7 de janeiro de 2009

Led Zeppelin vai gravar CD com novo vocalista

O show não pode - e nem vai - parar. Como Robert Plant já anunciou em dezembro de 2008 que não tem interesse em participar da reunião do Led Zeppelin, o grupo vai tentar alçar vôo em 2009 com um novo vocalista. A intenção é gravar um álbum com o substituto de Plant - o ainda não foi escolhido - e sair em turnê. Ou vice-versa. Por enquanto, o grupo é formado pelo guitarrista Jimmy Page, o baixista John Paul Jones e o baterista Jason Bonham. Jason é filho do baterista original, John Bonham, morto em 1980 - ano, aliás, da dissolução da banda, que se reuniu, em dezembro de 2007, para (histórico) show em Londres, Inglaterra.

Eminem e 50 Cent lançam suas novas músicas

Duas músicas dos próximos CDs dos rappers norte-americanos Eminem (foto à direita) e 50 Cent estão sendo lançadas esta semana nas rádios dos Estados Unidos e - claro - podem ser ouvidas na internet. A nova música de Eminem se chama Crack a Bottle, faz parte do álbum Relapse - ainda sem data de lançamento oficial - e conta com intervenções de Dr. Dre e do próprio 50 Cent. Detalhe: uma versão embrionária de Crack a Bottle já tinha caído na rede em novembro de 2008, mas não era a oficial. Já 50 Cent aposta suas fichas em I Get It in, música do álbum Before I Self Destruct, que chegou a ter seu lançamento anunciado para 9 de dezembro de 2008, mas foi adiado porque o rapper decidiu fazer gravações complementares. Consta que 50 Cent ainda está finalizando o CD...

Padre Fábio grava show no tempo da indústria

Resenha de Show - Gravação de CD e DVD
Título: Eu e o Tempo
Artista: Fábio de Melo (em foto de Mauro Ferreira)
Data: 6 de janeiro de 2009
Local: Canecão (RJ)
Cotação: * * *

"Errou! Errou!", acusou o público com fervor religioso tão logo padre Fábio de Mello acabou de apresentar Contrários, uma das músicas incluídas na gravação ao vivo do CD e DVD Eu e o Tempo, realizada em show num superlotado Canecão (RJ) na noite de terça-feira, 6 de janeiro de 2009. Não, o padre não tinha errado. Não daquela vez. E a platéia sabia disso. Era apenas uma tentativa graciosa de fazer ele repetir o número. A cena dá bem a medida da adoração que o público católico devota ao padre-cantor, novo fenômeno do mercado fonográfico. O registro ao vivo foi arquitetado pela gravadora LGK Music no embalo das 540 mil cópias vendidas em 2008 de Vida, o 11º CD de Fábio, campeão de um mercado que amarga lucros descendentes. Foi por isso que, na noite de terça-feira, a indústria - da fé e do disco - funcionou a todo vapor. No palco-púlpito do Canecão, um líder carismástico (no duplo sentido) fez sua missa-show diante de fiéis que o adoram para gerar CD e DVD. Um registro feito no tempo litúrgico e no tempo da máquina fonográfica, com as devidas interrupções para repetições de músicas e para ajustes na imagem do padre popstar. E, como todo popstar, o padre já sabe como é importante afagar o ego do público fiel. Faz parte do show, o da fé.

Dirigido e roteirizado por Túlio Feliciano, nome recorrente na condução de shows de samba, o espetáculo de Fábio de Melo foi estruturado em cinco tempos litúrgicos (Pentecostes, Advento, Epifania, Quaresma e Páscoa). A cada mudança do tempo, um relógio era deslocado no fundo do cenário, de uma extremidade à outra do palco, para marcar a passagem. Poemas, relatos e textos filosóficos - sobre o amor, a amizade, Jesus e Deus - entrecortaram repertório que embaralhou cânticos religiosos com músicas conhecidas nas vozes de cantores profanos como Fábio Jr. - de quem o padre-xará reviveu Vida e Pai. Aliás, Pai teria rendido mais se seu arranjo fosse tão econômico quanto o de O Caderno, a sensível canção infanto-juvenil de Toquinho, entoada pelo padre apenas na companhia da guitarra de Ary Piassarolo e dos teclados de Maurício Piassarolo, pai e filho (o primeiro em participação especial) - como ressaltou Fábio, antes de convocar Ary ao palco.

Ágil na primeira metade do show, transcorrida sem erros, a gravação se tornou arrastada do meio para o fim com sucessivas repetições que evidenciaram ligeira falta de sintonia entre artista, músicos e equipe técnica. Ao todo, foram três horas de show. Ou de pregação, dependendo do ponto de vista. Alguns números, como Tudo É do Pai, foram acompanhados em catártico coro popular. Há os cânticos católicos que fazem jus à tanta adoração pelo bonito desenho melódico - em especial, Humano Amor de Deus. Outros se sustentam mais nas mensagens de fé, amor e perserverança. Entre hits religiosos e bissextas novidades em seu repertório, como Arvoreando e Cântico das Criaturas, padre Fábio soube conduzir sua missa-show com inegável carisma e voz agradável que, como ele mesmo avisou, não estava em sua melhor forma na noite da gravação do CD e DVD Eu e o Tempo. Cantor, compositor, escritor e professor universitário (pós-graduado em teologia), além de padre desde 2001, Fábio de Melo parece ter aquele algo mais que distingue as estrelas. Deve ser por isso que, para os fiéis, o tempo pára na presença do novo popstar católico...

Celina Borges brilha na gravação de padre Fábio

Cantora mineira, conhecida pelo público seguidor do movimento católico intitulado Renovação Carismática, Celina Borges brilhou na gravação do DVD de padre Fábio de Melo, Eu e o Tempo, realizada na noite de terça-feira, 6 de janeiro de 2008, em show no Canecão, no Rio de Janeiro (RJ). Com sete CDs em sua discografia, Celina foi chamada ao palco por Fábio para fazer dueto em Tudo Posso. Com voz volumosa, no estilo exuberante das cantoras norte-americanas de gospel, a intérprete arrancou entusiásticos aplausos da platéia católica que seguiu (com fervor) a missa-show.

6 de janeiro de 2009

Guitarrista dos Stooges sai de cena aos 60 anos

Integrante da formação original do lendário grupo The Stooges, o guitarrista Ron Asheton (à esquerda na foto, uma das últimas imagens oficiais da banda que projetou Iggy Pop em 1967) foi encontrado morto na sua casa, em Michigan (EUA), na manhã desta terça-feira, 6 de janeiro de 2009. O irmão do baterista dos Stooges, Scott Asheton, tinha 60 anos. Os riffs de sua guitarra marcaram os clássicos do quarteto como No Fun. Dissolvido em 1974, o grupo tinha se reunido em 2003 e, desde então, gravou o álbum The Weirdness (2007) e teve agenda regular de shows. Uma autópsia ainda vai apontar a causa da morte de Ron Asheton.

Guitarras amplificam a melancolia de Morrissey

Resenha de CD
Título: Years of Refusal
Artista: Morrissey
Gravadora: Decca
/ Universal Music
Cotação: * * * 1/2

Se alguém começar a escutar aleatoriamente o nono álbum de estúdio de Morrissey pela décima faixa, You Were Good in your Time, pode supor que Years of Refusal oferece mais do mesmo. You Were Good in your Time é uma balada de cinco melancólicos minutos, adornada com cordas e turbinada com ruídos e efeitos em seu minuto final. Contudo, Years of Refusal se distingue na recente discografia solo de Morrissey pela predominância das guitarras. São elas que temperam a tristeza e a desesperança recorrentes na música do ex-Smith em músicas como Something Is Squeezing my Skull, Mama Lay Softly on the Riverbed e Black Cloud. Estas três faixas abrem o CD e anunciam o tom roqueiro de Years of Refusal, cujo lançamento - previsto inicialmente para setembro de 2008 - foi remarcado para 16 de fevereiro de 2009. É o primeiro disco de inéditas de Morrissey na Decca, gravadora na qual ele estreou em 2008 com Greatest Hits, a coletânea que antecipou duas - All You Need Is me e That's How People Grow Up - das 12 faixas de Years of Refusal.

Disponível (extra-oficialmente) na internet desde domingo, 4 de janeiro de 2009, Years of Refusal flagra Morrissey com a energia que faltou em seu álbum anterior, Ringleader of the Tormentors (2006), produzido com pompa por Tony Visconti. Eventualmente pesado, seu nono disco não chega a ser tão bom quanto You Are the Quarry - o vigoroso álbum de 2004 que marcou a retomada da carreira solo de Morrissey, produzido pelo mesmo Jerry Finn que pilota o novo álbum - mas apresenta faixas bem interessantes como a vibrante One Day Goodbye Will Be Farewell - de contorno até pop (na medida em que Morrissey consegue soar pop) - e I'm Throwing my Arms around Paris, bela música que remete ao som do The Smiths, o grupo que projetou Morrissey nos anos 80. No meio de tantas guitarras, proeminentes em faixas como Sorry Doesn't Help, há o acento mariachi de When Last I Spoke to Carol e há densos climas emocionais como o de It's Not your Birthday Anymore, tema que adquire tom quase épico em seus cinco minutos e nove segundos. Na faixa final, Morrissey recorre novamente às guitarras para proclamar uma suposta autosuficiência em I'm Ok by Myself, o rock mais nervoso do disco. No todo, Years of Refusal apaga em alto e bom som a má-impressão deixada pelo pálido Ringleader of the Tormentors.

Morrissey posa com filho de assistente em disco

Sebastien Pesel-Browne é o nome do garotinho que aparece com Morrissey na capa do nono álbum de estúdio do artista, Years of Refusal, nas lojas em 16 de fevereiro de 2009 pela gravadora Decca, mas já disponível extra-oficialmente na internet desde domingo, 4 de janeiro. Sebastien é filho de Charlie Browne, um dos assistentes do cantor. Detalhe: os pais do garoto se conheceram em show de Morrissey, em Boston (EUA). A foto é de Jake Walters.

5 de janeiro de 2009

Diana Krall divulga capa do álbum Quiet Nights

Foi divulgada - nesta segunda-feira, 5 de janeiro de 2009 - a capa do próximo álbum de Diana Krall, Quiet Nights, produzido por Tommy LiPuma com arranjos do craque Claus Ogerman. O disco é bastante influenciado pela Bossa Nova e inclui três músicas de Antonio Carlos Jobim (1927 - 1994), sendo que uma delas - Quiet Nights of Quiet Stars, a versão em inglês de Corcovado - inspirou o título do disco, nas lojas, pela gravadora Verve, em 31 de março.

Minissérie sobre Maysa gera compilação dupla

Em exibição pela Rede Globo a partir desta segunda-feira, 5 de janeiro de 2009, a curta minissérie Maysa - Quando Fala o Coração já tem sua trilha sonora editada pela gravadora Som Livre em CD duplo. Na realidade, trata-se de mais uma compilação de Maysa (1936 - 1977) que rebobina 27 gravações feitas entre 1956 e 1974. A boa seleção abrange do primeiro ao último álbum da cantora. O repertório é fiel ao que vai ser ouvido na trama de ficção escrita por Manoel Carlos com base na trajetória real da artista. Tanto que quem aparece na capa do CD é a atriz Larissa Maciel, que encarna Maysa escorada em impressionantes caracterizações que retratam as - muitas - fases e faces da cantora.

Luiza regrava Gil sob a direção de Max Viana

Canção da lavra de Gilberto Gil, lançada em 1976 pelo grupo Os Doces Bárbaros, O seu Amor ganha regravação de Luiza Possi (à direita em foto de Nana Moraes). Em seu quinto CD, gravado sob a direção musical de Max Viana, a cantora vai arriscar algumas músicas autorais - caso de Eu Espero, parceria de Luiza com Dudu Falcão - em repertório assinado por compositores como Chico César (versão de música do africano Lokua Kanza), Lula Queiroga e Samuel Rosa. O lançamento está previsto para março, via LGK Music, a gravadora de Líber Gadelha que tem seus discos distribuídos pela Som Livre.

'Circus' de Britney bate marca dos dois milhões

Lançado em 2 de dezembro de 2008, o sexto álbum de estúdio de Britney Spears, Circus, já bateu a marca de dois milhões de cópias vendidas ao redor do mundo. Somente nos Estados Unidos - o país onde os dois primeiros singles do disco, Womanizer e Circus, vem tendo ótimo desempenho nas paradas - já foram vendidos 1 milhão e 104 mil exemplares do álbum até 31 de dezembro de 2008. Marca que já supera a do anterior Blackout (2007) e que (re)põe Britney em lugar de honra no picadeiro pop.

4 de janeiro de 2009

Prince pretende lançar três CDs ao longo do ano

Sem lançar CD desde julho de 2007, quando editou Planet Earth em parceria com jornal inglês, Prince pretende lançar nada menos do que três álbuns ao longo de 2009. Um - por ora intitulado MPL Sound e já em fase final de produção - tem tom experimental de ambiência electro e conta com a adesão do rapper norte-americano Q-Tip. Outro disco, Lotus Plant, já concluído, tem arranjos calcados em guitarras e traz músicas como Dreamer, Wall of Berlin e Colonized Mind - além de Crimson & Clover, um cover do repertório de Tommy James and the Shondells. Por fim, um terceiro CD, Elixir, apresenta Prince ao lado da cantora Bria Valente - sua nova aposta na cena musical - em repertório erótico.

Gravação uniformiza sambas do Carnaval 2009

Resenha de CD
Título: Sambas de
Enredo 2009
Artista: Vários
Gravadora: Gravasamba
/ Universal Music
Cotação: * 1/2

Já até virou clichê dizer que os sambas de enredo dos últimos anos são meros arremedos das obras-primas do gênero, que viveu seu auge nos anos 60 e 70. São mesmo. E o confronto da safra do Carnaval de 2009 com o único samba antigo reeditado no Grupo Especial das escolas do Rio de Janeiro - Lenda das Sereias, Rainha do Mar (1976), revivido pelo Império Serrano de acordo com o atual regulamento da Liga das Escolas de Samba - corrobora uma queda de qualidade que vem sendo progressiva ao longo dos últimos 20 anos. Mas o que salta aos ouvidos no CD Sambas de Enredo 2009 é o tom padronizado e frio da gravação, que uniformiza e dilui quaisquer eventuais nuances dos sambas. Como a participação do grupo Fundo de Quintal no registro do samba da Imperatriz Leopoldinense, Imperatriz... Só Quer Mostrar que Faz Samba Também. Quanto aos sambas propriamente ditos, os 10 inéditos do Grupo Especial do Carnaval carioca patinam entre os níveis fraco e mediano. Merecem menção especial os da Beija-Flor (No Chuveiro da Alegria Quem Banha o Corpo, Lava a Alma na Folia - com a grife típica da escola de Nilópolis) e da Portela (E Por Falar em Amor, Onde Anda Você? - de um desenho melódico até incomum em tempos de sambas com andamentos de marcha). Em contrapartida, escolas como Unidos da Tijuca e Unidos de Vila Isabela apresentam sambas bem aquém de seus históricos. Tijuca 2009: Uma Odisséia sobre o Espaço e Neste Palco da Folia, É Minha Vila que Anuncia: Theatro Municipal - A Centenária Maravilha (este pontuado na gravação pelo violino de Léo Ortiz) jamais farão parte de uma antologia de sambas-enredos. É justo destacar, contudo, o poder incendiário do segundo refrão do samba do Salgueiro ("Vem no tambor da Academia / Que a furiosa bateria vai te arrepiar / Repique, tamborim, surdo, caixa e pandeiro / Salve o Mestre do Salgueiro!" - o ponto alto do samba Tambor). Até contagia, mas, no todo, a gravação do disco deixa a desejar. Mesmo um samba primoroso como Lendas da Sereia, Rainha do Mar perde parte de seu encanto no (acelerado) registro do chapado CD Sambas de Enredo 2009. A folia é desanimada.

Ritchie grava DVD e já planeja disco de inéditas

Bem motivado pela chegada às lojas da edição comemorativa dos 25 anos de seu primeiro belo álbum, Vôo de Coração (1983), Ritchie prepara a sua volta ao mercado fonográfico - e em dose dupla. Em 29 de janeiro de 2009, o compositor grava seu primeiro DVD com os sucessos e os lados B de sua discografia. A gravação vai ser feita no estúdio Visom, no Rio de Janeiro (RJ), como se fosse ao vivo, mas sem a presença de platéia. O lançamento está agendado para abril em parceria com o Canal Brasil. Na sequência da edição do DVD, o cantor (acima em foto de Milton Montenegro) planeja entrar em estúdio em seguida para gravar álbum de inéditas com parcerias com nomes com Arnaldo Antunes, Bernardo Vilhena (fiel letrista das músicas de Ritchie desde o começo) e Fausto Nilo.

Juntos, os quatro ases da bossa soam renovados

Resenha de CD
Título: Os Bossa Nova
Artista: Carlos Lyra, João Donato, Marcos Valle e
Roberto Menescal
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * 1/2

Dentre os projetos idealizados para festejar os 50 anos que a Bossa Nova completou em 2008, um dos mais interessantes é Os Bossa Nova, álbum que a Biscoito Fino acaba de pôr nas lojas com a reunião - até então inédita em disco - de quatro ases da bossa cinqüentenária. Carlos Lyra, Marcos Valle e Roberto Menescal foram três dos principais fornecedores de clássicos da fase inicial do movimento, sendo suplantados somente pelo soberano Tom Jobim (1927 - 1994). João Donato foi a ovelha desgarrada do moderno rebanho, mas ninguém duvida de que sua bossa já era nova na década de 50. Juntos pela primeira vez num disco inteiro, os quatro craques da bossa soam renovados pelo (feliz) encontro.

Idealizado pelo produtor José Milton e gravado entre agosto e outubro de 2008, o CD Os Bossa Nova não é projeto de caráter retrospectivo. Os já exauridos clássicos de cada compositor foram evitados. A rigor, os quatro cantam ou tocam juntos somente em duas das 14 faixas - Bossa Entre Amigos (Roberto Menescal e Marcos Valle) e Samba do Carioca, composto por Lyra com Vinicius de Moraes (1913 -1980) em 1963 para o musical Pobre Menina Rica - mas o interesse do disco se sustenta pelo troca-troca de repertório e pelo revezamento entre os mestres. Se Menescal se une a Lyra para reviver o Balansamba que compôs com Ronaldo Bôscoli (1927 - 1994), Marcos Valle entoa Até Quem Sabe, parceria de Donato com seu irmão Lysias Ênio. Há também temas instrumentais como Sextante (da safra inédita de Lyra), Entardecendo (parceria de Valle com Menescal) e A Cara do Rio (de Menescal com Donato) - com destaque para os dois primeiros. São nestes temas que fica mais evidente o refinamento harmônico do disco, para o qual contribuem os ótimos músicos convidados - entre eles, o trompetista Jessé Sadoc, o baixista Jorge Helder e o baterista Paulo Braga, hábeis na sustentação da leveza das bossas.

Há fino entrosamento entre os quatro ases. O que joga contra Os Bossa Nova são dois fatos incontestáveis. O primeiro é que nenhuma música nova ou mesmo mais antiga - caso de Ciúme, composta por Lyra em 1954 - chega sequer a roçar a beleza dos clássicos da bossa. O segundo é que nenhum dos quatro ases prima exatamente pelo virtuosismo vocal. Lyra e Valle até se viram bem no microfone. Já Menescal nunca foi mesmo talhado para o canto, como comprova o registro de Vagamente, parceria dele com Bôscoli que deu título ao primeiro LP de Wanda Sá. Mas é justo reconhecer que o dueto de Menescal com João Donato (outro desafinado) em Teresa da Praia é gracioso. No geral, o álbum deixa a (boa) impressão de que a festa da bossa não tem fim. Aliás, os sintomáticos versos que encerram o disco ("Vamos já pensando numa próxima vez / Pois a nossa bossa entre amigos / Ninguém vai separar", de Bossa entre Amigos) sinalizam que vai ser sempre tempo de celebrar a modernidade atemporal da bossa.

DVD documenta passagem do McFly pelo Brasil

A vinda do grupo McFly ao Brasil em outubro de 2008 - para shows em Curitiba (PR), Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP), em miniturnê que rendeu à banda algumas aparições em populares programas de televisão - fez aumentar a febre nacional em torno do grupo inglês. Ciente de que a idolatria teen em torno dessa boyband já chegou ao Brasil, a EMI Music produziu para o mercado nacional uma edição especial do ralo DVD Radio:Active, que documenta os bastidores da gravação do CD homônimo. A terceira parte do DVD é inteiramente dedicada à passagem do quarteto pelo Brasil, onde músicas como Lies e Falling in Love são hits entre os fãs do McFly.

3 de janeiro de 2009

Ithamara dá vibrante show de virtuosismo vocal

Resenha de Show
Título: Brazilian Butterfly Tour 2009
Artista: Ithamara Koorax (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Mistura Fina (RJ)
Data: 2 de janeiro de 2009
Cotação: * * * *
Em cartaz no Mistura Fina (até sábado, 3 de janeiro de 2009, às
19h30m e 21h30m) e Bar do Tom (9, 10, 16 e 17 de janeiro de 2009)

Ithamara Koorax nunca foi de trilhar caminhos fáceis. Em 1990, quando começou sua carreira em shows no Rio de Janeiro (RJ), amadrinhada por Elizeth Cardoso (1920 - 1990) e ainda sem o h no nome artístico, a cantora se aventurou pelas músicas sinuosas de Guinga antes de o compositor ser incensado pela mídia. A partir da gravação do álbum Serenade in Blue (2000), a intérprete centrou sua carreira no exterior e começou a batalhar por um lugar ao sol na cena de pop jazz. É nesse universo jazzístico que está baseado o show que Ithamara está apresentando no Rio de Janeiro neste início de ano em temporada que começou no Mistura Fina na noite de sexta-feira, 2 de janeiro de 2009, e vai prosseguir no Bar do Tom (pelos dois próximos finais de semana).

Cantora de técnica privilegiada, Ithamara dá show de virtuosismo vocal em um roteiro que irmana clássicos norte-americanos (My Favourite Things e The Shadow of your Smile) e brasileiros (Desafinado, em andamento acelerado). Ela não é cantora de linha cool. Ao contrário, seu registro vocal é vibrante e, exceto no bis, quando Ithamara incentiva o coro do público em Can't Take my Eyes Off You e em Garota de Ipanema (remodelada nas passagens instrumentais pelo toque dos teclados de José Roberto Bertrami), a participação popular no show se restringe à apreciação de seus floreios vocais, alguns de tom exibicionista. Para admiradores do estilo, a satisfação é garantida. Inclusive pelo fato de a cantora contar com espetacular banda que mixa músicos veteranos (como o baterista Haroldo Jobim e o supra-citado Bertrami) com jovens virtuoses (casos do baixista Jorge Pescara e do guitarrista Rodrigo Lima). Em alguns números, como Going out of my Head (um dos maiores hits de Sérgio Mendes), o percussionista Paulo Marcondes Ferraz se junta ao time para acentuar o molho latino do pop jazz de Ithamara. A turma dá um banho de musicalidade na apoteótica versão de Mas que Nada (Jorge Ben Jor) que fecha o show. Entre o jazz e a Bossa Nova, a intérprete entoa I Get a Kick Out of You (da lavra sempre fina de Cole Porter), revisita Ho-Ba-La-Lá - tema do repertório de João Gilberto que ela canta desde os primeiros shows - e esbanja técnica em I Fall in Love Too Easily. Sem falar no número mais surpreendente da noite, Got to Be Real, o hit disco de Cheryl Lynn que vira classuda balada na voz farta e exuberante de Ithamara Koorax. A borboleta brasileira alçou vôo.

Coldplay relança álbum vice-campeão nos EUA

O vice-campeão de vendas (de CDs) nos Estados Unidos em 2008 - por conta dos 2,14 milhões de cópias que saíram das lojas até 31 de dezembro - é o quarto álbum do Coldplay, Viva la Vida, que ganhou edição especial dupla em 22 de novembro. É esta Viva la Vida - Prospekt's March Edition que a gravadora EMI Music está lançando no mercado nacional. Ao álbum original, foi agregado o EP Prospekt's March, que apresenta um remix de Lovers in Japan, nova versão de Lost (com intervenção do rapper Jay-Z) e seis músicas inéditas que não foram finalizadas a tempo de entrarem no CD editado em junho. As novidades são Life in Technicolor II, Postcards from Far Away, Glass of Water, Rainy Day, Prospekt's March / Poppyfields e Now my Feet Won't Touch the Ground. Viva la Vida - vale ressaltar - é o provável grande vencedor das categorias principais do 51º Grammy Awards, agendado para 8 de fevereiro de 2009 em Los Angeles (EUA). O único concorrente que pode lhe tirar o Grammy de Álbum do Ano é Tha Carter III, do rapper Lil Wayne. Tha Carter III, a propósito, foi o CD mais vendido nos Estados Unidos em 2008, com 2,87 milhões de cópias comercializadas - até 31 de dezembro.

Rodrigo Bittencourt dá mordida no pop banal

Resenha de CD
Título: Mordida
Artista: Rodrigo
Bittencourt
Gravadora: Nataxa Artes
Cotação: * * * *

Cantor e compositor que já milita há anos na cena indie carioca, Rodrigo Bittencourt já tinha lançado CD (Canção para Ninar Adulto, 2003) cultuado no meio musical. Mas foi somente em 2007 - quando Maria Rita batizou e conceituou seu terceiro disco, Samba Meu, com música de Bittencourt - que o nome do artista começou a ser mais notado fora do universo indie, abrindo caminho para a justa badalação em torno de seu segundo álbum, Mordida, produzido por Nilo Romero. O disco, ótimo, vem embebido em referências poéticas, embaralhadas em letras que denotam urgência pop. "A estrada dessa vida é muito curta e eu não posso deixar de amar", avisa Bittencourt em Ficar Aqui, tema sustentado por leve batida de reggae. E o fato é que se o cantor apenas dá conta do recado, o compositor se revela dos mais interessantes. Mordida não é disco que soa óbvio. A boa surpresa pode ser a batucada que se faz ouvir no meio de Aquele Canalha, parceria de Bittencourt com o poeta Tavinho Paes (de versos devastadores), ou o cover suave de In Bloom (Kurt Cobain) que até se ajusta à sonoridade do álbum. E o fato é que da primeira (o rock Coleção de Amores, cuja letra foi urdida com versos do livro Trilogia do Kaos, de Jorge Mautner) à última de suas 11 faixas (Esmalte, jóia de alto quilate pop), o CD transita longe da incensada estética cool e dá bela mordida no conformismo que enfraquece a nativa música pop desta década. Sim, há um ou outro instante mais trivial, como a canção Solitude e a fria As Pequenas Coisas, parceria de Ana Carolina com o produtor Nilo Romero. Em contrapartida, há delícias como Nego 10 (em que o autor traça o perfil do jogador-título do tema funkeado) e as canções Ipanema Inn e Cinema Americano (música que a cantora Thaís Gulin já apresentava em show e que Rodrigo Bittencourt grava em dueto com a poeta Maria Resende). Lançado ao apagar das luzes de 2008, Mordida tem munição para consolidar o nome de Rodrigo Bittencourt entre os melhores compositores dessa apática década.

Coleção de jazz reedita obra-prima de Deodato

Dentre os 61 títulos (re)postos em catálogo de forma avulsa pela Jazz Collection, recém-editada pela gravadora Sony BMG, merece menção especial Prelude, belo álbum gravado entre 12 e 14 de setembro de 1972 que projetou em escala mundial o nome do pianista e arranjador brasileiro Eumir Deodato. Produzido por Creed Taylor (fundador da CTI Records, a gravadora que pôs Prelude no mercado), o álbum é uma obra-prima da fusion que misturou jazz, rock e orquestrações de tom erudito. O grande hit do disco nos Estados Unidos foi a versão funkeada (de nove minutos) de Also Sprach Zarathustra que rendeu um Grammy a Deodato. O tema foi lançado em 1896 pelo compositor erudito Richard Strauss (1860 -1949), popularizado em 1968 na trilha sonora do filme 2001: Uma Odisséia no Espaço e recriado por Deodato com (real) inventividade neste Prelude, item de discoteca básica.

Coletânea revive cancioneiro popular de Gilliard

Em 1979, um ano de explosão de mulheres na MPB, uma voz masculina se fez escutar na parada popular(esca). Naquele ano, o cantor potiguar Gilliard - um raro nome de Natal (RN) a ganhar projeção nacional - estourou com Aquela Nuvem, canção pueril que abriu porta para o sucesso comercial dos dois primeiros LPs do artista, Pensamento (1980) e Gilliard (1981). Trinta anos depois do estouro de Aquela Nuvem, a Som Livre compila o cancioneiro populista de Gilliard em coletânea editada na série Sempre. A seleção inclui hits como Timidez, Pouco a Pouco (tema da lavra de Martinha com César Augusto), Não Diga Nada e... Aquela Nuvem.

2 de janeiro de 2009

Elton abre a agenda 2009 de shows estrangeiros

A lista de shows estrangeiros agendados no Brasil para o primeiro semestre de 2009 ainda não reflete os efeitos da crise mundial. A subida na cotação do dólar vai naturalmente dificultar as futuras negociações para viabilizar as passagens das turnês internacionais pelo Brasil. Por ora, no entanto, a agenda de 2009 está cheia e inaugura com apresentações de Elton John em São Paulo (Arena Skol Anhembi, 17 de janeiro) e Rio de Janeiro (Praça da Apoteose, 19 de janeiro) - ambas abertas pelo cantor britânico James Blunt. Eis as (demais) atrações internacionais já confirmadas para 2009:

Alanis Morissette
- Onze shows em onze capitais brasileiras de 21 de janeiro a 10 de
fevereiro, começando por Manaus e terminando em Porto Alegre
James Blunt
- Shows em Porto Alegre (RS) em 27 de janeiro e em São Paulo em 29 de janeiro de 2009 (e ambos sem a participação de Elton John)
Orishas
- Show em São Paulo em 27 de janeiro de 2009 (na Via Funchal)
Damien Rice
- Show em São Paulo em 30 de janeiro de 2009 (no Citibank Hall)
Simply Red
- Shows em São Paulo em 3 e 4 de março de 2009 (Citibank Hall)
Iron Maiden
- Cinco shows em cinco capitais brasileiras de 12 a 20 de março
Keane
- Show no Rio de Janeiro em 13 de março de 2009 (Citibank Hall)
Radiohead
- Show no Rio de Janeiro em 20 de março (Praça da Apoteose) e
em São Paulo em 22 de março de 2009 (na Chácara do Jóquei)
Coldplay
- Show no Rio de Janeiro em 28 de março de 2009 (HSBC Arena)
Burt Bacharach

- Cinco shows em quatro capitais brasileiras, de 11 a 18 de abril
Motörhead
- Show em São Paulo (SP) em 18 de abril de 2009 (na Via Funchal)

Beth Carvalho grava álbum de inéditas em 2009

Após lançar sucessivos registros ao vivo de shows, que já estavam tornando sua discografia bem repetitiva, Beth Carvalho decidiu enfim gravar em 2009 um álbum de inéditas. Vai ser o primeiro desde o CD Brasileira da Gema, gravado em 1996, o ano em que a cantora amargava um (já superado) problema na voz. Com seu faro apurado para descobrir compositores, a artista já começa a selecionar repertório para o disco - há anos esperado pelos fãs. O último CD (ao vivo!!) de Beth foi dedicado aos sambas da Bahia.

Melodia revive clássico de Silvio César em filme

Obra-prima do raso repertório autoral de Silvio César, a canção Pra Você, lançada pelo autor em 1965, é revivida por Luiz Melodia (à esquerda) na trilha sonora do filme Se Eu Fosse Você 2 - em cartaz nos cinemas a partir desta sexta-feira, 2 de janeiro de 2009, após uma semana de pré-estréias. Assinada pelo DJ Memê, a trilha desse longa-metragem dirigido por Daniel Filho inclui também registro da valsa Pela Luz dos Olhos Teus - composta por Vinicius de Moraes (1913 - 1980) e lançada em 1963 por Elizeth Cardoso no LP Elizete Interpreta Vinicius - na voz de Toni Garrido. Já Danni Carlos interpreta duas músicas - entre elas, Enganos. A trilha sonora de Se Eu Fosse Você 2 vai sair em CD.

Marcelo volta ao disco com a produção de Dadi

Cantor popular que esteve nas paradas nos anos 70 e 80 com sucessos como Abre Coração e Morena, Marcelo - agora com o seu sobrenome Costa Santos adicionado ao nome artístico - prepara para 2009 seu retorno ao disco após 14 anos. Sob a produção de Dadi, o cantor finaliza o álbum Ciclos, no qual regrava Morena e apresenta inéditas, a maioria composta com o irmão Ney. Na faixa From me to Jim to George, Marcelo reverencia Jim Capaldi - ex-baterista do Traffic - e o ex-beatle George Harrison (1943 - 2001). O disco - em que o cantor apresenta o samba Eu Vou à Luta - vai contar com a adesão da cantora Ana Zingoni na música Querubim.

Filme documenta filosofia da vida de Martinho

A vida de Martinho da Vila vai chegar ao cinema em 2009. Estréia no início do ano o documentário Filosofia de Vida, produzido pelo Canal Brasil em parceria com a gravadora MZA Music. A direção é de Edu Mansur. O filme foi batizado com o nome da única música inédita lançada pelo compositor no CD e no DVD O Pequeno Burguês, projeto de caráter revisionista recém-editado com registro ao vivo de show.

1 de janeiro de 2009

Gravadora Som Livre celebra 40 anos em 2009

Enquanto o selo norte-americano Blue Note festeja seus 70 anos, a gravadora Som Livre se prepara para celebrar em 2009 seus 40 anos de vida. Fundada em 1969 para lançar os LPs com as trilhas sonoras das novelas apresentadas pela Rede Globo, a companhia começou a formar seu elenco próprio já na década de 70. Pela Som Livre, estrearam em disco nomes como Djavan. O acervo da gravadora abrange o catálogo da extinta RGE.

Reedições festejam os 70 anos do selo Blue Note

Os 70 anos do selo Blue Note - aberto em 1939 em Manhattan (Nova York, EUA) por dois imigrantes alemães - vão ser festejados ao longo de 2009. Festivais, shows, livros e reedições de álbuns antológicos vão reviver a história do mais antigo e cultuado selo de jazz do mundo - atualmente associado à gravadora EMI Music, de origem inglesa.

Baú é reaberto por conta dos 20 anos sem Raul

A morte de Raul Seixas - ocorrida em 21 de agosto de 1989 - vai completar 20 anos em 2009. Por conta da efeméride, o Baú do Raul vai ser reaberto para reavivar a figura do Maluco Beleza. É provável que seus principais discos sejam reeditados ao longo do ano. Fãs do artista já trabalham em projetos para celebrar o rock de Raul Seixas e manter vivo o culto em torno do lendário artista.

2009 é o ano do centenário de Carmen Miranda

Foi-se 2008 - ano pontuado pelos festejos pelas cinco décadas da Bossa Nova - e já chegou 2009, o ano do centenário de nascimento de Carmen Miranda (1909 - 1955), a portuguesa que veio ao mundo em 9 de fevereiro de 1909 para se tornar a imagem-clichê do Brasil nesse mundo pré-globalizado. Um símbolo tropicalista da música produzida no Brasil antes do surgimento da Bossa Nova. A data vai motivar reedições e releituras de parte das 313 músicas gravadas pela Pequena Notável entre 1929 e 1950. Viva Carmen! E feliz 2009 aos leitores de Notas Musicais!