21 de agosto de 2009

Compilação exibe o balanço obscuro de Simonal

Resenha de CD
Título: Um Sorriso
pra Você
Artista: Wilson Simonal
Gravadora: Universal
Music
Cotação: * * * *

Tem se falado muito de Wilson Simonal (1938 - 2000) ao longo deste ano de 2009 por conta da justa reabilitação (artística) promovida pelo cultuado documentário Ninguém Sabe o Duro que Dei. Mas quase não se ouve Simonal. No máximo, o público conhece uma ou outra gravação mais emblemática do cantor, como Sá Marina e País Tropical, insistentemente incluídas nas coletâneas editadas de tempos em tempos pela gravadora EMI Music. Por isso mesmo, é justo reconhecer o mérito da compilação Um Sorriso pra Você, produzida pela Universal Music para faturar com a redescoberta do artista. A coletânea enfoca período obscuro da discografia de Simonal, reunindo fonogramas dos compactos e dos quatro álbuns gravados pelo artista para Philips entre 1972 e 1974, quando ele já amargava a condenação e o desprezo de toda a MPB por conta da acusação de delação de colegas envolvidos na luta contra a ditadura. Julgamentos à parte, a compilação mostra que, mesmo exilado pela esquerda, Simonal conservou o balanço. É fato que o tom esfuziante da fase áurea parece ter se dissipado nos registros de sambas como Teimosa (da dupla Antonio Carlos & Jocafi) e Na Subida do Morro (hit de Moreira da Silva, abordado por Simonal com muita malandragem e um breque de clima teatral). Mas o suingue ímpar está lá. E as duas gravações que abrem a seleção feita por Carlos Savalla - Dingue Li Bangue (J. D. San e McDonys) e Cuidado com o Bulldog - são especialmente sedutoras por mostrar Simonal imerso na batida do samba-rock, gênero muito em voga na primeira metade dos anos 70. E, para colecionadores, vale a informação de que Um Sorriso pra Você apresenta quatro fonogramas inéditos no Brasil, gravados para o México, com destaque para o samba Tristeza (Haroldo Lobo e Niltinho) e para Águas de Março (Tom Jobim). Aliás, em outra gravação inédita, Simonal mergulha com muita personalidade no mar da bossa ao emendar o Samba da Minha Terra (Dorival Caymmi) com O Pato (Jaime Silva e Neusa Teixeira), Samba de uma Nota Só (Tom Jobim e Newton Mendonça) e Garota de Ipanema (Tom Jobim e Vinicius de Moraes). Completa o naipe de inéditas o medley que reúne os sambas-enredos Mangueira Minha Querida Madrinha (Tengo Tengo) e Festa para um Rei Negro (Pega no Ganzê). Enfim, na ausência dos álbuns originais, Um Sorriso pra Você cumpre o papel de jogar luz sobre o período de trevas da obra de Simonal.

2 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Tem se falado muito de Wilson Simonal (1938 - 2000) ao longo deste ano de 2009 por conta da justa reabilitação (artística) promovida pelo cultuado documentário Ninguém Sabe o Duro que Dei. Mas quase não se ouve Simonal. No máximo, o público conhece uma ou outra gravação mais emblemática do cantor, como Sá Marina e País Tropical, insistentemente incluídas nas coletâneas editadas de tempos em tempos pela gravadora EMI Music. Por isso mesmo, é justo reconhecer o mérito da compilação Um Sorriso pra Você, produzida pela Universal Music para faturar com a redescoberta de Simonal. A coletânea enfoca período obscuro da discografia de Simonal, reunindo fonogramas dos compactos e dos quatro álbuns gravados pelo artista para Philips entre 1972 e 1974, quando ele já amargava a condenação e o desprezo de toda a MPB por conta da acusação de delação de colegas envolvidos na luta contra a ditadura. Julgamentos à parte, a compilação mostra que, mesmo exilado pela esquerda, Simonal conservou o balanço. É fato que o tom esfuziante da fase áurea parece ter se dissipado nos registros de sambas como Teimosa (da dupla Antonio Carlos & Jocafi) e Na Subida do Morro (hit de Moreira da Silva, abordado por Simonal com muita malandragem e um breque de clima teatral). Mas o suingue ímpar está lá. E as duas gravações que abrem a seleção feita por Carlos Savalla - Dingue Li Bangue (J. D. San e McDonys) e Cuidado com o Bulldog - são especialmente sedutoras por mostrar Simonal imerso na batida do samba-rock, gênero muito em voga na primeira metade dos anos 70. E, para colecionadores, vale a informação de que Um Sorriso pra Você apresenta quatro fonogramas inéditos no Brasil, gravados para o México, com destaque para o samba Tristeza (Haroldo Lobo e Niltinho) e para Águas de Março (Tom Jobim). Aliás, em outra gravação inédita, Simonal mergulha com muita personalidade no mar da bossa ao emendar o Samba da Minha Terra (Dorival Caymmi) com O Pato (Jaime Silva e Neusa Teixeira), Samba de uma Nota Só (Tom Jobim e Newton Mendonça) e Garota de Ipanema (Tom Jobim e Vinicius de Moraes). Completa o naipe de inéditas o medley que reúne os sambas-enredos Mangueira Minha Querida Madrinha (Tengo Tengo) e Festa para um Rei Negro (Pega no Ganzê). Enfim, na ausência dos álbuns originais, Um Sorriso pra Você cumpre o papel de jogar luz sobre o período de trevas da obra de Simonal.

21 de agosto de 2009 às 10:19  
Anonymous Anônimo said...

A melhor fase se Simonal é a da Odeon-Emi. Se foi dedo duro na ditadura, não vem ao caso, mas era um cantor de primeira. Que bossa tinha.

9 de setembro de 2009 às 10:05  

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