Martinho se perde no exotismo de CD viajante
Resenha de CD
Título: Martinho da Vila
do Brasil e do Mundo
Artista: Martinho da Vila
Gravadora: MZA Music
Cotação: * *
No medley que encerra seu CD Martinho da Vila do Brasil e do Mundo, o cantor liga o Rio Grande do Sul com Minas Gerais através da junção de Candongueiro (hit de Clara Nunes em 1978) com o belo samba-enredo Glórias Gaúchas, de sua autoria. A audição deste antigo samba-enredo sinaliza a distância entre o compositor habitualmente inspirado e o autor esmaecido que se perde na rota exótica de álbum de ambições planetárias. É como se Martinho da Vila ampliasse a viagem de Conexões (2003) e Brasilatinidade (2005), só que sem a inspiração exibida, por exemplo, no CD de 2005 e - sobretudo!!! - nos discos dos anos 70.
Ao ampliar a rota de sua viagem, o compositor envereda por frevo (no medley com De Volta ao Chantecler, Perseguidor e Violação), requisita Negra Li para reunir samba e rap em O Amor da Gente, requisita o baticuam afro-baiano do Ilê Aiyê (Te Encontro no Ilê, com a adesão de Margareth Menezes) e morre na praia do reggae com Cidade Negra em Nossos Constrastes. Nenhuma gravação soa especialmente bonita ou sedutora. Só que as piores escalas são as que unem Martinho a convidados internacionais para reforçar o caráter planetário do CD. O roqueiro argentino Fito Paez declama em espanhol os versos do samba-enredo Por Ti, América sem que interaja - de fato - com o anfitrião. Diva franco-americana do jazz, Madeleine Peyroux chega até a constranger em Madeleine, I Love You – adaptação de Madalena do Jucu em ritmo lento que altera a pulsação contagiante da música, lançada por Martinho em 1989.
A viagem de Martinho soa bem mais bacana quando ele embarca sozinho. Vou Viajar abre e sintetiza o conceito do trabalho. Entre o romantismo de Nos Amamos, a levada afro da música angolana Calumba e a batida de congo capixaba ouvida em Ó, que Banzo, Preta, Martinho ainda encontra espaço para escalas em Portugal (na Marcha de São Vicente) e no Rio (numa versão suingante do samba-canção Copacabana, de Braguinha). Mas paira a sensação de que o artista erra ao tentar soar internacional. Mesmo porque, dentro de sua Vila, ele sempre construiu obra de beleza universal.
Título: Martinho da Vila
do Brasil e do Mundo
Artista: Martinho da Vila
Gravadora: MZA Music
Cotação: * *
No medley que encerra seu CD Martinho da Vila do Brasil e do Mundo, o cantor liga o Rio Grande do Sul com Minas Gerais através da junção de Candongueiro (hit de Clara Nunes em 1978) com o belo samba-enredo Glórias Gaúchas, de sua autoria. A audição deste antigo samba-enredo sinaliza a distância entre o compositor habitualmente inspirado e o autor esmaecido que se perde na rota exótica de álbum de ambições planetárias. É como se Martinho da Vila ampliasse a viagem de Conexões (2003) e Brasilatinidade (2005), só que sem a inspiração exibida, por exemplo, no CD de 2005 e - sobretudo!!! - nos discos dos anos 70.
Ao ampliar a rota de sua viagem, o compositor envereda por frevo (no medley com De Volta ao Chantecler, Perseguidor e Violação), requisita Negra Li para reunir samba e rap em O Amor da Gente, requisita o baticuam afro-baiano do Ilê Aiyê (Te Encontro no Ilê, com a adesão de Margareth Menezes) e morre na praia do reggae com Cidade Negra em Nossos Constrastes. Nenhuma gravação soa especialmente bonita ou sedutora. Só que as piores escalas são as que unem Martinho a convidados internacionais para reforçar o caráter planetário do CD. O roqueiro argentino Fito Paez declama em espanhol os versos do samba-enredo Por Ti, América sem que interaja - de fato - com o anfitrião. Diva franco-americana do jazz, Madeleine Peyroux chega até a constranger em Madeleine, I Love You – adaptação de Madalena do Jucu em ritmo lento que altera a pulsação contagiante da música, lançada por Martinho em 1989.
A viagem de Martinho soa bem mais bacana quando ele embarca sozinho. Vou Viajar abre e sintetiza o conceito do trabalho. Entre o romantismo de Nos Amamos, a levada afro da música angolana Calumba e a batida de congo capixaba ouvida em Ó, que Banzo, Preta, Martinho ainda encontra espaço para escalas em Portugal (na Marcha de São Vicente) e no Rio (numa versão suingante do samba-canção Copacabana, de Braguinha). Mas paira a sensação de que o artista erra ao tentar soar internacional. Mesmo porque, dentro de sua Vila, ele sempre construiu obra de beleza universal.
15 Comments:
martinho precisa se reencontrar com Rildo Hora.
O pior é que Martnália tá sempre na cola e conseguirá num futuro próximo apresentar mais uma versão piorada do estilo 'low profile carioca suingue' do dad.
A boca mole e aquele jeitinho arfante de cantar dão nos nervos. Depois de uma canção, a vontade é de zunir o disco pela janela.
Martinho se perdeu faz tempo e tô achando difícil o reencontro.
Alguns artistas não podem ser elogiados que acabam se achando o tal, e aí dá no que deu.
Um pouco de humildade faria muito bem à ele.
A única coisa dele que me agrada relativamente recente e mal divulgada é o belíssimo cd café com leite onde Simone magistralmente o homenageia.
Por onde anda o nosso sambista do blog?
esse se perdeu mesmo... pq ele não começa a fezer um regaste da obra de ismael silva, assis valente, etc
já começa pela capa ridícula
já começa pela capa ridícula
Eu gosto de todos os convidados de Martinho nesse album mas me parece que de uns tempos pra cá o que ele menos quer, é ser 'da Vila '.
Acho que Martinho já teve seu tempo, prefiro falar de outra criação sua "Martinália"...
CD produzido por Bethânia, música de Ana Carolina, até aí tudo bem, receita para o sucesso, já temos tantos outros que nem me incomodam mais...
Mas será que alguém poderia me dizer quem inventou aquela coreografia rídicula tipo boquinha da garrafa que ela aprsentou em paraíso tropical...
Coisa estranha, Deus me livre...
Comprei o cd do Martinho na semana passada. Não gostei do resultado, com exceção das seguintes gravações:
1) Vou viajar - boa composição do Martinho em parceria com Arlindo Cruz;
2) Copacabana - de Braguinha, Martinho mostra toda a sua ginga em uma interpretação malemolente;
3) Por ti América - samba-enredo em parceria com Luiz Carlos da Vila que perdeu a disputa para o carnaval de 2006, pivô da briga do cantor/compositor com a escola. Belo samba, aquém de outras pérolas vencedoras pelo cantor na escola, porém não diminui a qualidade. Não gostei do discurso chato do hermano; e
4) Glórias Gaúchas e Candongueiro - Samba-enredo da Vila Isabel para o carnaval de 1970 + o samba de Wilson Moreira e Nei Lopes imortalizado na voz de Clara Nunes no lp Guerreira de 1978 - SÓ ESSA FAIXA JÁ VALE PELO CD.
O resto joga fora. Se a intenção do cantor é adquirir mais um Grammy Latino está no caminho certo. Interpretações equivocadas de participações nada especiais. Até Toni Garrido que é um cara que eu me amarro e respeito muito decepcionou. Conseguiram a proeza de destruir um samba lindo de Nélson Sargento. Negra Li ou Lee, não curto o seu som, e confesso que no Prêmio Tim (eu acabei vendo) me surpreendi no dueto com Elton Medeiros em Acender a Vela, mas já torci novamente o nariz para ela. Uma droga de gravação. E a regravação equivocada de Madalena do Jucu, do lp Canto das Lavadeiras(só está faltando cantar em mandarim agora). No mais, eu espero que a Alcione salve a pátria ou repense a sua lista de convidados especiais, pois o Martinho e sua turma decepcionaram. Abraços e qualquer hora escrevo novamente,
ASS: O SEGREGADOR
PS.: Na hora de atirar pedras isso aqui enche. Quem sabe não dou ibope novamente. Cadê as assumidades e futuristas (já que eu sou o purista) que não descreveram uma só linha sobre o grande Mauro Duarte? Talvez estejam escutando as suas meias dúzias de disquinhos do Harmonia do Samba, Negritude Jr, Só preto sem preconceito,... É por essas e outras que por enquanto tô dando um tempo! Só tem top de linha.
Mauro em breve estou te mandando um e-mail que o caro amigo Denilson fez a gentileza de me informar o endereço.Os outros amigos do blog ainda não conseguimos teclar, espero que seja em breve. Um abraço.
Além de Paula Toller e Vanessa da Mata, Martinho entrou nessa idéia de duetos internacionais ?
As pessoas não falam sobre Mauro Duarte pq simplesmente desconhecem. Na era do ctrl c e ctrl v não duvido nada que colem aqui.
Os discos de martinho estão voltados para sua carreira internacional em portugal e nos outros países
colonizados por portugal. Aqui no Brasil fica restrito a participações. Com troca de gravadora e produtor desde e o cd "Conexôes" seus antigos sucessos ficaram ofuscados e enjoativos.
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