26 de novembro de 2008

Sensacional, Leny celebra Brasil com Lubambo

Resenha de Show
Título: Lua do Arpoador
Artista: Leny Andrade e Romero Lubambo
Local: Teatro Rival (RJ)
Data: 26 de novembro de 2008
Foto: Mauro Ferreira
Cotação: * * * * 1/2
Em cartaz até 29 de novembro de 2008, às 20h

Em 1961, Leny Andrade lançou seu primeiro LP. O título era A Sensação porque a jovem cantora vinha causando frisson no efervescente Beco das Garrafas com sua voz volumosa, cheia de suingue jazzístico. Pois qualquer espectador que for ao Teatro Rival (RJ) assistir ao show Lua do Arpoador - feito por Leny na companhia do violonista Romero Lubambo até sábado, 29 de novembro de 2008 - vai comprovar que, quase 50 anos depois de sua feliz estréia nos palcos e nos discos, a intérprete continua sensacional. Seja pelo senso rítmico apuradíssimo (reafirmado em números como Só Danço Samba e Samba de uma Nota Só), pela capacidade de reinventar uma música sem descaracterizá-la (e Leny e Lubambo fazem milagre em Aos Pés da Cruz e em Triste) ou pela perfeita emissão vocal (capaz de encarar melodias sinuosas como Refém da Solidão), Leny Andrade ainda é, aos 65 assumidos anos, uma sensação. Até pela fidelidade aos princípios artísticos...
Na estréia do show, na noite de quarta-feira, 26 de novembro, Leny disse em cena que uma cantora é grande somente se tiver grandes músicos ao seu lado. Pois ao seu lado no palco nu do Rival está um gigante do violão, Romero Lubambo, músico radicado desde 1985 nos Estados Unidos, país onde gravou em dueto com Leny dois álbuns, Coisa Fina (1994) e Lua do Arpoador (2006). Embora o último dê título ao show, o roteiro equilibra músicas dos dois CDs numa espécie de celebração do Brasil, explicitada logo na abertura quando, sozinho em cena, Lubambo toca o Hino Nacional Brasileiro. Na seqüência, já com Leny em cena, a dupla emenda Desenredo (G.R.E.S.Unidos do Pau Brasil) - bissexta parceria de Ivan Lins com Gonzaguinha (1945 - 1991) e No Pedaço (Moacyr Luz e Sérgio Natureza), dois sambas que alfinetam o Brasil ao mesmo tempo em que o afagam. Contudo, Leny e Lubambo celebram o País através de uma de suas maiores riquezas: a música. E aí cabe tanto um samba do recorrente Ivan Lins (Essa Maré, parceria com Ronaldo Monteiro de Souza) como uma canção de Roberto e Erasmo Carlos (Olha, com cacos postos por Leny na letra). Ou ainda um dos temas desiludidos de Lupicínio Rodrigues (1914 - 1974), Esses Moços, ponto alto do show pela interpretação soberba de Leny. E, como a música não tem fronteiras, cabe também um tema instrumental como Bluesette (Toots Thieleman), prato cheio para Leny reeditar sua habilidade nos scats e para Lubambo expor sua fluência no idioma jazzístico. Mesmo quando uma ou outra música não está à altura da cantora e do violonista - e o samba que dá título ao disco e ao show, Lua do Arpoador, não é dos mais inspirados da lavra de Ivan Lins e Ronaldo Monteiro de Souza - Leny Andrade e Romero Lubambo causam sensação pela rara interação e pela felicidade de estarem dividindo o palco brasileiro do Teatro Rival. É coisa fina!!

12 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Em 1961, Leny Andrade lançou seu primeiro LP. O título era A Sensação porque a jovem cantora vinha causando frisson no efervescente Beco das Garrafas com sua voz volumosa, cheia de suingue jazzístico. Pois qualquer espectador que for ao Teatro Rival (RJ) assistir ao show Lua do Arpoador - feito por Leny na companhia do violonista Romero Lubambo até sábado, 29 de novembro de 2008 - vai comprovar que, quase 50 anos depois de sua feliz estréia nos palcos e nos discos, a intérprete continua sensacional. Seja pelo senso rítmico apuradíssimo (reafirmado em números como Só Danço Samba e Samba de uma Nota Só), pela capacidade de reinventar uma música sem descaracterizá-la (e Leny e Lubambo fazem milagre em Aos Pés da Cruz e em Triste) ou pela perfeita emissão vocal (capaz de encarar melodias sinuosas como Refém da Solidão), Leny Andrade ainda é, aos 65 assumidos anos, uma sensação. Até pela fidelidade aos princípios artísticos...
Na estréia do show, na noite de quarta-feira, 26 de novembro, Leny disse em cena que uma cantora é grande somente se tiver grandes músicos ao seu lado. Pois ao seu lado no palco nu do Rival está um gigante do violão, Romero Lubambo, músico radicado desde 1985 nos Estados Unidos, país onde gravou em dueto com Leny dois álbuns, Coisa Fina (1994) e Lua do Arpoador (2006). Embora o último dê título ao show, o roteiro equilibra músicas dos dois CDs numa espécie de celebração do Brasil, explicitada logo na abertura quando, sozinho em cena, Lubambo toca o Hino Nacional Brasileiro. Na seqüência, já com Leny em cena, a dupla emenda Desenredo (G.R.E.S.Unidos do Pau Brasil) - bissexta parceria de Ivan Lins com Gonzaguinha (1945 - 1991) e No Pedaço (Moacyr Luz e Sérgio Natureza), dois sambas que alfinetam o Brasil ao mesmo tempo em que o afagam. Contudo, Leny e Lubambo celebram o País através de uma de suas maiores riquezas: a música. E aí cabe tanto um samba do recorrente Ivan Lins (Essa Maré, parceria com Ronaldo Monteiro de Souza) como uma canção de Roberto e Erasmo Carlos (Olha, com cacos postos por Leny na letra). Ou ainda um dos temas desiludidos de Lupicínio Rodrigues (1914 - 1974), Esses Moços, ponto alto do show pela interpretação soberba de Leny. E, como a música não tem fronteiras, cabe também um tema instrumental como Bluesette (Toots Thieleman), prato cheio para Leny reeditar sua habilidade nos scats e para Lubambo expor sua fluência no idioma jazzístico. Mesmo quando uma ou outra música não está à altura da cantora e do violonista - e o samba que dá título ao disco e ao show, Lua do Arpoador, não é dos mais inspirados da lavra de Ivan Lins e Ronaldo Monteiro de Souza - Leny Andrade e Romero Lubambo causam sensação pela rara interação e pela felicidade de estarem dividindo o brasileiríssimo palco do Teatro Rival. Confira!

26 de novembro de 2008 às 23:43  
Anonymous Anônimo said...

Pra mim Leny é uma das maiores cantoras do Brasil, sem dúvida... é impressionante sua desenvoltura, sua afinação... sua voz é cheia de força e calor... cada vez que a vejo no palco fico mais apaixonado, só gostaria de vê-la cantar um repertório mais ousado, saindo um pouco dos nomes tarimbados, adoraria vê-la cantar a rapaziada nova ou revelar algum autor mais esquecido, unindo sua voz a um repertório mais diferenciado seria algo íncrível, ela já é incrível, mas seria ainda mais...

27 de novembro de 2008 às 02:02  
Anonymous Anônimo said...

Leny é 10. Pena que o povo daqui não sabe aprecia-la.

27 de novembro de 2008 às 09:02  
Anonymous Anônimo said...

Eu adoro Leny Andrade.

O disco "Coisa Fina" dela com o Romero Lubambo é uma as melhores coisas que já se fez no Brasil (muito embora tenha sido feito para o mercado estrangeiro...)

André, concordo contigo. Só queria lembrar que ela gravou um disco em 1998 chamado "Bossas Novas" em que ela gravou músicas de autores como Rosa Passos, Joyce e Paulo César Feital, sendo que as demais músicas são todas pouco conhecidas de autores consagrados como Tom Jobim, Jonny Alf e Billy Blanco. É pouco, eu sei, mas mesmo assim, é um disco maravilhoso.

abração,
Denilson

27 de novembro de 2008 às 09:06  
Blogger Ju Oliveira said...

será que eles não vêm a São Paulo com esse show???

27 de novembro de 2008 às 11:06  
Anonymous Anônimo said...

Vejo muitas semelhanças no timbre vocal de Leny e Nana Caymmi.
Adoro as duas e acho que Leny deveria ter galgado os mesmos degraus que levou Nana a ser mais conhecida, a ter lançado mais discos, a ter gravadoras multinacionais (quando existiam gravadoras multinacionais) dando suporte, a vender tanto o quanto.
Leny optou mais pelos arranjos jazzísticos enquanto Nana navegou nos mares seguros da MPB tradicional - talvez isto explique, sei lá.
De qualquer forma, Leny é DEZ, CEM, MIL. Este fã aqui tem quase todos os CDs (não tem os que não foram lançados neste formato) e todos os DVDs. No que depender de mim ela ainda vai mais longe - navegando nos mares que quiser. Ela pode. RECOMENDO!

27 de novembro de 2008 às 19:03  
Anonymous Anônimo said...

André 2,

Eu não sabia que a Leny tinha DVDs lançados. Quais são eles?

Outra coisa. A Leny privilegiou a carreira internacional. Ela ficou décadas morando fora do Brasil. Em compensação, ela é extremamente reconhecida internacionalmente, coisa que a Nana não é, no mesmo nível. Talvez uma coisa compense a outra, não é?

abração,
Denilson

28 de novembro de 2008 às 09:14  
Anonymous Anônimo said...

Concordo Denilson, mas quem perde somos nós brasileiros.
Os DVDs são:
- Leny Andrade Ao Vivo (2007) - ganhou o Prêmio Tim como melhor cantora com este disco;
- Leny Andrade e César Camargo Mariano Ao Vivo (2008);
Ambos foram lançados pela "Albatroz" (independente) também em CD.
Andei "futucando" "sites" de compra e em catálogo só os CDs, não achei os DVDs.

Abraços

28 de novembro de 2008 às 19:02  
Anonymous Anônimo said...

Tanto Nana quanto Leny privilegiam a integridade artística, por isso ambas careceriam de um maior reconhecimento "popular". Não foram as únicas cantoras brasileiras que optaram por esse caminho e estão certíssimas. A história da MPB já pôs seus nomes no lugar que elas merecem.São definitivas, não passageiras.

28 de novembro de 2008 às 21:24  
Anonymous Anônimo said...

O único erro da carreira de Leny foi gravar o Altay Veloso e aquele repertório horrendo. De resto, é maravilhosa!!!!!

28 de novembro de 2008 às 21:46  
Anonymous Anônimo said...

Não acho que o único erro tenha sido gravar o Altayr, mas sim, insistir muito na velha bossa nova e não se renovar. O que Gal Costa é hoje, Leny já vem sendo há 20 anos.

2 de dezembro de 2008 às 20:05  
Anonymous Anônimo said...

Música boa nunca é velha. É ATEMPORAL. Por isso é boa.
Pais, filhos, netos, bisnetos... todos curtindo hoje e amanhã. Para sempre!
Tente ouvir o "hit" do momento daqui a 5 ou 10 anos. Sem chance. Vai para os urubus mesmo, nem reciclado é.

3 de dezembro de 2008 às 18:07  

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