Smith se retrata no cinema com poesia e estilo
Resenha de filme
Título: Patti Smith
- Sonho de Vida
(Patti Smith -
Dream of Life
EUA, 2008)
Direção: Steven
Sebring
Cotação: * * * *
Em exibição no Festival
do Rio 2008
* 6 de outubro, (Estação
Barra Point 1, às 22h)
"Todos nós temos voz e todos nós temos o dever de exercitá-la, de usá-la", sentencia Patti Smith no trecho final deste filme em que a roqueira de aura punk se retrata na tela com poesia, estilo e alta dose de espiritualidade. Em exibição no Festival do Rio 2008, Patti Smith - Sonho de Vida não é documentário convencional sobre a vida e obra da artista que se impôs na seminal cena punk nova-iorquina de 1975 com o álbum Horses. Ao longo de 11 anos, o diretor Steven Sebring captou imagens de Smith, no palco e nos bastidores, para esboçar um retrato de uma artista até certo ponto enigmática. Mas é a própria Smith que narra o filme e parece deter o real controle da direção deste filme que exibe a maioria de suas imagens em preto e branco. E, logo na primeira seqüência, ela salpica dados biográficos sobre sua vida que vão servir de base para o entendimento das exposições poéticas e filosóficas que pontuam a narrativa. Se Smith usa a voz também para fins explicitamente políticos (e as cenas finais em que ela protesta de forma inflamada contra o presidente George W. Bush e a Guerra do Iraque expõem com total clareza a ideologia humanitária que envolve a vida e a obra da artista), a mente exercita o uso da poesia para driblar a dor pela morte do marido, Fred Sonic Smith, produtor do álbum de 1988 do qual o filme pega emprestado o título Dream of Life. Dor que permeia a narrativa.
"Desde que eu me dou por gente, eu procuro ser livre", ressalta Smith em fala do filme. Entre versos de poetas como Arthur Rimbaud (1854 - 1891) e William Burroughs (1914 - 1997), o documentário dá sinais de que foi através da poesia e do inesperado rock que Smith conseguiu se libertar de um cotidiano que tinha tudo para ser comum. "Na infância, sonhei ser cantora lírica como Maria Callas e cantar com a mesma energia de Billie Holiday. Nunca sonhei cantar numa banda de rock", revela Smith, cujo currículo abrange passagem por uma fábrica, como operária.
Título: Patti Smith
- Sonho de Vida
(Patti Smith -
Dream of Life
EUA, 2008)
Direção: Steven
Sebring
Cotação: * * * *
Em exibição no Festival
do Rio 2008
* 6 de outubro, (Estação
Barra Point 1, às 22h)
"Todos nós temos voz e todos nós temos o dever de exercitá-la, de usá-la", sentencia Patti Smith no trecho final deste filme em que a roqueira de aura punk se retrata na tela com poesia, estilo e alta dose de espiritualidade. Em exibição no Festival do Rio 2008, Patti Smith - Sonho de Vida não é documentário convencional sobre a vida e obra da artista que se impôs na seminal cena punk nova-iorquina de 1975 com o álbum Horses. Ao longo de 11 anos, o diretor Steven Sebring captou imagens de Smith, no palco e nos bastidores, para esboçar um retrato de uma artista até certo ponto enigmática. Mas é a própria Smith que narra o filme e parece deter o real controle da direção deste filme que exibe a maioria de suas imagens em preto e branco. E, logo na primeira seqüência, ela salpica dados biográficos sobre sua vida que vão servir de base para o entendimento das exposições poéticas e filosóficas que pontuam a narrativa. Se Smith usa a voz também para fins explicitamente políticos (e as cenas finais em que ela protesta de forma inflamada contra o presidente George W. Bush e a Guerra do Iraque expõem com total clareza a ideologia humanitária que envolve a vida e a obra da artista), a mente exercita o uso da poesia para driblar a dor pela morte do marido, Fred Sonic Smith, produtor do álbum de 1988 do qual o filme pega emprestado o título Dream of Life. Dor que permeia a narrativa.
"Desde que eu me dou por gente, eu procuro ser livre", ressalta Smith em fala do filme. Entre versos de poetas como Arthur Rimbaud (1854 - 1891) e William Burroughs (1914 - 1997), o documentário dá sinais de que foi através da poesia e do inesperado rock que Smith conseguiu se libertar de um cotidiano que tinha tudo para ser comum. "Na infância, sonhei ser cantora lírica como Maria Callas e cantar com a mesma energia de Billie Holiday. Nunca sonhei cantar numa banda de rock", revela Smith, cujo currículo abrange passagem por uma fábrica, como operária.
Sem lançar mão de entrevistas confessionais, o filme vai esboçando através dos takes feitos por Sebring o retrato sensível de uma artista normalmente reservada. A economia de diálogos - ou mesmo o eventual silêncio - da cena em que Smith visita os pais, já bastante idosos, revela mais do que muitas falas do filme. A própria Patti Smith não parece ser de muitas palavras. É através da poesia alheia e das letras de suas músicas que ela se expõe mais. Daí o valor deste filme estiloso que revela sua personagem através dos sonhos e - também - das frustrações. Merece ser visto.
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"Todos nós temos voz e todos nós temos o dever de exercitá-la, de usá-la", sentencia Patti Smith no trecho final deste filme em que a roqueira de aura punk se retrata na tela com poesia, estilo e alta dose de espiritualidade. Em exibição no Festival do Rio 2008, Patti Smith - Sonho de Vida não é documentário convencional sobre a vida e obra da artista que se impôs na seminal cena punk nova-iorquina de 1975 com o álbum Horses. Ao longo de 11 anos, o diretor Steven Sebring captou imagens de Smith, no palco e nos bastidores, para esboçar um retrato de uma artista até certo ponto enigmática. Mas é a própria Smith que narra o filme e parece deter o real controle da direção deste filme que exibe a maioria de suas imagens em preto e branco. E, logo na primeira seqüência, ela salpica dados biográficos sobre sua vida que vão servir de base para o entendimento das exposições poéticas e filosóficas que pontuam a narrativa. Se Smith usa a voz também para fins explicitamente políticos (e as cenas finais em que ela protesta de forma inflamada contra o presidente George W. Bush e a Guerra do Iraque expõem com total clareza a ideologia humanitária que envolve a vida e a obra da artista), a mente exercita o uso da poesia para driblar a dor pela morte do marido, Fred Sonic Smith, produtor do álbum de 1988 do qual o filme pega emprestado o título Dream of Life. Dor que permeia a narrativa.
"Desde que eu me dou por gente, eu procuro ser livre", ressalta Smith em fala do filme. Entre versos de poetas como Arthur Rimbaud (1854 - 1891) e William Burroughs (1914 - 1997), o documentário dá sinais de que foi através da poesia e do inesperado rock que Smith conseguiu se libertar de um cotidiano que tinha tudo para ser comum. "Na infância, sonhei ser cantora lírica como Maria Callas e cantar com a mesma energia de Billie Holiday. Nunca sonhei cantar numa banda de rock", revela Smith, cujo currículo abrange passagem por uma fábrica, como operária.
Sem lançar mão de entrevistas confessionais, o filme vai esboçando através dos takes feitos por Sebring o retrato sensível de uma artista normalmente reservada. A economia de diálogos - ou mesmo o eventual silêncio - da cena em que Smith visita os pais, já bastante idosos, revela mais do que muitas falas do filme. A própria Patti Smith não parece ser de muitas palavras. É através da poesia alheia e das letras de suas músicas que ela se expõe mais. Daí o valor deste filme estiloso que revela sua personagem através dos sonhos e - também - das frustrações. Merece ser visto.
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