Garganta vira a página (e as esquinas da Lapa)
Resenha de CD
Título: Quando a Esquina
Bifurca
Artista: Garganta
Profunda
Gravadora: Rob Digital
Cotação: * * * 1/2
Garganta Profunda, o quinteto que dá vozes a novos autores em seu nono álbum, Quando a Esquina Bifurca, pouco guarda em comum com o grupo vocal criado em 1985 pelo maestro Marcos Leite (1953 - 2002). Houve época em que o Garganta chegou a agregar 23 cantores. Atualmente, da formação original, permanecem somente Kátia Lemos (mezzo-soprano) e Regina Lucatto (contralto), viúva do fundador do grupo. Às duas veteranas, uniram-se Maurício Detoni (barítono), Marcelo Caldi (tenor) e Fabiano Salek (tenor), filho de Marcos Leite. Enfim, é um outro grupo. Por isso, não espere ouvir a efervescência vocal de outrora neste nono título de discografia que já rendeu álbuns temáticos sobre a Bossa Nova e a Tropicália. O Garganta Profunda virou a página. E também as esquina da Lapa, o boêmio bairro do Centro do Rio de Janeiro (RJ) alçado a cenário da renovação do samba. Por lá, passam ou já passaram jovens compositores como Edu Krieger, Edu Kneip, Nilze Carvalho e Rodrigo Maranhão, entre outros. Essa turma fornece o repertório de Quando a Esquina Bifurca, CD que toma emprestado o título de música de Thiago Amud, outro talento projetado nos arredores da Lapa, celeiro de sambas como Motivo pra Sorrir, parceira de Fabiano Salek com Nilze Carvalho que se destaca na atual seleção do grupo. Com direção musical do pianista Marcelo Caldi, o Garganta solta suas cinco vozes com competência num repertório do presente que, no caso do animado samba Bora, de Edu Krieger, parece paradoxalmente se situar em algum lugar do passado nobre da música brasileira. Assim como os vocais a capella que entoam Poente, tema de Maurício Detoni. Ou como as flautas tocadas por PC Castilho em Sonho que evocam todos os Pífanos de Caruaru (PE). Sonho, não por acaso, é outro atestado do talento de Rodrigo Maranhão, compositor que transita com rara habilidade pop por vias que atravessam a fronteira sonora carioca. Nessa linha nordestina, Caldi manda o Xote enquanto Embarcação (Francisco Vervloet e Paloma Espínola) segue rota que lembra até o apuro melódico de Francis Hime, curiosamente parceiro de Chico Buarque numa bela música de 1982 também chamada Embarcação. Enfim, ao renovar seu repertório e ao se reciclar, o Garganta Profunda abre bons caminhos para seu futuro.
Título: Quando a Esquina
Bifurca
Artista: Garganta
Profunda
Gravadora: Rob Digital
Cotação: * * * 1/2
Garganta Profunda, o quinteto que dá vozes a novos autores em seu nono álbum, Quando a Esquina Bifurca, pouco guarda em comum com o grupo vocal criado em 1985 pelo maestro Marcos Leite (1953 - 2002). Houve época em que o Garganta chegou a agregar 23 cantores. Atualmente, da formação original, permanecem somente Kátia Lemos (mezzo-soprano) e Regina Lucatto (contralto), viúva do fundador do grupo. Às duas veteranas, uniram-se Maurício Detoni (barítono), Marcelo Caldi (tenor) e Fabiano Salek (tenor), filho de Marcos Leite. Enfim, é um outro grupo. Por isso, não espere ouvir a efervescência vocal de outrora neste nono título de discografia que já rendeu álbuns temáticos sobre a Bossa Nova e a Tropicália. O Garganta Profunda virou a página. E também as esquina da Lapa, o boêmio bairro do Centro do Rio de Janeiro (RJ) alçado a cenário da renovação do samba. Por lá, passam ou já passaram jovens compositores como Edu Krieger, Edu Kneip, Nilze Carvalho e Rodrigo Maranhão, entre outros. Essa turma fornece o repertório de Quando a Esquina Bifurca, CD que toma emprestado o título de música de Thiago Amud, outro talento projetado nos arredores da Lapa, celeiro de sambas como Motivo pra Sorrir, parceira de Fabiano Salek com Nilze Carvalho que se destaca na atual seleção do grupo. Com direção musical do pianista Marcelo Caldi, o Garganta solta suas cinco vozes com competência num repertório do presente que, no caso do animado samba Bora, de Edu Krieger, parece paradoxalmente se situar em algum lugar do passado nobre da música brasileira. Assim como os vocais a capella que entoam Poente, tema de Maurício Detoni. Ou como as flautas tocadas por PC Castilho em Sonho que evocam todos os Pífanos de Caruaru (PE). Sonho, não por acaso, é outro atestado do talento de Rodrigo Maranhão, compositor que transita com rara habilidade pop por vias que atravessam a fronteira sonora carioca. Nessa linha nordestina, Caldi manda o Xote enquanto Embarcação (Francisco Vervloet e Paloma Espínola) segue rota que lembra até o apuro melódico de Francis Hime, curiosamente parceiro de Chico Buarque numa bela música de 1982 também chamada Embarcação. Enfim, ao renovar seu repertório e ao se reciclar, o Garganta Profunda abre bons caminhos para seu futuro.
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Garganta Profunda, o quinteto que dá vozes a novos autores em seu nono álbum, Quando a Esquina Bifurca, pouco guarda em comum com o grupo vocal criado em 1985 pelo maestro Marcos Leite (1953 - 2002). Houve época em que o Garganta agregava 23 cantores. Atualmente, da formação original, permanecem somente Kátia Lemos (mezzo-soprano) e Regina Lucatto (contralto), viúva do fundador do grupo. Às duas veteranas, uniram-se Maurício Detoni (barítono), Marcelo Caldi (tenor) e Fabiano Salek (tenor), filho de Marcos Leite. Enfim, é um outro grupo. Por isso, não espere ouvir a efervescência vocal de outrora neste nono título de discografia que já rendeu álbuns temáticos sobre a Bossa Nova e a Tropicália. O Garganta Profunda virou a página. E também as esquina da Lapa, o boêmio bairro do Centro do Rio de Janeiro (RJ) alçado a cenário da renovação do samba. Por lá, passam ou já passaram jovens compositores como Edu Krieger, Edu Kneip, Nilze Carvalho e Rodrigo Maranhão, entre outros. Essa turma fornece o repertório de Quando a Esquina Bifurca, CD que toma emprestado o título de música de Thiago Amud, outro talento projetado nos arredores da Lapa, celeiro de sambas como Motivo pra Sorrir, parceira de Fabiano Salek com Nilze Carvalho que se destaca na atual seleção do grupo. Com direção musical do pianista Marcelo Caldi, o Garganta solta suas cinco vozes com competência num repertório do presente que, no caso do animado samba Bora, de Edu Krieger, parece paradoxalmente se situar em algum lugar do passado nobre da música brasileira. Assim como os vocais a capella que entoam Poente, tema de Maurício Detoni. Ou como as flautas tocadas por PC Castilho em Sonho que evocam todos os Pífanos de Caruaru (PE). Sonho, não por acaso, é outro atestado do talento de Rodrigo Maranhão, compositor que transita com rara habilidade pop por vias que atravessam a fronteira sonora carioca. Nessa linha nordestina, Caldi manda o Xote enquanto Embarcação (Francisco Vervloet e Paloma Espínola) segue rota que lembra até o apuro melódico de Francis Hime, curiosamente parceiro de Chico Buarque numa bela música de 1982 também chamada Embarcação. Enfim, ao renovar seu repertório e ao se reciclar, o Garganta Profunda abre bons caminhos para seu futuro.
Concordo em gênero, número e grau.
O "Garganta" já não é mais uma orquestra e ousam neste novo lançamento gravando praticamente só músicas inéditas ou pouco conhecidas.
É realmente uma aposta, como Virgínia Rodrigues fez há pouco tempo em seu novo disco pela Biscoito Fino (tinha que ser!), abandonando seu repertório afro-brasileiro para cantar qualquer estilo.
É, no mínimo, coragem, e merece nosso respeito e aplausos.
Sucesso para o "Garganta", afinal, quantidade nunca foi qualidade e BOA música nova é sempre benvinda, já que antes de virar um clássico uma música tem de ser apenas uma música. "Catavento e Girassol" é um bom exemplo do que falo (Leila Pinheiro após vários discos com músicas pré-datadas apostou no novo - só inéditas de Guinga e Aldir Blanc - e lançou este clássico eterno.
Se tem Edu Krieger e Rodrigo Maranhão no repertório, deve ser ótimo! Dois nomes com garantia de qualidade.
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