13 de outubro de 2010

Bebeto procura se apresentar às novas gerações

Após quinze anos sem gravar repertório inédito, Bebeto - o rei dos bailes da periferia do Rio de Janeiro na segunda metade dos anos 70 com seu diluído samba-rock - tenta se apresentar às novas gerações com o CD Prazer, Eu Sou Bebeto, trabalho de inéditas produzido por Clemente Magalhães e lançado pela EMI Music neste mês de outubro de 2010. Ao longo de 15 faixas, a maioria de lavra autoral, Bebeto se conecta a músicos como Davi Moraes (em três faixas) e a parceiros antigos (Rubens, co-autor de Herdeiros da Raça e de Eterno Poeta) e novos (Mombaça, com quem assina Com Sotaque do meu Samba e Buraco Quente). Eis as 15 músicas e respectivos autores do CD Prazer, Eu Sou Bebeto:
1. Charme - Thiago Correa e Allan Dias Castro
2. De Bem com a Vida - Vadinho e Bebeto
3. Cara Casado - Thiago Correa  e Allan Dias Castro
4. Herdeiros Da Raça - Bebeto e Rubens
5. Tudo Bem (Big Ben) - Thiago Correa e Allan Dias Castro
6. Bagunçando na Área - Bebeto, Flávio Lima e Mitta
7. Valorizando a Vida - Bebeto, Flávio Lima  e Mitta
8. Linda - Vadinho e Bebeto
9. Me Leva que Eu Vou - Bebeto, Flávio Lima e Mitta
10. Temporada de Caju - Bebeto e Maria de Fatima
11. Água, Água - Bebeto e Teodoro
12. Buraco Quente - Bebeto e Mombaça
13. Com Sotaque do meu Samba - Mombaça e Bebeto
14. Eterno Poeta - Bebeto, Rubens e Dadá
15. Amor Infinito - Bebeto, Flávio Lima e Jefinho Rod

22 de outubro de 2007

Koorax dá boa voz ao samba de Rubens Lisboa

Ithamara Koorax gravou sua participação em Todas as Tribos, terceiro CD de Rubens Lisboa, cantor e compositor radicado em Aracaju (SE). A cantora carioca pôs seu privilegiado vozeirão em Samba, tema de autoria de Lisboa. Entre as 16 faixas do disco, há regravações dos repertórios de Vander Lee (Neném), de Antonio Villeroy (Da Laia do Lama) e de Zeca Baleiro (Vai de Madureira).

3 de agosto de 2007

Alcione canta tudo que gosta em CD de inéditas

De Tudo que Eu Gosto é o título do disco de inéditas que Alcione vai lançar em breve pela carioca Indie Records. Além do CD, a Marrom preparou um DVD com a maioria das músicas deste novo trabalho. A primeira faixa a ir para as rádios ainda em agosto é Perdeu, Perdeu. O repertório mistura samba, balada, reggae e até forró. Eis as 14 faixas do 33º álbum de Alcione:
1. Perdeu, Perdeu (Chico Roque e Sérgio Caetano)
2. Mangueira É uma Mãe (Serginho Meriti)
 - com Falcão (do grupo O Rappa) e ritmistas da Mangueira
3. Entre a Sola e o Salto (Gilberto Gil)
- com Gilberto Gil 
4. Maria da Penha (Paulinho Resende e Evandro Lima)
5. Laguidibá (Nei Lopes, Magnu Souza e Maurílio de Oliveira)
 - com Mart'nália
6. Como da Primeira Vez (Jefferson Junior, Xandinho e Diego Luciane)
7. Luz do Nosso Amor (Sombrinha, Rubens Gordinho e Nilton Barros)
8. 300 Anos de Zumbi (Altay Veloso)
9. Eu te Procuro (Dema Silvão e Francisco do Pagode)
10. Marcas do Passado (Senhor Homero)
11. Laço de Cobra (Nilton Barros)
12. Quando o Amor Bater na Porta (Altay Veloso)
13. Guiné, Guiné (Ronald Pinheiro, Gerude e Sérgio Habibe)
14. Agarradinho (Telma Tavares e Roque Ferreira)

16 de outubro de 2007

Samba afro-brasileiro é o dom de Fabiana Cozza

Resenha de CD
Título: Quando o Céu
Clarear
Artista: Fabiana Cozza
Gravadora: Eldorado
Cotação: * * * *

Com sua voz calorosa, Fabiana Cozza logo pede licença para incensar em Incensa, o samba que abre seu segundo CD, Quando o Céu Clarear. O belo samba é de Roque Ferreira, também autor da faixa-título. Projetada em São Paulo (SP), Cozza põe o pé no terreiro neste disco de tom afro-brasileiro para reafirmar que o samba é seu dom - como já anunciara no título de seu primeiro álbum, editado em 2004, e como reitera na letra de Novo Viver, tema que conta com adesão do Quinteto em Branco e Preto (Magnu Souza e Maurílio Oliveira são os autores da faixa). O CD já figura entre os melhores de 2007.

As louvações aos orixás permeiam o repertório do CD de forma explícita (em Saudação para Iemanjá e no lento Ponto de Nanã ofertado por Roque Ferreira) ou implícita como em Nação. Cozza rebobina a obra-prima de João Bosco, Paulo Emílio e Aldir Blanc - que deu título ao último CD de Clara Nunes - em ritmo de sambão. Como se estivesse na quadra de uma escola de samba. Em Canto de Ossanha, a intérprete (re)ergue a ponte Brasil-Cuba-África ao inserir incidentalmente um canto cubano de domínio público. O trompete do cubano Julio Padrón - captado em Caracas, a capital da Venezuela - arremata a integração proposta pela boa gravação.

Fabiana Cozza transita tanto pelo samba mais gingado - Parte, de Rubens Nogueira e Paulo César Pinheiro, atesta sua boa divisão - como pelos temas mais dolentes. Caso de Doces Recordações, em que a cantora une sua voz à da autora Ivone Lara - de quem Cozza revive Tendência, em registro que inicia no estilo voz-e-piano até ganhar intensidade. A propósito, o piano jazzy do cubano Yaniel Matos é o tempero especial de Xangô te Xinga, tema de Leandro Medina. Entre sambas pautados por sutis dissonâncias (Não Sai de mim, do mesmo Leandro Medina) e pelas tradições (Pela Sombra, parceria dos bambas Nei Lopes e Nelson Sargento), Fabiana Cozza se (con)firma como grande cantora. Basta a luminosa releitura de Agradecer e Abraçar, hit dos baianos Gerônimo e Vevé Calazans, para atestar o poder da voz desta intérprete que merece projeção além dos redutos do samba de São Paulo. O samba é, sim, seu dom.

5 de maio de 2010

'Violões' flagra Cássia em ajuste com o mercado

Resenha de DVD
Título: Violões
Artista: Cássia Eller
Gravadora: Universal
Music
Cotação: * * * *

Cássia Eller (1962 - 2001) enfrentou um jogo de gato e rato com a indústria fonográfica. A gravadora Universal Music tentou e conseguiu domesticar o canto selvagem e sedutor da intérprete em alguns discos, só que, no palco, Cássia era uma leoa que devorava a atenção do seu público. Mesmo em formato acústico - como atesta a oportuna edição do show Violões em DVD. Espécie de embrião do Acústico MTV (2001) que ampliaria o público da artista em seu último ano de vida, Violões é um show estreado pela cantora em 1995, na sequência da edição de seu primeiro álbum de pegada pop, Cássia Eller (1994). Tanto que o roteiro foi montado em boa parte com o repertório deste disco pop que emplacou hits como E.C.T. e Malandragem. Mas Violões tinha pegada. A de Cássia, que crescia no palco. O DVD ora lançado pela Universal Music, neste mês de maio de 2010, perpetua o registro audiovisual captado em 1996 no Teatro Franco Zampari, em São Paulo (SP), para originar especial exibido pela TV Cultura naquele mesmo ano. A qualidade da imagem e do áudio (apenas em 2.0) é satisfatória. Os violões que deram o título do show eram o de Cássia - ausente somente em Música Urbana 2 (Renato Russo) - e os de Walter Villaça e Luce Nascimento, sendo que Villaça trocou o violão pelo baixo em Socorro (Arnaldo Antunes e Alice Ruiz) e Metrô Linha 743 (Raul Seixas). Nunca editado em vídeo, Violões já tinha originado o CD Cássia Eller ao Vivo, em 1996. Só que a gravação ao vivo do DVD não é a mesma ouvida no CD. Captado ainda em 1995, o disco lançou a então inédita Nenhum Roberto (Nando Reis), número ausente do DVD. Em contrapartida, o DVD rebobina números - Blues da Piedade (Cazuza e Frejat), Lanterna dos Afogados (Herbert Vianna) e Rubens (Mário Manga) - nunca editados em CD. De todo modo, o que importa é a chance de ver e ouvir Cássia Eller num vigoroso instante pop após dois álbuns iniciais - Cássia Eller (1990) e O Marginal (1992) - de caráter underground. Em Violões, Cássia pela primeira vez ajustou o tom de seu canto ao gosto do mercado fonográfico, mas sem macular sua integridade artística. E íntegra ela continuou até sair de cena...

14 de abril de 2010

'Cantos e Contos' evidencia a pluralidade de Zizi

Resenha de DVDs
Título: Cantos & Contos 1 e 2
Artista: Zizi Possi
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * * 1/2

Em 2008, Zizi Possi celebrou seus 30 anos de carreira - tomando como ponto de partida a gravação, em 1978, de seu primeiro LP, Flor do Mal - com o requinte que caracteriza sua discografia do álbum Sobre Todas as Coisas (1991) em diante. De 11 de março a 27 de maio daquele ano de 2008, a cantora apresentou uma série de 12 shows na íntima casa Tom Jazz, em São Paulo (SP). Em que pesem algumas interseções nos roteiros das 12 apresentações, os shows Cantos & Contos - dirigidos por José Possi Neto, irmão de Zizi - tiveram conceitos, repertórios e convidados diferentes. Uma forma de escapar do retrospecto corriqueiramente feito por artistas para festejar efemérides do gênero. Para quem não pôde ver os shows, a festa das três décadas de carreira de Zizi se estende nos dois DVDs ora lançados pela gravadora Biscoito Fino - à venda de forma avulsa - com 36 números que resumem o espírito de confraternização e a emoção reinantes nos 12 shows. E que, sobre todas as coisas, evidenciam a pluralidade do canto de Zizi Possi, irretocável nesse passeio chique por cancioneiro de vários ritmos e latitudes. Maestria já evidenciada na abertura do Cantos & Contos 1, feita com Vira Moenda (Elza Soares Mendes), tema do folclore maranhense que Zizi entoa num registro quase a capella.
Cantos & Contos 1 reúne duetos com Alceu Valença, Alcione, Edu Lobo, João Bosco e Roberto Menescal. São encontros em que Zizi mergulha no universo dos convidados, sem a preocupação de cantar uma espécie de greatest hits dos 30 anos de carreira. Com Alceu, ela voa na altura de Sabiá (Luiz Gonzaga e Zé Dantas) e encara os lamentos mais densos de Na Primeira Manhã (Alceu Valença), mostrando que a técnica exemplar de seu canto não empana a emoção, latente também em Pra Dizer Adeus, primeiro dos três números feitos na presença embevecida de Edu Lobo. Único convidado com o qual Zizi já vinha dividindo os palcos nos últimos anos, Lobo expressa a admiração sincera pela cantora, que encara a complexidade de Lábia (Edu Lobo e Chico Buarque) com a mesma naturalidade e leveza com que deita e rola no ritmo ágil de Upa Neguinho (Edu Lobo e Gianfrancesco Guarnieri). Ao brilho da voz metálica, alia-se o suingue que abunda também em Nega do Cabelo Duro (Rubens Soares e David Nasser), número solo em que Zizi dá banho na divisão. No mesmo clima suingante, Gostoso Veneno (Wilson Moreira e Nei Lopes) é o ápice do encontro com Alcione, intérprete original do samba lançado em 1979. Com a Marrom, a cantora evoca também - com passione - a porção italiana de sua obra em Grande, Grande, Grande (no volume 2, há Senza Fine). Sozinha, Zizi celebra Alcione à sua moda, dando tom cool a Sufoco (Chico da Silva e Antonio José) - grande sucesso da Marrom em 1978 - sem deixar de expressar toda a melancolia contida nos versos do tema. Entre velha bossa (Dindi e O Barquinho - com a guitarra de Roberto Menescal, o produtor que lhe abriu as portas da gravadora Philips em 1978) e os sambas de João Bosco (Bala com Bala e Incompatibilidade de Gênios - com a voz e o violão do parceiro de Aldir Blanc neste dois clássicos dos anos 70), Zizi canta Cartola (As Rosas Não Falam) e Dorival Caymmi (Milagre, com João Bosco) em um amplo leque estilístico que abre - sempre - harmonioso no Cantos e Contos 1.

Ligeiramente menos sedutor do que o primeiro volume, Cantos & Contos 2 abre com a valsa Luiza (Tom Jobim), pretexto para o encontro emocionado de Zizi com Luiza Possi. Mãe e filha - esta uma cantora em nítida evolução - se enternecem mutuamente no clima lúdico de João e Maria (Sivuca e Chico Buarque). Na sequência do dueto, Tudo a Ver (Jorge Vercillo) se mostra a música menos inspirada do fino cancioneiro. Que inclui Sentado à Beira do Caminho (Roberto e Erasmo Carlos), Caminhos do Sol (Herman Torres e Salgado Maranhão) - um raro hit radiofônico da Zizi dos anos 80 incluído na seleção que, talvez por isso mesmo, logo ganhe o coro espontâneo da plateia - e Nada pra mim (John Ulhoa). Três números individuais que se destacam entre as 18 faixas, em especial a balada do Pato Fu que fez sucesso na voz de Ana Carolina. Aliás, quanto aos convidados, a própria Ana Carolina é presença luminosa no samba Bom Dia (Swami Jr. e Paulo Freire) - em que canta e toca seu pandeiro todo particular - e mostra que é sempre uma grande cantora quando usa sua voz potente na medida certa, como no medley que une Carvão (Ana Carolina) e Quem É Você (Lyle Mays e Luiz Avellar). Já a participação de Ivan Lins deixa a sensação de que poderia ter sido mais bem compilada no DVD. Ivan toca seu piano enquanto Zizi mergulha no universo denso de Alfonsina y el Mar (Ariel Ramirez e Félix Luna) e relê com a anfitriã seu Bilhete (Ivan Lins e Vítor Martins) - dueto já criado em gravação ao vivo feita por Ivan em 2005. Mais surpreendente é a participação de Eduardo Dussek, compositor recorrente na fase inicial da discografia de Zizi Possi. Foi na voz de Zizi que Eu Velejava em Você se tornou conhecida e, não por acaso, a música é revivida em Cantos & Contos. Com Dussek tocando seu piano blueseiro, a intérprete entoa Cantando no Chuveiro. E leva o compositor, alegre, a brincar com os versos de Desafinado (Antonio Carlos Jobim e Newton Mendonça). No todo, a seleção eclética de convidados e músicas é unificada pela voz de Zizi. E tudo faz sentido neste Cantos & Contos, como mostram os dois bons documentários exibidos nos extras. É luxo!!

16 de julho de 2007

Melodia cai no samba em trabalho de intérprete

Em seu primeiro disco como intérprete, Estação Melodia, à venda já a partir de 30 de julho, pela Biscoito Fino, Luiz Melodia cai no samba cantado nos anos 30, 40 e 50. O CD traz apenas uma faixa autoral, a inédita Nós Dois, parceria de Melodia com Renato Piau. Eis as músicas de Estação Melodia, primeiro álbum do cantor na Biscoito Fino:
1. Tive Sim (Cartola)
2. Não me Quebro à Toa (Oswaldo Melodia)
3. Dama Ideal (Alcebíades Nogueira e Arnaldo Passos)
4. Papelão (Geraldo das Neves)
5. Rei do Samba (Miguel Lima e Arino Nunes)
6. Chegou a Bonitona (Geraldo Pereira e José Batista)
7. Cabritada Mal-Sucedida (Geraldo Pereira)
8. Recado que a Maria Mandou (Haroldo Silva e Wilson Batista)
9. Nós Dois (Luiz Melodia e Renato Piau)
10. Choro de Passarinho (Renato Piau, Euclides Amaral e Rubens Cardoso)
11. Contrastes (Ismael Silva)
12. Eu Agora Sou Feliz (Jamelão e Mestre Gato)
13. O Neguinho e a Senhorita (Noel Rosa e Abelardo da Silva)
14. Linda Tereza (Oswaldo Melodia)

12 de setembro de 2009

Roque Ferreira domina 'Encanteria' de Bethânia

O compositor baiano Roque Ferreira predomina no repertório de Encanteria, o disco idealizado por Maria Bethânia para louvar a fé e a festa da fé. Roque assina nada menos do que quatro das 12 músicas distribuídas em 11 faixas. Duas, Santa Bárbara e Feita na Bahia, já vinham sendo mostradas por Bethânia em shows desde setembro de 2008. As outras duas músicas de Roque são Coroa do Mar e Minha Rede. Detalhe: o compositor também assina três músicas no outro CD (Tua) que Bethânia está lançando neste mês de setembro de 2009 (embora programados para chegar às lojas somente em 5 de outubro, os dois discos já vão estar disponíveis no site Sonoras, do portal Terra, a partir de terça-feira, 15 de setembro). Eis as músicas e autores do devoto disco Encanteria:
1. Santa Bárbara (Roque Ferreira)
2. Feita na Bahia (Roque Ferreira)
3. Coroa do Mar (Roque Ferreira)
4. Encanteria (Paulo César Pinheiro)
5. Saudade Dela (Roberto Mendes e Nizaldo Costa)
- com Caetano Veloso e Gilberto Gil
6. Linha do Caboclo (Paulo César Pinheiro e Pedro Amorim)
7. Estrela (Vander Lee)
8. Minha Rede (Roque Ferreira)
9. Doce Viola (Jaime Alem)
10. Ê Senhora (Vanessa da Mata)
/ Batatinha Roxa (D.P.) (Adaptação de Roberto Mendes)
11. Sete Trovas (Consuelo de Paula/Etel Frota/Rubens Nogueira)

5 de outubro de 2009

Bethânia faz a festa do interior em 'Encanteria'

Resenha de CD
Título: Encanteria
Artista: Maria Bethânia
Gravadora: Quitanda / Biscoito Fino
Cotação: * * * * 1/2

Em temperatura bem diversa do clima outonal de seu gêmeo Tua, Encanteria - o CD devoto de Maria Bethânia - é aquecido pelo calor dos ritmos regionais que animam as festas do interior do vasto Brasil. Festa é a palavra-chave para a perfeita compreensão de disco expansivo que louva a fé em clima de celebração. O piano camerístico que adorna Santa Bárbara (Roque Ferreira), o tema que abre o álbum, é pista falsa sobre o tom de Encanteria. Na sequência, o samba Feita na Bahia (Roque Ferreira) - gravado com a Orquestra Portátil de Música, assim como a faixa que dá título ao CD - perfila Bethânia com a exuberância que pontua o álbum batizado com iluminado samba de Paulo César Pinheiro. Aliás, o samba dita o ritmo do disco, mas na cadência baiana. É na batida das rodas do Recôncavo que a intérprete põe a Coroa do Mar (Roque Ferreira) e, nostálgica, reverencia o prato, a faca e a figura lendária de Edith do Prato (1916 - 2009) na companhia de Caetano Veloso e Gilberto Gil, naturais presenças de Saudade Dela (Roberto Mendes e Nizaldo Costa). E o fato é que, sim, a entidade Bethânia baixa em faixas como a veloz Linha de Caboclo (Paulo César Pinheiro e Pedro Amorim). Entre levada de congada mineira (Estrela, de um iluminado Vander Lee) e de xote manso (Minha Rede, outra faixa do recorrente Roque Ferreira), Bethânia saúda o sertão em Doce Viola - lindo tema de seu maestro Jaime Alem que evoca o clima caipira de algumas faixas de Tua - antes de entrar novamente na roda do samba baiano em Ê Senhora, outra prova da intimidade da compositora Vanessa da Mata com o universo musical do Brasil regional. No fim, a intérprete alude a si mesma através dos versos do samba Sete Trovas (Consuelo de Paula, Etel Frota e Rubens Nogueira) que citam trabalhos como Rosa dos Ventos, Mel e Talismã, não deixando dúvidas de que Bethânia é dona absoluta do dom e da festa. 'A canção é seu bailado e bastão'.

17 de fevereiro de 2008

Tradições de Brasil e Cuba com Maria e Omara

"Omara é uma das maiores cantoras que conheci, que conheço... Ela tem uma musicalidade, uma inteligência, uma compreensão musical que não é muito comum...". Maria Bethânia a respeito de Omara Portuondo.

"A voz de Maria Bethânia tem uma cor, uma densidade... Ela preenche... É uma coisa maravilhosa. Ela tem uma segurança, uma sutileza... Esse encontro é muito interessante". Omara Portuondo a respeito de Maria Bethânia.


Os generosos elogios recíprocos trocados entre Maria Bethânia e Omara Portuondo foram feitos em depoimentos que compõem o documentário pilotado pelo diretor Bruno Natal para o DVD que vem com a edição dupla do disco Omara Portuondo e Maria Bethânia - nas lojas a partir de 28 de fevereiro, pela gravadora Biscoito Fino, nos formatos de CD e de CD + DVD. Produzido por Jaime Alem (o maestro de Bethânia já há mais de 20 anos) e pelo violonista Swami Jr., o álbum foi idealizado a partir de encontro entre Bethânia e Omara em 2005, quando a cantora cubana veio ao Brasil para fazer alguns shows. "Quando Omara esteve no Rio, fomos almoçar juntas e ela pensou em fazer um disco comigo... E aquilo ficou em nossas cabeças", conta Bethânia no documentário.

A boa idéia do disco foi concretizada em janeiro de 2007 quando Bethânia e Omara - em foto de Leonardo Aversa - o gravaram no Rio de Janeiro, sob absoluto sigilo, no estúdio da Biscoito Fino. O lançamento do álbum será acompanhado por turnê internacional que junta as cantoras no palco em show inédito. A estréia será no Canecão (RJ), em temporada de duas semanas que vai de 7 a 16 de março. No show, as intérpretes vão mostrar o repertório do disco, que junta 14 músicas em 11 faixas. A seleção foi feita com base em pesquisa feita sob encomenda por Mozá Menezes e Rodrigo Faour.

Quase todo inédito nas vozes das cantoras, o repertório entrelaça músicas antigas de compositores de Brasil e Cuba. Algumas faixas foram gravadas em dueto por Bethânia e Omara. Entre elas, Para Cantarle a mi Amor - a música da lavra do compositor e pianista cubano Orlando de la Rosa (1919 - 1957), entoada em castelhano - e Só Vendo que Beleza (Marambaia), parceria de Rubens Campos (1912 - 1985) e Henricão (1915 - 1984), revivida pelas cantoras em português. A música foi sucesso com Carmen Costa (1920 - 2007).

Alguns boleros cubanos até já foram gravados anteriormente por Omara. São os casos de El Amor de mi Bohío, de Julio Brito (1908 - 1968), e Tal Vez, de Juan Formell, baixista que fundou a popular orquestra Los Van Van. Outro tema já gravado pela diva cubana é Palabras (Marta Valdés), que reaparece na voz de Omara reunido a Palavras (Gonzaguinha - na voz de Bethânia) e ao Poema LXIV, de Dulce María Loynaz. Ainda na seleção cubana, capitaneada por Omara, há Lacho (rara parceria do pianista Facundo Rivero com o flautista Juan Pablo Miranda que abre o CD), Mil Congojas (bolero do citado Juan Pablo Miranda) e Nana para un Suspiro (Semillita), acalanto de Pedro Luis Ferrer. Pérola do disco caracterizado por Bethânia como humaníssimo no documentário incluído no álbum.

Na parte brasileira, Bethânia selecionou Caipira de Fato (Adauto Santos), Menino Grande (Antônio Maria), Arrependimento (um já esquecido bolero composto por Dolores Duran com Fernando César) e Você, parceria de Hekel Tavares (1896 - 1969) com Nair Mesquita bem mais conhecida como Penas do Tiê. Enfim, o disco Omara Portuondo e Maria Bethânia parece totalmente fiel aos universos musicais e afetivos das intérpretes, que costuram tradições musicais com as memórias afetivas do Brasil e de Cuba.

13 de abril de 2007

Zimbo Trio conserva molho mesmo sem Chaves

Resenha de CD
Título: Zimbo ao Vivo
Artista: Zimbo Trio
Gravadora: Eldorado
Cotação: * * * *

O baixista Luiz Chaves teve que deixar o Zimbo Trio, em 2001, para enfrentar os problemas de saúde que acabariam tirando o músico definitivamente de cena em fevereiro deste ano. Só que nem a saída de Chaves acabou com o ânimo e a trajetória do trio, que volta com um disco ao vivo que reafirma o suingue e o raro entrosamento reinantes entre Amilton Godoy (piano), Rubens Barsotti (bateria) e Itamar Collaço (baixo, em substituição a Chaves). O álbum foi gravado ao vivo em 2006.

A despeito de trazer três inéditas no repertório (Choro, Notas que Falam e Teste de Som), é nas músicas antigas que reside o encanto do CD. Ao reavivar temas como Domingo no Parque (Gilberto Gil), Carolina (Chico Buarque), Ponteio (Edu Lobo) e Zazueira (Jorge Ben), o Zimbo Trio mostra o molho e a bossa que marcaram os 60.

8 de março de 2008

Afinidades urdem roteiro de Bethânia e Omara

É de Maria Bethânia e de Omara Portuondo a concepção do roteiro do show que as duas grandes intérpretes vão apresentar até junho por Brasil, Argentina e Chile. Costurado por afinidades temáticas, o roteiro entrelaça doze das treze finas músicas do disco Omara Portuondo e Maria Bethânia - a exceção é Menino Grande - e acrescenta ao repertório do CD composições de Chico Buarque e Gonzaguinha. Eis o roteiro apresentado na estréia do show, em 7 de março de 2008 (a foto das divas em cena é de Eryck Machado):

Maria Bethânia e Omara Portuondo
1. Cio da Terra (Chico Buarque e Milton Nascimento)
2. Cálix Bento (Tavinho Moura sobre tema de Domínio Público)
3. Gente Humilde (Garoto, Vinicius de Moraes e Chico Buarque)
- versão em espanhol de Alfredo Fressia

Maria Bethânia
4. Partido Alto (Chico Buarque)
5. Arrependimento (Fernando César e Dolores Duran)
6. Negue (Adelino Moreira e Enzo de Almeida)
7. Escandalosa (Djalma Esteves e Moacyr Silva)
8. Você Não Sabe (Roberto Carlos e Erasmo Carlos)
9. O Ciúme (Caetano Veloso)
10. Doce (Roque Ferreira) / A Bahia te Espera
(Chianca de Garcia e Herivelto Martins)

Maria Bethânia e Omara Portuondo
11. Cubanakan (Moisses Simons, Sauvat e Chamfleurry)
- versão em português de Romeu Nunes
12. Tal Vez (Juan Pablo Miranda)

Omara Portuondo
13. Veinte Años (Maria Teresa Vera)
14. Mil Congojas (Juan Pablo Miranda)
15. Nana para un Suspiro (Semillita) (Pedro Luís Ferrer)
16. Dos Gardenias (Isolina Carrillo Diaz)
17. Lacho (Facundo Rivero e Juan Pablo Miranda)
/ Drume Negrita (Ernesto Grenet)
18. La Sitiera (Rafael Lopez Gonzalez)
/ Guantanamera (Joseito Fernandez e Juliam Orbam)

Instrumental Banda

Maria Bethânia e Omara Portuondo
19. Você (Heckel Tavares e Nair Mesquita)
20. Só Vendo que Beleza (Marambaia)
(Rubens Campos e Henricão)
21. Caipira de Fato (Adauto Santos)
/ El Amor de mi Bohío (Julio Brito)
22. Havana-me (Joyce e Paulo César Pinheiro)
- versão em espanhol de Alfredo Fresssia
23. Para Cantarle a mi Amor (Orlando de la Rosa)
24. Começaria Tudo Outra Vez (Gonzaguinha)
25. O Que Será? (À Flor da Terra) (Chico Buarque)

Bis

Maria Bethânia e Omara Portuondo
26. Palabras (Marta Valdés) / Palavras (Gonzaguinha)
27. Guantanamera (Joseito Fernandez e Juliam Orbam)

21 de fevereiro de 2010

Lisboa vai do samba ao blues no álbum 'Arteiro'

Cantor e compositor natural de Sergipe, Rubens Lisboa vai lançar em março de 2010 seu quarto álbum, Arteiro, com distribuição da Fonomatic e Tratore. O repertório autoral vai do samba (Doce Salgado e Chamego) ao blues (Um a Zero), passando também por xote (Coração Tambor) e até ciranda (Três Flores). A origem sergipana do artista inspira tanto o Maracatu do Brejão - tributo ao folclore do Estado, ignorado pelo Brasil - quanto Talento Serigy, tema de tom mais crítico que alfineta os artistas fakes. Fim do Mundo - cantiga à moda antiga, arranjada com o piano de Diogo Montalvão e o violoncelo de Thiago Silvino - é um dos destaques da safra de inéditas de ritmos bem variados que compõem o mosaico autoral do álbum Arteiro.

24 de janeiro de 2009

Ferriani canta Assis e Donato sob batuta de BiD

E mais uma cantora tenta um lugar ao sol no mercado fonográfico. Nos palcos desde 2004, com passagens por diversas casas do circuito da efervescente Lapa (RJ), Verônica Ferriani (à esquerda em foto de Dani Gurgel) lança seu primeiro CD em fevereiro de 2009. Sob a batuta do produtor BiD, a intérprete canta repertório que junta Assis Valente (Fez Bobagem, 1942), Cassiano (Eu Amo Você, balada de 1970, composta com Silvio Roachel), Gonzaguinha (Um Sorriso nos Lábios, 1976), João Donato (Ahiê, parceria com Paulo César Pinheiro, lançada por Donato em 1973), Marcos Valle (Com Mais de 30, samba letrado por Paulo Sérgio Valle que fez sucesso na voz de Cláudia em 1971) e Paulinho da Viola (Perder e Ganhar, 1971). Da década de 70, origem da maior parte do repertório do álbum Verônica Ferriani, vem também If You Want to Be a Lover, música de Luis Henrique gravada por Liza Minelli. Já o maestro Spok, da pernambucana Spok Frevo Orquestra, assina os arranjos de metais da faixa Na Volta da Ladeira, inédita de Rubens Nogueira com Paulo César Pinheiro. A dupla de compositores, aliás, contribui com outra inédita, Bem Feito. Gravado de forma independente, o CD de estréia da cantora vai ser distribuído via Tratore a partir de 1º de fevereiro de 2009.

6 de fevereiro de 2009

Antena de BiD capta altos e baixos de Ferriani

Resenha de CD
Título: Verônica Ferriani
Artista: Verônica Ferriani
Gravadora: Independente
Cotação: * * 1/2

Nos palcos desde 2004, com passagens por vários redutos paulistas e cariocas do samba, a cantora Verônica Ferriani estréia no diluído mercado fonográfico neste mês de fevereiro de 2009 com CD produzido sob a batura de BiD. Nem as antenas ligadas de BiD captaram, contudo, alguns equívocos na escolha do repertório. O maior deles é Com Mais de 30, samba de Marcos e Paulo Sérgio Valle que soa datado, com letra associada à ideologia hippie que se posicionava contra o mundo velho dos mais de 30. Sem falar que o tema já tem registro definitivo de Cláudia, cantora dona de suingue ímpar. Mesmo sem ser páreo para Cláudia, Ferriani também tem balanço na voz graciosa - como prova no samba Fez Bobagem (Assis Valente) e no frevo Na Volta da Ladeira (Rubens Nogueira e Paulo César Pinheiro), embalado de forma envolvente pelo arranjo assinado pelo maestro Spok. A propósito, os grooves do CD Verônica Ferriani são todos antenados - pena que, às vezes, postos a serviço de músicas batidas como Eu Amo Você, balada de Cassiano e Silvio Rochael que já mereceu registros mais vigorosos e adequados à sua linhagem soul, em especial o feito por Tim Maia (1942 - 1998) em 1970. Já Retalhos - samba da lavra sempre industrializada da dupla de hitmakers Paulinho Rezende e Paulo Debétio - também deveria ter permanecido esquecido na inicial discografia de Alcione, por mais que sua pegada seja radiofônica. Quando a cantora acerta realmente o foco, como no samba Um Sorriso nos Lábios, cujo arranjo seco realça a mordacidade da letra de Gonzaguinha (1945 - 1991), o álbum se revela excelente. É mais recompensador encarar um lado B de Paulinho da Viola - Perder e Ganhar, envolvido em baticum moderno - ou parceria de João Donato com Paulo César Pinheiro (Ahiê, com a latinidade típica de Donato) do que tentar dar alguma nova nuance a músicas já bem gravadas por intérpretes como Tim Maia e Cláudia. Mesmo com altos e baixos, a impressão do CD Verônica Ferriani é boa.

25 de agosto de 2008

Meninas saúdam Caymmi na gravação de DVD

Jussara Silveira, Rita Ribeiro e Teresa Cristina fizeram na noite de domingo, 24 de agosto de 2008, a gravação ao vivo do gracioso show Três Meninas do Brasil. As cantoras (em foto de Rodrigo Amaral durante o registro do CD e DVD) apresentaram no Teatro Municipal de Niterói (RJ) o mesmo roteiro entoado na estréia do espetáculo, em dezembro de 2007, no Teatro Nelson Rodrigues (RJ). Antes de cantar Lá Vem a Baiana, as três meninas fizeram menção à importância de Dorival Caymmi (1914 - 2008), autor do samba, na música brasileira. Jussara Silveira - vale lembrar - lançou em 1998 o CD Canções de Caymmi, segundo título de sua discografia. O bem-vindo registro do show Três Meninas do Brasil (em CD e DVD) foi viabilizado pela gravadora Biscoito Fino. Eis o roteiro apresentado pelas três cantoras na gravação ao vivo:
1. Meninas do Brasil (Moraes Moreira e Fausto Nilo)
2. Menina, Amanhã De Manhã (Tom Zé e Antônio Perna Fróes)
3. Seo Zé (Carlinhos Brown, Marisa Monte e Nando Reis)
4. Mulher Nova Bonita e Carinhosa Faz o Homem Gemer Sem Sentir Dor (Zé Ramalho e Otacílio Batista)
5. Na Cabecinha da Dora (Antônio Vieira e Pedro Giusti)
/ Nega do Cabelo Duro (Rubens Soares e David Nasser)
6. Para Ver as Meninas (Paulinho da Viola)
7. Maiúsculo (Sérgio Sampaio)
8. Nu com a Minha Música (Caetano Veloso)
9. Ludo Real (Chico Buarque e Vinicius Cantuária)
10. Divino (Rita Ribeiro e Zeca Baleiro)
11. Impossível Acreditar que Perdi Você (Cobel e Márcio Greyck)
12. Dama do Cassino (Caetano Veloso)
13. Cantar (Teresa Cristina)
14. Lá Vem a Baiana (Dorival Caymmi)
15. Pôxa (Gilson de Souza)
16. Chula Cortada (Roque Ferreira)
17. Isso Aqui Tá Bom Demais (Dominguinhos e Nando Cordel)
18. Homem de Saia (Enéas de Castro e Gatinho)
19. Minha Tribo Sou Eu (Zeca Baleiro)
20. Deixa a Gira Girá (Adap. Mateus, Dadinho e Heraldo)

17 de fevereiro de 2008

O repertório e o roteiro de Bethânia com Omara

Tema do compositor (e baixista) cubano Juan Formell, Tal Vez é uma das músicas que Maria Bethânia e Omara Portuondo cantam juntas no disco (veja a contracapa acima) que gravaram juntas e que vai chegar às lojas a partir de 28 de fevereiro pela gravadora Biscoito Fino. Eis as 11 faixas do CD Omara Portuondo e Maria Bethânia, cuja edição motivou turnê internacional das cantoras:

1. Lacho (Facundo Rivero e Juan Pablo Miranda)
2. Menino Grande (Antonio Maria)
3. Nana para un Suspiro (Semillita) (Pedro Luís Ferrer)
4. Poema LXIV (Dulce María Loynaz)
/ Palavras (Marta Valdés) / Palavras (Gonzaguinha)
5. Tal Vez (Juan Formell)
6. Você (Hekel Tavares e Nair Mesquita)
7. Arrependimento (Fernando César e Dolores Duran)
8. Mil Congojas (Juan Pablo Miranda)
9. Só Vendo que Beleza (Marambaia) (Rubens Campos e Henricão)
10. Para Cantarle a mi Amor (Orlando de la Rosa)
11. Caipira de Fato (Adauto Santos)
/ El Amor de mi Bohío (Julio Brito)

Eis o roteiro da turnê de Maria Bethânia e Omara Portuondo:

* Rio de Janeiro - Canecão, de 7 a 16 de março
* São Paulo - Via Funchal, 28 e 29 de março
* Belo Horizonte - Palácio das Artes, 4 e 5 de abril
* Maceió - Teatro Gustavo Leite, 9 de abril
* Olinda - Teatro Guararapes, 12 e 13 de abril
* Brasília - Teatro Nacional Cláudio Santoro, 17 e 18 de abril
* Aracajú - Teatro Tobias Barreto, 23 de abril
* Salvador - Teatro Castro Alves, 25 e 26 de abril
* Fortaleza - Siara Hall, 30 de abril
* Curitiba - Teatro Guaíra, 8 de maio
* Porto Alegre - Teatro do Sesi, 10 de maio
* América Latina (Argentina e Chile) - junho