Show acende luz vitoriosa de Luiz Carlos da Vila
Título: Tributo ao Poeta Luiz Carlos da Vila
Artista: Arlindo Cruz, Claudio Jorge, Dorina, Galocantô, Luiza Dionizio, Sombrinha, Mauro Diniz, Moyseis Marques e Wilson das Neves (em fotos de Mauro Ferreira)
Local: Teatro Rival (RJ)
Local: Teatro Rival (RJ)
Data: 1º de março de 2010
Cotação: * * * *
"Não é preciso falar nada de Luiz Carlos da Vila. A obra dele já está aí, demonstrando tudo", sintetizou Mauro Diniz após cantar A Luz do Vencedor, o terceiro número do show coletivo Tributo ao Poeta Luiz Carlos da Vila, que agregou uma turma de bambas cariocas no palco do Teatro Rival, na noite de 1º de março de 2010. Diniz tem toda razão. A luz vitoriosa que emana da obra de Luiz Carlos da Vila (1949 - 2008) iluminou um tributo que chegou a emocionar em alguns momentos pela beleza da obra exposta ao público. Dirigido e roteirizado com a habitual habilidade por Túlio Feliciano, o show reiterou o que todo o meio do samba já sabe: Luiz Carlos da Vila - cuja voz abriu e fechou o show com a sua gravação de Benza, Deus - foi dos mais inspirados compositores brasileiros. Suas letras - geralmente escritas sob ótica positivista - exalam poesia, algumas vezes posta a serviço dos ideais da raça negra, festejada por Vila com orgulho em obras-primas como o samba-enredo Kizomba, a Festa da Raça (Vila Isabel, 1988), o número final que aglutinou o reverente elenco integrado por Arlindo Cruz, Claudio Jorge, Dorina, Galocantô, Luiza Dionizio, Sombrinha, Mauro Diniz, Moyseis Marques e Wilson das Neves.
O início do show não foi bom. O samba-enredo Nas Veias do Brasil pulsou fraco no solo vocal de Rodrigo Carvalho, integrante do Galocantô, o grupo que acompanhou todos os cantores, sob a batuta firme do maestro Ivan Paulo. Na sequência, Mauro Diniz reviveu Doce Refúgio, mas teve que ler a letra da segunda parte do samba. Chamada ao palco por Diniz, Dorina se mostrou mais segura ao cantar Suburbanistas (samba feito por ela com Diniz e Luiz Carlos da Vila, espécie de manifesto do trio que integrou com os dois parceiros), O Sonho Não Acabou - este o primeiro grande momento da noite - e Por Um Dia de Graça, o sublime samba-enredo que Vila compôs para a escola Quilombo em 1980, mas que, rejeitado pela agremiação, foi parar na voz de Simone (e nas paradas) quatro anos depois. Após Dorina, que perdeu grande oportunidade de propagar Sonhava (belo samba de Luiz Carlos e Riko Dorilêo que gravou em seu CD ao vivo Samba de Fé), o Galocantô apresentou Romance dos Astros (Bandeira Brasil e Luiz Carlos da Vila), tema unido por afinidade poética com Arco-Íris, primeiro dos três (bons) números de Luiza Dionizio. Cantora nascida na Vila da Penha, o bairro do subúrbio carioca que inspirou o sobrenome artístico de Luiz Carlos, Luiza confirmou no palco a segurança e a personalidade evidenciadas em seu recém-lançado primeiro CD, Devoção. Tanto que foi aplaudida no meio da interpretação de Pra Conquistar teu Coração (Luiz Carlos da Vila e Wanderley Monteiro). Na sequência, Então Leva (Luiz Carlos da Vila e Bira da Vila) fechou o set da cantora com mais animação. Que foi mantida por Moyseis Marques ao cantar Cabô meu Pai (Luiz Carlos da Vila, Moacyr Luz e Aldir Blanc). Marques reviveu também Horizonte Melhor (Luiz Carlos da Vila e Adilson Victor), mas seu melhor número foi Oitava Cor, obra-prima da parceria de Luiz Carlos com Sombra e Sombrinha que rivaliza somente com Além da Razão, samba defendido mais tarde pelo próprio Sombrinha (intérprete também de Amor, Agora Não - samba de desânimo bissexto na poesia do compositor da Vila da Penha). Já Claudio Jorge e Wilson das Neves defenderam suas respectivas parcerias com o homenageado da noite. Princípio do Infinito foi um dos dois números de Jorge. Com elegância, Neves cantou Ao Nosso Amor Maior e Os Papéis. No bloco final, a alegria de Arlindo Cruz dominou a cena. Primeiramente, Cruz cantou sozinho o dolente samba Fogueira de uma Paixão e o partido alto Sem Endereço, ambos compostos por ele com Vila. Mais tarde, chamado por Sombrinha de volta ao palco, a dupla se reuniu para dizer que O Show Tem que Continuar. E continuou, com todos já reunidos no palco, para reviver Kizomba, o samba-enredo que traz entre seus autores Luiz Carlos da Vila, luz de eterno fulgor e orgulho da raça, em merecido dia de graça. A chama não se apaga.
8 Comments:
"Não é preciso falar nada de Luiz Carlos da Vila. A obra dele já está aí, demonstrando tudo", sintetizou Mauro Diniz após cantar A Luz do Vencedor, o terceiro número do show coletivo Tributo ao Poeta Luiz Carlos da Vila, que agregou uma turma de bambas cariocas no palco do Teatro Rival, na noite de 1º de março de 2010. Diniz tem toda razão. A luz vitoriosa que emana da obra de Luiz Carlos da Vila (1949 - 2008) iluminou um tributo que chegou a emocionar em alguns momentos pela beleza da obra exposta ao público. Dirigido e roteirizado com a habitual habilidade por Túlio Feliciano, o show reiterou o que todo o meio do samba já sabe: Luiz Carlos da Vila - cuja voz abriu e fechou o show com a sua gravação de Benza, Deus - foi dos mais inspirados compositores brasileiros. Suas letras - geralmente escritas sob ótica positivista - exalam poesia, algumas vezes posta a serviço dos ideais da raça negra, festejada por Vila com orgulho em obras-primas como o samba-enredo Kizomba, a Festa da Raça (Vila Isabel, 1988), o número final que aglutinou o reverente elenco integrado por Arlindo Cruz, Claudio Jorge, Dorina, Galocantô, Luiza Dionizio, Sombrinha, Mauro Diniz, Moyseis Marques e Wilson das Neves.
O início do show não foi bom. O samba-enredo Nas Veias do Brasil pulsou fraco no solo vocal de Rodrigo Carvalho, integrante do Galocantô, o grupo que acompanhou todos os cantores, sob a batuta firme do maestro Ivan Paulo. Na sequência, Mauro Diniz reviveu Doce Refúgio, mas teve que ler a letra da segunda parte do samba. Chamada ao palco por Diniz, Dorina se mostrou mais segura ao cantar Suburbanistas (samba feito por ela com Diniz e Luiz Carlos da Vila, espécie de manifesto do trio que integrou com os dois parceiros), O Sonho Não Acabou - este o primeiro grande momento da noite - e Por Um Dia de Graça, o sublime samba-enredo que Vila compôs para a escola Quilombo em 1980, mas que, rejeitado pela agremiação, foi parar na voz de Simone (e nas paradas) quatro anos depois. Após Dorina, que perdeu grande oportunidade de propagar Sonhava (belo samba de Luiz Carlos e Riko Dorilêo que gravou em seu CD ao vivo Samba de Fé), o Galocantô apresentou Romance dos Astros (Bandeira Brasil e Luiz Carlos da Vila), tema unido por afinidade poética com Arco-Íris, primeiro dos três (bons) números de Luiza Dionizio. Cantora nascida na Vila da Penha, o bairro do subúrbio carioca que inspirou o sobrenome artístico de Luiz Carlos, Luiza confirmou no palco a segurança e a personalidade evidenciadas em seu recém-lançado primeiro CD, Devoção. Tanto que foi aplaudida no meio da interpretação de Pra Conquistar teu Coração (Luiz Carlos da Vila e Wanderley Monteiro). Na sequência, Então Leva (Luiz Carlos da Vila e Bira da Vila) fechou o set da cantora com mais animação. Que foi mantida por Moyseis Marques ao cantar Cabô meu Pai (Luiz Carlos da Vila, Moacyr Luz e Aldir Blanc). Marques reviveu também Horizonte Melhor (Luiz Carlos da Vila e Adilson Victor), mas seu melhor número foi Oitava Cor, obra-prima da parceria de Luiz Carlos com Sombra e Sombrinha que rivaliza somente com Além da Razão, samba defendido mais tarde pelo próprio Sombrinha (intérprete também de Amor, Agora Não - samba de desânimo bissexto na poesia do compositor da Vila da Penha). Já Claudio Jorge e Wilson das Neves defenderam suas respectivas parcerias com o homenageado da noite. Princípio do Infinito foi um dos dois números de Jorge. Com elegância, Neves cantou Ao Nosso Amor Maior e Os Papéis. No bloco final, a alegria de Arlindo Cruz dominou a cena. Primeiramente, Cruz cantou sozinho o dolente samba Fogueira de uma Paixão e o partido alto Sem Endereço, ambos compostos por ele com Vila. Mais tarde, chamado por Sombrinha de volta ao palco, a dupla se reuniu para dizer que O Show Tem que Continuar. E continuou, com todos já reunidos no palco, para reviver Kizomba, o samba-enredo que traz entre seus autores Luiz Carlos da Vila, luz de eterno fulgor e orgulho da raça, em merecido dia de graça. A chama não se apaga.
Belo texto, Mauro!
Como que um evento desse não chega a meus ouvidos? Deve ter sido uma linda noite, só feras. Para cantar o mais fera dos compositores: Luiz Carlos da Vila, único!
Pena que Dorina não cantou "Sonhava", linda canção de LCV e linda interpretação dela, mas com certeza a falta de "Sonhava" não deixou a noite menos emocionante.
Viva Luiz Carlos da Vila!
Maria Aparecida
Conheço pouco de LCV. Mas o pouco que conheci na voz de Simone (que bom que ela tenha divulgado)- POR UM DIA DE GRAÇA, acho lindo, de uma delicadeza ímpar...
Cadê a Beth Carvalho ?
QUEM É ESSA SENHORA QUE APARECE NA SEGUNDA FOTO ?
Eu fui e estava um astral especial, coisas que só o Luiz Carlos podia proporcionar para seus fãs. Luiza e Dorina arrasaram em suas apresentações. Não gostei nem do Rodrigo e nem do Moyses, o resto foi de primeira.
Já que não temos um dvd do Luiz, talvez fosse o caso de reproduzirem esse show para um justíssimo dvd.
Guilherme
Espetáculo esteve a altura da obra do nosso "....fernando pessoa do samba..." o grande poeta Luiz Carlos da Vila , será sempre merecedor de todas as nossas homenagens, ah saudades...do nosso poeta.
Postar um comentário
<< Home