Graça da mistura das 'meninas' gera lindo show
Resenha de show
Título: Três Meninas do Brasil
Artista: Jussara Silveira, Rita Ribeiro e Teresa Cristina
Local: Teatro Nelson Rodrigues (RJ)
Data: 15 de dezembro de 2007
Cotação: * * * * 1/2
Parafraseando os versos de Meninas do Brasil (1980), parceria de Moraes Moreira e Fausto Nilo que inspirou o título do show que reúne Jussara Silveira, Rita Ribeiro e Teresa Cristina, a graça da mistura de três cantoras de universos e estilos distintos gerou um dos melhores espetáculos de 2007. Com leveza e marcações bem teatrais, as três artistas abriram seus corações democratas para mostrar toda a diversidade do bazar musical brasileiro em show que ainda vai passar por Brasília (DF) e provavelmente continuar sua carreira ao longo de 2008. A expectativa - alta - foi cumprida.
A mistura de vozes resultou harmoniosa. Rita é a mais expansiva. Teresa é a mais tímida. Já Jussara - que até demorou a se soltar na segunda das duas apresentações cariocas do show - se situa num meio termo entre as colegas. Mas as três estão bem entrosadas no palco, revezando-se em solos, duetos e trios. Os números em trio que abrem o show - Meninas do Brasil, Menina Amanhã de Manhã (Tom Zé), Seo Zé (Carlinhos Brown) e a bela Mulher Nova Bonita e Carinhosa Faz o Homem Gemer sem Sentir Dor (Zé Ramalho) - já dão a pista do acerto do repertório, muito calcado na mulher e em temas femininos. Na releitura da música de Zé Ramalho, primeiro grande momento do espetáculo, o violão do diretor musical Jaime Alem adquire sotaque nordestino. A música ganhou outro clima...
À medida que o roteiro vai avançando, as meninas ficam bem mais descontraídas e o show seduz ainda mais. Rita e Teresa ensaiaram até diálogos improvisados no espirituoso samba Na Cabecinha da Dora, do maranhense Antônio Vieira. Com Jussara, Teresa revive Para Ver as Meninas, de Paulinho da Viola. Maiúsculo, de Sérgio Sampaio, é o primeiro bom solo de Rita (detalhe: as duas cadeiras dispostas nas extremidades do bonito palco acomodam as artistas quando elas não estão cantando). Em seguida, Teresa encara Nu com a Minha Música (Caetano Veloso) sem parecer totalmente à vontade na complexidade do tema do velho baiano. Por sua vez, Jussara apresenta sozinha Ludo Real (de Chico Buarque e Vinicius Cantuária), já mostrando a segurança que não aparecera no início.
Especial momento é Divino, parceria de Rita com Zeca Baleiro. É Teresa quem faz a primeira voz. Rita toca tambor e faz a segunda voz. Ao fundo, Jussara exibe uma terceira voz. O número ratifica que a reunião das cantoras, como Rita diz em cena, é um encontro de afinidades. Na seqüência, vem mais solos. Rita revive a pérola dos 70 Impossível Acreditar que Perdi Você, de Márcio Greyck. Jussara recorda A Dama do Cassino, a música que Caetano Veloso deu para Ney Matogrosso (e que ela tornou sua). Teresa apresenta Cantar, belo samba autoral de seu (grande) quarto CD, Delicada.
As três meninas parecem saber que cantar é vestir-se com a voz que se tem - como diz o verso lapidar do samba de Teresa. Daí o entrosamento das cantoras. O dueto de Jussara e Teresa em Lá Vem a Baiana - com direito a uma mise-en-scène de Jussara, que chega a deitar no palco - exemplifica o clima envolvente do show. Que termina com as três novamente juntas para apresentar uma seqüência matadora que emenda Pôxa (samba de Gilson de Souza, hit popular dos anos 70), Chula Cortada (de Roque Ferreira - em clima de samba de roda, com a platéia marcando o ritmo na palma da mão) e os forrós Isso Aqui Tá Bom Demais (clássico infalível de Dominguinhos) e Homem de Saia. Esta pérola do Trio Nordestino adquire malícia e sentido todo especiais nas vozes das cantoras. Que encerram o show - o bis é dado com ponto afro - com Minha Tribo Sou Eu, de Zeca Baleiro. No todo, em que pese uma ou outra entrada errada (as marcações são muitas e às vezes as cantoras se confundem), Três Meninas do Brasil é um show delicioso que merece fazer longa turnê nacional e ganhar registro em CD e DVD.
Título: Três Meninas do Brasil
Artista: Jussara Silveira, Rita Ribeiro e Teresa Cristina
Local: Teatro Nelson Rodrigues (RJ)
Data: 15 de dezembro de 2007
Cotação: * * * * 1/2
Parafraseando os versos de Meninas do Brasil (1980), parceria de Moraes Moreira e Fausto Nilo que inspirou o título do show que reúne Jussara Silveira, Rita Ribeiro e Teresa Cristina, a graça da mistura de três cantoras de universos e estilos distintos gerou um dos melhores espetáculos de 2007. Com leveza e marcações bem teatrais, as três artistas abriram seus corações democratas para mostrar toda a diversidade do bazar musical brasileiro em show que ainda vai passar por Brasília (DF) e provavelmente continuar sua carreira ao longo de 2008. A expectativa - alta - foi cumprida.
A mistura de vozes resultou harmoniosa. Rita é a mais expansiva. Teresa é a mais tímida. Já Jussara - que até demorou a se soltar na segunda das duas apresentações cariocas do show - se situa num meio termo entre as colegas. Mas as três estão bem entrosadas no palco, revezando-se em solos, duetos e trios. Os números em trio que abrem o show - Meninas do Brasil, Menina Amanhã de Manhã (Tom Zé), Seo Zé (Carlinhos Brown) e a bela Mulher Nova Bonita e Carinhosa Faz o Homem Gemer sem Sentir Dor (Zé Ramalho) - já dão a pista do acerto do repertório, muito calcado na mulher e em temas femininos. Na releitura da música de Zé Ramalho, primeiro grande momento do espetáculo, o violão do diretor musical Jaime Alem adquire sotaque nordestino. A música ganhou outro clima...
À medida que o roteiro vai avançando, as meninas ficam bem mais descontraídas e o show seduz ainda mais. Rita e Teresa ensaiaram até diálogos improvisados no espirituoso samba Na Cabecinha da Dora, do maranhense Antônio Vieira. Com Jussara, Teresa revive Para Ver as Meninas, de Paulinho da Viola. Maiúsculo, de Sérgio Sampaio, é o primeiro bom solo de Rita (detalhe: as duas cadeiras dispostas nas extremidades do bonito palco acomodam as artistas quando elas não estão cantando). Em seguida, Teresa encara Nu com a Minha Música (Caetano Veloso) sem parecer totalmente à vontade na complexidade do tema do velho baiano. Por sua vez, Jussara apresenta sozinha Ludo Real (de Chico Buarque e Vinicius Cantuária), já mostrando a segurança que não aparecera no início.
Especial momento é Divino, parceria de Rita com Zeca Baleiro. É Teresa quem faz a primeira voz. Rita toca tambor e faz a segunda voz. Ao fundo, Jussara exibe uma terceira voz. O número ratifica que a reunião das cantoras, como Rita diz em cena, é um encontro de afinidades. Na seqüência, vem mais solos. Rita revive a pérola dos 70 Impossível Acreditar que Perdi Você, de Márcio Greyck. Jussara recorda A Dama do Cassino, a música que Caetano Veloso deu para Ney Matogrosso (e que ela tornou sua). Teresa apresenta Cantar, belo samba autoral de seu (grande) quarto CD, Delicada.
As três meninas parecem saber que cantar é vestir-se com a voz que se tem - como diz o verso lapidar do samba de Teresa. Daí o entrosamento das cantoras. O dueto de Jussara e Teresa em Lá Vem a Baiana - com direito a uma mise-en-scène de Jussara, que chega a deitar no palco - exemplifica o clima envolvente do show. Que termina com as três novamente juntas para apresentar uma seqüência matadora que emenda Pôxa (samba de Gilson de Souza, hit popular dos anos 70), Chula Cortada (de Roque Ferreira - em clima de samba de roda, com a platéia marcando o ritmo na palma da mão) e os forrós Isso Aqui Tá Bom Demais (clássico infalível de Dominguinhos) e Homem de Saia. Esta pérola do Trio Nordestino adquire malícia e sentido todo especiais nas vozes das cantoras. Que encerram o show - o bis é dado com ponto afro - com Minha Tribo Sou Eu, de Zeca Baleiro. No todo, em que pese uma ou outra entrada errada (as marcações são muitas e às vezes as cantoras se confundem), Três Meninas do Brasil é um show delicioso que merece fazer longa turnê nacional e ganhar registro em CD e DVD.
19 Comments:
Juliana disse...
Obrigada pela resenha, Mauro. Vou ficar de olho.
Sou muito fã da Teresa e admiro a Jussara como artista, embora não goste muito de sua voz. Do pouco que eu conheço, acho a Rita Ribeiro uma chata, mas esse show merece uma conferida. Tomara que venha para São Paulo...
Alexsandro.
Que bom Mauro que vc foi ver esse lindo e singelo show- UM ESPETÀCULO DE TALENTO E ENTROSAMENTO, LINDO, LINDO!!!!!!!!!!
O show todo é perfeito, mas gostaria destacar:" Mulher Nova , Bonita e Carinhosa ,Faz o Homen Gemer Sem Sentir Dor"- que grande cantora é Rita Ribeiro, mas Jussara e Teresa tbm mandam muito BEM; " Na Cabecinha da Dora ", com Teresa e Rita- muito bom Rita tentando e até conseguindo deixar Teresa mais solta; Rita na música do Sérgio Sampaio- perfeita; as três no forró do Trio Nordestino- um desbunde!!!!!e Teresa e Rita em Divino- de arrepiar!!!!!!!!!
E a música do João Penca e seus Miquinhos Amestrados que disseram que elas cantam? Não houve?
Mauro, valeu pela resenha. Fiquei com água na boca e o cd/dvd, vai rolar? Quem é o diretor do show?
Nivaldo
Desde já torço para que vire dvd. Abraços,
Marcelo Barbosa - Brasília (DF)
Quando será aqui Mauro?
Quem foi que disse que elas iam cantar musica do Joao Penca e seus Miquinhos Amestrados? seria pagar mico, nao acham?
O trabalho é primoroso, Rita se destaca até quando não está cantando. Melhor musica: Mulher Nova Bonita e Carinhosa...
Jussara tem que ficar mais atenta pois esquece a letra toda hora.
Teresa tem que se vestir melhor.
Ô que vontade de ver esse show,tomara que venha logo a São Paulo e que seja no Teatro Fecap.
Mauro,
Concordo com você: uma delícia de show que pre-ci-sa ser gravado! Saí de alma lavada, ainda mais que essa semana parece que foi da Rita Ribeiro, com sua última apresentação de Tecnomacumba no Canecão, com a platéia dando um show à parte! Talvez uma das melhores apresentações desse show inesquecível! Três dias depois, presencio esse encontro fantástico dessas três vozes femininas que juntas emocionam! Jussara, uma voz doce, com uma pitada de Gal; Teresa, arrasando no samba; e Rita Ribeiro, sem sombra de dúvida, uma das melhores artistas do cenário musical do País atualmente!
DVD urgente!
Não vi mas imagino.
As três são boas e Rita tem uma voz que levanta até defunto, quanto mais a Jussara Silveira.
Só Jussara se salva aí!
Amelinha lançou a música "Mulher nova bonita e carinhosa" no seriado igualmente impactante "Lampião e Maria Bonita" da Rede Globo. Ela Tinha um repertório tão bom, cantava 'galopes' e 'martelos' como ninguém (gêneros difíceis ao intérprete).
Pena q hoje é uma cantora esquecida pela mídia. De fato não apenas ela, mas todo aquele brilho dos 'nordestinos' que surgiram trazendo a linguagem trovadoresca dos cantadores e a influência Ibérica à MPB dos fins dos anos 70.
a MPB já foi mais criativa e havia espaço para as diversidades.
Não vi o show e já gostei.
Nem criarei expectativas pois dificilmente chegará em Santa Catarina esse show. O jeito é esperar o CD/DVD !
Mauro falou bem, A Dama do Cassino, a música que Caetano Veloso deu para Ney Matogrosso (e que Jussara tornou sua).
Ouvi Jussara cantando essa música já valeria todo o show
Abraços
Diogo Santos
Que bom, estão voltando os shows em teatro! Fui assistir o show da Clara Becker no Rio e foi maravilhoso. Clara reuniu Gonzagão e Gonzaguinha. Arranjos e músicos maravilhosos! Roteiro, iluminação, cenário fantásticos. Clara cantou lindamente, com domínio de palco mostro que é grande intérprete!
O melhor show que assisti nos últimos tempos.Você Mauro não fez nenhum comentário, não podia perder essa.
Eu gosto muito das resenhas do Mauro, mas concordo com o amigo acima que diz que não só o Mauro mas os criticos e a midia em geral tendem a ter seus queridinhos e não dão a devida atenção a outros artistas que podem apresentar coisas muito mais novas, ousadas ou simplesmente ter uma presença de palco, ou voz melhor que as apresentadas neste show.
Rita Ribeiro não conseguiu fazer o DVD do magnifico Tecnomacumba (será preconceito ?) a Jussara e a Teresa não tem perfil de grandes interpretes ou artistas de palco.
Mauro um bom Natal e um ano novo de shows mais democráticos.
Ronaldo santoro
Pois è, dessa fase nordestina, me lembro do disco da Terezinha de Jesus, ela gravou vento nordeste da Sueli costa,alguéem conhece, ou se lembra? Viaja o vento nordeste...
E também a Amelinha, mas a minha tentativa de reouvir o frevo mulher me decepcionou...sera que resistiu ao tempo?
As composições do Zè sabemos que sim.
H.
A Rita é interessante, a Teresa também, a Jussara comprei uma vez o disco e não me convenceu, questão de gosto.Mas deixo aberta a possibilidade, adoro me surpeender.
Todas 3 são boas cantoras. Nenhuma é uma cantora magnífica. As 3 juntas devem render um ótimo show. Nem cds nem dvds estão vendendo muito ultimamente. Nem de Chico Buarque, o que dirá de Rita (quem?) Ribeiro. O dvd Tecnomacumba, só pelo título tosco e grosseiro, já dá pra entender porque não saiu. Também é fácil sacar porque nenhuma gravadora se interessou sequer pelo cd, e que só no final a Biscoito distribuiu a coisa pronta. Deve ter sido grátis. Rita está forçando uma barra há 4 anos com esse pastel de vento. Ora, corra atrás de consistência de repertório, faça um disco que se aproveite. Quem sabe não consiga gravar um dvd.
Quanta amargura... vai deitar pro santo, pra tirar quebranto, contra mau olhando, coisa rica...
Não gostei dos figurinos. Esperava bem mais! Uma bolsa da Tiffany, um versacezinho emprestado... é o mínimo que se pode esperar de uma bonequinha de luxo. Em lugar disso, afff que pobraiada!!
Postar um comentário
<< Home