7 de novembro de 2006

Cristal de Gal brilha em disco de tom universal

Resenha de CD
Título: Live at the

Blue Note
Artista: Gal Costa
Gravadora: DRG
Cotação: * * * *

Em 19 de maio, o quarto dos seis shows feitos por Gal Costa numa minitemporada na casa americana Blue Note - o templo do jazz em Nova York (EUA) - foi gravado pelo selo DRG. O registro ao vivo rendeu o disco Live at the Blue Note - lançado nos Estados Unidos, Europa e no Japão.

O repertório é focado em standards associados à Bossa Nova - não por acaso, Antonio Carlos Jobim é o compositor predominante no repertório - e em antigos sambas-canções. A rigor, há apenas uma música inédita na voz de Gal, I Fall in Love Too Easily, composta por Sam Cahn e Jules Styne para a trilha do filme Marujos do Amor, de 1945, e gravada por nomes como Frank Sinatra. O tema americano ganhou batida suave no registro de Gal, que conversa timidamente com sua seleta platéia entre alguns dos 17 números.

O ineditismo de Live at the Blue Note está mais no fato de Gal cantar acompanhada por quarteto à moda dos pequenos grupos de jazz. Se Desafinado e Chega de Saudade soam estranhas, como se reclamassem a ausência da batida diferente de João Gilberto, Triste ganha um suingue ultimamente bissexto no canto da artista.

Bossas à parte, o andamento de músicas antigas como Ave Maria no Morro é o do samba-canção em voga nos anos 40 e 50. Vale ressaltar, contudo, a alta voltagem emocional da interpretação de Pra Machucar meu Coração, de Ary Barroso, de quem Gal grava também Camisa Amarela (cheia de ginga...) e Aquarela do Brasil (em ritmo ligeiramente mais acelerado do que o habitual). Outro destaque é o arranjo bem mais arrojado de Nada Além, calcado no baixo de Adriano Giffoni. O lindo número é herança do CD e show Todas as Coisas e Eu - assim como o medley que junta Sábado em Copacabana com Copacabana pelo elo temático e pelo ritmo.

Com sua voz cristalina geralmente em primeiro plano, e em ótima forma, Gal enfileira temas como Fotografia, Corcovado, Wave e A Felicidade. Ou seja, de uma certa forma, Live at the Blue Note é quase um segundo volume do CD Gal Costa Canta Tom Jobim, o duplo álbum ao vivo de 2000. É que a música genial do maestro soberano ainda é o passaporte mais rápido para fazer uma cantora brasileira atravessar as fronteiras com êxito. Aliás, Gal tem cacife para investir mais numa carreira internacional. Mesmo com baixo teor de novidade para os ouvidos brasileiros, Live at the Blue Note confirma o acento universal do canto da verdadeira baiana.

2 Comments:

Anonymous Odete said...

é a maior

19 de dezembro de 2009 às 12:12  
Blogger ADEMAR AMANCIO said...

O azar da gal foi ter nascido no país que produziu elis regina,e no mesmo ano.

12 de abril de 2012 às 11:17  

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