26 de setembro de 2008

Labiata desabrocha com arranjos contundentes

Resenha de CD
Título: Labiata
Artista: Lenine
Gravadora: Universal
Music
Cotação: * * *

Sexto trabalho solo de Lenine, Labiata é o primeiro disco de estúdio do artista desde 2002. Por mais que a safra autoral de onze inéditas não reedite o brilho dos anteriores O Dia em que Faremos Contato (1997, ainda imbatível), Na Pressão (1999) e Falange Canibal (2002), Labiata é álbum que desabrocha com contundência. Seja pela abordagem de temas explosivos como os problemas ambientais (A Mancha e É Fogo, parcerias com Lula Queiroga e Carlos Rennó, respectivamente, que contam com a camada percussiva da Parede), seja pela força dos arranjos. Mais do que nas músicas, toda a força de Labiata reside nas orquestrações e na produção dividida pelo guitarrista Jr. Tostoi com o próprio Lenine. A propósito, temas como Magra (menos inspirada parceria com Ivan Santos) são turbinados com efeitos, programações e a guitarra de Tostoi. A contundência dos arranjos já se faz notar logo na primeira música de Labiata, Martelo Bigorna, urdida a partir da pulsação entre a viola e os violinos do Quinteto da Paraíba, convidado da faixa. Entre balada moldada para FMs e trilhas de novelas (É o que me Interessa) e temas de atmosfera mais roqueira (O Céu É Muito e Excesso Exceto, boas parcerias com Arnaldo Antunes, sobretudo a primeira), Lenine globaliza o seu Nordeste em Ciranda Praieira, introduzida com a textura erudita do Quinteto da Paraíba em belo arranjo que, na seqüência, incorpora guitarras e dubs que valorizam a música letrada por Paulo César Pinheiro. Se a badalada parceria póstuma com Chico Science (Samba e Leveza, feita a partir de manuscritos do conterrâneo mentor do movimento Mangue Beat) não justifica a alta expectativa, Continuação fecha o disco em clima familiar. Lenine canta com os filhos esta música que soa quase como um mantra. Jr. Tostoi programa sons e ruídos que parecem extraídos do âmago, em belo efeito. Enfim, Labiata é bom disco, embora nunca esteja à altura da (excelente) discografia anterior de Lenine.

8 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Sexto trabalho solo de Lenine, Labiata é o primeiro disco de estúdio do artista desde 2002. Por mais que a safra autoral de onze inéditas não reedite o brilho dos anteriores O Dia em que Faremos Contato (1997, ainda imbatível), Na Pressão (1999) e Falange Canibal (2002), Labiata é álbum que desabrocha com contundência. Seja pela abordagem de temas explosivos como os problemas ambientais (A Mancha e É Fogo, parcerias com Lula Queiroga e Carlos Rennó, respectivamente, que contam com a camada percussiva da Parede), seja pela força dos arranjos. Mais do que nas músicas, toda a força de Labiata reside nas orquestrações e na produção dividida pelo guitarrista Jr. Tostoi com o próprio Lenine. A propósito, temas como Magra (menos inspirada parceria com Ivan Santos) são turbinados com efeitos, programações e a guitarra de Tostoi. A contundência dos arranjos já se faz notar logo na primeira música de Labiata, Martelo Bigorna, urdida a partir da pulsação entre a viola e os violinos do Quinteto da Paraíba, convidado da faixa. Entre balada moldada para FMs e trilhas de novelas (É o que me Interessa) e temas de atmosfera mais roqueira (O Céu É Muito e Excesso Exceto, boas parcerias com Arnaldo Antunes, sobretudo a primeira), Lenine globaliza o seu Nordeste em Ciranda Praieira, introduzida com a textura erudita do Quinteto da Paraíba em belo arranjo que, na seqüência, incorpora guitarras e dubs que valorizam a música letrada por Paulo César Pinheiro. Se a badalada parceria póstuma com Chico Science (Samba e Leveza, feita a partir de manuscritos do conterrâneo mentor do movimento Mangue Beat) não justifica a alta expectativa, Continuação fecha o disco em clima familiar. Lenine canta com os filhos esta música que soa quase como um mantra. Jr. Tostoi programa sons e ruídos que parecem extraídos do útero, em belo efeito. Enfim, Labiata é um bom disco, embora nunca esteja à altura da (excelente) discografia anterior de Lenine.

26 de setembro de 2008 às 12:15  
Anonymous Anônimo said...

Compartilho da mesma opinião Mauro, é um bom disco, mas bem menos inspirado que os anteriores do Lenine, sinto falta daquele viço dos outros discos, a sonoridade continua ótima, mas o discurso, me parece que perdeu um bucado de sua espontaneidade... Talvez pela falta de mais parcerias do Lenine com o maravilhoso Bráulio Tavares... Mas que venham mais parcerias dele com o Arnaldo Antunes, que são as melhores do disco...

26 de setembro de 2008 às 14:34  
Anonymous Anônimo said...

Meu preferido é Olho de peixe, complicado superar.

26 de setembro de 2008 às 15:11  
Anonymous Anônimo said...

Arranjos impecáveis, letras idem.
Criatividade harmônica e em todos os sentidos. É um músico que desperta o gosto dos mais variados tipos pessoais que gostam de boa e eclética música...

26 de setembro de 2008 às 16:24  
Anonymous Anônimo said...

" Continuação " fecha o disco em clima familiar. Lenine canta com os filhos esta música que soa quase como um mantra.

Um deles é João Cavalcanti. Um dos vocalistas do (ótimo)Casuarina.

26 de setembro de 2008 às 17:54  
Anonymous Anônimo said...

Aliás, hoje tem SOM BRASIL - ARY BAROSO com Daniela Mercury, Casuarina, Fênix e Roberta Sá e vai ao após o Programa do Jô, na rede Globo

26 de setembro de 2008 às 17:55  
Anonymous Anônimo said...

Todos os compositores da chamada "NOVA MPB" lançaram CDs em 2008.

Lenine - Bom
Zeca Baleiro - Bom
Pedro Luis e a parede - Ótimo
Chico César - Ótimo

28 de setembro de 2008 às 00:21  
Anonymous Anônimo said...

Concordo que Olho de Peixe é o melhor. Inclusive, achei que a música Ciranda Praieira se encaixaria muito bem naquele disco. É ótima! Estou ansioso pelo novo show. Imagino como ficarão boas no palco as músicas em parceria com Arnaldo Antunes.

29 de setembro de 2008 às 14:20  

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