7 de novembro de 2006

Pagodinho evolui (bem) pelos salões da gafieira

Resenha de CD
Título: Acústico MTV 2

Gafieira
Artista: Zeca Pagodinho
Gravadora: Universal

Music
Cotação: * * *

É bem sintomático que Zeca Pagodinho tenha sido levado por sua gravadora a recorrer novamente ao formato acústico da MTV. Havia ligeira apatia no repertório do último disco do sambista (À Vera, 2005) que se refletiu nas vendas, estacionadas em 150 mil cópias, marca tímida para nome habituado ao patamar dos 500 mil. Por precaução, a companhia decidiu negociar com a MTV um segundo acústico de Pagodinho, que se torna o primeiro artista no mundo a dar bis na desgastada série da emissora. Mas o fato é que - fórmulas à parte - o CD é sopro de renovação na obra do cantor. O acerto repousa no conceito, centrado no samba de gafieira que dominava os salões do Brasil, em especial os do Rio de Janeiro (RJ), nos anos 40 e 50.

Gravado com big-band regida pelo maestro Rildo Hora, Acústico MTV 2 - Gafieira concilia sambas de origem e estirpe distintas. O tom é perfeito na releitura de clássicos da gafieira como Beija-me (Mário Rossi e Roberto Martins) e Pisei num Despacho (Elpídio Vianna e Geraldo Pereira). Mas a safra de inéditas é irregular e faz com que o disco - que começa bem - perca pique ao longo das 16 faixas. Foram selecionados sambas de batida próxima do maxixe para que se ajustassem aos arranjos comandados pelo naipe de sopros. Destes novos sambas amaxixados, o delicioso Ratatúia é o melhor e tem jeito de hit instantâneo. Já Exaustino exibe melodia bem aquém da letra espirituosa, em que o sedentário personagem-título (Zeca???) anda às voltas com dietas e problemas do coração.

Vários sucessos antigos de Pagodinho - Casal Sem-Vergonha e Judia de mim, entre eles - foram enquadrados com êxito no estilo da gafeira, assim como o (inédito) samba de breque Sururu na Feira. Mas não havia razão para incluir um samba-de-roda baiano (Quando a Gira Girou) no repertório. Entre gema de Cartola (Tive Sim) e regravação da lavra de Jorge Aragão (Minta meu Sonho), a Velha Guarda da Portela é convidada a evoluir no salão nobre de Pagodinho ao som de Lenço, clássico de Francisco Santana. No geral, o disco convence e deverá tranqüilizar a Universal Music com vendas satisfatórias. É dos bons acústicos da já batida série.

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Um CD que vende 100 mil cópias hoje em dia é um sucesso. O colunista parece preso a outros tempos.

7 de novembro de 2006 às 11:31  
Anonymous Anônimo said...

O Zeca Pagodinho parece um "boneco João bobo" na mão das gravadoras.
Quando eu vejo o Zeca Pagodinho sinto a maior saudade do Candeia.

Jose Henrique

11 de novembro de 2006 às 02:26  

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