Obra autoral do 'Rei' pontua show de Zé Renato
Resenha de Show
Título: É Tempo de Amar
Artista: Zé Renato
Local: Teatro Rival (RJ)
Data: 16 de janeiro de 2009
Cotação: * * * *
Em cartaz até sábado, 17 de janeiro de 2009
Em É Tempo de Amar, um dos melhores discos de 2008, Zé Renato foi obrigado a abordar o repertório da Jovem Guarda sem cantar músicas de autoria do maior compositor (e maior líder) do movimento, Roberto Carlos - em tese, porque tais músicas não tiveram suas regravações autorizadas pelo Rei a tempo de serem incluídas no CD. No show que estreou no Teatro Rival (RJ) na sexta-feira, 16 de janeiro de 2009, o cantor vai à forra, abrindo e fechando o roteiro com músicas da lavra inicial de Roberto. Se a abertura com a versão de voz-e-violão de Namoradinha de um Amigo Meu é belo cartão de visitas do show, o fecho - com As Curvas da Estrada de Santos, obra-prima da fase soul da obra do Rei - não faz jus à abordagem harmoniosa dada por Renato ao cancioneiro da Jovem Guarda. Até porque este hit instântaneo de 1969 precisa de metais no arranjo para ter reproduzida toda sua contagiante pulsação original. Renato acabou derrapando no fim.
As Curvas da Estrada de Santos encerra o bis iniciado com terna interpretação de Como É Grande o meu Amor por Você, outra música de Roberto Carlos - de quem Zé Renato entoa também Eu Estou Apaixonado por Você (emendada com Por Você, a incursão paródica de Vinicius de Moraes pelo universo pueril do iê-iê-iê), Eu te Darei o Céu e a menos inspirada Eu Não Presto, mas Eu te Amo, número no qual o cantor pede e obtém o coro da platéia no refrão. Eu te Darei o Céu ganha registro pesado condizente com o tom roqueiro do bloco final, aberto com Não Há Dinheiro que Pague (Renato Barros). Nesse set, iluminado com um vermelho quente, Renato inclui ainda História de um Homem Mau, parceria de Roberto com Erasmo Carlos. Ou seja, a obra autoral do Rei está mais do que representada no roteiro. Contudo, verdade seja dita, Zé Renato nem precisava dela. Como o disco, o show resulta mais original quando ele pesca as pérolas escondidas no baú da Jovem Guarda. Jóias de alto quilate melódico como Quero Ter Você Perto de mim (balada de Nenéo) e a música-título, É Tempo de Amar, parceria de Pedro Camargo com José Ari. Ambas, aliás, foram gravadas por Roberto Carlos, mas jaziam esquecidas no fundo do baú à espera de gravações que legitimassem o grande valor desses temas de moldura simples que resiste bem ao tempo.
O show é curto, dura pouco mais de uma hora e, na estréia, contou com a meteórica intervenção de Nina Becker, que repetiu no palco o dueto feito com Renato no disco em Eu Não Sabia que Você Existia, hit da dupla Leno & Lilian. Fixa é a participação da boa banda - que inclui o baixista Dé Palmeira, hábil produtor do disco - em números como Lobo Mau e Pensando Nela (a versão de Rossini Pinto para Bus Stop que fez sucesso nas vozes dos Golden Boys). Contudo, lá pelo meio show, Renato dispensa a banda e, sozinho com seu violão, enfileira O Caderninho (Olmir Stocker), O Tempo Vai Apagar (até mais envolvente sem as suntuosas cordas incluídas na gravação feita para a trilha sonora nacional da novela A Favorita) e uma balada menos conhecida da dupla Lennon & McCartney (You Won't See me). Enfim, o show É Tempo de Amar vai além do CD homônimo e - mesmo sem ser irretocável como o disco - confirma a habilidade de Zé Renato para abordar as músicas da Jovem Guarda com modernidade, requinte e respeito.
Título: É Tempo de Amar
Artista: Zé Renato
Local: Teatro Rival (RJ)
Data: 16 de janeiro de 2009
Cotação: * * * *
Em cartaz até sábado, 17 de janeiro de 2009
Em É Tempo de Amar, um dos melhores discos de 2008, Zé Renato foi obrigado a abordar o repertório da Jovem Guarda sem cantar músicas de autoria do maior compositor (e maior líder) do movimento, Roberto Carlos - em tese, porque tais músicas não tiveram suas regravações autorizadas pelo Rei a tempo de serem incluídas no CD. No show que estreou no Teatro Rival (RJ) na sexta-feira, 16 de janeiro de 2009, o cantor vai à forra, abrindo e fechando o roteiro com músicas da lavra inicial de Roberto. Se a abertura com a versão de voz-e-violão de Namoradinha de um Amigo Meu é belo cartão de visitas do show, o fecho - com As Curvas da Estrada de Santos, obra-prima da fase soul da obra do Rei - não faz jus à abordagem harmoniosa dada por Renato ao cancioneiro da Jovem Guarda. Até porque este hit instântaneo de 1969 precisa de metais no arranjo para ter reproduzida toda sua contagiante pulsação original. Renato acabou derrapando no fim.
As Curvas da Estrada de Santos encerra o bis iniciado com terna interpretação de Como É Grande o meu Amor por Você, outra música de Roberto Carlos - de quem Zé Renato entoa também Eu Estou Apaixonado por Você (emendada com Por Você, a incursão paródica de Vinicius de Moraes pelo universo pueril do iê-iê-iê), Eu te Darei o Céu e a menos inspirada Eu Não Presto, mas Eu te Amo, número no qual o cantor pede e obtém o coro da platéia no refrão. Eu te Darei o Céu ganha registro pesado condizente com o tom roqueiro do bloco final, aberto com Não Há Dinheiro que Pague (Renato Barros). Nesse set, iluminado com um vermelho quente, Renato inclui ainda História de um Homem Mau, parceria de Roberto com Erasmo Carlos. Ou seja, a obra autoral do Rei está mais do que representada no roteiro. Contudo, verdade seja dita, Zé Renato nem precisava dela. Como o disco, o show resulta mais original quando ele pesca as pérolas escondidas no baú da Jovem Guarda. Jóias de alto quilate melódico como Quero Ter Você Perto de mim (balada de Nenéo) e a música-título, É Tempo de Amar, parceria de Pedro Camargo com José Ari. Ambas, aliás, foram gravadas por Roberto Carlos, mas jaziam esquecidas no fundo do baú à espera de gravações que legitimassem o grande valor desses temas de moldura simples que resiste bem ao tempo.
O show é curto, dura pouco mais de uma hora e, na estréia, contou com a meteórica intervenção de Nina Becker, que repetiu no palco o dueto feito com Renato no disco em Eu Não Sabia que Você Existia, hit da dupla Leno & Lilian. Fixa é a participação da boa banda - que inclui o baixista Dé Palmeira, hábil produtor do disco - em números como Lobo Mau e Pensando Nela (a versão de Rossini Pinto para Bus Stop que fez sucesso nas vozes dos Golden Boys). Contudo, lá pelo meio show, Renato dispensa a banda e, sozinho com seu violão, enfileira O Caderninho (Olmir Stocker), O Tempo Vai Apagar (até mais envolvente sem as suntuosas cordas incluídas na gravação feita para a trilha sonora nacional da novela A Favorita) e uma balada menos conhecida da dupla Lennon & McCartney (You Won't See me). Enfim, o show É Tempo de Amar vai além do CD homônimo e - mesmo sem ser irretocável como o disco - confirma a habilidade de Zé Renato para abordar as músicas da Jovem Guarda com modernidade, requinte e respeito.
13 Comments:
Em É Tempo de Amar, um dos melhores discos de 2008, Zé Renato foi obrigado a abordar o repertório da Jovem Guarda sem cantar músicas de autoria do maior compositor (e maior líder) do movimento, Roberto Carlos - em tese, porque tais músicas não tiveram suas regravações autorizadas pelo Rei a tempo de serem incluídas no CD. No show que estreou no Teatro Rival (RJ) na sexta-feira, 16 de janeiro de 2009, o cantor vai à forra, abrindo e fechando o roteiro com músicas da lavra inicial de Roberto. Se a abertura com a versão de voz-e-violão de Namoradinha de um Amigo Meu é belo cartão de visitas do show, o fecho - com As Curvas da Estrada de Santos, obra-prima da fase soul da obra do Rei - não faz jus à abordagem harmoniosa dada por Renato ao cancioneiro da Jovem Guarda. Até porque este hit instântaneo de 1969 precisa de metais no arranjo para ter reproduzida toda sua contagiante pulsação original. Renato acabou derrapando no fim.
As Curvas da Estrada de Santos encerra o bis iniciado com terna interpretação de Como É Grande o meu Amor por Você, outra música de Roberto Carlos - de quem Zé Renato entoa também Estou Apaixonado (canção emendada com Por Você, a incursão paródica de Vinicius de Moraes pelo universo pueril do iê-iê-iê), Eu te Darei o Céu e a menos inspirada Eu Não Presto, mas Eu te Amo, número no qual o cantor pede e obtém o coro da platéia no refrão. Eu te Darei o Céu ganha registro pesado condizente com o tom roqueiro do bloco final, aberto com Não Há Dinheiro que Pague (Renato Barros). Nesse set, iluminado com um vermelho quente, Renato inclui ainda História de um Homem Mau, parceria de Roberto com Erasmo Carlos. Ou seja, a obra autoral do Rei está mais do que representada no roteiro. Contudo, verdade seja dita, Zé Renato nem precisava dela. Como o disco, o show resulta mais original quando ele pesca as pérolas escondidas no baú da Jovem Guarda. Jóias de alto quilate melódico como Quero Ter Você Perto de mim (balada de Nenéo) e a música-título, É Tempo de Amar, parceria de Pedro Camargo com José Ari. Ambas, aliás, foram gravadas por Roberto Carlos, mas jaziam esquecidas no fundo do baú à espera de gravações que legitimassem o grande valor desses temas de moldura simples que resiste bem ao tempo.
O show é curto, dura pouco mais de uma hora e, na estréia, contou com a meteórica intervenção de Nina Becker, que repetiu no palco o dueto feito com Renato no disco em Eu Não Sabia que Você Existia, hit da dupla Leno & Lilian. Fixa é a participação da boa banda - que inclui o baixista Dé Palmeira, hábil produtor do disco - em números como Lobo Mau e Pensando Nela (a versão de Rossini Pinto para Bus Stop que fez sucesso nas vozes dos Golden Boys). Contudo, lá pelo meio show, Renato dispensa a banda e, sozinho com seu violão, enfileira O Caderninho (Olmir Stocker), O Tempo Vai Apagar (mais envolvente sem as suntuosas cordas incluídas na gravação feita para a trilha sonora nacional da novela A Favorita) e uma balada menos conhecida da dupla Lennon & McCartney (You Won't See me). Enfim, o show É Tempo de Amar vai além do CD homônimo e - mesmo sem ser irretocável como o disco - confirma a habilidade de Zé Renato para abordar as músicas da Jovem Guarda com modernidade, requinte e respeito.
Acho a gravação da Nara de "As Curvas da Estrada de Santos" no disco dedicada às músicas de Roberto e Erasmo uma das versões mais bonitas desta música. E não tem os metais... portanto não concordo que seja necessário.
AS CURVAS COM METAIS FICAM LINDAS. MAS, CONVENHAMOS, CARO MAURO, SEM OS METAIS TAMBÉM TEM SEU VALOR.
A MÚSICA EM SI É UM ACHADO AUTORAL DO REI, NO TEMPO QUE ERA REI DE FATO E DE DIREITO, NÃO POR TRADIÇÃO, COMO HOJE.
CARIOCA DA PIEDADE
Emanuel Andrade disse
Ze Renato merece destaque, aplausos e tudo mais. É um cara preocupado e comprometido com a boa música. Nunca foi medíocre no sistema gravadora, mídia etc. E não é arroz de festa. Ainda bem. Vale sempre ouvi-lo através de seus projetos e ainda na era Boca Livre. Nção comento esse trabakjho porque nem ouvi ainda, mas Jovem Guarda tem muita coisa ruim que foi sucesso!!
O disco já bastava. O que vier, agora, é lucro. Quem sabe um DVD para coroar de vez esse belo trabalho ?
Necessário é comer, respirar... Música ? "As Curvas da Estrada de Santos" emoldurada por essa bela e única voz aí ? Apenas um deleite para ouvidos, almas e corações.
No show do sábado, 17/02, Zé Renato não cantou "As Curvas da Estrada de Santos". Pena. Eu queria ter ouvido.
Espero que o show venha a São Paulo.
O CD é de uma delicadeza...não canso de ouvir.
maria
É, D.Maria, quem diria que eu aqui iria ouvir Jovem-Guarda. Não ouvia nem na época! ...mas esse rapaz aí fez milagre.
Mano Freire disse..
Já ouviram falar que há música "obra prima", sem nenhuma grande intepretação? Aliás, percebo isso em Eu sei que vou te amar. Em sua leitura, Caetano de quem sou fãs sempre, desmonta a canção de Vinicius com aquqle violão. Em "As curvas da estrada de Santos" já ouvi com Roberto, Elis e Simone. Esta última ganhou um arrajo primoroso no disco cigarra, mas a voz não alcança os pontos altos da melodia do rei. Música é assim: é preciso ter jeito de corpo, voz, afinidade e estilo para cantá-la. Há musicas que o aranjos a destrói, ora a voz, o artista por inteiro, isso varia... Só quero agora ouvir com Zé Renato.
Caetano anos-luz atrás da bela versão de Toquinho, Vinicius e Maria Creuza - com direito ao "Soneto da Fidelidade" recitado pelo poetinha nas entrelinhas.
SEM CHANCE. Caetano tem de ficar é em suas belas canções. Na minha opinião é um dos que raramente acertam quando regrava canções alheias. I'm sorry, fãs de Caetano (também o sou, mas não fanático).
Zé Renato, apesar do grande compositor, tem uma voz tão magnífica que o torna intérprete antes de tudo. Querendo ou não.
E FEZ BONITO AQUI NESTE QUE FOI UM DOS MELHORES CDs DE 2008 - e olha que o repertório não ajudava não. É O PODER DO INTÉRPRETE!
Apenas uma observação: A história de um homem mau é versão de um tema do Louis Armstrong. Há várias versões no repertório do show e acho que seria interessante o Zé Renato atribui-las a seus autores originais.
ESSE ATÉ A "FLORA" APROVOU.
É O MEU "FAVORITO".
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