20 de dezembro de 2009

Montenegro eletrifica canto sem o clichê heavy

Resenha de CD / DVD
Título: Quebra-Cabeça
Elétrico
Artista: Oswaldo
Montenegro
Gravadora: RWR
/ Universal Music
Cotação: * * * 1/2

Tal qual um "porta-voz da incoerência", como ele se autodefine ao cantar verso (coerente) de Agalopado (Alceu Valença), Oswaldo Montenegro - o menestrel cuja obra evoca um certo clima medieval - assume o papel de cantador à moda nordestina na abertura deste rascante Quebra-Cabeça Elétrico, registro ao vivo do show captado em 3 e 4 de abril de 2009 na casa Citibank Hall de São Paulo (SP). A eletricidade vem das guitarras pilotadas por Alexandre Meu Rei e pelo próprio Montenegro. Mas não somente delas. Trinta anos depois de ganhar projeção nacional ao defender Bandolins em festival da extinta TV Tupi, em 1979, a voz de Montenegro ainda soa amplificada por salutar inquietude, um certo temperamento elétrico que (ainda) parece mover o controvertido artista. "Canto somente o que pede para se cantar", avisa em Muito Romântico, número suave de um roteiro que, em sua primeira parte, prioriza músicas de compositores nordestinos como Belchior (A Palo Seco e Na Hora do Almoço), Ednardo (Pavão Mysteriozo, em voo até baixo diante da amplitude do tema) e, sobretudo, Alceu Valença (Agalopado, Na Primeira Manhã e a pouco ouvida A Moça e o Povo, lançada pelo autor em 1980 no álbum Coração Bobo). Destas músicas, A Palo Seco soa especialmente ajustada ao canto árido do menestrel. A cargo de Montenegro, os arranjos valorizam as regravações com peso que renova a pulsação de temas como Deus lhe Pague (Chico Buarque) e Vapor Barato (Jards Macalé e Waly Salomão) - dois ótimos números que figuram tanto no CD quanto no DVD editados pelo selo RWR, do diretor Roberto de Oliveira. Mas Montenegro não segue o clichê heavy. Silêncios e acordes econômicos valorizam tensões contidas em versos como os de Sinal Fechado (Paulinho da Viola). No todo, o show, captado em DVD com direção requintada de André Wainer, se impõe como trabalho de peso na discografia irregular de Oswaldo Montenegro, porta-voz em Quebra-Cabeça Elétrico da coerência que pauta texto e subtexto da maioria das 20 músicas do show do cantador.

4 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Tal qual um "porta-voz da incoerência", como ele se autodefine ao cantar verso (coerente) de Agalopado (Alceu Valença), Oswaldo Montenegro - o menestrel cuja obra evoca um certo clima medieval - assume o papel de cantador à moda nordestina na abertura deste rascante Quebra-Cabeça Elétrico, registro ao vivo do show captado em 3 e 4 de abril de 2009 na casa Citibank Hall de São Paulo (SP). A eletricidade vem das guitarras pilotadas por Alexandre Meu Rei e pelo próprio Montenegro. Mas não somente delas. Trinta anos depois de ganhar projeção nacional ao defender Bandolins em festival da extinta TV Tupi, em 1979, a voz de Montenegro ainda soa amplificada por salutar inquietude, um certo temperamento elétrico que (ainda) parece mover o controvertido artista. "Canto somente o que pede para se cantar", avisa em Muito Romântico, número suave de um roteiro que, em sua primeira parte, prioriza músicas de compositores nordestinos como Belchior (A Palo Seco e Na Hora do Almoço), Ednardo (Pavão Mysteriozo, em voo até baixo diante da amplitude do tema) e, sobretudo, Alceu Valença (Agalopado, Na Primeira Manhã e a pouco ouvida A Moça e o Povo, lançada pelo autor em 1980 no álbum Coração Bobo). Destas músicas, A Palo Seco soa especialmente ajustada ao canto árido do menestrel. A cargo de Montenegro, os arranjos valorizam as regravações com peso que renova a pulsação de temas como Deus lhe Pague (Chico Buarque) e Vapor Barato (Jards Macalé e Waly Salomão) - dois ótimos números que figuram tanto no CD quanto no DVD editados pelo selo RWR, do diretor Roberto de Oliveira. Mas Montenegro não segue o clichê heavy. Silêncios e acordes econômicos valorizam tensões contidas em versos como os de Sinal Fechado (Paulinho da Viola). No todo, o show, captado em DVD com direção requintada de André Wainer, se impõe como trabalho de peso na discografia irregular de Oswaldo Montenegro, porta-voz em Quebra-Cabeça Elétrico da coerência que pauta texto e subtexto da maioria das 20 músicas do show do cantador.

20 de dezembro de 2009 às 12:29  
Blogger Cássia said...

Muitos o acham chato, mas eu gosto, confesso!

22 de dezembro de 2009 às 09:51  
Anonymous Anônimo said...

Emanuel Andrade

Mauro, Bandolins foi defendida no festival MPB 80, na Rede Globo, quando a casa se preocupava com boa música e dava espaço aos bons artistas. Mas Osvaldo é muito, chata é muita coisa ridícula que rola atualmente no cenário da MPB! Se for listar não vai sobrar espaço.

23 de dezembro de 2009 às 00:35  
Blogger Cássia said...

Anônimo de 23 de dezembro de 2009 às 00:35: a música que o Oswaldo Montenegro defendeu (e ganhou!) no festival MPB-80 foi "Agonia". “Bandolins” foi no Festival 79 de Música Popular da TV Tupi.

24 de dezembro de 2009 às 15:12  

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