Grupo CSNY faz boa política 'déjà vu' no cinema
Resenha de filme
Título: CSNY - Déjà Vu
(Estados Unidos, 2008)
Direção: Neil Young
Cotação: * * * 1/2
Em exibição no Festival
do Rio 2008
Mostra Midnight Songs
Déjà Vu é o título do incisivo primeiro álbum do quarteto Crosby, Stills, Nash & Young. Foi editado em 1970 quando o grupo militava contra a guerra do Vietnã. Déjà Vu é também o título do filme dirigido por Neil Young (sob o pseudônimo de Bernard Shakey) para documentar a turnê Freedom of Speech que reuniu os quatro sexagenários e cruzou os Estados Unidos em 2006 no embalo do lançamento de um dos discos mais explosivos de Young, Living with War, editado naquele mesmo ano em protesto à política dura do presidente dos EUA, George W. Bush, responsável pela Guerra do Iraque. "A guerra é outra, os tempos são outros, mas os problemas são os mesmos...", compara um espectador, em depoimento para o filme, justificando o título do documentário - recém-exibido no Brasil, no Festival do Rio 2008.
Déjà Vu reacende a discussão se cantores e compositores devem fazer política com sua música. Democrático, Young expõe visões conflitantes do tema. Em show captado em Atlanta, um dos pontos mais conservadores do Sul dos Estados Unidos, o filme mostra até gestos obscenos feitos para as câmeras por espectadores bastante indignados com o altíssimo teor político do espetáculo de David Crosby, Stephen Stills, Graham Nash e Neil Young (houve vaias durante a execução da música Let's Impeach the President). A questão é que, ao longo dos 97 minutos da narrativa documental, a inflamada discussão e os depoimentos vão ficando repetitivos, sem que se chegue a uma (impossível) conclusão. Contudo, Young acertou ao convocar Mike Cerre - correspondente de guerra da rede de TV ABC - para participar do filme. Déjá Vu expõe entrevistas de Cerre com soldados entre imagens que atestam a destruição provocada pela guerra e entre takes antigos de CSNY em ação em estúdios e palcos. Trechos de críticas de vários jornalistas norte-americanos sobre a turnê também são salpicados na tela. Um crítico aponta para o fato de os quatro músicos se apresentarem mal-vestidos na turnê. Outro, ainda mais ferino e preconceituoso, diz que esperava ouvir no palco "receitas médicas" em função da idade avançada de Crosby, Stills, Nash e Young. Há ainda alusões ao caso do trio feminino Dixie Chicks, boicotado e banido das rádios por ter criticado publicamente a postura antipacifista de Bush. Enfim, o tema é incendiário. E, mesmo que sua narrativa linear não pegue fogo, Déjà Vu é filme que provoca reflexões e instiga tomadas de posições. Como há 40 anos, a boa música engajada do quarteto CSNY continua em pauta.
Título: CSNY - Déjà Vu
(Estados Unidos, 2008)
Direção: Neil Young
Cotação: * * * 1/2
Em exibição no Festival
do Rio 2008
Mostra Midnight Songs
Déjà Vu é o título do incisivo primeiro álbum do quarteto Crosby, Stills, Nash & Young. Foi editado em 1970 quando o grupo militava contra a guerra do Vietnã. Déjà Vu é também o título do filme dirigido por Neil Young (sob o pseudônimo de Bernard Shakey) para documentar a turnê Freedom of Speech que reuniu os quatro sexagenários e cruzou os Estados Unidos em 2006 no embalo do lançamento de um dos discos mais explosivos de Young, Living with War, editado naquele mesmo ano em protesto à política dura do presidente dos EUA, George W. Bush, responsável pela Guerra do Iraque. "A guerra é outra, os tempos são outros, mas os problemas são os mesmos...", compara um espectador, em depoimento para o filme, justificando o título do documentário - recém-exibido no Brasil, no Festival do Rio 2008.
Déjà Vu reacende a discussão se cantores e compositores devem fazer política com sua música. Democrático, Young expõe visões conflitantes do tema. Em show captado em Atlanta, um dos pontos mais conservadores do Sul dos Estados Unidos, o filme mostra até gestos obscenos feitos para as câmeras por espectadores bastante indignados com o altíssimo teor político do espetáculo de David Crosby, Stephen Stills, Graham Nash e Neil Young (houve vaias durante a execução da música Let's Impeach the President). A questão é que, ao longo dos 97 minutos da narrativa documental, a inflamada discussão e os depoimentos vão ficando repetitivos, sem que se chegue a uma (impossível) conclusão. Contudo, Young acertou ao convocar Mike Cerre - correspondente de guerra da rede de TV ABC - para participar do filme. Déjá Vu expõe entrevistas de Cerre com soldados entre imagens que atestam a destruição provocada pela guerra e entre takes antigos de CSNY em ação em estúdios e palcos. Trechos de críticas de vários jornalistas norte-americanos sobre a turnê também são salpicados na tela. Um crítico aponta para o fato de os quatro músicos se apresentarem mal-vestidos na turnê. Outro, ainda mais ferino e preconceituoso, diz que esperava ouvir no palco "receitas médicas" em função da idade avançada de Crosby, Stills, Nash e Young. Há ainda alusões ao caso do trio feminino Dixie Chicks, boicotado e banido das rádios por ter criticado publicamente a postura antipacifista de Bush. Enfim, o tema é incendiário. E, mesmo que sua narrativa linear não pegue fogo, Déjà Vu é filme que provoca reflexões e instiga tomadas de posições. Como há 40 anos, a boa música engajada do quarteto CSNY continua em pauta.
2 Comments:
Déjà Vu é o título do incisivo primeiro álbum do quarteto Crosby, Stills, Nash & Young. Foi editado em 1970 quando o grupo militava contra a guerra do Vietnã. Déjà Vu é também o título do filme dirigido por Neil Young (sob o pseudônimo de Bernard Shakey) para documentar a turnê Freedom of Speech que reuniu os quatro sexagenários e cruzou os Estados Unidos em 2006 no embalo do lançamento de um dos discos mais explosivos de Young, Living with War, editado naquele mesmo ano em protesto à política dura do presidente dos EUA, George W. Bush, responsável pela Guerra do Iraque. "A guerra é outra, os tempos são outros, mas os problemas são os mesmos", compara um espectador em depoimento para o filme, justificando o título do documentário, recém-exibido no Brasil, no Festival do Rio 2008.
Déjà Vu reacende a discussão se cantores e compositores devem fazer política com sua música. Democrático, Young expõe visões conflitantes do tema. Em show captado em Atlanta, um dos pontos mais conservadores do Sul dos Estados Unidos, o filme mostra até gestos obscenos feitos para as câmeras por espectadores bastante indignados com o altíssimo teor político do espetáculo de David Crosby, Stephen Stills, Graham Nash e Neil Young (houve vaias durante a execução da música Let's Impeach the President). A questão é que, ao longo dos 97 minutos da narrativa documental, a inflamada discussão e os depoimentos vão ficando repetitivos, sem que se chegue a uma (impossível) conclusão. Contudo, Young acertou ao convocar Mike Cerre - correspondente de guerra da rede de TV ABC - para participar do filme. Déjá Vu expõe entrevistas de Cerre com soldados entre imagens que atestam a destruição provocada pela guerra e entre takes antigos de CSNY em ação em estúdios e palcos. Trechos de críticas de vários jornalistas norte-americanos sobre a turnê também são salpicados na tela. Um crítico aponta para o fato de os quatro músicos se apresentarem mal-vestidos na turnê. Outro, ainda mais ferino e preconceituoso, diz que esperava ouvir no palco "receitas médicas" em função da idade avançada de Crosby, Stills, Nash e Young. Há ainda alusões ao caso do trio feminino Dixie Chicks, boicotado e banido das rádios por ter criticado publicamente a postura antipacifista de Bush. Enfim, o tema é incendiário. E, mesmo que sua narrativa linear não pegue fogo, Déjà Vu é filme que provoca reflexões e instiga tomadas de posições. Como há 40 anos, a boa música engajada do quarteto CSNY continua em pauta.
O filme já ganhou minha simpatia por mostrar o conservadorismo entranhado nos Estados Unidos.Não importam as roupas ou a idade, o que vale é o talento desses quatro grandes do folk rock, das melhores coisas da era Woodstock.
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