28 de setembro de 2008

Filme revive som, fúria e amor de Joe Strummer

Resenha de filme
Título: Joe Strummer
- O Futuro Está para
Ser escrito
(Joe Strummer
- The Future
Is Unwritten.
Inglaterra, 2007)
Diretor: Julie Temple
Cotação: * * * *
Em exibição no Festival
do Rio 2008
* Segunda-feira, 29 de
agosto de 2008 (Palácio 2,
às 16h30m e às 21h30m)

Sete anos após inventariar o legado da banda The Sex Pistols no documentário O Lixo e a Fúria (Inglaterra, 2000), o diretor Julie Temple aborda outro grupo ícone do punk britânico, The Clash, através da figura central da banda, o cantor e guitarrista Joe Strummer (1952 - 2002). Lançado em 2007 e ora em exibição no Brasil no Festival do Rio, o filme Joe Strummer - O Futuro Está para Ser Escrito reafirma a habilidade de Temple para retratar astros com ternura, mas com todas suas contradições. Em montagem ágil, costurada por trechos de desenhos animados e por gravações do Clash (como as raras demos de White Riot e I'm so Bored with the U.S.A.), o documentário inventaria de forma cronológica a vida de Strummer, cheia de som, fúria e amor. A propósito, a ideologia humanista do artista é focada na parte final de um filme que expõe as diversas facetas do músico, ídolo de uma época em "o rock'n'roll era uma questão de vida ou morte", como ressalta Bono Vox, um dos entrevistados de um filme que também entrelaça depoimentos de Flea (Red Hot Chili Peppers), do ator John Cusak, do diretor Martin Scorsese e dos sobreviventes do Clash. O retrato é bonito...

O filme recorda que Strummer - filho de mãe escocesa e pai de ascendência indiana -teve infância e adolescência nômades por conta do trabalho como diplomata do pai, Ron. Sem nunca pesar a mão, Temple toca em questões delicadas - como o suicídio do irmão de John Graham Mellor (esse era o nome de batismo de Joe), David - antes de refazer os passos do artista na música. Meio no qual foi iniciado por Tymon Dogg, músico que tocava nas ruas de Londres. Da formação da primeira banda, 101ers, à criação do Clash, em 1976, foram apenas alguns efervescentes anos. No posto de líder do Clash, Strummer assumiu a função de porta-voz dos fracos e oprimidos pela dura sociedade inglesa. O que o levou a se envergonhar de ter estudado em colégios caros. E a se sentir desconfortável quando o Clash o transformou num popstar. O documentário mostra como o egocentrismo de Strummer ajudou a implodir a banda e como, mais tarde, ele superou seu fim ao formar o grupo Joe Strummer & The Mescaleros. É quando o jovem furioso deu lugar a um homem maduro e pacifista que promoveu acampamentos coletivos e que nunca escondeu o amor pelas filhas. Ao esmiuçar na tela o passado de Strummer, sem fazer julgamentos, Julie Temple dá grande contribuição aos futuros roqueiros que, através deste filme, poderão entender com mais clareza a mente de um dos letristas mais inteligentes do punk rock.

3 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Sete anos após inventariar o legado da banda The Sex Pistols no documentário O Lixo e a Fúria (Inglaterra, 2000), o diretor Julie Temple aborda outro grupo ícone do punk britânico, The Clash, através da figura central da banda, o cantor e guitarrista Joe Strummer (1952 - 2002). Lançado em 2007 e ora em exibição no Brasil no Festival do Rio, o filme Joe Strummer - O Futuro Está para Ser Escrito reafirma a habilidade de Temple para retratar astros com ternura, mas com todas suas contradições. Em montagem ágil, costurada por trechos de desenhos animados e por gravações do Clash (como as raras demos de White Riot e I'm so Bored with the U.S.A.), o documentário inventaria de forma cronológica a vida de Strummer, cheia de som, fúria e amor. A propósito, a ideologia humanista do artista é focada na parte final de um filme que expõe as diversas facetas do músico, ídolo de uma época em "o rock'n'roll era uma questão de vida ou morte", como ressalta Bono Vox, um dos entrevistados de um filme que também entrelaça depoimentos de Flea (Red Hot Chili Peppers), do ator John Cusak, do diretor Martin Scorsese e dos sobreviventes do Clash. O retrato é bonito...

O filme recorda que Strummer - filho de mãe escocesa e pai de ascendência indiana -teve infância e adolescência nômades por conta do trabalho como diplomata do pai, Ron. Sem nunca pesar a mão, Temple toca em questões delicadas - como o suicídio do irmão de John Graham Mellor (esse era o nome de batismo de Joe), David - antes de refazer os passos do artista na música. Meio no qual foi iniciado por Tymon Dogg, músico que tocava nas ruas de Londres. Da formação da primeira banda, 101ers, à criação do Clash, em 1976, foram apenas alguns efervescentes anos. No posto de líder do Clash, Strummer assumiu a função de porta-voz dos fracos e oprimidos pela dura sociedade inglesa. O que o levou a se envergonhar de ter estudado em colégios caros. E a se sentir desconfortável quando o Clash o transformou num popstar. O documentário mostra como o egocentrismo de Strummer ajudou a implodir a banda e como, mais tarde, ele superou seu fim ao formar o grupo Joe Strummer & The Mescaleros. É quando o jovem furioso deu lugar a um homem maduro e pacifista que promoveu acampamentos coletivos e que nunca escondeu o amor pelas filhas. Ao esmiuçar na tela o passado de Strummer, sem fazer julgamentos, Julie Temple dá grande contribuição aos futuros roqueiros que, através deste filme, poderão entender com mais clareza a mente de um dos letristas mais inteligentes do punk rock.

28 de setembro de 2008 às 15:06  
Anonymous Anônimo said...

Talvez poucos acreditassem que Strummer viera de boa família.

Mas é mais uma das contradições que faziam o Clash ser tão bom - e que, ao mesmo tempo, o corroeram até o fim.

Pois Mick Jones era o oposto de Joe: um cidadão que queria mesmo ser um guitar hero, fazer sucesso. Tanto que se orgulhava quando ouvia dizerem que ele era parecido com Keith Richards. E amava o glam rock de New York Dolls acima de todas as coisas.

Enfim, o Clash não era tããããão idealista assim. Mas nem por isso deixou de ser uma das maiores bandas que já passou por aqui.

Nem Strummer deixou que as incongruências de sua vida (estupidamente finalizada num ataque cardíaco causado por problema congênito) evitassem que ele fosse dos maiores frontmen da história do rock. Doava-se todo ao público, era mais um deles, no fundo.

Não sei se verei o documentário. É que não vejo tanta graça em um só deles como vejo no quarteto inteiro.

Mas, que ele merece, merece.

Felipe dos Santos Souza

P.S: Ah, e o "Live at Shea Stadium" noticiado por Mauro terá lançamento americano-europeu no próximo dia 7.

28 de setembro de 2008 às 22:15  
Anonymous Anônimo said...

Felipe Wikipedia cada vez mais me impressiona. :>)
O Clash é sensacional!
London Calling, man.

Jose Henriq

30 de setembro de 2008 às 02:22  

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