25 de dezembro de 2009

Boas intenções não salvam CD natalino de Dylan

Resenha de CD
Título: Christmas in the Heart
Artista: Bob Dylan
Gravadora: Sony Music
Cotação: * * 1/2

É compreensível que o (curioso) primeiro álbum natalino de Bob Dylan - lançado nos Estados Unidos em 13 de outubro de 2009 - não tenha sido editado no Brasil pela gravadora Sony Music. Para quem vem de uma série de discos inspirados (ainda que o recente Together Through Life não reedite o brilhantismo dos três anteriores), Christmas in the Heart é triste decepção. Sim, ninguém espera ou cobra de Dylan virtuosismos vocais ao estilo de cantores como o tenor Andrea Bocelli, que vem ocupando posições de destaque nas paradas mundiais com o seu recém-lançado CD My Christmas. Contudo, o canto fanhoso de Dylan chega a constranger ao abordar temas como Here Come Santa Claus e I'll Be Home for Christmas. O afinado coro ouvido em Hark the Herald Angels Sing, por exemplo, acentua a inabilidade do artista na interpretação dos 15 temas selecionados por Dylan com dose farta de surpresa. Justiça seja feita: há acertos. Must Be Santa - com seu clima de festa folclórica - é um deles. Dylan parece estar mais à vontade na faixa. O sotaque havaiano de Christmas Island é outro toque interessante de um disco que agrega o acordeom de David Hidalgo (do grupo Los Lobos) em algumas faixas. É fato também que, dentro desses registros pautados pela imperfeição vocal, há os genuínos sentimentos do artista. O próprio caráter beneficente do álbum - destinado a amenizar a fome de famílias dos Estados Unidos - é prova das boas intenções do compositor. Tal nobreza, no entanto, não dilui a incômoda sensação que paira ao fim do CD, encerrado com O' Little Town of Bethlehem e quase risível em vários momentos. Afinal de contas, de boas intenções...

4 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

É compreensível que o (curioso) primeiro álbum natalino de Bob Dylan - lançado nos Estados Unidos em 13 de outubro de 2009 - não tenha sido editado no Brasil pela gravadora Sony Music. Para quem vem de uma série de discos inspirados (ainda que o recente Together Through Life não reedite o brilhantismo dos três anteriores), Christmas in the Heart é triste decepção. Sim, ninguém espera ou cobra de Dylan virtuosismos vocais ao estilo de cantores como o tenor Andrea Bocelli, que vem ocupando posições de destaque nas paradas mundiais com o seu recém-lançado CD My Christmas. Contudo, o canto fanhoso de Dylan chega a constranger ao abordar temas como Here Come Santa Claus e I'll Be Home for Christmas. O afinado coro ouvido em Hark the Herald Angels Sing, por exemplo, acentua a inabilidade do artista na interpretação dos 15 temas selecionados por Dylan com dose farta de surpresa. Justiça seja feita: há acertos. Must Be Santa - com seu clima de festa folclórica - é um deles. Dylan parece estar mais à vontade na faixa. O sotaque havaiano de Christmas Island é outro toque interessante de um disco que agrega o acordeom de David Hidalgo (do grupo Los Lobos) em algumas faixas. É fato também que, dentro desses registros pautados pela imperfeição vocal, há os genuínos sentimentos do artista. O próprio caráter beneficente do álbum - destinado a amenizar a fome de famílias dos Estados Unidos - é prova das boas intenções do compositor. Tal nobreza, no entanto, não dilui a incômoda sensação que paira ao fim do CD, encerrado com O' Little Town of Bethlehem e quase risível em vários momentos. Afinal de contas, de boas intenções...

25 de dezembro de 2009 às 12:52  
Anonymous Renata said...

O Cd foi lançado no Brasil sim e está sendo vendido com exclusividade na Livraria Cultura: http://www.livrariacultura.com.br/scripts/banners/pag_especiais/2009/christmas_heart.asp
É o Cd mais vendido do site!

25 de dezembro de 2009 às 15:55  
Blogger Flávio Voight said...

Toda vez que o Dylan escorrega pra alguma coisa mais sentimental/religiosa o resultado é capenga. Prefiro o Dylan azedo ao Dylan doce.

Mauro, você chegou a ouvir o Midwinter Graces, da Tori Amos? Esse ano foi moda artistas inesperados lançarem álbum de natal, mas o dela foi o único que eu gostei. Arranjos lindos, um tom mais reflexivo, menos clichê.

25 de dezembro de 2009 às 17:16  
Anonymous Anônimo said...

O problema é quando se faz a crítica deste álbum como se fosse um álbum do Dylan. É preciso conhecer muita mais o humor do homem, e perceber que isto é apenas mais um exemplo de algo que ele sempre fez, as vezes para irritar mesmo (irritar com um álbum beneficiente e, mesmo assim, vender bem, é puro Dylan).

Agora, se a crítica do álbum for feito em comparação com álbuns de Natal... até que o disco é bom. Mil vezes melhor do que o da Simone, por exemplo, e melhor do que muitos do Johnnny Cash (que, eu acho lançou três).

26 de dezembro de 2009 às 10:33  

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