Retrô 2006 - Historiador invadiu palácio do Rei
Chegou às livrarias - em 1º de dezembro - uma das melhores (e mais polêmicas) biografias de um astro brasileiro. Em 504 páginas, Roberto Carlos em Detalhes (foto) esmiúçou a vida e a obra do cantor mais popular do país. Coube ao historiador baiano Paulo Cesar de Araújo invadir o palácio do Rei para desvendar pontos nebulosos de sua bela e, sim, heróica trajetória.
Avesso a exposições de sua vida privada, inclusive para manter irretocada a imagem criada de bom moço, Roberto Carlos chiou e protestou publicamente contra a biografia na entrevista coletiva concedida para divulgar o lançamento do CD e DVD Duetos. Na ocasião, o cantor revelou ter acionado seu advogados para agir "dentro da lei" contra o livro escrito por Araújo após 16 anos de entrevistas e pesquisas. Por ora, nenhuma ação judicial retirou o livro do mercado, para a alegria de curiosos súditos e não-súditos.
Em narrativa (muito) reverente à obra de Roberto Carlos, Araújo reconstituiu os primeiros passos profissionais do cantor na cidade natal de Cachoeiro de Itapemirim (ES) sem esquecer de detalhar o acidente de trem que provocou a perda da parte inferior da perna direita de Roberto, em 29 de junho de 1947 - triste episódio a que o artista se referiu de forma cifrada em músicas dos anos 70 como Traumas e O Divã. Os tempos difíceis no Rio de Janeiro, quando o cantor batalhava por um lugar em rádios e gravadoras, também são revividos. Araújo revela que Roberto foi visto (e aprovado) por João Gilberto quando dava expediente na Boate Plaza. Mas o aval do papa da Bossa Nova não impediu o artista iniciante de ser recusado por quase todas as gravadoras. E de ter enfrentado forte resistência da elite universitária quando estourou e foi acusado (mesmo por colegas famosos!!!) de ser contra a música brasileira.
Com o argumento de que a obra de Roberto Carlos é o espelho de sua vida, o historiador fez entrar em cena namoradas como Magda Fonseca, musa de Quero que Vá Tudo pro Inferno, música de 1965 que sedimentou a carreira do cantor. Araújo desvendou as farras sexuais da turma da Jovem Guarda e mostrou como o Rei soube se desvincular do movimento na hora certa para iniciar a transição para o estilo romântico que o entronizaria (definitivamente) na preferência popular, a partir dos anos 70. Foi uma brasa, mora??
Além de esmiuçar a gênese e a repercussão de canções famosas (Jesus Cristo, de 1970, traria problemas ao cantor até dentro da Igreja católica) e de detalhar o rico processo de composição de Roberto com Erasmo Carlos, seu fiel parceiro e irmão camarada, Araújo entra em terreno bem pessoal no capítulo Amante à Moda Antiga. É quando dominaram a narrativa namoradas como Silvia Amélia e, novamente, Magda Fonseca, provável musa inspiradora de Detalhes, outra canção emblemática do Rei. Detalhe de alcova.
O biógrafo mostrou que a separação de Nice, a primeira mulher de Roberto, em março de 1978, não foi tão amigável como retratada pela imprensa da época. O artista teria saído de casa após briga e, dias depois, comunicado a Nice (morta de câncer em 1990) sua decisão de dissolver o casamento por um oficial de Justiça. Em contrapartida, foi a atriz Myrian Rios, segunda esposa do cantor, que pediu a separação em decisão que - avalia ela em entrevista ao historiador - foi precipitada. A atriz revelou que se sentia tolhida.
Acima de tudo, Araújo mostra como a história de Roberto Carlos foi sendo marcada por dores e superações. A luta para manter a visão do filho Roberto Carlos Braga II, o Dudu, foi marcada pela perseverança que se repetiria no enfrentamento do câncer de Maria Rita, última mulher de Roberto, derrotada pela doença em 1999. Enfim, Roberto Carlos em Detalhes é leitura essencial para quem quer entender o homem que sempre se escondeu sob os olhos tristes do mito. Corra às livrarias enquanto é tempo...
Avesso a exposições de sua vida privada, inclusive para manter irretocada a imagem criada de bom moço, Roberto Carlos chiou e protestou publicamente contra a biografia na entrevista coletiva concedida para divulgar o lançamento do CD e DVD Duetos. Na ocasião, o cantor revelou ter acionado seu advogados para agir "dentro da lei" contra o livro escrito por Araújo após 16 anos de entrevistas e pesquisas. Por ora, nenhuma ação judicial retirou o livro do mercado, para a alegria de curiosos súditos e não-súditos.
Em narrativa (muito) reverente à obra de Roberto Carlos, Araújo reconstituiu os primeiros passos profissionais do cantor na cidade natal de Cachoeiro de Itapemirim (ES) sem esquecer de detalhar o acidente de trem que provocou a perda da parte inferior da perna direita de Roberto, em 29 de junho de 1947 - triste episódio a que o artista se referiu de forma cifrada em músicas dos anos 70 como Traumas e O Divã. Os tempos difíceis no Rio de Janeiro, quando o cantor batalhava por um lugar em rádios e gravadoras, também são revividos. Araújo revela que Roberto foi visto (e aprovado) por João Gilberto quando dava expediente na Boate Plaza. Mas o aval do papa da Bossa Nova não impediu o artista iniciante de ser recusado por quase todas as gravadoras. E de ter enfrentado forte resistência da elite universitária quando estourou e foi acusado (mesmo por colegas famosos!!!) de ser contra a música brasileira.
Com o argumento de que a obra de Roberto Carlos é o espelho de sua vida, o historiador fez entrar em cena namoradas como Magda Fonseca, musa de Quero que Vá Tudo pro Inferno, música de 1965 que sedimentou a carreira do cantor. Araújo desvendou as farras sexuais da turma da Jovem Guarda e mostrou como o Rei soube se desvincular do movimento na hora certa para iniciar a transição para o estilo romântico que o entronizaria (definitivamente) na preferência popular, a partir dos anos 70. Foi uma brasa, mora??
Além de esmiuçar a gênese e a repercussão de canções famosas (Jesus Cristo, de 1970, traria problemas ao cantor até dentro da Igreja católica) e de detalhar o rico processo de composição de Roberto com Erasmo Carlos, seu fiel parceiro e irmão camarada, Araújo entra em terreno bem pessoal no capítulo Amante à Moda Antiga. É quando dominaram a narrativa namoradas como Silvia Amélia e, novamente, Magda Fonseca, provável musa inspiradora de Detalhes, outra canção emblemática do Rei. Detalhe de alcova.
O biógrafo mostrou que a separação de Nice, a primeira mulher de Roberto, em março de 1978, não foi tão amigável como retratada pela imprensa da época. O artista teria saído de casa após briga e, dias depois, comunicado a Nice (morta de câncer em 1990) sua decisão de dissolver o casamento por um oficial de Justiça. Em contrapartida, foi a atriz Myrian Rios, segunda esposa do cantor, que pediu a separação em decisão que - avalia ela em entrevista ao historiador - foi precipitada. A atriz revelou que se sentia tolhida.
Acima de tudo, Araújo mostra como a história de Roberto Carlos foi sendo marcada por dores e superações. A luta para manter a visão do filho Roberto Carlos Braga II, o Dudu, foi marcada pela perseverança que se repetiria no enfrentamento do câncer de Maria Rita, última mulher de Roberto, derrotada pela doença em 1999. Enfim, Roberto Carlos em Detalhes é leitura essencial para quem quer entender o homem que sempre se escondeu sob os olhos tristes do mito. Corra às livrarias enquanto é tempo...
9 Comments:
quem não é avesso a exposição de sua vida privada?
comprei e tentei ler mas achei um saco. dei para minha avó no natal.
E teve a suposta relação com a Sônia Braga, que você não comentou no seu texto.
Cada vez que ouço falar do Roberto Carlos, tenho que tomar um rivotril.
Tbm tentei ler mas não rolou. Esperava mais. Aguardo outro. Seria interessante conhecer além da trajetória, os escaninhos, bastidores, o mercado por dentro, etc...de um artista que, pelo bem ou pelo mau, se mantém há décadas como o mais amado e popular artista do país.
Luc, Roberto deve ter tido mais motivos que vc para fazer uso do rivotril. Tem alternado - desde sempre - incursões igualmente vigorosas ao paraíso e ao inferno.
E, em minha opinião, tem conseguido se manter ERETO frente a um destino que lhe oferta e lhe subtrai sem meias medidas.
Ele é o REI . Pronto !
Péssima e Baby, eu aceito que o problema seja comigo, já que o Roberto Carlos é a outra unanimidade nacional.
Tenho uma dificuldade com ele e com o Tom Zé. Cada vez que os vejo ou ouço, parece que a vida vai piorar. Tenho que dobrar o rivotril. A psiquiatra fica revoltada, não quer liberar a receita azul, ela é fã do Rei.
A coisa ainda vai quando ouço suas canções (as do Roberto) na voz de grandes intérpretes. Aí, seguro a onda na base do maracugina, ou então fico fazendo o lalalá de uma música qualquer do Edu Lobo dentro da cabeça.
Sinistro!
Luc, gostei...rs...
Bem, honey, vc deve se conhecer o suficiente para saber o que lhe vai melhor.(espero que a psiquiatra idem)
Tom Zé tb não me faz pensar em um dia de sol. Roberto... bem, o ano tem quatro estações, concorda? e eu ADORO o outono.
beijoca.
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