3 de outubro de 2008

'Estandarte' põe Skank em movimento antenado

Resenha de CD
Título: Estandarte
Artista: Skank
Gravadora: Sony BMG
Cotação: * * * *

Décimo título da discografia coesa do Skank, gravado entre janeiro e agosto de 2008, o CD Estandarte mostra o grupo em movimento contínuo. A retomada da parceria com o produtor Dudu Marote não direciona o quarteto para seu passado - como pode parecer à primeira apressada audição. Embora muito mais dançante do que os três britânicos álbuns anteriores do Skank, Estandarte acena para as pistas - sobretudo em faixas como Canção Áspera e a irresistível Escravo - sem repetir a fórmula milionária de álbuns como Calango (1994) e Samba Poconé (1996), que ultrapassaram a cifra do milhão de cópias vendidas. Aliás, o CD que continha Garota Nacional chegaria à retumbante marca de 1,8 milhão de exemplares. Recordes do passado. Mudou o mercado fonográfico. E mudou também o Skank. Estandarte não faz o jogo fácil da indústria, embora a suplicante balada Sutilmente seja forte candidata a hit e ainda que Escravo também tenha vocação para as paradas. Mas o que conta no balanço - e aí com direito a um trocadilho, pois Estandarte está salpicado de grooves antenados - é que o saldo artístico é positivo. Já na primeira ótima faixa, Pára-Raio, com metais que evocam a fase soul de Roberto Carlos, como bem ressalta o jornalista Pedro Só no texto escrito para apresentar o álbum aos (de)formadores de opinião, Estandarte sinaliza o tom azeitado que permeia a gravação das 12 inéditas do vocalista e guitarrista Samuel Rosa, compostas com seus parceiros Chico Amaral, Nando Reis e César Maurício. Com dosado uso de recursos eletrônicos (especialmente em Chão, faixa em que Samuel persegue um falsete e cita tema funkeado dos Rolling Stones, e em Saturação), Estandarte agrega referências múltiplas do universo pop sem se desviar de seu próprio trilho mineiro. Trata-se, aliás, da produção mais bem-acabada de Marote. Mesmo que algumas músicas estejam aquém da produção da banda, casos de Um Gesto Qualquer e de Assim sem Fim, Estandarte se impõe como mais um grande álbum do Skank e apaga a má impressão, deixada pelo anterior Carrossel (2006), de que o grupo começaria a se acomodar e a repetir uma fórmula. Ora mais roqueiro (como em Renascença), ora mais pop (como em Ainda Gosto Dela, a faixa estrategicamente eleita para puxar o disco nas rádios), Estandarte porta toda a dignidade da banda mais importante dentre as surgidas no diluído mercado pop brasileiro dos anos 90. A Garota Nacional anda por outras praias.
P.S.: Carrossel é bom disco com algumas ótimas músicas. Contudo, analisado em perspectiva na discografia do Skank, tal CD sinaliza um início de saturação de um som que já havia sido mais bem desenvolvido pelo quarteto nos álbuns Maquinarama (2000) e Cosmotron (2003).

15 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Décimo título da discografia coesa do Skank, gravado entre janeiro e agosto de 2008, o CD Estandarte mostra o grupo em movimento contínuo. A retomada da parceria com o produtor Dudu Marote não direciona o quarteto para seu passado - como pode parecer à primeira apressada audição. Embora muito mais dançante do que os três britânicos álbuns anteriores do Skank, Estandarte acena para as pistas - sobretudo em faixas como Canção Áspera e a irresistível Escravo - sem repetir a fórmula milionária de álbuns como Calango (1994) e Samba Poconé (1996), que ultrapassaram a cifra do milhão de cópias vendidas. Aliás, o CD que continha Garota Nacional chegaria à retumbante marca de 1,8 milhão de exemplares. Recordes do passado. Mudou o mercado fonográfico. E mudou também o Skank. Estandarte não faz o jogo fácil da indústria, embora a suplicante balada Sutilmente seja forte candidata a hit e ainda que Escravo também tenha vocação para as paradas. Mas o que conta no balanço - e aí com direito a um trocadilho, pois Estandarte está salpicado de grooves antenados - é que o saldo artístico é positivo. Já na primeira ótima faixa, Pára-Raio, com metais que evocam a fase soul de Roberto Carlos, como bem ressalta o jornalista Pedro Só no texto escrito para apresentar o álbum aos (de)formadores de opinião, Estandarte sinaliza o tom azeitado que permeia a gravação das 12 inéditas do vocalista e guitarrista Samuel Rosa, compostas com seus parceiros Chico Amaral, Nando Reis e César Maurício. Com dosado uso de recursos eletrônicos (especialmente em Chão, faixa em que Samuel persegue um falsete e cita tema funkeado dos Rolling Stones, e em Saturação), Estandarte agrega referências múltiplas do universo pop sem se desviar de seu próprio trilho mineiro. Trata-se, aliás, da produção mais bem-acabada de Marote. Mesmo que algumas músicas estejam aquém da produção da banda, casos de Um Gesto Qualquer e de Assim Sem Fim, Estandarte se impõe como mais um grande álbum do Skank e apaga a má impressão, deixada pelo anterior Carrossel (2006), de que o grupo começava a se acomodar e a repetir uma fórmula. Ora mais roqueiro (como em Renascença), ora mais pop (como em Ainda Gosto Dela, a faixa equivocadamente eleita para puxar o disco nas rádios), Estandarte porta toda a dignidade da banda mais importante dentre as surgidas no diluído mercado pop brasileiro dos anos 90. A Garota Nacional anda por outras praias.

3 de outubro de 2008 às 11:09  
Anonymous Anônimo said...

Cara, curto muito o Skank, sou de Minas inclusive, mas dizer que o Skank é a banda mais importante dos anos 90 é uma viagem sua. E onde fica Nação Zumbi? Onde fica Planet Hemp, que acabou, mas barbarizou com a hipocrisia?

3 de outubro de 2008 às 11:33  
Anonymous Anônimo said...

" da banda mais importante dentre as surgidas no diluído mercado pop brasileiro dos anos 90 " ?????????

3 de outubro de 2008 às 11:43  
Anonymous Anônimo said...

O que o Mauro tem contra Negra Li ?

3 de outubro de 2008 às 11:44  
Anonymous Anônimo said...

SKANK OU JOTA QUEST.QUEM VAI LEVAR A MELHOR ?

RJ - Ambos via SONY BMG, ambos egressos dos anos 90 e naturais 'das Geraes '. Não param por aí as coincidências entre SKANK e JOTA QUEST.

" La Plata " é o titulo que o grupo de Rogério Flausino e Cia deram ao seu novo album. Com eles, os mineiros esperam o tão sonhado " up grade " conceitual . Sim, " La Plata " é o album mais " adulto " do Jota Quest , foi produzido por Liminha e apresenta no repertório autoral a primeira parceria do grupo com Nelson Motta, " Ladeira ".

Com " Estandarte " o quarteto SKANK tentará regastar o sucesso de publico e crítica, esmaecido com o último " Carrossel " . A luz vermelha está acessa, o grupo só não passou batido no biênio 2006/7 por conta do cover de " Beleza Pura " . Falando nisso " Ainda Gosto Dela " é a faixa eleita para puxar o disco e já escalada para a trilha sonora da nova novela das 18h da Rede Globo " Negócio da China " . O album foi mixado por Michael Fossenkemper e masterizado por Bob Ludwig, em Nova York (EUA) e em Portland (EUA), respectivamente. Tem parcerias com Nando Reis e duo com Negra Li (!?)


Tempo,tempo,tempo,tempo ...

3 de outubro de 2008 às 11:46  
Anonymous Anônimo said...

MAURO,NÃO TANHA DÚVIDA...
"SUTILMENTE" É APOSTA CERTA PARA MÚSICA DE TRABALHO...COM CERTEZA SERÁ UM GRANDE HIT...ALIÁS OUVINDO O CD,QUE EU ACHAVA QUE VIRIA COM UMA PEGADA MAIS CRUA,REMETENDO AO "SAMBA PACONÉ",POR CONTA DA PRESENÇA DO MAROTE NA FICHA TÉCNICA... "SUTILMENTE" É DISPARADA A MELHOR E MAIS COMERCIAL MÚSICA DO DISCO.
QUANTO A NEGA LEE É INCRÍVEL COMO A GRAVADORA UNIVERSAL,ELEGEU A MOÇA PARA SER UM NOVO TIPO DE CANTORA:
A CANTORA DAS PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS...
NANDO REIS,D'BLACK,HELIÃO E AGORA SKANK....É UM PUTA TALENTO NÃO TÃO BEM APROVEITADO COMO DEVERIA SER...
ALIÁS CONCORDO COM VC MAURO:
OS "MAGOS E GÊNIOS" DA GRAVADORA SONY/BMG ERRARAM FEIO NA ESCOLHA DA MÚSICA DE TRABALHO...
SEM LEVR EM CONTA "SUTILMENTE",O DISCO TEM PELO MENOS OUTRAS QUATRO MÚSICAS QUE PODERIAM CUMPRIMER MUITO MELHOR O PAPEL DE PRIMEIRO SINGLE,PRIMEIRA MÚSICA DE TRABALHO DE "ESTANDARTE"...

ITAMAR DIAS

itamardias@gmail.com

3 de outubro de 2008 às 14:01  
Anonymous Anônimo said...

Wilson, a praia do dono do Blog é MPB e música pop.
Não estranhe suas opiniões.

PS: Concordo com vc. Chico Science e Nação Zumbi, Planet Hemp, Rappa, Racionais foram mais importantes e melhores.

Jose Henrique

3 de outubro de 2008 às 15:01  
Anonymous Anônimo said...

Nem sou fã do SKANK ( gosto de duas ou três ... )e acompanho de longe a carreira deles. E eu acho Samuel um péssimo vocalista, sem falar nessa capa de gosto dúvidoso ...

Tenho cá minhas dúvidas sobre eles serem a " banda mais importante dentre as surgidas no diluído mercado pop brasileiro dos anos 90 ". Pensaria até em Los Hermanos - banda que também não sou fã ... - mesmo votando Nação Zumbi!

3 de outubro de 2008 às 15:33  
Anonymous Anônimo said...

Importância= sucesso radiofônico + sucesso de crítica + grandes turnês (Brasil, EUA e Europa) + grandes vendagens.

O Skank cumpre esse papel. Mais do que outras bandas dos anos 90, 80, 70 ou 60.
Essas outras bandas, Nação, Planet e Mundo Livre, são OK, mas ninguém cantarola mais do que duas canções. Falta feijão.

3 de outubro de 2008 às 20:15  
Anonymous Anônimo said...

Importância ser igual a sucesso radiofônico só se for na sua terra.

PS: Falta feijão e sobra salmão.
Tem gente que se contenta com pouco.

Jose Henrique

4 de outubro de 2008 às 00:17  
Anonymous Anônimo said...

o anônimo das 8:15 PM disse tudo... importância é a soma de todos esses elementos queiram ou não!

4 de outubro de 2008 às 11:37  
Anonymous Anônimo said...

Caro José Henrique,
Tocar no rádio não é o único fator de importância. Existem outros três.
Mas ajuda, e muito.
Como também ajuda uma boa interpretação de textos. Na minha e na sua terra.

5 de outubro de 2008 às 00:22  
Anonymous Anônimo said...

Caro anônimo, devo admitir que cometi um sofisma, não intencional!
Peço desculpas.

PS: Há controvérsias sobre o Skank ser um sucesso de crítica. Até porque existem várias correntes de crítica.
Já ganharam algum APCA?

Um abraço

Jose Henrique

6 de outubro de 2008 às 00:38  
Anonymous Anônimo said...

Sim, José Henrique, já no primeiro ano de carreira-
"Prêmio de "Melhor Grupo Brasileiro de 1993" pela Associação dos Críticos de Arte de São Paulo (APCA); "Show do Ano", segundo o jornal O Globo; e "Grupo Revelação de 1993", de acordo com os leitores da Revista Domingo, do Jornal do Brasil. Além disso, o álbum de estréia do Skank ficou entre os dez melhores de 1993 na avaliação da revista Isto É."

Bom, isso só no primeiro ano de vida...
Tudo isso ao mesmo tempo em que ganhava discos de ouro, excursionava no exterior e tocava no maldito rádio.
Daí veio a importância apontada pelo Mauro.
Abs!

7 de outubro de 2008 às 01:15  
Blogger Jorginho Neves said...

Bom Dia Mauro
Cara, é impressionante a forma como vc aborda os assuntos sobre o cenário musical. Estudo Jornalismo, sou técnico operador de audio e curto muito música. Pra melhorar minha escrita, criei um blog também para comentar sobre o tema. Parabéns pelo seu blog. Gostaria de ter mais contato com vc.Possui msn?orkut?

Abraço a mais uma vez, parabens pelo seu blog

www.musicaemnotas.blogspot.com.br

11 de novembro de 2008 às 11:56  

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