11 de janeiro de 2009

Musical tem a leveza da obra de Tom & Vinicius

Resenha de Musical
Título: Tom & Vinicius - O Musical
Autoria: Daniela Pereira de Carvalho e Eucanaã Ferraz
Direção: Daniel Herz
Interpretação: Marcelo Serrado (Tom Jobim), Thelmo
Fernandes
(Vinicius de Moraes) e grande elenco
Foto: Divulgação / Vânia Toledo
Cotação: * * *
Em cartaz no Teatro João Caetano (Rio de Janeiro - RJ)

Mesmo sem ação dramática, mínima que seja, Tom & Vinicius - O Musical prende a atenção do espectador por conta da beleza atemporal das músicas da dupla formada por Tom Jobim (1927 - 1994) e Vinicius de Moraes (1913 - 1980) em 1956. É do encontro de Tom & Vinicius naquele ano, para compor as músicas da peça Orfeu da Conceição, que parte a rala ação do musical que chegou ao Rio de Janeiro, cidade natal da Bossa Nova e dos dois geniais compositores homenageados, na noite de sábado, 10 de janeiro de 2009, depois de quatro meses de controvertida temporada em São Paulo (SP). Em cena, Marcelo Serrado - idealizador do projeto - é Tom, com alguns maneirismos vocais que remetem ao jeito com que Jobim ficou imortalizado no imaginário popular. Com mais humor, Thelmo Fernandes dá vida a um gaiato Vinicius. Nenhum dos protagonistas tem especial dom para o canto, mas, como Tom e Vinicius também não eram cantores, os dois atores até dão conta do recado quando soltam suas vozes tímidas em músicas como Eu Não Existo sem Você. Na parte estritamente vocal, o brilho maior vem de Lilian Valeska, integrante do elenco de apoio que ficou com a tarefa de entoar as músicas de clima emocional mais intenso - como Modinha e Derradeira Primavera.

O texto se resume a encadear alguns breves flashes de momentos marcantes da trajetória de Tom e Vinicius num período que vai de 1956 a 1967, ano em que Tom grava com Frank Sinatra (1915 - 1998). Na pele de Sinatra, a propósito, o ator Luiz Nicolau arranca merecidos risos e aplausos da platéia ao engatar com Serrado uma versão bilíngüe de Garota de Ipanema - mais tarde interpretada de forma caricata por outros atores em espanhol, em francês e até em japonês para dar idéia do alcance mundial da obra da dupla. Sem esboçar uma teatralidade, os autores Daniela Pereira de Carvalho (em seu texto mais fraco) e Eucanaã Ferraz revivem episódios emblemáticos da parceria de Tom & Vinicius. Como o encontro com Elizeth Cardoso (1920 - 1990) para gravar o histórico LP Canção do Amor Demais (1958), o embate com os produtores estrangeiros na criação do filme Orfeu Negro (1959) e a ida ao polêmico show no Carnegie Hall (NY, EUA) que exportou a bossa carioca para o mundo em 1962. Pena que os autores não usaram os dados da sólida pesquisa de Maria Lúcia Rangel para construir uma dramaticidade que fizesse o texto ir além da exposição simpática e (bem) idealizada dos compositores.

Se Tom & Vinicius - o Musical provoca sensação prazerosa no espectador ao fim das duas horas de encenação, é por conta da música de fato soberana dos compositores. O diretor Daniel Herz conseguiu dar ao espetáculo uma leveza condizente com a obra de Tom & Vinicius. E, como é grande a saudade da época e da dupla, o arremate do musical com Carta ao Tom reforça todo o clima de nostalgia que enleva o espectador. A música é tão sedutora e forte que disfarça a fraqueza da dramaturgia. Falta uma bossa no texto.

11 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Mesmo sem ação dramática, mínima que seja, Tom & Vinicius - O Musical prende a atenção do espectador por conta da beleza atemporal das músicas da dupla formada por Tom Jobim (1927 - 1994) e Vinicius de Moraes (1913 - 1980) em 1956. É do encontro de Tom & Vinicius naquele ano, para compor as músicas da peça Orfeu da Conceição, que parte a rala ação do musical que chegou ao Rio de Janeiro, cidade natal da Bossa Nova e dos dois geniais compositores homenageados, na noite de sábado, 10 de janeiro de 2009, depois de quatro meses de controvertida temporada em São Paulo (SP). Em cena, Marcelo Serrado - idealizador do projeto - é Tom, com alguns maneirismos vocais que remetem ao jeito com que Jobim ficou imortalizado no imaginário popular. Com mais humor, Thelmo Fernandes dá vida a um gaiato Vinicius. Nenhum dos protagonistas tem especial dom para o canto, mas, como Tom e Vinicius também não eram cantores, os dois atores até dão conta do recado quando soltam suas vozes tímidas em músicas como Eu Não Existo sem Você. Na parte estritamente vocal, o brilho maior vem de Lilian Valeska, integrante do elenco de apoio que ficou com a tarefa de entoar as músicas de clima emocional mais intenso, como Modinha e Derradeira Primavera.

O texto se resume a encadear alguns breves flashes de momentos marcantes da trajetória de Tom e Vinicius num período que vai de 1956 a 1967, ano em que Tom grava com Frank Sinatra (1915 - 1998). Na pele de Sinatra, a propósito, o ator Luiz Nicolau arranca merecidos risos e aplausos da platéia ao engatar com Serrado uma versão bilíngüe de Garota de Ipanema - mais tarde interpretada de forma caricata por outros atores em espanhol, em francês e até em japonês para dar idéia do alcance mundial da obra da dupla. Sem esboçar uma teatralidade, os autores Daniela Pereira de Carvalho (em seu texto mais fraco) e Eucanaã Ferraz revivem episódios emblemáticos da parceria de Tom & Vinicius. Como o encontro com Elizeth Cardoso (1920 - 1990) para gravar o histórico LP Canção do Amor Demais (1958), o embate com os produtores estrangeiros na criação do filme Orfeu Negro (1959) e a ida ao polêmico show no Carnegie Hall (NY, EUA) que exportou a bossa carioca para o mundo em 1962. Pena que os autores não usaram os dados da sólida pesquisa de Maria Lúcia Rangel para construir uma dramaticidade que fizesse o texto ir além da exposição simpática e (bem) idealizada dos compositores.

Se Tom & Vinicius - o Musical provoca sensação prazerosa no espectador ao fim das duas horas de encenação, é por conta da música soberana dos compositores. O diretor Daniel Herz conseguiu dar ao espetáculo uma leveza condizente com a obra de Tom & Vinicius. E, como é grande a saudade da época e da dupla, o arremate do musical com Carta ao Tom reforça todo o clima de nostalgia que enleva o espectador. A música é tão sedutora e forte que disfarça a fraqueza da dramaturgia. Falta uma bossa no texto.

11 de janeiro de 2009 às 15:34  
Anonymous Anônimo said...

De certo falta um pouco de bossa no texto do musical. Mas, como você mesmo disse, é prezeroso assistir um espetáculo tão simples e tão sofisticado, como a obra da dupla, e que carrega as duas horas com leveza.
Os cantores/atores e músicos dão diginidade. Nicolau, Pedro Lima, Marcelo Serrado... todos fazem seu papel com leveza.
O uso do encadeamento de coisas ditas por eles ou sobre eles dá uma idéia do que é : algo leve, pretencioso, sendo despretencisoso.
O problema é que quem tiver um lugar lá em cima no balcão vai peder alguma coisa do telão usado, mas nada que deponha contra.
Mesmo com as falhas, corretamente apresentadas por Mauro, ao espetáculo vale, por tudo. Cada real investido, pelos patrocinadores, pelos produtores e pelo publico.
Com certeza serei um que verá mais uma vez.

Carioca da Piedade

11 de janeiro de 2009 às 19:58  
Blogger Daniel de Mello said...

Mauro, por acasao vc é o mauro que ta na contracapa de altos discos fazendo comentarios???
tipo o dvd do Luiz Gonzaga?
se for, amigo sou fa do seu trabalho
de verdade
parabens

Daniel de Mello
www.musicadaminhagente.blogspot.com

e se me permite coloquei uma nota sua no meu blog, se nao for de acordo me avise que tirarei sem pestanejar

abraços

11 de janeiro de 2009 às 23:31  
Anonymous Anônimo said...

que falta bossa, o quê! queria um drama numa história que não teve drama algum? vi o musical em são paulo e tá no TOM certo

12 de janeiro de 2009 às 09:04  
Anonymous Anônimo said...

Horácio,
Falou um pouco, eu disse um pouco de bossa. Mas, é que a gente quer o melhor. E eles chegaram muito perto. E isso é ótimo. Se fosse dar estrelas daria todas, mesmo com esse comentário.
É cultura e entretenimento, puros.

Carioca da Piedade

12 de janeiro de 2009 às 10:53  
Anonymous Anônimo said...

Não vi (ainda) esse musical, mas Thelmo Fernandes deve ter baixado o tom, porque dizer que ele não tem "especial dom para o canto" é um pouco de exagero. O ator canta e canta muito! E de fato, Lilian Valeska também arrasa! Gosto muito dos dois...

12 de janeiro de 2009 às 16:43  
Anonymous Anônimo said...

tb vi tom & vinicius em sp e achei tudo muito direito, o texto conta o que aconteceu, sem xaropada, sem drama

13 de janeiro de 2009 às 01:08  
Anonymous Anônimo said...

ESPERO VER ESSE MUSICAL SE ELE CHEGAR ATÉ MINHA CIDADE, SALVADOR. NÃOENTENDO ESSA COBRANÇA DO CRÍTICO POR 'AÇÃO DRAMÁTICA'. TOM E VINICIUS FIZERAM MÚSICA, É ISSO QUE A GENTE, PELO MENOS EU, QUER VER E OUVIR EM CENA, NÃO UMA TRAMA SENTIMENTAL. TOM E VINICIUS NÃO ERAM MAYSA, HA HA

13 de janeiro de 2009 às 09:21  
Blogger chapecó no ar said...

Mauro,
As músicas são irrepreensíveis e, se fecharmos os olhos, as duas horas passam rápido e agradam, pois os artistas/cantores são muito bons. Mas o musical - em si, como teatro - é ruim: aquelas coreografias de passo marcado são horrorosas e o Vinicius falando "mineirês" é uma piada. Muita gente sai do teatro achando que ele era mineiro por conta do sotaque do ator, que tenta imitar a forma diminutiva do falar de Vinícius e mete os pés pelas mãos. É uma pena que, com um tema tão bom, e com músicas tão extraordinárias, a peça musical tenha saído tão fraca. Abraços fraternos. Luis Hermano

15 de março de 2009 às 20:26  
Anonymous Virgínia Borges said...

Sou orientadora pedagógica de uma escola pública do interior do estado. Através de uma problemática quanto ao fazer pedagógico na escola, esse ano de 2009 resolvemos optar por um projeto ousado"Mangueira, no TOM do meu país" Mangueira é o bairro da escola que fica em Rio Bonito - RJ. Queria muito levar o corpo docente da escola que tem 35 professoras e funcionários, pois iria contagiar a todos e resultado seria maravilhoso. Ontem (11/04) vi a promoção de R$1,00 o ingresso
mas estava muito em cima para reunir todos os profissionais. Também preferia mais cedo por conta do percurso de ida e vinda. Por favor, façam chegar aos responsáveis da peça TOM E VINÍCIUS. O valor normal seria impossível ser pago, mas agradecemos qualquer desconto. Desde já...feliz em compartilhar do mesmo mundo...Fiquem com DEus
vo.ciborg@gmail.com

12 de abril de 2009 às 16:51  
Blogger Marcia Garcia said...

Mauro, quero vender para colecionador o LP original "Canção do Amor Demais". Onde posso avaliar esse LP? Obrigada!

21 de setembro de 2009 às 05:51  

Postar um comentário

<< Home