Dori reitera em cena profundezas de seu mundo
Resenha de Show
Título: Mundo de Dentro
Artista: Dori Caymmi
Participações: Danilo Caymmi, Nana Caymmi e Renato
Braz (com Dori na foto de Mauro Ferreira)
Local: Espaço Tom Jobim (RJ)
Data: 29 de abril de 2010
Cotação: * * * * *
"Eu vou tocar uma música para homenagear minha mãe porque, afinal, o show é meu", brincou Dori Caymmi, já ao fim da primeira das duas apresentações agendadas por ele no Espaço Tom Jobim, no Rio de Janeiro (RJ), para promover seu novo CD, Mundo de Dentro, recém-lançado de forma independente. Sim, o show era de Dori, mas, na noite de 29 de abril de 2010, o anfitrião cedeu generosos espaços para que brilhassem as vozes de Renato Braz e de seus irmãos Danilo e Nana Caymmi (que festejava 69 anos na data). A própria música entoada em tributo à mãe Stella Maris (1922 - 2008), Rio Amazonas, foi cantada com o reforço vocal de Braz, mais hábil no alcance das notas mais altas da melodia letrada por Paulo César Pinheiro, parceiro da quase totalidade da rica safra de Mundo de Dentro. Mas Dori é também, ele próprio, um intérprete dos mais interessantes por conta de sua voz quase tão doce e profunda quanto a de seu pai, um certo Dorival Caymmi (1914 - 2008). Isso fez com que o show - afinal, quase tanto de Nana quanto de Dori - trancorresse em clima de encantamento desde o primeiro número, Obsession (da lavra de Dori com Gilson Peranzzetta e Tracy Mann), até o último, História Antiga, feito em dueto com Braz. Pela sonoridade e pela letra, História Antiga - parceria do compositor com Paulo César Pinheiro - é exemplo das profundezas do admirável mundo velho de Dori. Profundezas expostas em cena através de temas que tangenciam o universo do samba-canção para reafirmar a devoção ao amor - casos de É o Amor Outra Vez e Sem Poupar Coração. Dentro desse universo refinado (burilado pelo trio formado pelo baterista Jurim Moreira, o baixista Jorge Helder e o pianista Itamar Assiere), Dori celebrou Johnny Alf (1929 - 2010) ao cantar Eu e a Brisa - num momento de grande beleza - e ao ressaltar a influência que Alf exerceu em seu mundo musical. Na sequência, a influência paterna saltou aos ouvidos na obra-prima Quebra-Mar - primeiro número feito com as intervenções vocais de Renato Braz, grande cantor de quem Dori sempre foi admirador. O tema mergulha no universo praieiro de mestre Dorival. Já o medley com Ponta de Areia (Milton Nascimento e Fernando Brant) e O Trenzinho do Caipira (Heitor Villa-Lobos e Ferreira Gullar) - cantado com a adesão do mano Danilo Caymmi - beirou o sublime. E Delicadeza, tema de Mundo de Dentro, reiterou a densidade da obra autoral de Dori, urdida sobretudo com sua voz e seu violão. Obra que se ajusta ao canto intenso da irmã Nana, que, após cantar Saudade de Amar e Fora de Hora com Dori, assumiu a cena para realçar os laços musicais que agregam uma família que esbanja nobreza na dinastia da MPB.
Título: Mundo de Dentro
Artista: Dori Caymmi
Participações: Danilo Caymmi, Nana Caymmi e Renato
Braz (com Dori na foto de Mauro Ferreira)
Local: Espaço Tom Jobim (RJ)
Data: 29 de abril de 2010
Cotação: * * * * *
"Eu vou tocar uma música para homenagear minha mãe porque, afinal, o show é meu", brincou Dori Caymmi, já ao fim da primeira das duas apresentações agendadas por ele no Espaço Tom Jobim, no Rio de Janeiro (RJ), para promover seu novo CD, Mundo de Dentro, recém-lançado de forma independente. Sim, o show era de Dori, mas, na noite de 29 de abril de 2010, o anfitrião cedeu generosos espaços para que brilhassem as vozes de Renato Braz e de seus irmãos Danilo e Nana Caymmi (que festejava 69 anos na data). A própria música entoada em tributo à mãe Stella Maris (1922 - 2008), Rio Amazonas, foi cantada com o reforço vocal de Braz, mais hábil no alcance das notas mais altas da melodia letrada por Paulo César Pinheiro, parceiro da quase totalidade da rica safra de Mundo de Dentro. Mas Dori é também, ele próprio, um intérprete dos mais interessantes por conta de sua voz quase tão doce e profunda quanto a de seu pai, um certo Dorival Caymmi (1914 - 2008). Isso fez com que o show - afinal, quase tanto de Nana quanto de Dori - trancorresse em clima de encantamento desde o primeiro número, Obsession (da lavra de Dori com Gilson Peranzzetta e Tracy Mann), até o último, História Antiga, feito em dueto com Braz. Pela sonoridade e pela letra, História Antiga - parceria do compositor com Paulo César Pinheiro - é exemplo das profundezas do admirável mundo velho de Dori. Profundezas expostas em cena através de temas que tangenciam o universo do samba-canção para reafirmar a devoção ao amor - casos de É o Amor Outra Vez e Sem Poupar Coração. Dentro desse universo refinado (burilado pelo trio formado pelo baterista Jurim Moreira, o baixista Jorge Helder e o pianista Itamar Assiere), Dori celebrou Johnny Alf (1929 - 2010) ao cantar Eu e a Brisa - num momento de grande beleza - e ao ressaltar a influência que Alf exerceu em seu mundo musical. Na sequência, a influência paterna saltou aos ouvidos na obra-prima Quebra-Mar - primeiro número feito com as intervenções vocais de Renato Braz, grande cantor de quem Dori sempre foi admirador. O tema mergulha no universo praieiro de mestre Dorival. Já o medley com Ponta de Areia (Milton Nascimento e Fernando Brant) e O Trenzinho do Caipira (Heitor Villa-Lobos e Ferreira Gullar) - cantado com a adesão do mano Danilo Caymmi - beirou o sublime. E Delicadeza, tema de Mundo de Dentro, reiterou a densidade da obra autoral de Dori, urdida sobretudo com sua voz e seu violão. Obra que se ajusta ao canto intenso da irmã Nana, que, após cantar Saudade de Amar e Fora de Hora com Dori, assumiu a cena para realçar os laços musicais que agregam uma família que esbanja nobreza na dinastia da MPB.
18 Comments:
"Eu vou tocar uma música para homenagear minha mãe porque, afinal, o show é meu", brincou Dori Caymmi, já ao fim da primeira das duas apresentações agendadas por ele no Espaço Tom Jobim, no Rio de Janeiro (RJ), para promover seu novo CD, Mundo de Dentro, recém-lançado de forma independente. Sim, o show era de Dori, mas, na noite de 29 de abril de 2010, o anfitrião cedeu generosos espaços para que brilhassem as vozes de Renato Braz e de seus irmãos Danilo e Nana Caymmi (que festejava 69 anos na data). A própria música entoada em tributo à mãe Stella Maris (1922 - 2008), Rio Amazonas, foi cantada com o reforço vocal de Braz, mais hábil no alcance das notas mais altas da melodia letrada por Paulo César Pinheiro, parceiro da quase totalidade da rica safra de Mundo de Dentro. Mas Dori é também, ele próprio, um intérprete dos mais interessantes por conta de sua voz quase tão doce e profunda quanto a de seu pai, um certo Dorival Caymmi (1914 - 2008). Isso fez com que o show - quase tanto de Nana quanto de Dori - trancorresse em atmosfera de encantamento desde o primeiro número, Obsession (Dori Caymmi, Gilson Peranzzetta e Tracy Mann), até o último, História Antiga, feito em dueto com Braz. Pela sonoridade e pela letra, História Antiga - parceria do compositor com Paulo César Pinheiro - é exemplo das profundezas do admirável mundo velho de Dori. Profundezas expostas em cena através de temas que tangenciam o universo do samba-canção para reafirmar a devoção ao amor - casos de É o Amor Outra Vez e Sem Poupar Coração. Dentro desse universo refinado (burilado pelo trio formado pelo baterista Jurim Moreira, o baixista Jorge Helder e o pianista Itamar Assiere), Dori celebrou Johnny Alf (1929 - 2010) ao cantar Eu e a Brisa - num momento de grande beleza - e ao ressaltar a influência que Alf exerceu em seu mundo musical. Na sequência, a influência paterna saltou aos ouvidos na obra-prima Quebra-Mar - primeiro número feito com as intervenções vocais de Renato Braz, grande cantor de quem Dori sempre foi admirador. O tema mergulha no universo praieiro de mestre Dorival. Já o medley com Ponta de Areia (Milton Nascimento e Fernando Brant) e O Trenzinho do Caipira (Heitor Villa-Lobos e Ferreira Gullar) - cantado com a adesão do mano Danilo Caymmi - beirou o sublime. E Delicadeza, tema de Mundo de Dentro, reiterou a densidade da obra autoral de Dori, urdida sobretudo com sua voz e seu violão. Obra que se ajusta ao canto intenso da irmã Nana, que, após cantar Saudade de Amar e Fora de Hora com Dori, assumiu a cena para realçar os laços musicais que agregam uma família que esbanja nobreza na dinastia da MPB.
Há tempos não via cinco estrelas nas resenhas do Mauro Ferreira.
Muito bonito o figurino de Renato Braz, de camisa cinza e saia rendada rosa-bebê.
Mauro..essa foto tá engraçada... Parece q o Renato tá de saia rodada rosa.... Adoro Renato! Tem uma voz linda e Dori , apesar do seu radicalismo com a MPB, ainda é um homem talentoso e lúcido pro bom gosto.
Mauro, tenho que concordar, essa foto tá engraçada mesmo.
Tomei um susto quando vi e depois ri muito, mais ainda com os comentários aqui sobre ela.
Abs
Mauro, desculpe, mas é impossível não comentar.
Troca a foto.
Só me dei conta de que o Renato não estava de saia por conta dos comentários anteriores. Achei que fosse figurino do show; muito embora nunca tenha visto o Renato de saia em suas apresentações (rs).
TUNICO/SP
Renato Braz, na foto (todas as outras fotos postadas são ótimas) está assim meio Fênix...
Carioca da Piedade, que gosta da voz do dois
Que estranho! Não estou conseguindo visualizar a foto. Será que o Mauro tirou após os comentários acima?
De qualquer forma, acho tão triste que um cantor magnífico como o Renato Braz não tenha o seu devido espaço na mídia brasileira.
Da mesma forma como me entristece saber que um espetáculo primoroso como esse não venha a fazer uma temporada longa e, de preferência, entre em turnê pelo Brasil.
abração,
Denilson
É que o roteiro do show prevê um bloco de música baiana.
Também demorei um tempo pra entender que o Renato Braz não estava de saia rendada.
Flávio
Vou nessa Tour aqui no DF, ainda mais com Renatera de "saia", masssa!!!!!!
Que foto engraçada!!Eu fiquei achando que era uma das netas da Nana Caymmi, demorei alguns minutos pra perceber que era o Renato Braz, em todo caso o Renato 'já é quase da familia' pois é afilhado do Dori.
Sacanagem com o Renato... Botar uma saia rendada rosinha no cara??? Se ainda fosse um pretinho básico, mas rosinha assim? Fica mais engraçado ainda estando junto com o Dori. Fico imaginando o que seria do Renato se essa cena fosse real, se ele subisse mesmo no palco de saia rosa, o esbregue que ia tomar do Dori. Troca a foto aí Mauro!!! Quanto à música, Dori conseguiu nesse disco ser mais sublime do que sempre é. E as letras de Paulo César Pinheiro são um capítulo à parte. Não fui ao show, mas se ele reproduz a maravilha do CD, merece 5 estrelas.
Bem que eu estava achando estranho a Nana Caymmi na foto de saia rosa, depois foi q eu me dei conta de que nao era Nana Caymmi e sim Renato Braz e o pano da mesa!
Por que as pessoas só falam da foto? Que besteira! Uma crítica tão boa dessa, ficam reparando na foto? Talvez, só que esteve lá realmente tenha dimenção da beleza que foi esse show. Estou até agora anestesiada, não consigo parar de ouvir o cd "Mundo de Dentro", especialmente a primeira "Quebra Mar" com o Renato e "Delicadeza", parece que foi feita para o Dorival e Estela Caymmi
Que pena que eu nao estava lá, gostaria de ter visto a dimenSão da beleza que deve ter sido este show.
Uma das raras oportunidades de assistir Renato, fora do seu nicho SP, pensei que quanto estivesse gravando pela BF, nos presenteasse com um show no Rio, não aconteceu pena, perdi mais essa oportunidade.
Braz e Renato já produzem juntos a algum tempo, a execelencia do trabalho pode ser constatado em seus discos.
Quando será que Renato lança um trabalho novo, com a quela energia dos tres primeiros ?
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