6 de março de 2010

'Gaiola das Loucas' prende atenção pelo humor

Resenha de Musical
Título: A Gaiola das Loucas
Texto: Harvey Fierstein (com base na peça original de
Jean Poiret)
Músicas e Letras: Jerry Herman

Versão Brasileira e Direção: Miguel Falabella
Elenco: Diogo Vilela, Miguel Falabella, Jorge Maya,
Sylvia Massari, Davi Guilherme, Gustavo Klein,
Carla Martelli, Mirna Rubim e outros
Foto: Jairo Goldflus
Cotação: * * * 1/2
Em cartaz no Teatro Oi Casa Grande - no Rio de Janeiro

A música não é o elemento principal da encenação de A Gaiola das Loucas que estreou esta semana no Teatro Oi Casa Grande, no Rio de Janeiro (RJ). Por mais que a montagem dirigida por Miguel Falabella seja baseada no musical de Harvey Fierstein que estreou na Broadway em 1983, e não no texto original da peça de Jean Poiret que debutou no palco em 1973 na França, o humor é o ingrediente que sustenta o musical e a atenção do público. Humor popular, enraizado nas tradições da chanchada brasileira. Prato cheio para que a dupla de atores protagonistas - Diogo Vilela e o próprio Miguel Falabella - deite e role nas tiradas da versão brasileira do texto. Craques e cúmplices em cena, os dois são secundados na arte de fazer graça por Jorge Maya, impagável na pele do mordomo Jacó - ou Clodine, como gosta de ser chamado.

Tanto Diogo quanto Miguel não são cantores. E, por mais que suas vozes estejam bem colocadas, os solos musicais da dupla não chegam a empolgar. Diogo quase chega lá em Eu Sou o que Sou - o tema mais conhecido do musical, propagado internacionalmente na voz de Gloria Gaynor sob o título original I Am What I Am - mas, vale ressaltar, até mesmo os bons números coletivos não conseguem contagiar o público com a mesma rapidez das tiradas. Diogo Vilela está hilário na pele de Albin, que, travestido, vira Zazá, a estrela do cabaré St. Tropez. Basta uma fala com a devida entonação para que o riso seja farto na plateia. Na pele de seu companheiro, Georges, Miguel Falabella também aproveita todas as possibilidades de seu texto, com o timing já experimentado em programas de humor como Sai de Baixo e Toma Lá, Dá Cá. Do vasto elenco, Sylvia Massari é quem tem a voz mais talhada para o canto. Contudo, Massari quase não tem chance de mostrar seus dotes vocais na pele de Jacqueline - ainda que sua episódica participação cresça no segundo ato. No fim das contas, a música pesa pouco na balança do musical A Gaiola das Loucas. A superprodução - capitaneada por Sandro Chaim - é luxuosa e envolve 25 atores e bailarinos, que se revezam nos 16 números musicais coreografados por Chet Walker. Alguns números são uma festa de luzes e cores. Mas a Gaiola prende mesmo a atenção pelo humor carregado de brasilidade que os dois atores protagonistas - em fina sintonia com Jorge Maya, sempre comunicativo na pele do mordomo - põem em suas personagens gays, sem ter medo de retratá-las com os tons caricaturais da velha chanchada nacional.

2 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

A música não é o elemento principal da encenação de A Gaiola das Loucas que estreou esta semana no Teatro Oi Casa Grande, no Rio de Janeiro (RJ). Por mais que a montagem dirigida por Miguel Falabella seja baseada no musical de Harvey Fierstein que estreou na Broadway em 1983, e não no texto original da peça de Jean Poiret que debutou no palco em 1973 na França, o humor é o ingrediente que sustenta o musical e a atenção do público. Humor popular, enraizado nas tradições da chanchada brasileira. Prato cheio para que a dupla de atores protagonistas - Diogo Vilela e o próprio Miguel Falabella - deite e role nas tiradas da versão brasileira do texto. Craques e cúmplices em cena, os dois são secundados na arte de fazer graça por Jorge Maya, impagável na pele do mordomo Jacó - ou Clodine, como gosta de ser chamado.

Tanto Diogo quanto Miguel não são cantores. E, por mais que suas vozes estejam bem colocadas, os solos musicais da dupla não chegam a empolgar. Diogo quase chega lá em Eu Sou o que Sou - o tema mais conhecido do musical, propagado internacionalmente na voz de Gloria Gaynor sob o título original I Am What I Am - mas, vale ressaltar, até mesmo os bons números coletivos não conseguem contagiar o público com a mesma rapidez das tiradas. Diogo Vilela está hilário na pele de Albin, que, travestido, vira Zazá, a estrela do cabaré St. Tropez. Basta uma fala com a devida entonação para que o riso seja farto na plateia. Na pele de seu companheiro, Georges, Miguel Falabella também aproveita todas as possibilidades de seu texto, com o timing já experimentado em programas de humor como Sai de Baixo e Toma Lá, Dá Cá. Do vasto elenco, Sylvia Massari é quem tem a voz mais talhada para o canto. Contudo, Massari quase não tem chance de mostrar seus dotes vocais na pele de Jacqueline - ainda que sua episódica participação cresça no segundo ato. No fim das contas, a música pesa pouco na balança do musical A Gaiola das Loucas. A superprodução - capitaneada por Sandro Chaim - é luxuosa e envolve 25 atores e bailarinos, que se revezam nos 16 números musicais coreografados por Chet Walker. Alguns números são uma festa de luzes e cores. Mas a Gaiola prende mesmo a atenção pelo humor carregado de brasilidade que os dois atores protagonistas - em fina sintonia com Jorge Maya, sempre comunicativo na pele do mordomo - põem em suas personagens gays, sem ter medo de retratá-las com os tons caricaturais da velha chanchada nacional.

6 de março de 2010 às 17:33  
Blogger Pedro Progresso said...

ê 2 que adoram se vestir de mulher, viu... rs

6 de março de 2010 às 20:57  

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