Bethânia remonta 'Brasileirinho' em noite nobre
Resenha de show
Título: Brasileirinho
Artista: Maria Bethânia
Local: Theatro Municipal do Rio de Janeiro (RJ)
Data: 25 de setembro de 2008
Cotação: * * * *
Título: Brasileirinho
Artista: Maria Bethânia
Local: Theatro Municipal do Rio de Janeiro (RJ)
Data: 25 de setembro de 2008
Cotação: * * * *
Um dos melhores títulos da discografia de Maria Bethânia, Brasileirinho (2003) gerou show comovente na explicitação de um amor por um Brasil mais grandioso. Da mesma forma que posteriormente mergulharia em águas profundas nos CDs Mar de Sophia e Pirata, ambos editados em 2006, a intérprete se embrenhou nas matas brasileiras para exaltar uma pátria cheia de religiosidade e referências indígenas. Brasileirinho, o show, foi tão especial no currículo de Bethânia e na memória afetiva de seus fãs que sua remontagem para uma apresentação beneficente no Theatro Municipal do Rio de Janeiro (RJ), na noite de 25 de setembro de 2008, promoveu grande corrida por ingressos. Em noite nobre, tanto pela causa (angariar fundos para a construção do Hospital Pro Criança, da ONG Pro Criança Cardíaca) como pelo fato de marcar a tardia estréia solo de Bethânia no palco do mais imponente teatro carioca, Brasileirinho voltou à cena com figurinos e roteiro similares ao espetáculo gravado para edição em DVD. O time de convidados contou com Miúcha e o grupo Tira Poeira (merecidamente ovacionado pela platéia ao desbravar novos caminhos para o Trenzinho do Caipira), mas não teve Nana Caymmi (ainda em recesso por conta da morte de seus pais), o grupo Uakti e a atriz Denise Stoklos, substituída por Renata Sorrah, que recitou texto de Mário de Andrade, O Poeta Come Amendoim, em registro excessivamente suave que diluiu a força das idéias do autor. Grande atriz, Sorrah poderia ter rendido mais.
Prejudicada pela falta de sincronia do vídeo de abertura (em que Ferreira Gullar recita o poema O Descobrimento, de Mário de Andrade), Bethânia entrou no palco exibindo seu bissexto falsete em Salve as Folhas. E o que se viu em cena foi, mais uma vez, uma intérprete dona do dom e de personalidade majestosa que, fiel a si mesma, cantou a Cabocla Jurema (em dueto com Miúcha, em momento sempre especial), exaltou a beleza do Luar do Sertão com sua alma interiorana e expôs sua fé em bloco pontuado pelo sincretismo religioso que caracteriza o Brasil (com Padroeiro do Brasil, Santo Antônio e um ponto de Xangô, prenúncio da festiva São João Xangô Menino). Sem poder contar com o auxílio luxuoso da voz de Nana Caymmi, Bethânia solou João Valentão e Sussuarana antes de saudar o Senhor da Floresta e suas origens em Motriz. Driblando a insegurança com a letra de Purificar o Subaé, outra referência à baiana cidade natal de Santo Amaro da Purificação, a intérprete cantou Titãs (Miséria e Comida) e sairia do palco ao som da libertária Não Existe Pecado ao Sul do Equador se um segundo bis - com O que É O que É, samba de Gonzaguinha plenamente justificado num show remontado em favor da vida - não tivesse fechado em clima festivo uma noite tão nobre quanto histórica. Porque Brasileirinho continua sublime!
14 Comments:
Um dos melhores títulos da discografia de Maria Bethânia, Brasileirinho (2003) gerou show comovente na explicitação de um amor pelo Brasil mais grandioso. Da mesma forma que posteriormente mergulharia em águas profundas nos CDs Mar de Sophia e Pirata, ambos editados em 2006, a intérprete se embrenhou nas matas brasileiras para exaltar uma pátria cheia de religiosidade e referências indígenas. Brasileirinho, o show, foi tão especial no currículo de Bethânia e na memória afetiva de seus fãs que sua remontagem para apresentação beneficente no Theatro Municipal do Rio de Janeiro (RJ), na noite de 25 de setembro de 2008, promoveu uma corrida por ingressos. Em noite nobre, tanto pela causa (angariar fundos para a construção do Hospital Pro Criança, da ONG Pro Criança Cardíaca) como pelo fato de marcar a tardia estréia solo de Bethânia no palco do mais imponente teatro carioca, Brasileirinho voltou à cena com figurinos e roteiro similares ao espetáculo gravado para edição em DVD. O time de convidados contou com Miúcha e o grupo Tira Poeira (merecidamente ovacionado pela platéia ao desbravar novos caminhos para o Trenzinho do Caipira), mas não teve Nana Caymmi (ainda em recesso por conta da morte de seus pais), o grupo Uakti e a atriz Denise Stoklos, substituída por Renata Sorrah, que recitou texto de Mário de Andrade, O Poeta Come Amendoim, em registro excessivamente suave que diluiu a força das idéias do autor. Grande atriz, Sorrah poderia ter rendido mais.
Prejudicada pela falta de sincronia do vídeo de abertura (em que Ferreira Gullar recita o poema O Descobrimento, de Mário de Andrade), Bethânia entrou em cena exibindo seu bissexto falsete em Salve as Folhas. E o que se viu em cena foi, mais uma vez, uma intérprete dona do dom e de personalidade majestosa que, fiel a si mesma, cantou Cabocla Jurema (em dueto com Miúcha, em momento sempre sublime), exaltou a beleza do Luar do Sertão com sua alma interiorana e expôs sua fé em bloco pontuado pelo sincretismo religioso que caracteriza o Brasil (com Padroeiro do Brasil, Santo Antônio e um ponto de Xangô, prenúncio da festiva São João Xangô Menino). Sem poder contar com o auxílio luxuoso da voz de Nana Caymmi, Bethânia solou João Valentão e Sussuarana antes de saudar o Senhor da Floresta e suas origens em Motriz. Driblando a insegurança com a letra de Purificar o Subaé, outra referência à baiana cidade natal de Santo Amaro da Purificação, a intérprete cantou Titãs (Miséria e Comida) e sairia do palco ao som da libertária Não Existe Pecado ao Sul do Equador se um segundo bis - com O que É O que É, samba de Gonzaguinha plenamente justificado numa noite idealizada em favor da vida - não tivesse fechado em clima festivo uma noite tão nobre quanto histórica. Porque Brasileirinho continua sublime!
Deve estar lindo mesmo! Maria B. é maravilhosa! Nesses tempos em que a música brasileira, e principalmente as cantoras, estão niveladas tão por baixo(já que, hoje, qualquer uma é cantora e todas "cantam muito bem"), Maria é como um alívio de ar puro numa avenida agitada de muita poluição.
Acredito que a Renata seja perfeita pra dizer esse texto pois é uma atriz maravilhosa.Antes, o que sempre me desagradou no Brasileirinho era o tom excesivamente dramatico da Denise frisando cada palavra e diluindo o sentido geral do texto.No caso da Renata ela sabe que o ator deve servir o texto e não somente a personalidade do ator.E olha que Renata Sorrah tem personalidade de sobra, mas sabe direcionar sua energia aos lugares certos.Depois convenhamos o texto é bem curto e não tem um segundo texto.Seria insensato refazer Denise.Então o melhor é trabalhar pelo sentido do texto.
Sei que muita gente não vai concordar com minha opinião pessoal.Nada mais que isso somente minha maneira de ver e sentir esse particular do mosaico que a Bethânia criou.
cara,
E que palco lindo!
Boa foto, Mauro!
Brava, Bethânia.
E parabéns à Gal Costa pelos 63 anos e por ser a maior cantora do Brasil.
Devia ter sido gravado. pelo menos como documento.Bethânia no municipal.
Não tenho dúvida,mesmo não tendo tido a oportunidade de assitir, que o show tenha adquirido uma majestade especial tanto para a cantora sempre "altiva" - no melhor sentido - quanto para um espetáculo irretocável, cheio de dignidade e sinceridade como o Brasileirinho, uma das melhores investidas de Maria Bethânia.
Acho o Brasileirinho uma chatice!! Prefiro a Bethânia de Rosa dos Ventos e de Carcará. Esse bucolismo vai acabar quando, meu Deus!??
Estive ontem na noite de Bethânia no Municipal. Brasileirinho continua sublime. Foi interessante vê-lo encenado para um público que não era necessariamente formado por fãs da cantora. Ao meu lado, uma senhora dormia, achava que havia muitas músicas ralentadas no roteiro. Do outro, um alto executivo estranhava tanto sincretismo religioso, cabocla, senhor da floresta e sertão. O que motivava a presença destas pessoas era uma noite beneficente, talvez não o interesse pela artista.
Gosto de Bethânia ter feito seu Brasileirinho na íntegra, sem concessões, no Municipal. Outras cantoras fariam um show de sucessos, mais “confortável” para todos. E acho que especialmente este público que pratica “responsabilidade social” ou participa de “noites beneficentes” precisa da elegância, do impacto (e até do incômodo) e da sensibilidade de um Brasileirinho.
A causa da noite era mais do que nobre, mas foi conduzida de maneira equivocada. Por que uma pessoa que desenhou a marca do Hospital pode fazer uma apresentação de 5 minutos, passando slides como se estivera numa reunião corporativa, mostrando o caminho que percorreu para chegar ao resultado final do trabalho? Qual era o raciocínio? O Municipal estaria repleto de possíveis clientes e esta seria uma contrapartida por ele ter desenhado a marca de graça? Ora, mas não se tratava de uma noite em exercício da solidariedade? O mesmo vale para as marcas patrocinadoras em loop, seguidamente. As empresas precisam aprender a aderir a este tipo de iniciativa com mais elegância, sem invadir ou incomodar o público.
Acho muito dificl que Denise Stoklos leia qualuqer texto melhor do que Renata Sorrah. Achava ela super over e no geral o Brasileirinho pra mim foi um bom show. O melhor eh a entrada e a ultima parte.
Diva, maravilhosa, você é a maior cantora do Brasil,só voce tem moral e cacife pra fazer um show com o roteiro como Brasileirinho!!!
Salve Bethânia, a Abelha Rainha! Rainha da MPB!
Não perco nenhum show de Bethania.
Esse do Municipal,foi maravilhoso e histórico.Nós os fãns, estavamos lá no puleiro, o lugar mais brarato, longe da nossa Rainha.O público convidado, assistia friamente.E, os tietes e apaixonados por BETHANIA, estavamos embevecidos de ver nossa Rainha brilhar no Municipal.
ALOYSIO ALBERTO
Obrigado Bethânia!
show chato, repertório chato, presença de palco gasta. bethânia precisa renovar o repertório, bem como o seu estilo tão batido...
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