'Maga' suaviza seu canto em bom disco de MPB
Resenha de CD
Título: Naturalmente
Artista: Margareth
Menezes
Gravadora: MZA Music
Cotação: * * *
Deslocada do eixo afro-baiano pelo produtor Marco Mazzola, Margareth Menezes abaixa o tom e a temperatura de seu canto em álbum pautado pela MPB mais tradicional. Naturalmente supera Pra Você, o CD de 2005 em que a cantora se aventurou de forma equivocada pelo universo pop. Trata-se de bom disco de MPB que, embora dilua a força do canto de Maga, expande o horizonte estético da cantora. Em registros suaves, pontuados pelos teclados padronizados do arranjador Ricardo Leão, a cantora incursiona tanto por samba propagado por Jorge Aragão (Abuso de Poder) quanto por hit de Amelinha (Foi Deus Quem Fez Você, imbatível na versão da sumida intérprete cearense). A propósito, os arranjos é que nem sempre fazem jus ao canto caloroso de Margareth. Nesse ponto, Naturalmente carece de identidade. A impressão é a de que se ouve um disco de Simone ou de qualquer cantora de MPB que tenha passado pelo filtro de Mazzola - mas, justiça seja feita, sem o tom pasteurizado dos anos 80. Quanto ao repertório em si, o saldo é positivo. Vale destacar as composições de Chico César e Zeca Baleiro. Embalada por cordas excessivas, a canção de Chico César - Por que Você Não Vem Morar Comigo?, lançada pelo autor no álbum De Uns Tempos pra Cá (2006) - reafirma a habilidade do compositor de pisar no terreno da música popular romântica sem escorregar na breguice. Em grande forma como compositor, Zeca Baleiro contribui com a pegajosa Febre, parceria com Lúcia Santos que tem todo jeito de hit. Talvez até mais do que a bacana releitura de Os Cegos do Castelo, sucesso dos Titãs, escolhido pela MZA Music para promover o disco. Já o dueto com Gilberto Gil em Mulher de Coronel soaria mais forte se a música - lançada por Gil em 1989 - fosse mais inspirada. Da mesma forma, Lua no Mar, parceria da cantora com Robson Costa, indica que Margareth deveria se dedicar somente ao ofício de cantora. É a sua grande habilidade como cantora que valoriza Gente - inédita parceria de Marisa Monte, Arnaldo Antunes e Pepeu Gomes que evoca o estilo habitualmente festivo de sua discografia - e O Perdão, parceria de J. Velloso com Roberto Mendes. Sem falar em Matança, galope de Jatobá, boa sacada do repertório. Por fim, há insosso dueto com o cantor e compositor português Luís Represas - provavelmente empurrado por Mazzola - em Um Caso a Mais que nada acrescenta ao disco. Mesmo com alguns acidentes de percusso motivados por arranjos e algumas escolhas equivocadas, Naturalmente deixa boa impressão e a certeza de que Margareth Menezes pode se sair muito bem além da fronteira afro-pop-baiana com sua voz quente.
Título: Naturalmente
Artista: Margareth
Menezes
Gravadora: MZA Music
Cotação: * * *
Deslocada do eixo afro-baiano pelo produtor Marco Mazzola, Margareth Menezes abaixa o tom e a temperatura de seu canto em álbum pautado pela MPB mais tradicional. Naturalmente supera Pra Você, o CD de 2005 em que a cantora se aventurou de forma equivocada pelo universo pop. Trata-se de bom disco de MPB que, embora dilua a força do canto de Maga, expande o horizonte estético da cantora. Em registros suaves, pontuados pelos teclados padronizados do arranjador Ricardo Leão, a cantora incursiona tanto por samba propagado por Jorge Aragão (Abuso de Poder) quanto por hit de Amelinha (Foi Deus Quem Fez Você, imbatível na versão da sumida intérprete cearense). A propósito, os arranjos é que nem sempre fazem jus ao canto caloroso de Margareth. Nesse ponto, Naturalmente carece de identidade. A impressão é a de que se ouve um disco de Simone ou de qualquer cantora de MPB que tenha passado pelo filtro de Mazzola - mas, justiça seja feita, sem o tom pasteurizado dos anos 80. Quanto ao repertório em si, o saldo é positivo. Vale destacar as composições de Chico César e Zeca Baleiro. Embalada por cordas excessivas, a canção de Chico César - Por que Você Não Vem Morar Comigo?, lançada pelo autor no álbum De Uns Tempos pra Cá (2006) - reafirma a habilidade do compositor de pisar no terreno da música popular romântica sem escorregar na breguice. Em grande forma como compositor, Zeca Baleiro contribui com a pegajosa Febre, parceria com Lúcia Santos que tem todo jeito de hit. Talvez até mais do que a bacana releitura de Os Cegos do Castelo, sucesso dos Titãs, escolhido pela MZA Music para promover o disco. Já o dueto com Gilberto Gil em Mulher de Coronel soaria mais forte se a música - lançada por Gil em 1989 - fosse mais inspirada. Da mesma forma, Lua no Mar, parceria da cantora com Robson Costa, indica que Margareth deveria se dedicar somente ao ofício de cantora. É a sua grande habilidade como cantora que valoriza Gente - inédita parceria de Marisa Monte, Arnaldo Antunes e Pepeu Gomes que evoca o estilo habitualmente festivo de sua discografia - e O Perdão, parceria de J. Velloso com Roberto Mendes. Sem falar em Matança, galope de Jatobá, boa sacada do repertório. Por fim, há insosso dueto com o cantor e compositor português Luís Represas - provavelmente empurrado por Mazzola - em Um Caso a Mais que nada acrescenta ao disco. Mesmo com alguns acidentes de percusso motivados por arranjos e algumas escolhas equivocadas, Naturalmente deixa boa impressão e a certeza de que Margareth Menezes pode se sair muito bem além da fronteira afro-pop-baiana com sua voz quente.
9 Comments:
Deslocada do eixo afro-baiano pelo produtor Marco Mazzola, Margareth Menezes abaixa o tom e a temperatura de seu canto em álbum pautado pela MPB mais tradicional. Naturalmente supera Pra Você, o CD de 2005 em que a cantora se aventurou de forma equivocada pelo universo pop. Trata-se de bom disco de MPB que, embora dilua a força do canto de Maga, expande o horizonte estético da cantora. Em registros suaves, pontuados pelos teclados padronizados do arranjador Ricardo Leão, a cantora incursiona tanto por samba propagado por Jorge Aragão (Abuso de Poder) quanto por hit de Amelinha (Foi Deus Quem Fez Você, imbatível na versão da sumida intérprete cearense). A propósito, os arranjos é que nem sempre fazem jus ao canto de Margareth. Nesse ponto, Naturalmente carece de identidade. A impressão é a de que se ouve um disco de Simone ou de qualquer cantora de MPB que tenha passado pelo filtro de Mazzola - mas, justiça seja feita, sem o tom pasteurizado dos anos 80. Quanto ao repertório em si, o saldo é positivo. Vale destacar as composições de Chico César e Zeca Baleiro. Embalada por cordas excessivas, a canção de Chico César - Por que Você Não Vem Morar Comigo?, lançada pelo autor no álbum De Uns Tempos pra Cá (2006) - reafirma a habilidade do compositor de pisar no terreno da música popular romântica sem escorregar na breguice. Em grande forma como compositor, Zeca Baleiro contribui com a pegajosa Febre, parceria com Lúcia Santos que tem todo jeito de hit. Talvez até mais do que a correta releitura de Os Cegos do Castelo, sucesso dos Titãs, escolhido pela MZA Music para promover o disco. Já o dueto com Gilberto Gil em Mulher de Coronel soaria mais forte se a música - lançada por Gil em 1989 - fosse mais inspirada. Da mesma forma, Lua no Mar, parceria da cantora com Robson Costa, indica que Margareth deveria se dedicar somente ao ofício de cantora. É a sua grande habilidade como cantora que valoriza Gente - inédita parceria de Marisa Monte, Arnaldo Antunes e Pepeu Gomes que evoca o estilo habitualmente festivo de sua discografia - e O Perdão, parceria de J. Velloso com Roberto Mendes. Sem falar em Matança, galope de Jatobá, boa sacada do repertório. Por fim, há insosso dueto com o cantor e compositor português Luís Represas - provavelmente empurrado por Mazzola - em Um Caso a Mais que nada acrescenta ao disco. Mesmo com alguns acidentes de percusso motivados por arranjos e algumas escolhas equivocadas, Naturalmente deixa boa impressão e a certeza de que Margareth Menezes pode se sair muito bem fora da fronteira afro-pop-baiana com sua voz quente.
Mauro, criei uma expectativa pra essa sua resenha. Ainda não ouvi esse album mas acho que Maga tem (boas) condições de sair do " eixo afro-baiano ". Só esperava menos regravações ...
De qualquer forma, achei o título do album polêmico.
Curioso pra ouvir " Gente " que finalmente ganhar registro. Margareth Menezes e Marisa Monte não tem (aparentemente) muita coisa em comum.
Não entendi por que no SARAU DO BROWN desse ano ela não foi convidada pra se juntar ao palco e cantar " Passe em Casa " com os Tribalistas.
Capa linda. Essa aí tem mais voz e talento do q suas irmãs de axé, Ivete e Daniela.
Não sei como alguém pode regravar: "Foi Deus quem fez você" (Margareth Menezes); "Frevo mulher" e "Gemedera" (Elba que me perdoe) e "Galope rasante" (Ceumar)... Daqui a pouco regravarão também "Romance da lua lua" e será um Deus nos acuda...
Saudades da Amelinha...
Simone já era Simone na época de Mazolla-anos 80-, já estava no topo, essa é a enorme diferença de quem está gravando um primeiro disco em quase 2009, 30 anos depois com o mesmo Mazolla de 80.
A força de Maga está nos tambores. Tenho todos os cds dela, e os 3 primeiros ainda são os melhores. Mas ela insiste em se aventurar ... Bem que ela poderia gravar um cd só com batuques e canções afros junto com Mariene de Castro ... fala verdade, seria um discão... rs.
Edu abc
Adoro a Maga, acho a voz dela incrível. Mas nao há como negar que o seu forte é o afro-raiz. Admiro o artista que se aventura (ficar fazendo sempre o mesmo? olhe as duplas sertanejas....), aventurar sempre, nem que seja para depois voltar para a sua base. Boa sorte Maga!
CONCORDO EDU ABC!!!!!!!!
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