22 de agosto de 2008

Leo anima seu 'auditório' com o pop feliz dos 80

Resenha de show
Título: Interlúdio
Artista: Leo Jaime
Local: Teatro Rival (RJ)
Data: 21 de agosto de 2008
Cotação: * * * *

"Terezinhaaaaa!!!!", gritou Leo Jaime após cantar Mensagem de Amor, o quarto número do show que o trouxe de volta aos palcos cariocas para promover seu recém-lançado CD Interlúdio, primeiro álbum de inéditas do artista em 18 anos. "Uh! Uh!", respondeu a platéia que, se não chegou a lotar o Teatro Rival, garantiu a animação do show, dançando e fazendo coro em todas as músicas associadas aos anos 80. A referência ao bordão do apresentador de TV Abelardo Barbosa (1917 - 1988), o Chacrinha, naõ foi à toa. Leo percebeu que o público estava na sua mão e animou a platéia do Rival como se ela fosse seu auditório, com piadas e os hits da década de 80, época em que o pop brasileiro era, no geral, mais feliz e mais desencanado. Menos pretensioso e, por isso, mais eficaz. Pop perfeito para o Programa do Chacrinha.
Leo Jaime, um dos grandes criadores desse pop, estava lá no palco do Rival para lançar um disco de inéditas, mas sabia que o público queria ouvir sucessos como Nada Mudou - apresentado logo no início - e tirou sarro dos fãs. "Eu sei que vocês odeiam, mas hoje vocês vão ouvir música nova. E, se alguém fizer graça, eu toco o disco inteiro", ameaçou, maroto. Leo não cantou todas as músicas de Interlúdio, mas canções como Mesmo Assim e Pode Ser figuraram no roteiro e reafirmaram a inspiração do compositor. Mesmo mais melancólico e reflexivo, Leo Jaime ainda consegue criar músicas simples e comunicativas. Quase como nos anos 80...
O show transcorreu azeitado. Emoldurado por um belo desenho de luz criado por Marcelo Linhares e apoiado numa banda entrosadíssima (que destacou o jovem saxofonista Rodrigo Sha e o guitarrista Fernando Magalhães), Leo se revezou no violão e na guitarra para apresentar um repertório que gerou momentos catárticos na platéia quando o artista reviveu A Vida Não Presta e (com direito a um solo jazzy do tecladista Humberto Barros). Estas duas baladas são da obra-prima da discografia de Leo, Sessão da Tarde, álbum de 1985 que continha também hits como O Pobre, A Fórmula do Amor e As Sete Vampiras, todos devidamente enfileirados no roteiro. São números que evocam o clima saudosista das festas Ploc's - dedicadas ao revival do pop nacional dos anos 80 - e deixam a certeza de que a discografia de Leo Jaime não poderia ter ficado tão espaçada após os anos 90 (ele ficou 13 anos sem lançar um CD - o último foi Todo Amor, o trabalho de covers que fechou seu contrato com a Warner Music).
Com introdução heavy e acordes incisivos da guitarra de Fernando Magalhães, Rock Estrela foi outro ápice do set ploc's. Na seqüência, A Fórmula do Amor encerrou o show com as pessoas de pé, dançando, felizes. Com o habitual bom-humor e já sem a insegurança que o levou a cancelar na última hora a primeira das duas apresentações agendadas na pauta do Teatro Rival, Leo ensaiou o bis - pedindo aplausos efusivos ao público - e fingiu que era um astro internacional. "Thank you! Caipirinha...", ironizou, carregando no sotaque inglês. Já no bis propriamente dito (dado com Tudo, Gatinha Manhosa e Sônia), a platéia ainda pedia mais, como se estivesse num auditório. Mas Leo Chacrinha saiu de cena. Não teve bacalhau, mas teve pop dos bons. Como já não se faz no Brasil hoje em dia, época em que todo mundo quer ser cult e cool.

6 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

"Terezinhaaaaa!!!!", gritou Leo Jaime após cantar Mensagem de Amor, o quarto número do show que o trouxe de volta aos palcos cariocas para promover seu recém-lançado CD Interlúdio, primeiro álbum de inéditas do artista em 18 anos. "Uh! Uh!", respondeu a platéia que, se não chegou a lotar o Teatro Rival, garantiu a animação do show, dançando e fazendo coro em todas as músicas associadas aos anos 80. A referência ao bordão do apresentador de TV Abelardo Barbosa (1917 - 1988), o Chacrinha, naõ foi à toa. Leo percebeu que o público estava na sua mão e animou a platéia do Rival como se ela fosse seu auditório, com piadas e os hits da década de 80, época em que o pop brasileiro era, no geral, mais feliz e mais desencanado. Menos pretensioso e, por isso, mais eficaz. Pop perfeito para o Programa do Chacrinha.

Leo Jaime, um dos grandes criadores desse pop, estava lá no palco do Rival para lançar um disco de inéditas, mas sabia que o público queria ouvir sucessos como Nada Mudou - apresentado logo no início - e tirou sarro dos fãs. "Eu sei que vocês odeiam, mas hoje vocês vão ouvir música nova. E, se alguém fizer graça, eu toco o disco inteiro", ameaçou, maroto. Leo não cantou todas as músicas de Interlúdio, mas canções como Mesmo Assim e Pode Ser figuraram no roteiro e reafirmaram a inspiração do compositor. Mesmo mais melancólico e baladeiro, Leo Jaime ainda consegue criar músicas simples e comunicativas. Quase como nos anos 80...

O show transcorreu azeitado. Emoldurado por um belo desenho de luz criado por Marcelo Linhares e apoiado numa banda entrosadíssima (que destacou o jovem saxofonista Rodrigo Sha e o guitarrista Fernando Magalhães), Leo se revezou no violão e na guitarra para apresentar um repertório que gerou momentos catárticos na platéia quando o artista reviveu A Vida Não Presta e Só (com direito a um solo jazzy do tecladista Humberto Barros). Estas duas baladas são da obra-prima da discografia de Leo, Sessão da Tarde, álbum de 1985 que continha também hits como O Pobre, A Fórmula do Amor e As Sete Vampiras, todos devidamente enfileirados no roteiro. São números que evocam o clima saudosista das festas Ploc's - dedicadas ao revival do pop nacional dos anos 80 - e deixam a certeza de que a discografia de Leo Jaime não poderia ter ficado tão espaçada após os anos 90 (ele ficou 13 anos sem lançar um CD - o último foi Todo Amor, o trabalho de covers que fechou seu contrato com a Warner Music).

Com introdução heavy e acordes incisivos da guitarra de Fernando Magalhães, Rock Estrela foi outro ápice do set ploc's. Na seqüência, A Fórmula do Amor encerrou o show com as pessoas de pé, dançando, felizes. Com o habitual bom-humor e já sem a insegurança que o levou a cancelar na última hora a primeira das duas apresentações agendadas na pauta do Teatro Rival, Leo ensaiou o bis - pedindo aplausos efusivos ao público - e fingiu que era um astro internacional. "Thank you! Caipirinha...", ironizou, carregando no sotaque inglês. Já no bis propriamente dito (dado com Tudo, Gatinha Manhosa e Sônia), a platéia ainda pedia mais, como se estivesse num auditório. Mas Leo Chacrinha saiu de cena. Não teve bacalhau, mas teve pop dos bons. Como já não se faz no Brasil hoje em dia, época em que todo mundo quer ser cult e cool.

22 de agosto de 2008 às 00:13  
Blogger Bofofo said...

Poderia definir melhor "pop dos bons" , por favor ?

22 de agosto de 2008 às 02:34  
Anonymous Anônimo said...

Eu queria ter vivido os anos 80... Acho a Marian Lima incrível. Nos anos 80 quase ninguém valorizava vozeirão, e as músicas popularescas beiravam a inocência das letras da Jovem Guarda, Celly Campello e CIA..rs
Mensagem de amor é linda, clássica.

22 de agosto de 2008 às 09:03  
Anonymous Anônimo said...

Mauro, eu gostaria de saber teu email de contato para te mandar uns artitas gringos que tenho descoberto recentemente, como Anna Ternheim (uma Aimmee Man mais melancólica), Amanda Jenssen (uma tentativa alemã de Winehouse) e Shane Shu (ele mistura uns sons muito interessantes e tem a voz bem peculiar). Espero que goste. Se quiser, posso te mandar os álbuns por email. Parabéns pela coluna. Leio diariamente. Abs, Guilherme Azevedo.

22 de agosto de 2008 às 09:03  
Anonymous Anônimo said...

Este foi o set list do show do Teatro Rival:

1. Mesmo assim
2. Nada mudou
3. Preciso dizer que te amo
4. Mensagem de amor
5. Pode ser
6. Fotografia
7. A vida não presta
8. Só
9. Se ela soubesse o que quer
10. Multidão (por Rodrigo Sha)
11. Conquistador barato
12. As sete vampiras
13. O pobre
14. Solange
15. Rock estrela
16. A fórmula do amor

Bis
17. Tudo
18. Gatinha manhosa
19. Sônia

22 de agosto de 2008 às 09:14  
Blogger Ariett said...

Aguardando ansiosamente o mesmo show, em São Paulo.

25 de agosto de 2008 às 18:08  

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