Filme mostra como Billy Paul foi 'black' nos 70
Resenha de Filme
Título: Am I Black
Enough for You? - A
História de Billy Paul
Direção: Göran Hugo
Olsson
Cotação: * * * *
Em cartaz no festival
É Tudo Verdade
Sessões em São Paulo:
02 de abril - CCBB, 19h
03 de abril - CCBB, 15h
05 de abril - Cinesesc, 21h
Sim, Billy Paul foi negro o suficiente nos anos 70. E pagou um preço alto por isso, como mostra o filme Am I Black Enough for You? - A História de Billy Paul. Em cartaz no Brasil no festival de documentários É Tudo Verdade, o ótimo documentário sueco já teve três sessões no Rio de Janeiro (RJ) e ainda poderá ser visto em São Paulo (SP). A história em si é bem interessante: em 1972, Billy Paul reinava no topo das paradas norte-americanas por conta de sua sedutora interpretação de Me and Mrs. Jones, balada que ostentava a grife da dupla (Kenny) Gamble & (Leon) Huff. A música integrava o álbum 360 Degrees of Billy Paul, que, fazendo jus ao título, deu uma virada na carreira do cantor, até então em busca do sucesso desde o fim dos anos 50. O êxito de Me and Mrs. Jones seria coroado com um Grammy de Melhor Performance Masculina de R & B, entregue a Billy por Ringo Starr e Harry Nilson. Naquele momento, ninguém poderia supor que o cantor - contratado pela gravadora Philadelphia International Records - iria descer do céu ao inferno em poucos meses por conta da escolha da explosiva Am I Black Enough for You? - outra música de autoria de Gamble & Huff - para ser o segundo single do álbum. Por tocar na ferida sempre aberta do racismo com versos provocadores e questionadores, Billy Paul perdeu o público e o sucesso. Que somente lhe seriam devolvidos anos depois sob os globos espelhados das discotecas, onde hits como Your Song e Only the Strong Survive repuseram o artista nas paradas dos 70.
O diretor Göran Olsson parte desse ponto nervoso da trajetória de Billy para situar a importância do cantor na música negra dos anos 70 num documentário simples que, a despeito de ter poucos entrevistados, prende a atenção. E mostra que a história de Billy Paul é também uma história de amor. No caso, o amor que une o cantor à mulher e empresária Blanche Williams, responsável por alguns momentos de humor do filme por suas falas espontâneas. É hilária a seqüência inicial em que Blanche conta - num carro em movimento, ao lado de Billy - como conheceu o marido nos anos 60. Do ódio imediato, ela passou à desconfiança de que ele era gay porque não tentar um contato sexual logo no início da relação. Blanche também diverte com suas caras e bocas de desaprovação sempre que o assunto é a polêmica música Am I Black Enough for You? por entender que o tema devastou a carreira do artista. Em contrapartida, é comovente os relatos de Blanche e Billy sobre como afundaram nas drogas (e como conseguiram se livrar delas).
Sem resvalar para o sentimentalismo, o diretor nunca deixa de focar o racismo que impera nos EUA. É quando a cena é contada sob uma perspectiva mais histórica, com ênfase nas convulsões sociais e raciais da Filadélfia, terra natal de Billy Paul. A opção de apresentar alguns sucessos engajados de Billy na forma de clipes (montados com imagens de arquivo) se revela impactante. Em especial quando o documentário expõe cenas de negros sendo humilhados e presos enquanto se ouve a voz acetinada do cantor entoar I'm Just a Prisoner. Enfim, Am I Black Enough for You? bate mais uma vez na tecla da desigualdade racial ao som da obra de um artista politizado que foi negro o bastante nos anos 70 ao enfocar e questionar o racismo de forma explícita. É belo filme!
Título: Am I Black
Enough for You? - A
História de Billy Paul
Direção: Göran Hugo
Olsson
Cotação: * * * *
Em cartaz no festival
É Tudo Verdade
Sessões em São Paulo:
02 de abril - CCBB, 19h
03 de abril - CCBB, 15h
05 de abril - Cinesesc, 21h
Sim, Billy Paul foi negro o suficiente nos anos 70. E pagou um preço alto por isso, como mostra o filme Am I Black Enough for You? - A História de Billy Paul. Em cartaz no Brasil no festival de documentários É Tudo Verdade, o ótimo documentário sueco já teve três sessões no Rio de Janeiro (RJ) e ainda poderá ser visto em São Paulo (SP). A história em si é bem interessante: em 1972, Billy Paul reinava no topo das paradas norte-americanas por conta de sua sedutora interpretação de Me and Mrs. Jones, balada que ostentava a grife da dupla (Kenny) Gamble & (Leon) Huff. A música integrava o álbum 360 Degrees of Billy Paul, que, fazendo jus ao título, deu uma virada na carreira do cantor, até então em busca do sucesso desde o fim dos anos 50. O êxito de Me and Mrs. Jones seria coroado com um Grammy de Melhor Performance Masculina de R & B, entregue a Billy por Ringo Starr e Harry Nilson. Naquele momento, ninguém poderia supor que o cantor - contratado pela gravadora Philadelphia International Records - iria descer do céu ao inferno em poucos meses por conta da escolha da explosiva Am I Black Enough for You? - outra música de autoria de Gamble & Huff - para ser o segundo single do álbum. Por tocar na ferida sempre aberta do racismo com versos provocadores e questionadores, Billy Paul perdeu o público e o sucesso. Que somente lhe seriam devolvidos anos depois sob os globos espelhados das discotecas, onde hits como Your Song e Only the Strong Survive repuseram o artista nas paradas dos 70.
O diretor Göran Olsson parte desse ponto nervoso da trajetória de Billy para situar a importância do cantor na música negra dos anos 70 num documentário simples que, a despeito de ter poucos entrevistados, prende a atenção. E mostra que a história de Billy Paul é também uma história de amor. No caso, o amor que une o cantor à mulher e empresária Blanche Williams, responsável por alguns momentos de humor do filme por suas falas espontâneas. É hilária a seqüência inicial em que Blanche conta - num carro em movimento, ao lado de Billy - como conheceu o marido nos anos 60. Do ódio imediato, ela passou à desconfiança de que ele era gay porque não tentar um contato sexual logo no início da relação. Blanche também diverte com suas caras e bocas de desaprovação sempre que o assunto é a polêmica música Am I Black Enough for You? por entender que o tema devastou a carreira do artista. Em contrapartida, é comovente os relatos de Blanche e Billy sobre como afundaram nas drogas (e como conseguiram se livrar delas).
Sem resvalar para o sentimentalismo, o diretor nunca deixa de focar o racismo que impera nos EUA. É quando a cena é contada sob uma perspectiva mais histórica, com ênfase nas convulsões sociais e raciais da Filadélfia, terra natal de Billy Paul. A opção de apresentar alguns sucessos engajados de Billy na forma de clipes (montados com imagens de arquivo) se revela impactante. Em especial quando o documentário expõe cenas de negros sendo humilhados e presos enquanto se ouve a voz acetinada do cantor entoar I'm Just a Prisoner. Enfim, Am I Black Enough for You? bate mais uma vez na tecla da desigualdade racial ao som da obra de um artista politizado que foi negro o bastante nos anos 70 ao enfocar e questionar o racismo de forma explícita. É belo filme!
2 Comments:
Resenha de Filme
Título: Am I Black
Enough for You? - A
História de Billy Paul
Direção: Goran Hugo
Olsson Sweden
Cotação: * * * *
Em cartaz no festival
É Tudo Verdade
Sessões em São Paulo:
02 de abril - CCBB, 19h
03 de abril - CCBB, 15h
05 de abril - Cinesesc, 21h
Sim, Billy Paul foi negro o suficiente nos anos 70. E pagou um preço alto por isso, como mostra o filme Am I Black Enough for You? - A História de Billy Paul. Em cartaz no Brasil no festival de documentários É Tudo Verdade, o ótimo documentário sueco já teve três sessões no Rio de Janeiro (RJ) e ainda poderá ser visto em São Paulo (SP). A história em si é bem interessante: em 1972, Billy Paul reinava no topo das paradas norte-americanas por conta de sua sedutora interpretação de Me and Mrs. Jones, balada que ostentava a grife da dupla (Kenny) Gamble & (Leon) Huff. A música integrava o álbum 360 Degrees of Billy Paul, que, fazendo jus ao título, deu uma virada na carreira do cantor, até então em busca do sucesso desde o fim dos anos 50. O êxito de Me and Mrs. Jones foi coroado com um Grammy de Melhor Performance Masculina de R & B, entregue a Billy por Ringo Starr e Harry Nilson. Naquele momento, ninguém poderia supor que o cantor - contratado pela gravadora Philadelphia International Records - iria descer do céu ao inferno em poucos meses por conta da escolha da explosiva Am I Black Enough for You? - outra música de autoria de Gamble & Huff - para ser o segundo single do álbum. Por tocar na ferida sempre aberta do racismo com versos provocadores e questionadores, Billy Paul perdeu o público e o sucesso. Que somente lhe seriam devolvidos anos depois sob os globos espelhados das discotecas, onde hits como Your Song e Only the Strong Survive repuseram o cantor nas paradas dos 70.
O diretor Goran Olsson parte desse ponto nervoso da trajetória de Billy para situar a importância do cantor na música negra dos anos 70 num documentário simples que, a despeito de ter poucos entrevistados, prende a atenção. E mostra que a história de Billy Paul é também uma história de amor. No caso, o amor que une o cantor à mulher e empresária Blanche Williams, responsável por alguns momentos de humor do filme por suas falas espontâneas. É hilária a seqüência inicial em que Blanche conta - num carro em movimento, ao lado de Billy - como conheceu o marido nos anos 60. Do ódio imediato, ela passou a desconfiança de que ele era gay porque não tentar um contato sexual logo no início da relação. Blanche também diverte com suas caras e bocas de desaprovação sempre que o assunto é a polêmica música Am I Black Enough for You? por entender que o tema devastou a carreira do artista. Em contrapartida, é comovente os relatos de Blanche e Billy sobre como afundaram nas drogas (e como conseguiram se livrar delas).
Sem resvalar para o sentimentalismo, o diretor nunca deixa de focar o racismo que impera nos EUA. É quando a cena é contada sob uma perspectiva mais histórica, com ênfase nas convulsões sociais e raciais da Filadélfia, terra natal de Billy Paul. A opção de apresentar alguns sucessos engajados de Billy na forma de clipes (montados com imagens de arquivo) se revela impactante. Em especial quando o documentário expõe cenas de negros sendo humilhados e presos enquanto se ouve a voz acetinada do cantor entoar I'm Just a Prisoner. Enfim, Am I Black Enough for You? bate mais uma vez na tecla da desigualdade racial ao som da obra de um artista politizado que foi negro o bastante nos anos 70 ao enfocar e questionar o racismo de forma explícita. É belo filme!
Blly Paul é mara!
Postar um comentário
<< Home