14 de maio de 2008

Toller encanta e Diogo erra no bar dos teletemas

Resenha de gravação de CD / DVD
Título: Um Barzinho, Um Violão - Novela 70
Artistas: Celso Fonseca, Diogo Nogueira, Dudu Nobre, Fernanda Takai, Herbert Vianna, Isabela Taviani, Lobão, Marjorie Estiano, Moinho, Paula Toller, Pedro Mariano, Tunai e Zélia Duncan
Local: Morro da Urca (RJ)
Data: 13 de maio de 2008
Cotação: * * * 1/2

Bem mais ágil do que a primeira, e com resultado artístico mais apurado, a segunda noite de gravação do CD e DVD Um Barzinho, um Violão - Novela 70 apresentou 14 cantores no palco armado no espaço de shows do Morro da Urca, um dos cartões postais mais lindos do Rio de Janeiro, embora dissociado do conceito de um projeto que visa reviver músicas projetadas em trilhas de novelas exibidas pela Rede Globo nos anos 70. Um dos destaques da segunda noite foi Paula Toller. Acompanhada por violões tocados por Celso Fonseca e Coringa, a abelha rainha encantou com leitura classuda e sóbria de Sonhos (Sem Lenço, Sem Documento, 1977), obra-prima do cancioneiro popular que deu impulso à carreira de Peninha. Caetano não faria melhor...
Sobraram em Paula Toller a segurança e a concentração que faltaram a Diogo Nogueira, responsável pelo momento constrangedor da noite. Desatento, o filho de João Nogueira errou numerosas vezes a letra de Você Abusou (O Primeiro Amor, 1971) - mesmo acompanhando pelo teleprompter os versos do maior sucesso da dupla Antonio Carlos e Jocafi. "Desculpa, gente...", pediu Diogo várias vezes. Seu registro certamente deverá ser bastante retocado em estúdio, já que, a rigor, nenhum take ficou no nível dos gravados pelos demais participantes do projeto.
Antes de Diogo Nogueira, Isabella Taviani se atrapalhou três vezes com a letra de Um Jeito Estúpido de te Amar (O Astro, 1977), mas deu a volta por cima e foi um dos destaques da noite. Gravada por Roberto Carlos em 1976 e já no ano seguinte por Maria Bethânia, a música de Isolda e Milton Carlos é perfeita para o canto exacerbado de Taviani. E ela acertou ao alternar tons suaves com outros mais intensos. Além do mais, justiça seja feita, sua emissão vocal começa a adquirir mais personalidade e a se distanciar do estilo de Ana Carolina. Ponto para a intensa Taviani.
Grande intérprete, Zélia Duncan não cumpriu, desta vez, a alta expectativa (era uma das presenças mais aguardadas pela platéia de convidados) ao recordar Paralelas (Duas Vidas, 1976). Em registro correto e quase linear, Duncan não explorou todas as possibilidades da música de Belchior. Já o grupo Moinho se sentiu em casa ao apresentar Meu Pai Oxalá (O Bem Amado, 1973) pela proximidade com o universo do samba afro-baiano. Por sua vez, Marjorie Estiano - que entrou e saiu do palco cercada de seguranças, com aparato digno de popstar - deu novas nuances a Broto Legal (Estúpido Cupido, 1976), evocando a sonoridade de seu segundo (razoável) álbum, Flores, Amores e Blábláblá.
Presença cada vez mais assídua em shows e projetos alheios, Fernanda Takai surpreendeu ao se acompanhar toscamente ao violão para cantar Pavão Mysteriozo (Saramandaia, 1976) em arranjo que também aglutinou o acordeom tocado por Arthur de Faria. Talvez intimidada pela presença na platéia de Ednardo, autor da música, Takai não chegou a alçar vôo na asa do Pavão, sinalizando que muito do êxito de seu festejado trabalho solo se deve aos barulhinhos bons criados por John Ulhoa e Lulu Camargo. Sem eles, a voz graciosa de Takai fica (bem) minimizada.
Vivaz como sempre, Dudu Nobre trouxe Malandragem Dela (O Espigão, 1974) para o universo do partido alto e obteve boa resposta do público, que marcou na palma da mão o ritmo do samba de Tom e Dito. Já Lobão, que já parece encarnar um personagem, botou a platéia para cantar o refrão de Como Vovó Já Dizia (O Rebu, 1974), improvisando versos para o tema malandro de Raul Seixas (1945 - 1989) e Paulo Coelho. Foi o momento roqueiro da noite. Pedro Mariano, intérprete de Beijo Partido (Pecado Capital, 1975), não obteve receptividade calorosa da platéia. Defendeu bem a música de Toninho Horta - gravada por Nana Caymmi em registro definitivo - mas era tanto o burburinho e a conversa paralela nas mesas que o diretor musical do projeto, Guto Graça Mello, chamou a atenção do público, que, então, escutou o segundo take de Mariano em respeitoso silêncio.
Após Tunai, que cantou Nuvem Passageira (O Casarão, 1976) no tom informal e descontraído dos barzinhos, Margareth Menezes fechou a noite com releitura mais melódica de Filho da Bahia (Gabriela, 1975), samba de roda inadequado para o espírito mais aconchegante do projeto. Com mais acertos do que erros, a gravação da terça-feira, 13 de maio de 2008, resultou até interessante, redimiu o projeto e deixou a sensação de que pode originar bons CD e DVD. O bar dos teletemas tem lá o seu charme...

19 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Só estranhei você ter passado o "abelha rainha" de Bethânia para a Paula Toller!!!!!

14 de maio de 2008 às 07:54  
Anonymous Anônimo said...

Que maldade por a Takai pra cantar Pavão Mysteriozo. Essa música é um maracatu cearense de ritmo ralentado e deve evocar a morte tal qual o cordel. Tinha que ser um(a) intérprete mais intenso(a). Não a suavidade e leveza da Takai. Bola fora do produtor.

14 de maio de 2008 às 08:37  
Anonymous Anônimo said...

PS > Pela foto que acabo de ver no GELEIA GERAL, PAULA TOLLER estava muito gata nessa noite e ofuscou a vista deslumbrante para a Baía de Guanabara ...

Nem todas as músicas funcionam pra voz e violão e nem todos os presentes conseguem criar 'clima'. PEDRO MARIANO, por exemplo, é super afinado e canta bem mas nos projetos anteriores cantou SUPERWOMAN, SE e SE VOCÊ PENSA e não conseguiu impressionar!

MARGARETH MENEZES cantou com a madrinha BETH CARVALHO o samba de roda FILHO DA BAHIA e, pelo menos no DVD da sambista se saiu bem e empolgou. Não sei essa " releitura mais melódica " ...

MARJORIE é uma gracinha, canta bem, é charmosa e inteligente. Espero que consiga emplacar como cantora-atriz, coisa não comum por aqui! Não assisto novelas então não sei se é boa atriz mas como cantora mostra (razoavel )evolução.
Sucesso !

14 de maio de 2008 às 10:26  
Anonymous Anônimo said...

Concordo Mauro, o bar dos teletemas tem lá o seu charme. Queria muito ter saido daqui de Balneário Camboriu e ir ao RJ pra acompanhar as gravações.

Pena ...

14 de maio de 2008 às 10:28  
Blogger geraldo pimentel said...

Pelo que li em outro jornal, foi a própria Takai quem escolheu esta música para cantar.

Abraços,

Geraldo

14 de maio de 2008 às 10:53  
Blogger Flávio Voight said...

Que vestido feio o da Paula! Ela já tinha usado num show, a comunidade dela no orkut foi uma festa de gente rindo... Mas que bom que ela cantou bem, era a gravação que eu mais esperava desse projeto.

14 de maio de 2008 às 11:21  
Anonymous Anônimo said...

Acho injusto o que foi dito sobre a Fernanda Takai.Por exemplo,quando ela cantou O Ritmo Da Chuva com o Amarante(os dois tocando violão),o resultado não podia ter sido melhor.Não vi o show e nem conheço a música,mas pode ter sido um escolha errada da música ou a versão de violão que ela fez não ficou legal,mas não acho que por isso ela sozinha não consiga mostrar seu talento.

14 de maio de 2008 às 11:42  
Anonymous Anônimo said...

Não achei a menor graça nesse projeto mas daria um cadiquinho de unha para ver Paulinha cantando Sonhos.

14 de maio de 2008 às 11:56  
Anonymous Anônimo said...

Dona Marjorie não precisava dessa de entrar cercada por seguranças. Não combina com a timidez cativante que ela tem. Ainda se fosse a vilã da novela... realmente, não carecia.

Outra coisa: eu revia o DVD dela ontem. Se ela continuar com os malabarismos vocais desnecessários que tinha naquele 2005, seu canto ficará cansativo. Espero que a regravação de "Broto Legal" tenha sido mais contida, com um tom cool que sei que ela pode dar.

Sobre os outros convidados: o comentário do Mauro sobre Fernanda Takai pode até ter sido meio sarcástico, mas, vale lembrar, é a opinião dele, não uma verdade insofismável.

E estaremos vendo Paula Toller virar mais ou menos o que virou Frejat, ou seja, a vocalista que, numa pausa do grupo-mater, acabou experimentando a carreira solo, que deu certo e fez com que ela acabasse, por vias tortas, desacelerando a carreira da banda? O tempo dirá...

Felipe dos Santos Souza

14 de maio de 2008 às 13:12  
Anonymous Anônimo said...

Esse vestidinho da Paula, hein... Tá mais para uma colheita de algodão que para um show...

14 de maio de 2008 às 16:56  
Anonymous Anônimo said...

Anônimo Maio 14, 2008 7:54 AM,

Acho que Mauro brinca com o nome da banda Kid Abelha, a qual, ela, de fato é a rainha (da banda). Por isso, abelha rainha.

Mas, esse Mauro!

Já fez isso pois sabia que iam vir revindicar o título da Bethania.

Só uma brincadeira.

Que projeto TOTALMENTE desnecessário!

Glauber 97

14 de maio de 2008 às 19:12  
Anonymous Anônimo said...

Eu disse antes e o Mauro vetou, o vestido tá mais para toalha de banho ou mesa!

14 de maio de 2008 às 19:21  
Anonymous Anônimo said...

Fernanda Takai não é nada. Nunca foi.

14 de maio de 2008 às 22:15  
Anonymous Anônimo said...

Pq vc tambem não fala do vestido ridiculo da Paula Toller?
Ou é so da Elali que vc tem criticas a fazer?

15 de maio de 2008 às 00:35  
Anonymous Anônimo said...

O vestido da Paula Toller é chiquérrimo, tanto quanto foi sofisticado seu cd. Mas se as pessoas não tem olhos e ouvidos para o bom gosto...são outros 500.

15 de maio de 2008 às 09:23  
Anonymous Anônimo said...

Também acho esse projeto desnecessário... mas enfim, estão precisando de uma grana... soh que infelizmente a maioria das escolhas musica x interprete eh infeliz.

Sobre Taviani, acho sua voz lindissima, mas suas musicas sao tao romanticas, tao chatas! Como diria Caetano, muito ciume, muita queixa, muito ai. Em lugar de escolha tao obvia (Um jeito estupido) poderiam ter dado a ela musica mais distante de seu habitual universo. Um afoxe, uma ciranda, qq coisa que resultasse em algo mais original e menos trivial e monotono. Essa cantora tem potencial, pena que nao o explora.

Eh o que geralmente acontece nesse tipo de projeto. Tipo, os caras fazem um songbook de Ivan Lins, e precisam de alguem pra cantar Desesperar jamais, e ai chamam quem mesmo... Alcione ou Beth Carvalho. Que coisa mais obvia e mecanica...

Sobre Pedro Mariano... previsivel que o publico nao prestasse atencao. Pedro Mariano cantando Beijo partido soh pode resultar em algo extremamente enfadonho.

15 de maio de 2008 às 17:02  
Anonymous Anônimo said...

Aliás Fátima, minha Rainha cantando Desesperar Jamais com o Ivan dribla três no meio campo, invade a área e faz gol de placa! Beijos,

Marcelo Barbosa - Brasília (DF)

A Paula mandou muito bem em 1800 Colinas e Onde está a Honestidade?!

16 de maio de 2008 às 08:46  
Blogger Karen said...

O violonista que tocou com Paula chama-se Caio Fonseca, e não Celso Fonseca.
Ele também toca piano nos shows solo dela - sóNós

21 de maio de 2008 às 08:09  
Anonymous Anônimo said...

A apresentação mais memorável foi o grupo "Casuarina", com Senhora Tentação!!!
Ótimo grupo de samba!!!

10 de fevereiro de 2009 às 10:59  

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