19 de setembro de 2008

Caixa de Cazuza embala exageros de um ícone

Resenha de caixa de CDs
Título: Cazuza
Artista: Cazuza
Gravadora: Universal Music
Cotação: * * * *

Cazuza - a caixa que reembala a obra solo de Cazuza (1958 - 1990) em seis CDs e um DVD - leva vantagem sobre o box semelhante editado em 1996 pela PolyGram, companhia encampada pela Universal Music, a gravadora que põe nas lojas a atual caixa. Primeiro, pela qualidade superior da remasterização. Segundo, pelo respeito à arte gráfica dos seis álbuns originais. Lançados entre 1985 e 1991, esses seis álbuns traçam a evolução de uma obra singular que permanece como um dos símbolos máximos da década de 80. Cazuza (1985) - álbum grafado erroneamente como Exagerado na caixa anterior - flagra o cantor imerso em rock ora pop (Exagerado, Mal Nenhum), ora visceral (Rock da Descerebração). Sem falar na balada Codinome Beija-Flor, embalada em arranjo pausterizado, à moda da época. Como o repertório do álbum Cazuza foi formado com músicas pensadas inicialmente para o quarto álbum do Barão Vermelho, foi somente no disco posterior, Só se For a Dois (1987), que Cazuza começou a mostrar a real cara de seu trabalho individual. Este álbum tem tonalidade romântica que oscila entre o rock, o blues e as baladas. O hit radiofônico foi a faixa mais pop, O Nosso Amor a Gente Inventa (Estória Romântica). Mal sabia que Cazuza que ele iria ver a cara da morte logo em seguida ao lançamento de Só se For a Dois ao se descobrir portador do vírus HIV. Mas a morte estava viva e Cazuza - amadurecido à força pela luta contra a Aids - teria forças para achar o ponto exato da mistura entre rock e MPB na sua obra-prima Ideologia (1988), o disco de Boas Novas, Brasil, Blues da Piedade, Um Trem para as Estrelas, Faz Parte do meu Show, Vida Fácil e Minha Flor, meu Bebê - além da emblemática música-título, Ideologia, retrato sem retoques das (des)ilusões da geração 80. O Tempo Não Pára (1989) foi o registro ao vivo desse momento de maturidade precoce e preparou o terreno para o duplo Burguesia (1989), espécie de testamento do poeta. Irregular, excessivo, exagerado - como Cazuza, aliás - mas pungente. Já Por Aí (1991) foi a raspa mercantilista do baú de um artista que marcou sua geração com seus rasgos exagerados de poesia e lucidez - reunidos nesta caixa.

5 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Cazuza - a caixa que reembala a obra solo de Cazuza (1958 - 1990) em seis CDs e um DVD - leva vantagem sobre o box semelhante editado em 1996 pela PolyGram, companhia encampada pela Universal Music, a gravadora que põe nas lojas a atual caixa. Primeiro, pela qualidade superior da remasterização. Segundo, pelo respeito à arte gráfica dos seis álbuns originais. Lançados entre 1985 e 1991, esses seis álbuns traçam a evolução de uma obra singular que permanece como um dos símbolos máximos da década de 80. Cazuza (1985) - álbum grafado erroneamente como Exagerado na caixa anterior - flagra o cantor imerso em rock ora pop (Exagerado, Mal Nenhum), ora visceral (Rock da Descerebração). Sem falar na balada Codinome Beija-Flor, embalada em arranjo pausterizado, à moda da época. Como o repertório do álbum Cazuza foi formado com músicas pensadas inicialmente para o quarto álbum do Barão Vermelho, foi somente no disco posterior, Só se For a Dois (1987), que Cazuza começou a mostrar a real cara de seu trabalho individual. Este álbum tem tonalidade romântica que oscila entre o rock, o blues e as baladas. O hit radiofônico foi a faixa mais pop, O Nosso Amor a Gente Inventa (Estória Romântica). Mal sabia que Cazuza que ele iria ver a cara da morte logo em seguida ao lançamento de Só se For a Dois ao se descobrir portador do vírus HIV. Mas a morte estava viva e Cazuza - amadurecido à força pela luta contra a Aids - teria forças para achar o ponto exato da mistura entre rock e MPB na sua obra-prima Ideologia (1988), o disco de Boas Novas, Brasil, Blues da Piedade, Um Trem para as Estrelas, Faz Parte do meu Show, Vida Fácil e Minha Flor, meu Bebê - além da emblemática música-título, Ideologia, retrato sem retoques das (des)ilusões da geração 80. O Tempo Não Pára (1989) foi o registro ao vivo desse momento de maturidade precoce e preparou o terreno para o duplo Burguesia (1989), espécie de testamento do poeta. Irregular, excessivo, exagerado - como Cazuza, aliás - mas pungente. Já Por Aí (1991) foi a raspa mercantilista do baú de um artista que marcou sua geração com seus rasgos exagerados de poesia e lucidez - reunidos nesta caixa.

19 de setembro de 2008 às 00:08  
Anonymous Anônimo said...

Pela resenha, parece que a Universal seguiu a máxima "Se vai fazer, faz direito" na feitura da caixa de Caju. Tomara que tenham sido corrigidos coisinhas que fazem falta, como a ausência de fichas técnicas dos músicos em "Ideologia".

Não terá feito mais do que a obrigação. E isso será mérito.

Felipe dos Santos Souza

19 de setembro de 2008 às 21:38  
Anonymous Anônimo said...

Essa caixa merecia os álbuns serem relançados c/bônus-track mas a gravadora repete o que fez nos relançamentos dos Mutantes e só recoloca os álbuns nas lojas

20 de setembro de 2008 às 19:36  
Anonymous Anônimo said...

Beleza Mauro, Cazuza é show. E por falar em caixa, vc sabe alguma coisa a respeito das caixas 3 e 4 do Caetano Veloso?
Abraço

21 de setembro de 2008 às 00:43  
Anonymous Anônimo said...

As fichas técnicas desses CDs estão completíssimas. Eu sei, pq fui eu que digitei e diagramei.

21 de setembro de 2008 às 02:49  

Postar um comentário

<< Home