Show de garra deixa público embebido em Elza
Resenha de show
Título: Beba-me
Artista: Elza Soares
Local: Canecão-Petrobrás (RJ)
Data: 26 de setembro de 2007
Cotação: * * *
"Quero ouvir!!!", ordenou Elza Soares. Obediente, a platéia entoou em coro o refrão do Rap da Felicidade. Majoritariamente branco e burguês, o público que não lotou o Canecão na estréia carioca do show Beba-me, na noite de quarta-feira, 26 de setembro, repetiu feliz versos como "Eu só quero é ser feliz / Andar tranquilamente na favela onde eu nasci". Foi o bis inusitado de um espetáculo feito com garra. Dura na queda, Elza driblou forte virose, saiu da cama e foi à tradicional cervejaria carioca fazer o show que oficializa o lançamento do CD (já à venda) e DVD (nas lojas em outubro) que registram ao vivo o show Beba-me - captado em março, no Sesc Vila Mariana, em São Paulo. "Cadê os negros do meu País??!", quis saber a cantora ainda no bis, quando apresentava A Carne, música do repertório do grupo Farofa Carioca que Elza tornou muito sua.
Sem a aura renovadora do anterior show Vivo Feliz, calcado nos beats eletrônicos, Beba-me empilha no tradicional roteiro vários sambas que marcaram época na voz resistente de Elza. Com (mais de) 70 anos, presumíveis, a mulata mostrou que ainda se assanha no palco. Quando cantou O Neguinho e a Senhorita, desossando o samba num registro iniciado no estilo voz-e-piano, a artista alisou maliciosamente o microfone no verso "'Não pode evitar esse amor" para dar a entender que o amor da senhorita pelo neguinho tinha a ver com a extensão do pênis do rapaz... São comentários extra-musicais como este que fazem de qualquer show de Elza Soares um acontecimento. Beba-me não é exceção. A começar pelo início, quando a cantora, ainda na coxia, canta a capella O Meu Guri. É a Elza exibida que também dispensa o microfone em trecho da bela Pranto Livre e que entorta a seu bel prazer sambas como Estatuto de Gafieira - com seu poderoso (e personalíssimo) senso rítmico.
Elza embebeu seu público em roteiro que exalta a própria história de luta, a própria garra. Seja encaixando seu nome em versos dos sambas Dura na Queda e Lata D'Água. Seja valorizando - a todo momento - o sacrifício de estar doente em cena. E, nessa mise-en-scéne, vale lançar mão de uma cadeira para entoar, sentada e com dengo, músicas como Dor de Cotovelo, o tema de Caetano Veloso que originou o título de um de seus discos/shows mais inspirados, Do Cóccix até o Pescoço. Elza pode. Poucas cantoras no mundo superaram os 70 anos com tanta atitude, tanta voz e tanta vida...
Entre os números musicais de roteiro urdido com alguns sambas menores (Contas e Cartão de Visita, entre eles), Volta por Cima é trunfo. No toque do acordeom virtuoso de Marcelo Caldi, o samba de Paulo Vanzolini gira na esfera rítmica do tango - gênero bisado para dar o tom de Fadas, número vindo do show Do Cóccix até o Pescoço. Em órbita mais festiva, o Rap da Felicidade é inserido no clima de gafieira garantido pelo trio de sopros e que se ajusta perfeitamente a sambalanços como Teleco-teco nº 1 e Beija-me. Difícil não seguir o passo assanhado da mulata. Elza Soares é a tal.
Título: Beba-me
Artista: Elza Soares
Local: Canecão-Petrobrás (RJ)
Data: 26 de setembro de 2007
Cotação: * * *
"Quero ouvir!!!", ordenou Elza Soares. Obediente, a platéia entoou em coro o refrão do Rap da Felicidade. Majoritariamente branco e burguês, o público que não lotou o Canecão na estréia carioca do show Beba-me, na noite de quarta-feira, 26 de setembro, repetiu feliz versos como "Eu só quero é ser feliz / Andar tranquilamente na favela onde eu nasci". Foi o bis inusitado de um espetáculo feito com garra. Dura na queda, Elza driblou forte virose, saiu da cama e foi à tradicional cervejaria carioca fazer o show que oficializa o lançamento do CD (já à venda) e DVD (nas lojas em outubro) que registram ao vivo o show Beba-me - captado em março, no Sesc Vila Mariana, em São Paulo. "Cadê os negros do meu País??!", quis saber a cantora ainda no bis, quando apresentava A Carne, música do repertório do grupo Farofa Carioca que Elza tornou muito sua.
Sem a aura renovadora do anterior show Vivo Feliz, calcado nos beats eletrônicos, Beba-me empilha no tradicional roteiro vários sambas que marcaram época na voz resistente de Elza. Com (mais de) 70 anos, presumíveis, a mulata mostrou que ainda se assanha no palco. Quando cantou O Neguinho e a Senhorita, desossando o samba num registro iniciado no estilo voz-e-piano, a artista alisou maliciosamente o microfone no verso "'Não pode evitar esse amor" para dar a entender que o amor da senhorita pelo neguinho tinha a ver com a extensão do pênis do rapaz... São comentários extra-musicais como este que fazem de qualquer show de Elza Soares um acontecimento. Beba-me não é exceção. A começar pelo início, quando a cantora, ainda na coxia, canta a capella O Meu Guri. É a Elza exibida que também dispensa o microfone em trecho da bela Pranto Livre e que entorta a seu bel prazer sambas como Estatuto de Gafieira - com seu poderoso (e personalíssimo) senso rítmico.
Elza embebeu seu público em roteiro que exalta a própria história de luta, a própria garra. Seja encaixando seu nome em versos dos sambas Dura na Queda e Lata D'Água. Seja valorizando - a todo momento - o sacrifício de estar doente em cena. E, nessa mise-en-scéne, vale lançar mão de uma cadeira para entoar, sentada e com dengo, músicas como Dor de Cotovelo, o tema de Caetano Veloso que originou o título de um de seus discos/shows mais inspirados, Do Cóccix até o Pescoço. Elza pode. Poucas cantoras no mundo superaram os 70 anos com tanta atitude, tanta voz e tanta vida...
Entre os números musicais de roteiro urdido com alguns sambas menores (Contas e Cartão de Visita, entre eles), Volta por Cima é trunfo. No toque do acordeom virtuoso de Marcelo Caldi, o samba de Paulo Vanzolini gira na esfera rítmica do tango - gênero bisado para dar o tom de Fadas, número vindo do show Do Cóccix até o Pescoço. Em órbita mais festiva, o Rap da Felicidade é inserido no clima de gafieira garantido pelo trio de sopros e que se ajusta perfeitamente a sambalanços como Teleco-teco nº 1 e Beija-me. Difícil não seguir o passo assanhado da mulata. Elza Soares é a tal.
21 Comments:
se tivesse começando hoje, Elza cantaria rap.
Só tive oportunidade de assistir a um show desta mulher uma única vez e fiquei completamente perplexo com sua força, garra e vitalidade. Destas cantoras que se diferem pela personalidade da sua arte. Poucas.
o show é ótimo, assisti em janeiro.
Elza é uma coisa ao vivo. e só um parêntese Mauro, A Carne, é do grupo Farofa Carioca e não d'O Rappa como mencionado. No mais resenha perfeita, como sempre.
abraço Mauro e abraço Elza.
Negra Guerreira!!!!!!!!!
Elza deixou sua herança em terra brasilis: Mart´nália!!!!
Elza é preconceituosa demais. Parece querer fazer seus shows e sua música apenas pra pessoas negras. Ai se fosse um branco no palco que gritasse>> - Cadê os brancos do meu País???? -
Porque, se você analisar bem, os brancos aqui são minoria!!!!!
Quem não viu um show da Elza Soares precisa ver urgentemente.É no gogó!Já vi vários,e em todos eles me derreti totalmente por essa Elza Incrível Soares.Entrega total no palco!
Ótima oportunidade para ver esta cantora incrível em São Paulo. Nos dias 05, 06 e 07 de outubro ela vai apresentar este show Beba-me no Auditório Ibirapuera.
IMPERDÍVEL ! Eu já garanti o meu !
Ah, a música CARNE é do Seu Jorge (ex Farofa) do Marcelo Yuka (ex-Rappa) e do Ulisses Cappelletti.
Conheci Elza pessoalmente esses dias. Uma pessoa discreta que em nada lembra a tal do palco !
DURA NA QUEDA acabei de escutar com o velho Chico.
MEU GURI prefiro com Beth Carvalho e FADAS em duo com Melodia !
Mauro diz ' o público que não lotou o Canecão '. Curioso fico pra saber se todos lotam realmente. Hoje em dia não é fácil ...
Um abraço
Diogo Santos
Fiquei louco para ver, que saia logo o dvd!!!! Sobre a Elza preconceituosa... é preciso comentar? Quem escreveu isso deve ter faltado a todas aulas de História.
"'Não pôde evitar esse amor" para dar a entender que o amor do neguinho pela senhorita tinha a ver com a extensão do pênis do rapaz...
Não seria:
"Não pode evitar esse amor" para dar a entender que o amor da senhorita pelo neguinho tinha a ver com a extensão do pênis do rapaz...
Na versão que conheço, a própria Elza canta "não pode evitar...". Pode ser "pôde" a forma pretérita. Não sei. Por outro lado, os papéis da senhorita e do neguinho parecem estar trocados.
Aliás, bastante preconceituosa essa brincadeira também. Será que tudo, ou o principal, que um negro tem a oferecer a uma senhorita é o tamanho do pênis? Tenho certeza que não. Elza precisa rever seus conceitos, nunca é tarde, mesmo aos 77 anos.
No mais, gosto bastante da Elza. Pena que seus registros mais antigos (anos 60/70) por vezes são marcados por arranjos pesados e datados demais para o meu gosto.
Flávio
Grande, grande Elza! Grande na Voz, na força e atitude!
Mauro, não sei de onde você tirou os "77 anos" da Elza. Os dicionários e enciclopédias sobre música dão a data de nascimento dela no ano de 1937. Ela só começou a carreira depois que ficou viúva aos 18 anos, e em 1957 fez seus primeiros shows (portanto, supostamente com 20 anos, não com 27!).
O comentário de que Elza é preconceituosa de fato irrita. A vontade imediata é de cobrar do irresponsável que deixou isso registrado menos hipocrisia e um mínimo de bom senso. Mas, de fato, como disse o anônimo das 4:22, nem é preciso comentar.
O que interessa é que, mesmo depois dos 70, e a idade exata não muda em nada, o Brasil tem o luxo de possuir uma cantora e uma mulher como Elza.
Uma das poucas pessoas que estampam as camisas que coloco no peito, literalmente.
Salve Elza,
Sempre Elza.
Anderson Falcão
Brasília - DF
(Ouvindo Elza, Miltinho e Samba, 1967)
Anônimo, se a data de nascimento de Elza fosse algo assim tão oficializado em livros, a biografia da cantora - escrita por José Louzeiro - não a omitiria. Há quem diga que ela nasceu em junho de 1930. Sei que já passou dos 70. De qualquer forma, como é difícil precisar datas sem documentos, refiz o texto sem alusão a uma data certa. Acho que fica mais justo.
Assisti Elza quando lançou o Cd Do coccix até o pescoço. Caramba, que showzaço ! Aqueles arranjos ao vivo ficaram demais ! Pena não haver registro daquele show !
Este novo não vi. Mas pelo repertório é mais centrado nos sambas, e deve ser muito bom tb.
Mas fica a esperança.... alguém tem o registro do show do Coccix até o pescoço ?
Edu - abc
Graças a Deus Elza não está começando hoje, pois deixaríamos de ter uma cantora extraordinária para ter mais um artista chato desse blá blá blá norte americano insuportável que é o rap.
elza é realmente trepidante. só não gosto quando exagera nos armstrongs, se me entendem.
guerreira, talentosa, felina.
uma grande artista, sem dúvida.
Elza sabe o que diz quando pergunta Cadê os negros deste país? Seus shows são formados por uma platéia com uma maioria de brancos, como quase todas as apresentações artíticas e culturais neste país. Quem quiser viver de ilusão(Djavan, Milton, Gil... ) que não pensem nisso. Quanto ao lance do pênis, é uma brincadeira, como tantas outras que ela faz, Elza é uma criança, feliz e responsável. E canta pra cacete.
Falou tudo anônimo das 1:18...
simples e direto ao ponto.
Salve Elza!
Anderson Falcão,
Brasília - DF
ESPLENDIDAMENTE ELZA!
Esse show é imperdível! Eu fui na gravação do DVD que rolou no Sesc Vila Mariana aqui em São Paulo. Mas pra quem ainda quer ir, neste final de semana, dias 05, 06 e 07 de outubro rola o lançamento desse DVD (Beba-me) no Auditório Ibirapuera! Vale mto a pena!
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