11 de agosto de 2010

Machete evolui em cena com 'folia no matagal'

Resenha de Show
Título: Extravaganza
Artista: Silvia Machete (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Espaço Tom Jobim (RJ)
Data: 10 de agosto de 2010
Cotação: * * * *

Em fina sintonia com o segundo CD de estúdio de Silvia Machete, Extravaganza, o show homônimo da artista carioca põe em primeiro plano a voz e a musicalidade da cantora. Há um ou outro número circense na folia no matagal - o cenário remete a uma floresta - feita por Machete em cena. Só que as piruetas não dão o tom do show Extravaganza, que chegou ao Rio de Janeiro (RJ) na noite de 10 de agosto de 2010, em bela apresentação única no Espaço Tom Jobim. Machete tem humor inteligente e recorre a ele em suas espirituosas tiradas. Mas o foco está quase o tempo todo na música. Como deve ser, pois o fato é que Machete mostra real evolução do ponto de vista cênico e musical em Extravaganza, show que - como o disco que lhe dá nome e o inspirou - abre com excelente e até então esquecida música de Itamar Assumpção (1949 - 2003), Noite Torta. Na sequência, a cantora reedita seu melhor número - Sucesso, Aqui Vou Eu (Build Up) - num tributo a Rita Lee apresentado entre outubro e novembro de 2009. Menos extravagante, Machete exibe em cena sua latinidade tropical(ista) em músicas como Meu Carnaval (parceria da artista com Márcio Pombo) e Sábado e Domingo, delícia de Domenico Lancellotti e Alberto Continentino. Entre uma e outra, o melodioso registro de Feminino Frágil - música de Erasmo Carlos, letrada por Machete - confirmou que o Tremendão atravessa uma fase inspirada como compositor. Se Guzzy Muzzy (Jorge Mautner, 1974) reitera a fina sintonia entre o canto de Machete e o repertório de Mautner, de quem a cantora degusta também o Manjar de Reis (Jorge Mautner e Nelson Jacobina, 2002), A Cigarra - versão de Machete para Como La Cigarra, tema de María Elena Walsh propagado na voz resistente da saudosa Mercedes Sosa (1935 - 2009) - expõe o faro da artista para garimpar repertório em searas nada óbvias. De alto teor erótico, O Baixo (Silvia Machete) é bom número que exige as habilidades circenses da cantora, que se contorce em contato com um baixo acústico. Machete tem vocação para a cena. No show, ela improvisa diálogos em castalhano e em francês - de forma divertida - e simula estar tocando violão na introdução de Curare (Bororó), número herdado de seu performático show anterior. Se Fim de Festa (Fabiano Krieger) insinua um antíclimax, o calypso Underneath the Mango Tree - popularizado em 1962 na trilha sonora do filme 007 contra o Satânico Dr. No - reinstaura o clima de folia tropical(ista). E, do mato e da cartola dessa maga Machete, ainda saem coelhos como Meu Gato Morreu (Rubinho Jacobina) e Coração Valente (parceria da artista com Hyldon). Extravaganza, o show, pode até ter um ou outro número menos sedutor - caso de Eu Só Quero Saber de Você (Silvia Machete e Cavassa Nickens) - mas lembra o tempo todo que, atrás do circo, existe boa e antenada cantora em ascensão na cena pop brasileira.

1 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Em fina sintonia com o segundo CD de estúdio de Silvia Machete, Extravaganza, o show homônimo da artista carioca põe em primeiro plano a voz e a musicalidade da cantora. Há um ou outro número circense na folia no matagal - o cenário remete a uma floresta - feita por Machete em cena. Só que as piruetas não dão o tom do show Extravaganza, que chegou ao Rio de Janeiro (RJ) na noite de 10 de agosto de 2010, em bela apresentação única no Espaço Tom Jobim. Machete tem humor inteligente e recorre a ele em suas espirituosas tiradas. Mas o foco está quase o tempo todo na música. Como deve ser, pois o fato é que Machete mostra real evolução do ponto de vista cênico e musical em Extravaganza, show que - como o disco que lhe dá nome e o inspirou - abre com excelente e até então esquecida música de Itamar Assumpção (1949 - 2003), Noite Torta. Na sequência, a cantora reedita seu melhor número - Sucesso, Aqui Vou Eu (Build Up) - num tributo a Rita Lee apresentado entre outubro e novembro de 2009. Menos extravagante, Machete exibe em cena sua latinidade tropical(ista) em músicas como Meu Carnaval (parceria da artista com Rubinho Jacobina) e Sábado e Domingo, delícia de Domenico Lancellotti e Alberto Continentino. Entre uma e outra, o melodioso registro de Feminino Frágil - música de Erasmo Carlos, letrada por Machete - confirmou que o Tremendão atravessa uma fase inspirada como compositor. Se Guzzy Muzzy (Jorge Mautner, 1974) reitera a fina sintonia entre o canto de Machete e o repertório de Mautner, de quem a cantora degusta também o Manjar de Reis (Jorge Mautner e Nelson Jacobina, 2002), A Cigarra - versão de Machete para Como La Cigarra, tema de María Elena Walsh propagado na voz resistente da saudosa Mercedes Sosa (1935 - 2009) - expõe o faro da artista para garimpar repertório em searas nada óbvias. De alto teor erótico, O Baixo (Silvia Machete) é bom número que exige as habilidades circenses da cantora, que se contorce em contato com um baixo acústico. Machete tem vocação para a cena. No show, ela improvisa diálogos em castalhano e em francês - de forma divertida - e simula estar tocando violão na introdução de Curare (Bororó), número herdado de seu performático show anterior. Se Fim de Festa (Fabiano Krieger) insinua um antíclimax, o calypso Underneath the Mango Tree - popularizado em 1962 na trilha sonora do filme 007 contra o Satântico Dr. No - reinstaura o clima de folia tropical(ista). E, do mato e da cartola da maga Machete, ainda saem coelhos como Meu Gato Morreu (Rubinho Jacobina) e Coração Valente (parceria da artista com Hyldon). Extravaganza, o show, pode até ter um ou outro número menos sedutor - caso de Eu Só Quero Saber de Você (Silvia Machete e Cavassa Nickens) - mas lembra o tempo todo que, atrás do circo, existe boa e antenada cantora em ascensão na cena pop brasileira.

15 de agosto de 2010 às 16:14  

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