Portela se impõe em safra irregular de sambas
Resenha de CD
Título: Sambas de
Enredo 2007
Artista: Vários
Gravadora: Gravasamba
/ Universal Music
Cotação: * *
Já é inútil esperar ouvir nos discos dos sambas de enredo das escolas do Carnaval do Rio de Janeiro aqueles sambas primorosos das décadas de 60 e 70. Os tempos são outros, assim como o maior espetáculo da terra já é outro. Dito isso, a safra 2007 é regular. Há somente um grande samba, o da Portela, de melodia à moda antiga e compositor novo (Diogo Nogueira, filho de João Nogueira). Pena que o enredo bem comercial (Os Deuses do Olimpo na Terra do Carnaval, sobre os jogos do PAN no Rio), típico da folia patrocinada por empresas, não faça jus a um samba que está entre os melhores da escola de Madureira nos últimos anos. O da Beija-Flor vem em seguida, num plano ligeiramente inferior, um pouco prejudicado pelo excesso de vocábulos africanos que dificultam a compreensão do enredo Áfricas: Do Berço Real à Corte Brasileira (a propósito, o Salgueiro também recupera a tradição de enredo afro num samba mediano).
Ao defender o samba marcheado da Mangueira, Luizito cumpre com sucesso a tarefa ingrata de substituir o impagável Jamelão, impossibilitado de gravar o CD por conta de problemas de saúde e reverenciado por Alcione na introdução da faixa. Já a Acadêmicos do Grande Rio apresenta samba que pode crescer na avenida. As demais escolas ficam no mesmo nível, condizente com os padrões atuais do samba-enredo, mas bem distante do brilho da carnavais passados. Com a triste ressalva de que Imperatriz Leopoldinense e Império Serrano exibem sambas muito aquém de seu passado de glória, enquanto a Estácio de Sá apela para a facilidade de reeditar O Ti-Ti-Ti do Sapoti, de refrão comunicativo. É para lamentar!!!!...
No todo, os 13 sambas acabam se parecendo muito uns com os outros, com exceção do tema da Portela. Sim, a azul-e-branco é a maior supresa de um CD que chega às lojas com tiragem inicial de 100 mil cópias e preço médio de R$ 20, inaugurando a parceria da Gravasamba com a Universal Music. Com esta união, a Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro rompe sua tradição de editar os discos do Carnaval carioca pela BMG. Era hora de virar o disco!
Título: Sambas de
Enredo 2007
Artista: Vários
Gravadora: Gravasamba
/ Universal Music
Cotação: * *
Já é inútil esperar ouvir nos discos dos sambas de enredo das escolas do Carnaval do Rio de Janeiro aqueles sambas primorosos das décadas de 60 e 70. Os tempos são outros, assim como o maior espetáculo da terra já é outro. Dito isso, a safra 2007 é regular. Há somente um grande samba, o da Portela, de melodia à moda antiga e compositor novo (Diogo Nogueira, filho de João Nogueira). Pena que o enredo bem comercial (Os Deuses do Olimpo na Terra do Carnaval, sobre os jogos do PAN no Rio), típico da folia patrocinada por empresas, não faça jus a um samba que está entre os melhores da escola de Madureira nos últimos anos. O da Beija-Flor vem em seguida, num plano ligeiramente inferior, um pouco prejudicado pelo excesso de vocábulos africanos que dificultam a compreensão do enredo Áfricas: Do Berço Real à Corte Brasileira (a propósito, o Salgueiro também recupera a tradição de enredo afro num samba mediano).
Ao defender o samba marcheado da Mangueira, Luizito cumpre com sucesso a tarefa ingrata de substituir o impagável Jamelão, impossibilitado de gravar o CD por conta de problemas de saúde e reverenciado por Alcione na introdução da faixa. Já a Acadêmicos do Grande Rio apresenta samba que pode crescer na avenida. As demais escolas ficam no mesmo nível, condizente com os padrões atuais do samba-enredo, mas bem distante do brilho da carnavais passados. Com a triste ressalva de que Imperatriz Leopoldinense e Império Serrano exibem sambas muito aquém de seu passado de glória, enquanto a Estácio de Sá apela para a facilidade de reeditar O Ti-Ti-Ti do Sapoti, de refrão comunicativo. É para lamentar!!!!...
No todo, os 13 sambas acabam se parecendo muito uns com os outros, com exceção do tema da Portela. Sim, a azul-e-branco é a maior supresa de um CD que chega às lojas com tiragem inicial de 100 mil cópias e preço médio de R$ 20, inaugurando a parceria da Gravasamba com a Universal Music. Com esta união, a Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro rompe sua tradição de editar os discos do Carnaval carioca pela BMG. Era hora de virar o disco!
8 Comments:
Acho complicado discutir primor. Na maioria das vezes os critérios usados para definir o que é boa arte ou não decorrem de um pensamento cristalizado. Mudou a lógica de produção, é verdade. Mas a história não é um grande container de pérolas. Gosto de beijar as mãos de Silas de Oliveira e também de saber que podemos nos encantar com "reedições fáceis".
A safra de 2007 é superior a dos últimos anos... pena escolas tradicionais como Vila, Império e Imperatriz virem com sambas que envergonham sua história... Palmas para o belíssimo samba da Beija-Flor e o ótimo samba da Portela.
Bom saber que ele voltou. Me refiro ao Marcelo que teve a opinião divulgada no tópico da Beth sobre o samba da Portela. Antes mesmo da critica do Mauro sair. Bem vindo novamente cara, você e os seus tópicos fazem muita falta a este blog.
Oi Mauro,
Primeiramente vou agradecer ao anônimo das 11:35AM pelas palavras. Eu também senti falta de escrever no blog, por isso relevei e voltei atrás.
Quanto aos sambas-enredo, além do já citado samba da Portela destacaria o belíssimo samba da Porto da Pedra juntamente com o da Beija-Flor, os dois melhores sambas do ano. Portela, Salgueiro, Mangueira e Unidos da Tijuca também se destacam. Belos versos como: "Eu vou nos versos de Camões às Folhas Secas caídas de Mangueira, numa alusão ao samba composto por Nélson Cavaquinho e Guilherme de Brito ou então " Portela de azul e branco em aquarela, supera todos os limites, vem levantar sua bandeira, o samba de alma verde e amarela abençoado pelos deuses vem coroar Oswaldo Cruz e Madureira." Os compositores da Portela tiraram leite de pedra devido ao fraco enredo da escola. Só tiveram 01 mês para escrever este belo samba.
Sambas considerados mais fracos e que surpreendentemente ganharam fôlego e força nas vozes dos seus respectivos intérpretes, casos como os de Preto Jóia (Imperatriz, minha escola, sou de Ramos) e Wander Pires (Grande Rio). Fizeram milagres, esta é a diferença de um grande intérprete, aliás não tem samba ruim.
E Arlindo Cruz, um dos compositores do samba do Império Serrano, samba que não compromete, porém inferior ao belíssimo de 2006.
O cd já vale pela última obra-prima do grande Mestre Toco (o maior compositor da história da Mocidade Independente de Padre Miguel)e o conhecidíssimo samba O ti-ti-ti do Sapoti, reeditado pela Estácio que merecidamente retorna ao lugar de onde jamais deveria ter saído, o Grupo Especial; depois de amargar durante nove anos no Grupo de Acesso. Sentimos falta também de escolas como União da Ilha e Caprichosos de Pilares, tradicionais nos desfiles cariocas.
Concordo Mauro, que não exista nenhum Liberdade, Liberdade (Imperatriz 89) ou Heróis da Liberdade (Império 64), mas infelizmente são outros tempos. Um abraço,
Marcelo Barbosa - Brasília (DF)
Mestre Toco, compositor campeoníssimo da Mocidade,o que mais ganhou sambas na escola, falecido neste mês de novembro.
Marcelo Barbosa - Brasília (DF
A grande maioria na minha familia torce para a Mangueira . Um irmão é Salgueiro . Apesar de ser de Duque de Caxias ( berço da Grande Rio ) tenho um carinho especial pelo que representa também fora do Carnaval , pela Portela . E tenho percebido muitos elogios ao samba desse ano .
Engraçado que muito estão criticando o samba da Beija Flor pelo mesmo motivo . Mas todo ano é assim né ? Exageros as referências afro !
Vale a torcida para a melhora de Aroldo Melodia ( ex - União da Ilha ) . Aos 75 anos , o mestre era o preferido pelos meus pais e foi internado em estado grave . Gosto muito o Wander Pires mas Luizinho Andanças ( Porto da Pedra ) foi o mais reverenciado na conturbada gravação do CD desse ano .
E dá -lhe Diogo Nogueira !
Maravilha Marcelo, quem sabe sabe!
rosemberg
joão nogueira, grande sambista, era portelense. E coube a seu filho diogo a árdua tarefa e criar o hino da portela para o carnaval 2007.
tomara Deus, que o sucesso desse samba corrija uma grande injustiça, porque o brasil não pode( e não deve) esquecer joão nogueira.
Parabens ao belo diogo que vem lutando a um bom tempo para ocupar seu espaço, espero sinceramente que tenha chegado a sua hora.
memoria_pele@hotmail.com
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