9 de junho de 2008

O mundo maravilhoso de Antonio Carlos Jobim

O aniversário, de 50 anos, é da Bossa Nova. Mas o presente foi dado - tardiamente - aos fãs de Antonio Carlos Jobim (1927 - 1994), cuja discografia, que extrapola o universo da velha bossa nova, está sendo, enfim, reeditada com capricho no mercado brasileiro. Um mês depois de a Universal Music lançar a caixa Brasileiro (com quatro álbuns originais, a trilha do filme Garota de Ipanema e três coletâneas) e de reeditar seis títulos da obra de Tom em coleção avulsa, a Warner Music põe nas lojas - em mais uma série dedicada ao cinqüentenário da Bossa Nova - mais quatro álbuns do Maestro Soberano: The Wonderful World of Antonio Carlos Jobim (1965 - capa à esquerda), A Certain Mr. Jobim (1967), Urubu (1975) e Terra Brasilis. Os dois primeiros CDs eram especialmente raros.

Ao todo, são 14 álbuns originais de Jobim que voltam às lojas, permitindo uma audição em retrospectiva que somente corrobora o que já era sabido: o mundo musical de Antonio Carlos Jobim é maravilhoso. Um paraíso de fronteiras universais. Que começou a ser demarcado nos Estados Unidos, em 1963, com a gravação do álbum The Composer of Desafinado Plays. A Bossa Nova já existia oficialmente desde 1958, mas Jobim precisou esperar cinco anos para ganhar a chance de registrar - nos EUA! - a sua visão das músicas que compusera. Pedras fundamentais no toque de modernidade dado à música brasileira naquele histórico 1958.

Na seqüência, Caymmi Visita Tom (1964) marca o encontro de Jobim com um certo Dorival que, já anos 30, se banhava em modernas praias harmônicas e melódicas. Após a passagem pelo Brasil, Jobim retorna aos EUA para gravar, via Warner Music, The Wonderful World of Antonio Carlos Jobim (1965), álbum que, além de apresentar Bonita e Surfboard, embalou a obra de Tom com os arranjos de Nelson Riddle (1921 - 1985), o maestro de Frank Sinatra (1915 - 1998). Reza a lenda que Jobim não ficou plenamente satisfeito com as orquestrações de Riddle, habitual a arranjos mais suntuosos quando a música de Jobim pede economia. Pode ser lenda, mas o fato é que Tom passaria a gravar regularmente com o maestro que, no seu entender, soube captar com mais precisão o espírito de sua música: Claus Ogerman, com quem gravaria álbuns como A Certain Mr. Jobim (1967) - em que Tom apresentou Zíngaro, o tema instrumental que receberia o título de Retrato em Branco e Preto ao ganhar letra de Chico Buarque - e Wave (1967). Primo-irmão de Wave, inclusive na arte gráfica da capa, Tide (1970) se diferenciou pelo toque do pianista Eumir Deodato, escolhido para pilotar os ótimos arranjos.

A partir dos anos 70, novamente radicado no Brasil com mais regularidade, Jobim gravaria discos norteados pelo seu amor à natureza. São desta fase Matita Perê (1973), Urubu (gravado em 1975, mas lançado no Brasil em 1976) e Terra Brasilis (1980). É quando aparece de forma mais explícita a influência da obra de Heitor Villa-Lobos (1887 - 1959) na música de Jobim. Sobretudo em Matita Perê e Urubu, que ganharam nomes de pássaros e - no caso de Urubu - os arranjos do fiel Claus Ogerman.

Dos títulos gravados a partir da década de 80 que voltam às lojas, Passarim (1987) é o que melhor exemplifica a sonoridade da obra de Tom nos derradeiros anos do maestro. Foi a fase em que Tom gravava com a Banda Nova, fiel companheira nos shows feitos pelos quatro cantos do mundo. Enfim, não há um disco de Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim que não prime pela beleza e pela sofisticação. Por isso mesmo, é preciso festejar a volta ao catálogo nacional dessa obra que expõe o Brasil em tom maior. Eis os álbuns originais de Tom Jobim reeditados em 2008:
* The Composer of Desafinado Plays (1963)
* Caymmi Visita Tom (1964)
* The Wonderful World of Antonio Carlos Jobim (1965)
* A Certain Mr. Jobim (1967)
* Wave (1967)
* Garota de Ipanema (1967)
* Tide (1970)
* Matita Perê (1973)
* Elis & Tom (1974)
* Urubu (1975)
* Terra Brasilis (1980)
* Edu & Tom, Tom & Edu (1981)
* Ella Abraça Jobim (1981)
* Passarim (1987)
* Rio Revisited: Gal Costa & Antonio Carlos Jobim (1992)
* Antonio Carlos Jobim and Friends (1995 - póstumo)

6 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Disse tudo.

9 de junho de 2008 às 10:30  
Anonymous Anônimo said...

Mauro, você sabe se Passarim, Urubu e Terra Brasilis, que já haviam sido editados em CD, porém sem o devido cuidado com a qualidade sonora, foram remasterizados ou remixados? Para quem já os possui em CD, seria importante saber disso.

9 de junho de 2008 às 13:32  
Anonymous Anônimo said...

Mauro,
não tem também um album chamado Antonio Brasileiro, disco de "carreira"?Qual seria a gravadora?
Que tem trem azul.
Não o vi em nenhuma das gravadoras.

9 de junho de 2008 às 14:10  
Anonymous Anônimo said...

Mauro
"The Wonderful World of Antonio Carlos Jobim" é de 1964 e "A Certain Mr. Jobim" é de 1965; tenho a edição americana chamada "Composer", lançada em 1995, que traz em 1 cd os 2 discos e mais 6 faixas extras. E "Rio Revisited" é de 1987.
Em 2005 decidi fazer a coleção de cd's do Tom Jobim (já tinha uns 6). Realmente vários títulos só encontrei no exterior: "Wave", "Sinatra & Company" (de 1971, com metade do disco em duetos com Tom Jobim, mas não tão interessante quanto o disco deles de 1967), "Urubu", "Terra Brasilis", além do citado anteriormente. Agora só me falta "Gabriela" (1983), que na época até estava disponível (também só no exterior) mas somente na embalagem digipak, que eu odeio...
"Matita Perê", o álbum, não recomendo para iniciantes: no geral tem um tom meio sombrio; basta comparar a versão nele contida de "Águas de Março" com a que foi relançada no ano seguinte em dueto com Elis Regina. Entretanto, "Matita Perê", a música, acho fascinante, intrigante, "thought provoking". Fosse um filme, seria o "2001 - Uma Odisséia no Espaço" de Antonio Carlos Jobim...

9 de junho de 2008 às 19:03  
Anonymous Anônimo said...

Antonio Brasileiro foi o último CD lançado em vida pelo Tom. Editado pela Som Livre em novembro de 1994 foi, por assim dizer, o que encerrou sua discografia.

9 de junho de 2008 às 21:16  
Anonymous Anônimo said...

Obrigado Gil.

10 de junho de 2008 às 10:27  

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