4 de março de 2010

Pai da bossa, Johnny Alf sai de cena aos 80 anos

Muitos reivindicam a paternidade da Bossa Nova. Johnny Alf - morto aos 80 anos nesta quinta-feira, 4 de março de 2010, em decorrência de um câncer de próstata - nunca o fez. Mas teria todo o direito de fazê-lo. Pois quem é do ramo sabe que Alfredo José da Silva - nascido no Rio de Janeiro (RJ) em 19 de maio de 1929 - muito contribuiu para gerar toda a modernidade harmônica que desembocou na histórica gravação de Chega de Saudade, feita por João Gilberto em 1958. Seis anos antes, em 1952, Alf debutou em disco, na sua própria voz (e no seu piano) e em outras vozes. E aí todo um mundo musical se abriu quando Alf, já em 1953, surgiu com temas como o samba Rapaz de Bem - de velado tom gay - e o samba-canção O Que É Amar. São dessa época seminal pérolas como o samba Céu e Mar, formatado de início como baião para que o autor tomasse parte em concurso do gênero. A inovação vinha não apenas da teia harmônica, mas dos versos coloquiais e do canto leve que recusava a empostação ainda reinante na época.
Alf nasceu no Rio de Janeiro (RJ) e na sua cidade começou a tocar nas boates, na noite efervescente dos anos 50. Mas saiu de cena em São Paulo (SP), a cidade que - de fato - mais bem acolheu sua música. Contudo, Alf nunca conseguiu desenvolver a carreira regular a que fazia jus. Talvez pela natureza sempre discreta de seu temperamento. Talvez pela sofisticação de sua músicas. Mas quem há de negar que Ilusão à Toa e Eu e a Brisa, com todo primoroso acabamento, sempre foram clássicos instântaneos e populares, vocacionados para as paradas? Dentre sua discografia espaçada, álbuns como Rapaz de Bem (1961), Diagonal (1964), Nós (1974) e Olhos Negros (1990) merecem citação especial. Basta ouvir qualquer um deles, ou mesmo qualquer música do fino cancioneiro de Alf, para entender a razão de Leny Andrade viver dizendo que, "Antes da Bossa Nova, havia Johnny Alf". Tem razão!!

18 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Muitos reivindicam a paternidade da Bossa Nova. Johnny Alf - morto aos 80 anos nesta quinta-feira, 4 de março de 2010, em decorrência de um câncer de próstata - nunca o fez. Mas teria todo o direito de fazê-lo. Pois quem é do ramo sabe que Alfredo José da Silva - nascido no Rio de Janeiro (RJ) em 19 de maio de 1929 - muito contribuiu para gerar toda a modernidade harmônica que desembocou na histórica gravação de Chega de Saudade, feita por João Gilberto em 1958. Seis anos antes, em 1952, Alf debutou em disco, na sua própria voz (e no seu piano) e em outras vozes. E aí todo um mundo musical se abriu quando Alf surgiu com temas como o samba Rapaz de Bem - de velada abordagem gay - e o samba-canção O Que É Amar. São dessa época seminal pérolas como o samba Céu e Mar, formatado de início como baião para que o autor tomasse parte em concurso do gênero. Alf nasceu no Rio de Janeiro (RJ) e na sua cidade começou a tocar nas boates, na noite efeverscente dos anos 50. Mas saiu de cena em São Paulo (SP), a cidade que - de fato - mais bem acolheu sua música. Contudo, Alf nunca conseguiu desenvolver a carreira regular a que fazia jus. Talvez pela natureza discreta de seu temperamento. Talvez pela sofisticação de sua músicas. Mas quem há de negar que Ilusão à Toa e Eu e a Brisa, com todo primoroso acabamento, sempre foram clássicos instântaneos e populares, vocacionados para as paradas? Dentre sua discografia espaçada, álbuns como Rapaz de Bem (1971), Diagonal (1964), Nós (1974) e Olhos Negros (1990) merecem citação especial. Basta ouvir qualquer um deles, ou mesmo qualquer música do fino cancioneiro de Alf, para entender a razão de Leny Andrade viver dizendo que, "Antes da Bossa Nova, havia Johnny Alf". E João Gilberto sabe bem disso.

5 de março de 2010 às 01:25  
Blogger Célia Porto said...

Querido Johnny Alf. Abrilhantou a música terrena, agora abrilhanta a orquestra celestial. Meus sentimentos com todo carinho.

5 de março de 2010 às 07:16  
Anonymous Anônimo said...

Mauro, me parece que "Rapaz de Bem" é de 1961... Deve ter sido erro de digitação! Abraços!! Alonso

5 de março de 2010 às 08:16  
Blogger Mauro Ferreira said...

Grato, anônimo, por detectar o erro de digitação. Abs, MauroF

5 de março de 2010 às 08:27  
Anonymous Denilson said...

Tristeza... é só o que sinto nesse momento...

5 de março de 2010 às 09:20  
Anonymous Anônimo said...

Johnny Alf nos deixou o legado de suas maravilhosas canções. Que este legado nunca se perca na memória musical brasileira.

5 de março de 2010 às 10:21  
Anonymous Anônimo said...

O que é Amar na voz de Simone com Montarroys é uma amostra da grande música de Alf. Pouco reconhecida, infelizmente.

5 de março de 2010 às 11:16  
Anonymous Anônimo said...

Estamos ficando sem opções por aqui... quase nenhuma eu diria! :((

5 de março de 2010 às 11:21  
Anonymous Luc said...

É um momento emotivo. Com Johnny Alf, é possível perceber a que grau de refinamento pode chegar a música brasileira, sem deixar de ser profundamente brasileira. Rapaziada, ouçam Alf e aprendam !

Foi reconhecido em vida pelos colegas, pela crítica e por seu público. Acredito que será sempre uma referência. Espero que continue sendo recriado pelos intérpretes, como sempre foi. E cada vez mais ouvido pelo público.

5 de março de 2010 às 12:16  
Anonymous Anônimo said...

Emanuel Andrade disse

Quem sabe cantar neste país e pega algo de Alf, já sabe no que dá. Basta lembrar de Elis e Gal no dueto de Ilusão à toda no especial da baiana, anos 80.
Lamento muito a morte desse cara, pois as pérolas raras e iventivas da MPB estão partido aos poucos. Meu Deus o que vai ficando é sem comentários. E o pior é o que vem surgindo.

5 de março de 2010 às 14:13  
Anonymous Anônimo said...

Gênial Johnny Alf,quando teremos outro igual a ele?Pelo andar da carruagem,quando se faz música muitas vezes pensando na conta bancária, acho que nunca mais.

5 de março de 2010 às 14:42  
Anonymous Anônimo said...

Johnny Alf, um artista popular e refinado! Chic, muito chic...
Vi shows maravilhosos desse genial e discreto personagem da MPB.

5 de março de 2010 às 15:00  
Anonymous Anônimo said...

Também conheci a bela obra de Johnny Alf através da não menos bela interpretação de Simone para O que é Amar (que ela também gravou em espanhol - escutei um dia desses - e que ficou legal). Uma perda irreparável para um país com tradição musical tão refinada e hoje condenado a escutar axés, pagodes e sertanejos universitários que - infelizmente - não honram artistas do quilate de Alf...

5 de março de 2010 às 18:33  
Anonymous Anônimo said...

rapaz de bem é de 1953

5 de março de 2010 às 20:59  
Anonymous Anônimo said...

O q é amar na voz de Simone com Montarroyos é uma amostra da gde música de Alf. Pouco reconhecida, infelizmente. (2)

6 de março de 2010 às 15:16  
Anonymous Anônimo said...

Genialf, como dizia Tom Jobim!

8 de março de 2010 às 00:03  
Anonymous Anônimo said...

Rapaz de bem é gay? Não consigo fazer esta leitura.

9 de março de 2010 às 13:00  
Anonymous Anônimo said...

"Rapaz de Bem - de velado tom gay "....
Mauro, sinceramente isso é uma bobagem!
Nunca vi um crítico musical carioca comparecer a nenhum show do Johnny. Isso deve ter feito muita falta à voces.Perderam a oportunidade de assistir a um compositor magnífico, intérprete precioso, pianista idem.
Mas a internet está aí, dá tempo ainda de correr atras do prejuízo, assista, ouça, e deixe de lado essas interpretações sem fundamento sobre as letras do Johnny.

11 de março de 2010 às 03:31  

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