30 de dezembro de 2007

Retrô 2007 - Indústria e artistas buscam saídas

2007 sai de cena como o ano em que os artistas e a própria indústria do disco buscaram e criaram soluções e caminhos alternativos para (sobre)viver diante do quadro desanimador motivado por queda contínua (e progressiva) das vendas de CDs - cerca de 20% no maior mercado mundial, o dos EUA, segundo a pesquisa divulgada em março. Essa nova realidade do mercado fonográfico exigiu das gravadoras redução de custos e de elencos para que se ajustassem ao permanente quadro de crise. Uma acertada política de redução de preço do CD até garantiu algum alento sazonal para a indústria - no segundo semestre - mas 2007 vai embora sem levar a crise...

O ano fonográfico começou sob a polêmica do envolvimento das gravadoras ditas grandes no esquema empresarial dos artistas que já abrigam sob seus (cada vez mais frágeis) tetos. Em julho, vazou no Brasil a notícia - confirmada logo depois - de que a major Sony BMG passaria a atuar sob o comando de empresa, a Day 1, criada para produzir os shows de artistas contratados pela companhia. Nomes como Paulinho da Viola e a novata Ana Cañas aderiram à tal dobradinha, sendo agenciados pelo mesmo conglomerado que edita seus discos. É opção - de certa forma - semelhante à adotada por Madonna, que anunciou oficialmente em outubro que trocou o vínculo longínqüo com a Warner Music por contrato milionário com a empresa Live Nation, que passa a gerenciar em 2009 todas os negócios que envolvem o nome de Madonna. Inclusive discos.

O momento é de transição. Em 10 de outubro, o grupo Radiohead provocou discussões mundiais ao disponibilizar seu sétimo álbum de estúdio, In Rainbows (capa acima), para download em site criado especialmente para a venda do disco. Ao determinar que o preço do download seria decidido pelo consumidor, que poderia optar até por baixar o CD de graça, o grupo questionou o valor da arte, da música e do disco em tempos de piratarias física e virtual. Três meses antes, em julho, Prince já tomara a decisão de oferecer seu novo álbum, Planet Earth, encartado em tablóide britânico.

Contudo, 2007 mostrou também que ainda é cedo para descartar as grandes gravadoras e a venda convencional de discos nas lojas. Tanto que o mesmo ousado Radiohead da rede fechou acordo com selo britânico para pôr In Rainbown nas prateleiras no início de 2008. E o nativo Lobão escondeu as garras outrora afiadas contra as multinacionais do disco e, tal qual um cordeirinho, lançou CD e DVD Acústico MTV em abril com um discurso nada convincente sobre sua adesão ao esquema que tanto criticara nos últimos anos.

Com Lobão sob suas rédeas curtas, a Sony BMG anunciou em maio a criação do CD Zero - espécie de single (ou compacto) com cinco músicas de álbum recém-lançado - e testou o novo produto com o terceiro CD de Vanessa da Mata, Sim. Enciumada com a projeção da concorrente na mídia, a Universal Music contra-atacou com o MusicPac, versão econômica de álbum cheio. Mas restringiu esta alternativa a discos já lançados há algum tempo. No todo, nenhum dos dois produtos alterou o quadro de crise generalizada. Buscar soluções e novos modelos para o comércio de música é tarefa que ainda estará na pauta da indústria fonográfica mundial em 2008...

5 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Mauro, hoje vim até aqui apenas para agradecer as informações sempre antenadas de sua página, e desejar a você e aos seus 'navegantes' um grande 2008!
Saudável e FELIZ.

Votos de PAZ!

com carinho,

maria

30 de dezembro de 2007 às 13:09  
Anonymous Anônimo said...

Para as gravadoras, a solução está visível, eles é que não querem ceder. A ÙNICA opção é baixar os preços dos Cds e DVDs. Em alguns casos chega a ser absurdo. o DVD novo do Elton john o valor mais baixo que encontrei foi de R$ 69,80 por UM DVD ???? o que é isso ? ROUBO PURO. Só vai reforçar mais a pirataria. Ahhh e um da Banda Calipso ( novo 2007 ) está R$ 16,00 Depois perguntam porque será que eles vendem tanto ? rs rs rs rs precisa responder ?

Edu - abc

30 de dezembro de 2007 às 17:20  
Anonymous Anônimo said...

O acústico do Lobão é ótimo, ninguém pode ser prisioneiro de suas palavras, tudo muda, se muda o contexto...
O grande Raul já cantava isso na clássica METAMORFOSE AMBULANTE.
Lobão continua fazendo música boa, ao contrário de seus colegas de geração.

Jose Henrique

31 de dezembro de 2007 às 01:39  
Anonymous Anônimo said...

Queria que muitos aqui no Brasil fizessem como fez o Prince na Inglaterra ...

1 de janeiro de 2008 às 04:51  
Blogger Pedro Progresso said...

Ok... quando o Lobão fizer música,o meu cachorro (que por acaso se chama Elvis!) também faz.

E faz melhor!

3 de janeiro de 2008 às 19:28  

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