multimídia Mario Lago, Homem do Século XX - que inclui três CDs com 48 regravações inéditas da obra musical do compositor, DVD, exposição e livro - está sendo editado este mês, com distribuição dirigida apenas a bibliotecas e escolas, sem as prometidas presenças de Caetano Veloso e Chico Buarque. Às voltas com os ensaios do show de lançamento do disco , o artista baiano cancelou sua participação no CD. Já Chico Buarque tinha aceitado prontamente cantar Aurora, marcha de Lago (foto) e Roberto Roberti que fez muito sucesso no Carnaval de 1941, mas a gravação também acabou não sendo concretizada.

Mesmo sem Caetano e Chico, a produção do projeto conseguiu reunir nomes como Roberto Silva (Atire a Primeira Pedra / Ai, que Saudades da Amélia), Emílio Santiago (Mentirosa), Moacyr Luz (Ficarás), Nelson Sargento (Faz de Conta), Beth Carvalho (Salve a Preguiça, meu Pai), Luiz Carlos da Vila (Não te Conheço Mais), Dona Ivone Lara (Leva meu Coração), Jorge Aragão (Para que Mais Felicidade?), Leci Brandão (Faz como Eu), Monarco (Walkiria), Walter Alfaiate (Meu Consolo), Dudu Nobre (Como É que Ficou o Céu?) e Zeca Pagodinho (Mulher Infernal). Viva Lago!

Entrevista de Djavan ao 'Ensaio' chega ao DVD

Depois da Trama e após a Biscoito Fino, mais uma gravadora põe nas lojas DVD com episódio do programa Ensaio. A Deckdisc inaugura sua parceria com a TV Cultura com o registro da entrevista concedida por Djavan, em 1999, ao programa dirigido por Fernando Faro. Mas o DVD (foto) extrapola a dobradinha entrevista / números musicais típica da série e traz trechos do (já raro) filme Projecto Kalunga, rodado em 1980 em Angola, com imagens de show beneficente feito por Djavan ao lado de astros brasileiros como Clara Nunes (1942 - 1983), Chico Buarque, Martinho da Vila e Cia.

Dos números musicais que pontuam a entrevista, o mais inusitado talvez seja 'Passo' Preto (corruptela para Pássaro Preto). Djavan cantarola este tema composto por sua mãe na infância vivida em Alagoas. Foi pela mãe que Djavan teve suas primeiras referências musicais (Luiz Gonzaga, Dorival Caymmi e os sons da África). No DVD, que será lançado ainda em novembro, o artista recorda sua trajetória rumo ao sucesso e comenta sua interação com artistas como Caetano Veloso, Chico Buarque, Dorival Caymmi, Quincy Jones e Stevie Wonder. Vale lembrar que, na época que gravou o programa Ensaio, em 1999, Djavan vivia seu auge comercial por conta de disco duplo ao vivo em que recriava seus principais hits.

Filme documenta a crença do grupo AfroReggae

Resenha de DVD
Título: Nenhum Motivo

Explica a Guerra
Artista: AfroReggae
Gravadora: Gege/Warner Music
Cotação: * * * *

"Meu sonho era comer no McDonalds", confessa sem pudor o diretor do grupo AfroReggae, José Junior, em lapidar depoimento para as lentes de Cacá Diegues e Rafael Dragaud, os diretores do inédito documentário que refaz a trajetória do grupo formado em meio ao rastro de violência deixado por chacina na favela de Vigário Geral (RJ), em 1993. O filme está entrelaçado no primeiro DVD do AfroReggae com trechos de show gravado no Circo Voador com intervenções de nomes como Caetano Veloso (Haiti), Cidade Negra (Johnny B. Good) e O Rappa (Ilê Aiyê - Que Bloco É Esse?). Mesmo sem bom acabamento poético, temas como Tô Bolado oferecem visão real da violência sob a ótica de quem a sofre cotidianamente na pele.

Nenhum Motivo Explica a Guerra - intitulado com o nome do segundo CD do grupo - ratifica a força social do AfroReggae, cuja ação transcende o universo da música. O sonho de comer na lanchonete de fast food exemplifica a árida realidade cotidiana vivenciada pelos músicos e ativistas antes da entrada redentora no AfroReggae. Para eles, fazer parte do grupo ajudou a ruir o duro apartheid social e possibilitou o ingresso em sociedade de consumo cujo tênis é o símbolo do status usado pelo tráfico para seduzir jovens para o crime e, na contramão, pelos integrantes do AfroReggae para tirar esses mesmos jovens da criminalidade.

Oficinas de percussão, dança e teatro têm ajudado a reintegrar na sociedade os mais sensíveis aos apelos do grupo. A vitória ainda é parcial. "Meus melhores amigos morreram", contabiliza, com os olhos marejados, José Junior. "Não tem um dia que não morre ninguém (na favela)", ressalta o vocalista Dinho. Os depoimentos, sinceros e diretos, encorpam o documentário e dão a dimensão grandiosa do trabalho social realizado pelo AfroReggae em cenário violento, freqüentado corajosamente pelo poeta Waly Salomão, elo inicial entre o grupo e seu padrinho Caetano Veloso. Imagens de arquivo mostram a militância de Waly, Caetano e Regina Casé (outra entusiasta de primeira hora) em Vigário Geral.

"Acredite no inacreditável", diz verso do rap inserido na suingada versão de Imagine, o hino pacifista de John Lennon que fecha o documentário. O DVD Nenhum Motivo Explica a Guerra oferece ao espectador a possibilidade de ver apenas o registro integral do show feito no Circo Voador (editado separadamente no formato de CD), mas é o filme o passaporte para a compreensão exata da simbologia de um grupo que vem fazendo história na música e na vida ao reafirmar sua crença (firme) no inacreditável.

8 de novembro de 2006

Garrido grava em 2007 seu primeiro disco solo

Vocalista do quarteto Cidade Negra, Toni Garrido (foto) planeja gravar e lançar seu primeiro CD solo em 2007. Projeto que já esteve em discussão na gravadora Sony BMG há alguns anos, o disco vinha sendo adiado. O cantor pretende fazer álbum com repertório mais voltado para a música brasileira, sem reggae, o ritmo predominante no trabalho do grupo fluminense do qual faz parte. A intenção do artista é começar a gravar o disco logo após a turnê promocional do DVD e CD ao vivo Cidade Negra Direto, recém-lançados no mercado fonográfico.

Aos 70, Tom Zé perde tempo em 'Danç-Êh-Sá'

Resenha de CD
Título: Danç-Êh-Sá
Artista: Tom Zé
Gravadora: Trama
Cotação: * *


Em seu fraco álbum anterior, Estudando o Pagode, Tom Zé já pouco lembrava o artista genial dos anos 70, aquele que procurou recriar o formato da canção em discos antológicos como Estudando o Samba. É fato que Tom Zé continua inventivo e inquieto, mas Danç-Êh-Sá (Dança dos Herdeiros do Sacrifício) - 7 Caymianas para o Fim da Canção patina no terreno do experimentalismo barato, aquele desenvolvido somente para parecer exótico ou diferente.

O conceito do CD está estruturado na suposição do fim da canção - idéia defendida por Chico Buarque em entrevista - e na fixação (de parcela) da juventude por música eletrônica e comportamentos individualistas. Tentando mixar essas referências com os sons negros que ajudaram a formatar a cultura musical brasileira, Zé criou com base eletrônica sete temas de acento afro e indígena. A produção de Paulo Lepetit - parceiro do compositor em músicas como Uai-Uai, Atchim e Abrindo as Urnas - é azeitada, mas paira a sensação de que os 33 minutos gastos na audição do álbum são tempo perdido. Aos 70 anos, completados em 11 de outubro, Tom Zé já não precisa provar mais nada para ninguém, mas bem que poderia voltar a estudar o samba com a criatividade dos anos 70.

Sueli grava disco que vai ter Bethânia e Simone

Intérpretes fundamentais para a projeção da música de Sueli Costa (foto) na década de 70, Maria Bethânia e Simone já garantiram presença no disco que a compositora vai gravar no início do ano. O repertório totaliza 12 músicas. Todas são inéditas, feitas por Sueli com parceiros poetas como Abel Silva, Ana Terra, Fausto Nilo, Carlinhos Vergueiro, Luiz Sérgio Henriques e Paulo Mendonça. 10!

Produzido pela cantora Fernanda Cunha (sobrinha de Sueli Costa), o disco será gravado no estúdio Manga Rosa, no Rio, com recursos obtidos com a Lei Municipal Murilo Mendes. Celso Fonseca, Daniel Gonzaga e a própria Fernanda Cunha também farão participações no CD. Entre os músicos, há craques como o baterista Robertinho Silva e o baixista Jorjão Carvalho. Sueli Costa vai tocar seu piano.

'Carioca' chegará ao DVD sem tom documental

Chico Buarque decidiu que seu próximo DVD - gravado em 11 de outubro, com direção de André Horta, durante apresentação do show Carioca na casa Tom Brasil, em São Paulo (SP) - vai trazer apenas o registro integral do espetáculo com o qual está em turnê internacional. A idéia resulta do fato de que seu primeiro registro de show editado em DVD - As Cidades - já tinha tom documental e de que os 12 programas da longa série de TV Chico Buarque já cumpriram a função de mostrar o pensamento do compositor (na foto, clicado por Patrícia Cecatti durante a temporada paulista). O lançamento do DVD está previsto para 2007 pela Biscoito Fino.

Pela ordem, o roteiro de Carioca é formado pelas músicas Voltei a Cantar, Mambembe, Dura na Queda, O Futebol, Morena de Angola, Renata Maria, Outros Sonhos, Sempre, Porque Era Ela, Porque Era Eu, Imagina, Mil Perdões, A História de Lily Braun, A Bela e a Fera, As Atrizes, Ela É Dançarina, Ela Faz Cinema, Eu te Amo, Palavra de Mulher, Leve, Bolero Blues, As Vitrines, Subúrbio, Futuros Amantes, Morro Dois Irmãos, Bye Bye Brasil, Cantando no Toró, Grande Hotel, Ode aos Ratos e Na Carreira. No bis, Chico canta os sambas Sem Compromisso, Deixe a Menina e Quem te Viu Quem te Vê, saindo de cena ao som de João e Maria.

Em tempo: por conta da recente temporada do show Carioca em Portugal, o irregular CD homônimo retornou esta semana à parada fonográfica lusitana, em um honroso 15º lugar. Não é pouca coisa.

Maria Bethânia na visão das lentes de Andrucha

Já retratada recentemente no filme Música É Perfume, idealizado pelo diretor suíço Georges Gachot e lançado no Brasil em 2005, Maria Bethânia (em foto de Leonardo Aversa) em breve vai ser tema de outro documentário. Pedrinha de Aruanda, do diretor Andrucha Waddington, foca a vida e a obra da cantora com o aval da gravadora Biscoito Fino, que irá editar o filme em DVD em 2007 depois de seu lançamento nas salas de cinema.

A propósito, a gravadora também pretende pôr logo no mercado - simultaneamente com Pedrinha de Aruanda - um segundo DVD com a cópia restaurada de Bethânia Bem de Perto, o documentário realizado por Júlio Bressane em 1967. A idéia da Biscoito Fino era editar os dois DVDs em 2006 - ano em que a intérprete festejou seis décadas de vida - mas, a pedido da própria Bethânia, adiou o lançamento duplo para 2007 para não colidir com a chegada às lojas dos belos discos Mar de Sophia e Pirata.

7 de novembro de 2006

Herivelto chega à era do DVD via Biscoito Fino

Compositor da era pré-Bossa Nova, Herivelto Martins (1912 - 1992) chegará postumamente à era do DVD em 2007. A gravadora Biscoito Fino negocia com a TV Cultura a edição em DVD da entrevista do compositor (foto) ao programa Ensaio. A companhia também tem plano de lançar DVD com a participação de Zé Kéti (1921 - 1999) no mesmo programa para dar continuidade à série iniciada em outubro com o (oportuno) vídeo de Nara Leão (1942 - 1989), filmado em película em 1973.

Pagodinho evolui (bem) pelos salões da gafieira

Resenha de CD
Título: Acústico MTV 2

Gafieira
Artista: Zeca Pagodinho
Gravadora: Universal

Music
Cotação: * * *

É bem sintomático que Zeca Pagodinho tenha sido levado por sua gravadora a recorrer novamente ao formato acústico da MTV. Havia ligeira apatia no repertório do último disco do sambista (À Vera, 2005) que se refletiu nas vendas, estacionadas em 150 mil cópias, marca tímida para nome habituado ao patamar dos 500 mil. Por precaução, a companhia decidiu negociar com a MTV um segundo acústico de Pagodinho, que se torna o primeiro artista no mundo a dar bis na desgastada série da emissora. Mas o fato é que - fórmulas à parte - o CD é sopro de renovação na obra do cantor. O acerto repousa no conceito, centrado no samba de gafieira que dominava os salões do Brasil, em especial os do Rio de Janeiro (RJ), nos anos 40 e 50.

Gravado com big-band regida pelo maestro Rildo Hora, Acústico MTV 2 - Gafieira concilia sambas de origem e estirpe distintas. O tom é perfeito na releitura de clássicos da gafieira como Beija-me (Mário Rossi e Roberto Martins) e Pisei num Despacho (Elpídio Vianna e Geraldo Pereira). Mas a safra de inéditas é irregular e faz com que o disco - que começa bem - perca pique ao longo das 16 faixas. Foram selecionados sambas de batida próxima do maxixe para que se ajustassem aos arranjos comandados pelo naipe de sopros. Destes novos sambas amaxixados, o delicioso Ratatúia é o melhor e tem jeito de hit instantâneo. Já Exaustino exibe melodia bem aquém da letra espirituosa, em que o sedentário personagem-título (Zeca???) anda às voltas com dietas e problemas do coração.

Vários sucessos antigos de Pagodinho - Casal Sem-Vergonha e Judia de mim, entre eles - foram enquadrados com êxito no estilo da gafeira, assim como o (inédito) samba de breque Sururu na Feira. Mas não havia razão para incluir um samba-de-roda baiano (Quando a Gira Girou) no repertório. Entre gema de Cartola (Tive Sim) e regravação da lavra de Jorge Aragão (Minta meu Sonho), a Velha Guarda da Portela é convidada a evoluir no salão nobre de Pagodinho ao som de Lenço, clássico de Francisco Santana. No geral, o disco convence e deverá tranqüilizar a Universal Music com vendas satisfatórias. É dos bons acústicos da já batida série.

Caymmi, Calcanhotto e Ná no mar de Jussara

Embora já tenha dedicado um álbum inteiramente à obra de Dorival Caymmi (Canções de Caymmi, de 1998), Jussara Silveira (foto) incluiu música do compositor, Morena do Mar, em seu quinto CD, Entre o Amor e o Mar, nas lojas em meados de novembro. A faixa-título é parceria inédita de Luiz Tatit e Ná Ozzetti. Adriana Calcanhotto assina outra inédita do repertório, Meu Coração Só. O Nosso Amor É Maior é da lavra de Péricles Cavalcanti. Do compositor baiano Paquito, Jussara canta Sonhei que Eu Era Feliz. O disco tem produção e arranjos de Domenico (em Oferenda, releitura de tema de Itamar Assumpção) e do violonista Luiz Brasil, com quem a cantora dividiu seu último trabalho - o primoroso Nobreza - lançado no primeiro semestre.

Sting expõe desilusão medieval em disco erudito

Resenha de CD
Título:
Songs from

the Labyrinth
Artista: Sting
Gravadora:
Deutshe

Grammophon /
Universal Music
Cotação:
* * *

Aviso: é preciso ter o espírito musicalmente desarmado de preconceitos para entender e apreciar a beleza deste disco erudito de Sting. Esqueça o roqueiro que liderou nos anos 80 o The Police, uma das bandas mais influentes da cena pop mundial. No álbum, Sting (re)apresenta a música medieval de John Dowland (1563 - 1626), cantor e compositor inglês da era elizabetana. O artista concebeu o disco apenas com sua voz e o alaúde, instrumento de cordas do século 16, tocado por ele e por Edin Karamazov, músico da Bósnia que divide com Sting a parte instrumental do (bom) CD.

Ainda que o álbum tenda a ficar um pouco repetitivo ao longo de suas 23 faixas, a beleza e a poesia melancólicas de Dowland acabam seduzindo o ouvinte que não for esperar de Sting rigores eruditos no canto e na execução de temas como Come, Heavy Sleep e Can She Excuse my Wrongs (de harmonioso arranjo vocal). Alguns (The Battle Galliard, Fantasy) são instrumentais. Outros, como Flow my Tears (Lachrimae), têm seus versos entoados com um instrumental bem econômico, quase a capella.

Songs from the Labyrinth é álbum reverente ao universo do compositor medieval. A rigor, as 23 faixas reúnem apenas 16 músicas, pois Sting entremeia entre elas sete trechos de carta escrita por Dowland à corte inglesa em novembro de 1595. É charme de álbum conceitual que deve ser compreendido como um projeto à parte na discografia do ex-Police por expor a música e a poesia de um compositor tão distante da era atual, embora impregnado de desilusão e de beleza atemporais. Merece atenção.

Cristal de Gal brilha em disco de tom universal

Resenha de CD
Título: Live at the

Blue Note
Artista: Gal Costa
Gravadora: DRG
Cotação: * * * *

Em 19 de maio, o quarto dos seis shows feitos por Gal Costa numa minitemporada na casa americana Blue Note - o templo do jazz em Nova York (EUA) - foi gravado pelo selo DRG. O registro ao vivo rendeu o disco Live at the Blue Note - lançado nos Estados Unidos, Europa e no Japão.

O repertório é focado em standards associados à Bossa Nova - não por acaso, Antonio Carlos Jobim é o compositor predominante no repertório - e em antigos sambas-canções. A rigor, há apenas uma música inédita na voz de Gal, I Fall in Love Too Easily, composta por Sam Cahn e Jules Styne para a trilha do filme Marujos do Amor, de 1945, e gravada por nomes como Frank Sinatra. O tema americano ganhou batida suave no registro de Gal, que conversa timidamente com sua seleta platéia entre alguns dos 17 números.

O ineditismo de Live at the Blue Note está mais no fato de Gal cantar acompanhada por quarteto à moda dos pequenos grupos de jazz. Se Desafinado e Chega de Saudade soam estranhas, como se reclamassem a ausência da batida diferente de João Gilberto, Triste ganha um suingue ultimamente bissexto no canto da artista.

Bossas à parte, o andamento de músicas antigas como Ave Maria no Morro é o do samba-canção em voga nos anos 40 e 50. Vale ressaltar, contudo, a alta voltagem emocional da interpretação de Pra Machucar meu Coração, de Ary Barroso, de quem Gal grava também Camisa Amarela (cheia de ginga...) e Aquarela do Brasil (em ritmo ligeiramente mais acelerado do que o habitual). Outro destaque é o arranjo bem mais arrojado de Nada Além, calcado no baixo de Adriano Giffoni. O lindo número é herança do CD e show Todas as Coisas e Eu - assim como o medley que junta Sábado em Copacabana com Copacabana pelo elo temático e pelo ritmo.

Com sua voz cristalina geralmente em primeiro plano, e em ótima forma, Gal enfileira temas como Fotografia, Corcovado, Wave e A Felicidade. Ou seja, de uma certa forma, Live at the Blue Note é quase um segundo volume do CD Gal Costa Canta Tom Jobim, o duplo álbum ao vivo de 2000. É que a música genial do maestro soberano ainda é o passaporte mais rápido para fazer uma cantora brasileira atravessar as fronteiras com êxito. Aliás, Gal tem cacife para investir mais numa carreira internacional. Mesmo com baixo teor de novidade para os ouvidos brasileiros, Live at the Blue Note confirma o acento universal do canto da verdadeira baiana.

6 de novembro de 2006

Drexler, globalizado, reforça elo com brasileiros

Resenha de CD
Título: 12 Segundos

de Oscuridad
Artista: Jorge Drexler
Gravadora: Warner Music
Cotação: * * *

Projetado mundialmente em 2005, ao receber o Oscar de Melhor Canção por Al Otro Lado del Río, tema do filme Diários de Motocicleta, Jorge Drexler vem reforçando o elo com artistas brasileiros desde que Moska o apresentou na cena nacional, em 2003. Não por acaso, Moska é um dos convidados deste que é o disco mais brazuca do compositor uruguaio, já globalizado por conta do Oscar. Moska adensa o coro de Quien Quiera que Seas, tema em que se observa influência do tango. Já Maria Rita - que gravou no CD Segundo a inédita Mal Intento - reforça os vocais de Soledad, a canção menos inspirada do álbum.

12 Secundos de Oscuridad apresenta repertório inédito de caráter oscilante. A obra-prima é a faixa-título, letrada por Jorge Drexler sob melodia do compositor gaúcho Vítor Ramil, dono de bom trânsito nas fronteiras da América Latina. A surpresa é a recriação em castelhano de Disneylândia - música lançada pelos Titãs em 1992, quando o grupo vivia fase de baixa popularidade por conta de discos de som pesado - com a intervenção vocal de Arnaldo Antunes, um dos autores do tema sobre a globalização de serviços e sotaques. A letra é recitada por Drexler sob base árida. Ainda na seara alheia, o artista acerta ao recriar em melódico clima acústico High and Dry, o clássico do repertório do grupo Radiohead. É, de certa forma, estratégia do compositor - que já tem engatilhadas parcerias com Ivan Lins e Fátima Guedes - para tornar a sua música (mais) universal na disneylândia fonográfica.

Arantes e Zambianchi sob o prisma de Ricardo

Depois de constrangedor disco de covers de sucessos do rock estrangeiro, Acoustic Live, Paulo Ricardo vai apostar em repertório novo. No disco de inéditas que lança neste início de novembro, Prisma (foto), o cantor entoa músicas de Guilherme Arantes (a balada Contradição), do sumido Kiko Zambianchi (Imã do Amor) e de Nico Rezende (Eu Vou Voltar pro Frio, parceria com Cláudio Rabello). A música de trabalho é Diz, de autoria do próprio Paulo Ricardo. Entre as 13 faixas, a curiosidade é O Dia D, A Hora H, colaboração do artista com Luiz Schiavon, seu companheiro no extinto grupo RPM, de cujo repertório o cantor regrava Ninfa. Prisma foi produzido por Julinho Teixeira com Cláudio Rabello, hitmaker ligado à EMI Music, a gravadora que está editando o CD.

Salmaso dedica o quinto disco à obra de Chico

O quinto CD de Mônica Salmaso (foto) - incluindo Afro-Sambas, disco dividido pela cantora com o violonista Paulo Bellinati - vai ser inteiramente centrado na obra de Chico Buarque, com quem Salmaso regravou a valsa Imagina para o atual CD do compositor, Carioca. A intérprete - que já está selecionando o repertório - irá entrar em estúdio na companhia do quinteto Pau Brasil. O álbum tem lançamento programado para 2007, pela gravadora Biscoito Fino, que lançou o último trabalho de Salmaso, o delicioso Iaiá.

Erasmo convida Calcanhotto e Marisa para CD

As cantoras Marisa Monte e Adriana Calcanhotto foram convidadas - e aceitaram - a cantar com o Tremendão no seu álbum Erasmo Carlos Convida 2, a seqüência do LP lançado pelo cantor em 1980. Em fase de gravação, via Indie Records, o disco reunirá duetos de Erasmo Carlos com artistas como Zeca Pagodinho (em Cama e Mesa, hit de Roberto Carlos em 1981), Lulu Santos (no ótimo samba-rock Coqueiro Verde, hit de 1970), Milton Nascimento (em Emoções, sucesso do Rei em 1982), Chico Buarque (em Olha, mais um hit de Roberto Carlos, de 1975), o grupo carioca Kid Abelha e o quarteto mineiro Skank. O time inclui ainda a banda carioca Los Hermanos.

Não é a primeira vez que Calcanhotto e Marisa entrelaçam suas biografias com a de Erasmo (foto). Em 1996, Calcanhotto gravou dueto com o Tremendão em Do Fundo do meu Coração, balada lançada por Roberto Carlos em 1986. Já Marisa Monte inaugurou parceria com Erasmo em Mais um na Multidão, faixa do disco Pra Falar de Amor - editado pelo cantor em 2000 na Abril Music.

Alaíde canta Tom em CD feito com Assis Brasil

Alaíde Costa (foto) lança esta semana CD gravado com o pianista João Carlos Assis Brasil. A produção é de José Milton. Além de três músicas de Tom Jobim (Estrada Branca, Janelas Abertas e Pois É) e de bissexta parceria de Antonio Maria com Vinicius de Moraes (Quando Tu Passas por mim), o repertório de Voz & Piano inclui Ocultei (Ary Barroso), Nunca (Lupicínio Rodrigues) e Essa Mulher, música de Joyce e Ana Terra que deu título ao álbum lançado por Elis Regina em 1979 pela Warner.

O lançamento do disco está sendo feito pela Lua Music, gravadora que editou o último trabalho de Alaíde, Tudo o que Tempo me Deixou. O CD é o segundo dividido pela cantora com o pianista. Em 1995, a gravadora Movieplay pôs nas lojas o primoroso álbum Alaíde Costa & João Carlos Assis Brasil - já fora de catálogo.

5 de novembro de 2006

CD ao vivo de Fafá trará duas faixas de estúdio

O projeto ao vivo gravado por Fafá de Belém em 5 e 6 de outubro no Theatro da Paz - o mais tradicional da capital paraense - para registro em CD e DVD (o primeiro da artista) terá duas faixas feitas em estúdio. Trata-se de Brilho Dental (de Carlos Tê e Rui Veloso) e de História de Amor (versão de canção italiana). O lançamento foi agendado (em princípio) para 3 de dezembro, pela gravadora EMI.

No roteiro do show, de caráter retrospectivo, Fafá incluiu Raça, Filho da Bahia, Dentro de mim Mora um Anjo, Vermelho, Pode Entrar, Coração do Agreste, Memórias, Nuvem de Lágrimas, Sedução, Sob Medida, Meu Dilema, Meu Homem, Que me Venha esse Homem, Maria Solidária (em dueto com sua filha, Mariana Belém), Foi Assim (com a intervenção do cantor paraense Walter Bandeira), Meu Disfarce, Menestrel das Alagoas e Pauapixuna - além de pot-pourri de carimbó e das inéditas Aonde (de Dalto e Cláudio Rabello), Brilho Dental e História de Amor (na foto de João Ramid, Fafá aparece no palco durante a gravação do show).

Em tempo: Sem Anos de Solidão - o título sugerido por Millôr Fernandes para o projeto ao vivo da cantora - deverá ser usado por Fafá para batizar o livro de memórias que pretende escrever.

Terceiro disco de Norah Jones chega em janeiro

Not Too Late é o título do terceiro álbum de Norah Jones, a cantora de pop jazz projetada em escala global em 2002 com o disco Come Away with me e que não bisou o estouro com seu segundo CD, Feels Like Home, editado no começo de 2004. Produzido por Lee Alexander, Not Too Late tem lançamento mundial agendado para 29 de janeiro pela EMI. O primeiro single, Thinking About You, será lançado em novembro nas rádios dos Estados Unidos. Jones já gravou o clipe da música em Nova York. Como previsível, o repertório do novo álbum é essencialmente autoral.

Bosco explica mar e tempo de Dorival Caymmi

Escritor e letrista (parceiro de compositores como Ivan Lins e João Bosco), Francisco Bosco deu mergulho profundo no mar e no tempo de Dorival Caymmi. O que emerge desse trabalho de pesquisa é uma visão lúcida e coloquial da obra do mestre, compartilhada por Bosco com o público nas páginas do 70º título da série Folha Explica, do jornal Folha de S. Paulo. O livro (foto) já está à venda desde outubro e será lançado oficialmente no Rio de Janeiro na próxima terça-feira, 7 de novembro, em noite única de autógrafos na conceituada Livraria da Travessa, em Ipanema (RJ).

Para caracterizar a música aparentemente simples, mas a rigor complexa e originalíssima de Caymmi, Bosco dividiu a obra do compositor em três afluentes básicos: as canções praieiras, os sambas sacudidos e os sambas-canções. Sua análise fluente é indicada para quem quer se iniciar nos doces mistérios do autor. Ao evitar a linguagem acadêmica e os rebuscamentos típicos de publicações do gênero, Bosco oferece visão esclarecedora do cancioneiro deste compositor dono de um tempo todo próprio - com direito a uma discografia e cronologia da vida do Buda Nagô.

Becker grava Ary, Cartola e Chico com Filipe

Os violonistas Luis Filipe de Lima e Zé Paulo Becker (foto) já vão entrar no estúdio da gravadora carioca Deckdisc em meados de novembro para gravar CD instrumental. No repertório, sambas de Ary Barroso, Cartola e de Chico Buarque, além de choros de Garoto e João Pernambuco. O duo pretende também registrar temas de sua própria autoria. Luis Filipe tocará violão de sete cordas. Becker, o violão tradicional. Os músicos são crias do Bar Semente, reduto do samba e do choro no reativado circuito da Lapa (RJ), bairro boêmio do Centro carioca.

Nana fecha na Som Livre sua trilogia de Dorival

Nana Caymmi (foto) vai lançar pela gravadora Som Livre o disco que fecha a trilogia de álbuns dedicados pela cantora ao repertório de seu pai, Dorival Caymmi. Desta vez, o foco são os sambas-canções como Sábado em Copacabana, clássico do compositor no gênero. O primeiro CD da trilogia, O Mar e o Tempo, saiu em 2002 pela Universal Music. O segundo (Para Caymmi 90 Anos - De Nana, Dori e Danilo) foi centrado nos sambas do homenageado e dividido por Nana com seus irmãos Danilo e Dori Caymmi. Foi editado via Warner Music em 2004, ano em que o patriarca da família completou nove décadas de vida. O show de lançamento gerou DVD e CD ao vivo - também lançados em 2004.

Venturini grava samba com Leila e Hamilton

A foto acima foi clicada no estúdio Toca do Bandido, no Rio de Janeiro, após a gravação do samba Aqui no Rio, faixa do novo disco de inéditas de Flávio Venturini, Canção sem Fim, nas lojas em meados de novembro pelo selo Trilhos. Arte. Letrado pelo ator mineiro Kimura em cima de melodia de Venturini, o samba ganhou arranjo do bandolinista Hamilton de Holanda (à direita na foto) e a voz de Leila Pinheiro - convidados do álbum.

Produzido por Torcuato Mariano, parceiro de Aloysio Reis na balada Neblina, Canção sem Fim reúne 12 músicas. A faixa-título vem da obra do grupo 14 Bis (integrado por Venturini nos anos 70 e 80), mas a maior parcela do repertório é de inéditas. Amor pra Sempre abre o disco, com letra e música de Venturini. Em parceria com Murilo Antunes, o compositor apresenta Belo Horizonte, Retiro da Pedra (composta assim que Venturini voltou a morar na capital mineira) e a balada Retratos. Casa no Vento tem letra de Ronaldo Bastos. Já a toada Quanto Mais teus Olhos Calam leva a assinatura de Thomas Roth. Há ainda a regravação de Fênix, um sucesso na voz de Jorge Vercilo, co-autor da canção.

Ivete põe seu 'Berimbau Metalizado' na internet

Enquanto já liga o motor para gravar DVD e CD ao vivo em show no Maracanã, em 16 de dezembro, Ivete Sangalo (foto) lança música na rede. Feito em estúdio, o single de Berimbau Metalizado será comercializado apenas na internet ou então via operadoras de celular. Só que a música estará no repertório do show do Maracanã. A propósito, o CD e o DVD gravados no estádio carioca - com as intervenções de nomes como Alejandro Sanz e Buchecha - trarão a versão ao vivo de Berimbau Metalizado e têm previsão de lançamento para março de 2007 via Universal Music.

Odair volta ao universo pop com Rafael Ramos

Odair José - que já experimentou nos anos 70 fazer até ópera-rock tupiniquim no disco O Filho de José e Maria (1977), fracasso de vendas - vai voltar, de certa forma, ao universo pop. O cantor (foto) entra em estúdio em abril para gravar CD pilotado por Rafael Ramos, produtor de álbuns de Pitty e de bandas lançadas pela Deckdisc - a atual gravadora de Odair, cuja obra mereceu recente justo tributo da turma do rock.

Senise celebra Edu Lobo e ganha duas inéditas

Compositor de aparições bissextas com material inédito, Edu Lobo tem sua obra celebrada pelo saxofonista - e flautista - Mauro Senise no bom CD Casa Forte - Mauro Senise Toca Edu Lobo (foto), lançado esta semana pela Biscoito Fino. Lobo não somente participa do projeto, entoando sua Canção do Amanhecer, como ofereceu seis músicas inéditas para o CD. Das seis, Senise selecionou duas - o abolerado samba-canção Arpoador e a Valsa Carioca, composta para o filme O Xangô de Baker Street - para ganhar registro fonográfico em álbum que conta com Gilson Peranzzetta no piano e nos arranjos.

O repertório mistura parcerias de Edu Lobo com Chico Buarque (Nêgo Maluco, Choro Bandido, Beatriz, A História de Lily Braun), Vinicius de Moraes (Canto Triste e a supra-citada bela Canção do Amanhecer), Paulo César Pinheiro (Vento Bravo) e Torquato Neto (Pra Dizer Adeus). Embora todos os letristas sejam devidamente creditados no encarte, Casa Forte é belo álbum essencialmente instrumental que ressalta os requintados caminhos melódicos e harmônicos percorridos por Edu Lobo como (genial) compositor.

Platão rebobina RoRo e RPM em 'Negro Amor'

Toni Platão lança esta semana, pela Som Livre, o álbum que poderá pôr seu nome entre os grandes cantores nacionais. Sucessor de Calígula Free Jack, disco editado em 2000, Negro Amor (foto) tem coeso repertório baseado no roteiro do bem-sucedido show homônimo que o artista vem fazendo no Rio de Janeiro nos últimos meses. Nas 11 faixas do CD, Toni Platão mostra - com um registro vocal que fica habitualmente entre o soul e o blues - releituras personalíssimas de músicas como Mares da Espanha (Ângela Ro Ro), Louras Geladas (primeiro hit do extinto grupo RPM), E Não Vou Mais Deixar Você Tão Só (sucesso de Roberto Carlos nos anos 60), Impossível Acreditar que Perdi Você (pérola do cancioneiro popular, lançada pelo compositor Márcio Greyck na década de 70), Movimento dos Barcos (Jards Macalé e Waly Salomão) e Mammy Blue (tema da trilha internacional da novela Bandeira 2, exibida pela Rede Globo entre novembro de 1971 e julho de 1972). A pedido da Som Livre, Platão gravou versão de Without You - hit de Harry Nilson. A Falta é o nome dessa versão.