Rappa alinhava mal as idéias em disco azeitado
Resenha de CDTítulo: 7 Vezes
Artista: O Rappa
Gravadora: Warner Music
Cotação: * * 1/2
7 Vezes não é um CD à altura de uma banda que já gravou álbuns como Rappa Mundi (1996) e Lado B Lado A (1999). A azeitada produção - assinada pelo próprio Rappa com Ricardo Vidal e Tom Sabóia - consegue preservar a assinatura do som do grupo carioca, mas não consegue disfarçar a rala inspiração das músicas. Meu Santo Tá Cansado e Farpa Cortante (um dos melhores raggas da discografia da banda) se impõem na irregular safra de 13 inéditas. Contudo, a mistura de rock, funk e reggae não cativa, de fato. E, por mais que pareça implicância, a ausência de Marcelo Yuka ainda se faz sentir em várias letras. As idéias de músicas como Documento e Em Busca do Porrão estão mal alinhavadas. "Os verdadeiros heróis são os guerreiros da lida", sentencia Falcão, em sua melhor forma como cantor em 7 Vezes. Sim, o foco do Rappa continua sendo os heróis anônimos do injusto cotidiano social. Nesse sentido, a releitura, em ritmo de reggae, de Súplica Cearense - sucesso do baiano Gordurinha (1922 - 1969), também popularizado na voz de Luiz Gonzaga (1913 - 1989) - se mostra coerente, inclusive por deslocar a banda de seu habitual eixo carioca para o Nordeste tão sofrido quanto as periferias do Sul. Contudo, a inclusão de Súplica Cearense realça a ausência de uma grande letra inédita no álbum. Entre ligeiro flerte com o samba (em Maria) e músicas que parecem perseguir a pegada de antigos sucessos da banda (caso da razoável Monstro Invisível, eleita para as rádios), o Rappa se escora em arranjos contundentes. Que vão direto ao ponto e descartam a suntuosidade da produção do anterior álbum de inéditas da banda, O Silêncio Q Precede o Esporro, editado em 2003. Tanto que soa perfeitamente natural a incorporação à massa sonora das intervenções do DJ Negralha e de instrumentos como marmita, bacia e garrafa - percutidos pelo baterista Marcelo Lobato. As bases, aliás, são excelentes. Sem falar que o baixo de Lauro Farias continua encorpado e no ponto. Assim como as guitarras de Xandão. Enfim, o som continua legal. Contudo, 7 Vezes deixa a má impressão de que algo está fora da ordem. E talvez seja o elemento principal de todo disco: a música.
posted by Mauro Ferreira at 11:14
10 Comments:
7 Vezes não é um CD à altura de uma banda que já gravou álbuns como Rappa Mundi (1996) e Lado B Lado A (1999). A azeitada produção - assinada pelo próprio Rappa com Ricardo Vidal e Tom Sabóia - consegue preservar a assinatura do som do grupo carioca, mas não consegue disfarçar a rala inspiração das músicas. Meu Santo Tá Cansado e Farpa Cortante (um dos melhores raggas da discografia da banda) se impõem na irregular safra de 13 inéditas. Contudo, a mistura de rock, funk e reggae não cativa, de fato. E, por mais que pareça implicância, a ausência de Marcelo Yuka ainda se faz sentir em várias letras. As idéias de músicas como Documento e Em Busca do Porrão estão mal alinhavadas. "Os verdadeiros heróis são os guerreiros da lida", sentencia Falcão, em sua melhor forma como cantor em 7 Vezes. Sim, o foco do Rappa continua sendo os heróis anônimos do injusto cotidiano social. Nesse sentido, a releitura, em ritmo de reggae, de Súplica Cearense - sucesso do baiano Gordurinha (1922 - 1969), também popularizado na voz de Luiz Gonzaga (1913 - 1989) - se mostra coerente, inclusive por deslocar a banda de seu habitual eixo carioca para o Nordeste tão sofrido quanto as periferias do Sul. Contudo, a inclusão de Súplica Cearense realça a ausência de uma grande letra inédita no álbum. Entre ligeiro flerte com o samba (em Maria) e músicas que parecem perseguir a pegada de antigos sucessos da banda (caso da razoável Monstro Invisível, eleita para as rádios), o Rappa se escora em arranjos contundentes. Que vão direto ao ponto e descartam a suntuosidade da produção do anterior álbum de inéditas da banda, O Silêncio Q Precede o Esporro, editado em 2003. Tanto que soa perfeitamente natural a incorporação à massa sonora das intervenções do DJ Negralha e de instrumentos como marmita, bacia e garrafa - percutidos pelo baterista Marcelo Lobato. As bases, aliás, são excelentes. Sem falar que o baixo de Lauro Farias continua encorpado e no ponto. Assim como as guitarras de Xandão. Enfim, tudo soa bacana. Contudo, 7 Vezes deixa a má impressão de que algo está fora da ordem. E talvez seja o elemento principal de todo disco: a música.
Lendo as outras resenhas a "7 Vezes", um tema que ficou muito falado foram as letras da banda. Seriam elas de uma profundidade admirável ou apenas um "bolo de noiva" que tenta esconder a perda que foi a saída de Yuka?
Segundo a banda, os caras estão apenas tentando fazer os ouvintes fundirem a cuca um pouco mais (modesta opinião: artista deve achar esse papo de analisar as letras um saco...).
Porém, pela resenha do Mauro, as coisas estão desandando perigosamente.
Vou ouvir o CD, prometo. Mas será uma pena se as letras não acompanharem a enorme capacidade dos músicos (principalmente de Lauro, a quem reputo como o melhor baixista do pop nacional atualmente, junto de Champignon).
Ah, sim: visto que Xandão é paraibano, até que a inclusão da temática nordestina, com "Súplica Cearense", não ficou tão estranha assim...
Felipe dos Santos Souza
Gosto muito do rappa e já ouvi exaustivamente todos seus cd's, inclusive este último.
Confesso que a abertura com "MEU SANTO TÁ CANSADO" de letra sincera e ritmo bastante comum ao grupo me enganou. O que vinha nas outras faixas me deixou em dúvida, sem entender o que Falcão queria dizer com coisas como: "A busca do porrão não tem fim e não faz barulho" ou na deslocada frase "meu prato de domingo a carne assada é o principal" e até "o balde com a farpa cortante"... A entonação do vocalista pronunciando tais frases num tom "isso é importante, isso é profundo" deixou a experiência mais esquisita.
Minha conclusão? O Falcão vacilou ao tentar justificar que uma letra confusa e muita gente vai na onda por não acreditar que ele diria tais absurdos.
Um abraço!
Pedro Padilha
SEM QUERER SER CHATO E JÁ SENDO...
ALGUMA COISA ESTÁ ERRADA COM O RAPPA HA MUITO TEMPO...MAIS PRECISAMENTE DESDE O ROMPIMENTO DE FALCÃO E CIA COM YUKA...
ENGRAÇADO É QUE ESTA SEMANA ME BATEU UMA NOSTALGIA TREMENDA DE DISCOS COMO,O PRIMEIRO QUE É DO CARALHO,O MUNDI QUE É UMA AULA E OUTROS ...
ESTAVA FAZENDO A MUDANÇA DO MEU ESTÚDIO AO SOM DESTES DISCOS INCRÍVEIS E PRA COMPLICAR EM SEGUIDA PEGUEI O DISCO NOVO...
AÍ É QUE É O PROBLEMA...
NÃO É QUERER SEMPRE MAIS DO MESMO,MAS MUITA COISA SE PERDEU NO CAMINHO DO RAPPA...
E É NESSAS HORAS QUE VEMOS QUE O CARA QUE FICAVA LÁ ATRÁS,ESCONDIDO ATRÁS DE UMA BATERIA E SAMPLERS ERA O FIO CONDUTOR PRINCIPAL DO QUE ATÉ ENTÃO ERA O VERDADEIRO RAPPA.
O QUE OUVIMOS EM 7 X É UM PÁLIDO RASCUNHO,SEM MUITA TINTA,SEM MUITA PRECISÃO,SEM MUITO BRILHO,DO QUE UM DIA FOI UMA DAS MELHORES BANDAS BRASILEIRAS...SEMPRE TENTANDO PROVAR A TODO CUSTO QUE É HOJE,MELHOR DO QUE O SEU PASSADO.
SEM QUERER SER CHATO E JÁ SENDO...
QUE SAUDADES DAS LETRAS DO YUKA...
itamardias@gmail.com
odeio o uso desse adjetivo:azeitado.
O Rappa de Lado B Lado A não existe mais, infelizmente.
Oi gente
Lamento não ter agradado.A mim agradou, graças a Deus.O único argumento que poderia sustentar para " a fragilidade " dos textos é q foram editados na feitura das canções.Textos têm várias funções além da denotação.Dou aulas de matemática , física e química e sei bem o lugar delas.O uso de técnicas de enumeração, etc é bastante trivial.O porrão , por ex , começou com a força da palavra , uma revolução silenciosoa q começo quando a ouvi de Danilo Caymmi há uns 30 anos atrás e " desandou " em minha visão de ética , de honra e redenção.Agradeço a atenção de todos.
Um grande ab
Interessante, João Gilberto é mito, mas não atinge ninguém com sua música de Museu, sim, de museu, porque aquilo soa Velho, quem "gosta" daquilo hoje em dia?, os tais críticos de música, meia dúzia de empresário que quer parecer culto, e por aí vai.
O rappa depois de Yuka, lançou o "silêncio...", só se falava que o grupo tinha acabado com a saida do seu letrista, aí vem um disco que atinge a todos, shows lotados pelo BRASIL TODO, venda de cd e DVD a mil, enquanto isso, se João Gilberto, tivesse 60 anos e pique e saísse em turnê, pararaia na primeira noite onde os "cultos" iriam, afinal sua música é velha sim, não tentem esconder isso, enquanto a música do Rappa, soa atual, agrade jovens e velhos, bastta ver a comunidade sobre os mesmo no orkut, onde 90% dos que curtem desde os primeiros cds aprovaram o cd.
Mauro Ferreira já escreu ou escreve no O DIA, e sabe que a rádio da mesma empresa, é uma das mais ouvidas no rio nas FMs, e entre as 10 mais, só tem o Rappa que não faz o cliche de musica romantica com letrinha previsível.
É algo diferente, por isso é sucesso, não tem como negar.
E como você mesmo diz Mauro, Falcão está em seu melhor disco como cantor, Lauro e xandão formidáveis, por isso o Rappa é o Rappa, é único o som dos caras, por isso, Yuka com sua letra em O SURTO não saiu do ostracismo sem um banda forte.
E música não é letra Mauro, deveria saber disso, música, é o que faz o povo curtir mesmo sem enteder a letra ou a lingua cantada, e isso, no Brasil, poucos fazem e não é João Gilberto ou Caetano e muito menos Preta Gil, a qual disse uma vez que "agrada em cheio o público GLS" isso para não ter que dizer que não agrada ao grande público.
O Rappa não é musica comercial, e mesmo assim vende tanto como se fosse. Isso é sinal de um disco ruim?
Yuka não está no Rappa, e sinceramente, Yuka não encontrará uma Banda como o Rappa para ver suas letras fabulosas ecoarem mundo a fora. Só aqueles caras ali tem a pegada para tal música.
Gustavo Said, você disse tudo. A princípio, quem critica os críticos? Ao finalizar o filme "O ensaio sobre a cegueira", o diretor Fernando Meirelles ouviu críticas ao seu filme, resultado de trabalho árduo de três anos. 24 horas depois das críticas, o próprio José Saramago chorava de emoção e dizia que seu filme foi perfeitamente retratado. Quem retrata O Rappa é o seu público fiel. Marcos Lobato, não liga para as criticas. Suas letras não são para qualquer um. Faça como o Brad Pitt que não leu suas críticas durante anos. Sabe o que disse neste ano o famoso ator? Se eu tivesse lido as opiniões, talvez não tivesse chegado até aqui. O fato de não se importar, lhe torna imune a azedumes de críticos que são músicos frustrados. Outra coisa, vale lembrar que a vida se renova todos os dias e parem com este saudosismo bobo com relação ao Marcelo Yuca. Ele continua compondo. Também concordo que lhe falta banda e produtores a altura. Tem críticos que perdem tempo apontando o Rappa e deixam o Latino cantando por ai (sinal que ninguém se importa com o que eles escrevem). Outra coisa que vale ressaltar. O cd 7 vezes é de uma inteligibilidade fantástica. Dá para entender palavra por palavra. Talvez seja por isto que entenderam ou "não entenderam" as letras, finalmente.
Sempre que ouço O Rappa, ouço cada disco por vez, na ordem, e completo, música após música. Eu havia esquecido que o 7x tinha sido lançado. Aí resolvi ouvir. Bom, sinceramente, vejo um Rappa sem inspiração. Letras confusas, como se eles tentassem embolar mais o que fizeram nO Silêncio Que Precede O Esporro. Não acho que o problema seja a falta do Yuca (que faz muita falta), mas um desencontro letrístico da banda. O som tá bom, mas as letras não encaixam. É como se estivessem cantando em alemão! Cadê a mensagem politizada direta?
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