22 de maio de 2008

'Melhor', álbum de Simoninha, faz jus ao título

Resenha de CD
Título: Melhor
Artista: Wilson Simoninha
Gravadora: S de Samba
Cotação: * * * *

Doses bem altas de pretensão marcaram os dois primeiros álbuns de estúdio de Wilson Simoninha, Volume 2 (de 2000) e Sambaland Club (de 2002). São discos bons, mas que foram recebidos com excesso de entusiasmo pela crítica que identificava uma nova música brasileira no som feito pela turma que formou o elenco inicial da gravadora Trama. A turma incluía Max de Castro e Jair de Oliveira, ambos envolvidos na feitura deste terceiro álbum de inéditas de Simoninha, Melhor, que honra seu título. Max assina a produção propriamente dita. Jair, além de assinar três das 12 faixas, viabilizou a edição do CD por seu selo S de Samba, que abrigou também sua irmã, Luciana Mello.
Melhor é, de fato, o melhor trabalho do filho de Wilson Simonal (1938 - 2000). Sem cair na tentação de reinventar a roda da black music, Simoninha aprimora seu mix de samba, soul e funk com grooves azeitados e repertório coeso. O disco é enxuto e tem um astral alto, perceptível logo na irresistível faixa de abertura, A Saideira (Samba Negro), parceria de Simoninha com Jair Oliveira, que, aliás, vem crescendo muito como compositor. A contagiante Rei da Luta, assinada somente por Jair, é delicioso manifesto de orgulho negro que nunca esbarra em tom panfletário ou magoado. Outro momento extremamente feliz - em todos os sentidos - é Ela É Brasileira, samba de Simoninha, Max de Castro e Seu Jorge, convidado da ótima faixa em que figura a guitarra de Luís Vagner.
Em repertório moldado para um baile black da pesada, a boa surpresa é Homem de Gelo, da lavra de Leleo, músico da banda Bel. O suingue evoca os tempos áureos de Jorge Ben Jor, uma das grandes influências de Simoninha, que, a propósito, apresenta parceria inédita com o mestre. Sossega não é dos balanços mais inspirados de Ben Jor, mas prima por expor a guitarra e o vocal soul de Claudio Zoli, que reaparece como convidado em Eu Sei que Você Vai me Entender, música na qual somente toca guitarra.
Algumas baladas estrategicamente posicionadas entre faixas mais suingadas ajudam a alternar os climas do baile. Mareio (Pierre Aderne e Wilson Simoninha) e É Bom Andar a Pé (Melhor) ratificam o acerto do artista neste primeiro trabalho de inéditas em seis anos. Após dispensável DVD dedicado às regravações da obra de Ben Jor, editado em 2005 na série MTV Apresenta, Wilson Simoninha (re)aparece bem na praça. Seu volume 3 é dez...

3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

bom mesmoera o Simonal. quando estréia o filme sobre ele?

23 de maio de 2008 às 08:30  
Blogger Pedro Progresso said...

Na época que a gravadora Trama (ou Prole) começou a divulgar e a lançar álbuns desses caras, eu goostei muito. A turma de filhos e alguns não filhos era: Pedro Mariano, Simoninha, Max, Luciana, Otto, Jair, Silveira... Mas esses citados estão tendo pouca aceitação no mercado hoje. E alguns trabalhos são beeeeeeem fracos, ficam devendo em qualidade,inclusive estética, pros álbuns da Trama.

Espero que o disco do Simoninha seja bom como o Mauro diz, pq ele tem uma voz realmente boa (e muito parecida com a do pai) e pode cantar muito. O Max também, bom cantor, bom músico, melodias boas...

23 de maio de 2008 às 12:36  
Blogger Thiago Augusto Corrêa said...

Nunca ouvi o Simonal, mas imagino que ele seja realmente muito bom.

Ouvi Melhor para conhecer Simoninha. As melodias e o instrumental é muito bacana, cheio de suingue como diz o Mauro, porém, acho que pega pelas letras. Algumas me soam como boas tentativas, não boas letras de fato.

Um cd legal, apenas. Não daria nota dez.

8 de junho de 2008 às 06:06  

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