27 de setembro de 2008

Mart'nália curte madrugada em estado de graça

Resenha de show
Título: Madrugada
Artista: Mart'nália
Local: Vivo Rio (RJ)
Data: 26 de setembro de 2008
Cotação: * * * * *

Era para Mart'nália ter deixado o palco da casa Vivo Rio - onde estreou a turnê nacional do show Madrugada na noite de 26 de setembro de 2008 - ao som de Vai Passar, o samba-enredo de Chico Buarque e Francis Hime. Era o bis do show. Mas as cortinas se fecharam e o público, que lotou a casa, não arredou pé. Diante dos pedidos inflamados por um segundo bis, a cantora teve que voltar à cena e improvisou Pra Mart'nália e Chega, dois sambas acompanhados em coro pela platéia. "Vou encher a cara", avisou a cantora, com a habitual espontaneidade, feliz pela consagração obtida em seu primeiro (belo) show solo em casa de grande porte.
O fato é que Madrugada, o show, é uma celebração do momento feliz vivido por Mart'nália. Em cena, emoldurada por um cenário que traduz o tom carioca do disco homônimo, ela se mostra em estado de graça. E tão contagiante é a alegria do show que seus pequenos defeitos (como a dicção ainda deficiente da artista em números como ) se tornam insignificantes. Don't Worry, Be Happy - parece dizer Mart'nália a todo momento e não somente quando canta a sua desencanada versão do tema de Bob McFerrin, feita logo na abertura do show (antes de Cabide) e repetida no bis.
Com figurino que realça seu tom informal, a intérprete djavaneia no início do show - em músicas como Alívio e Pára Comigo -para depois cair no sambalanço que pontua o repertório do CD Madrugada. Como no disco, a seqüência com Tava por Aí, Deu Ruim e Ela É a Minha Cara resulta irresistível no palco. É um repertório delicioso através do qual Mart'nália, assumidíssima, faz ode a mulher. E, dentro desse espírito, a maior surpresa do roteiro foi Garota Porongondon, tema pouco badalado da parceria de Vinicius de Moraes (1913 - 1980) com Baden Powell (1937 - 2000). Mais tarde, a artista recorreria novamente ao cancioneiro do Poetinha em Mulher, Sempre Mulher (samba de Vinicius com Tom Jobim) e em A Tonga da Mironga do Kabuletê, parceria de Vinicius com Toquinho que ganhou ginga toda especial na sua voz.
Com desenvoltura, Mart'nália alterna-se entre o pandeiro (como em Pretinhosidade) e o tosco violão, como em Pé do meu Samba, saudada em cena como "a música da sorte" por ter sido o hit do disco homônimo de 2002 que projetou a filha de Martinho da Vila. Os 70 anos do pai, a propósito, são festejados com a inclusão de Mulheres e Beija, me Beija, me Beija no roteiro alto astral. Marota, Mart'nália simula sotaque português ao apresentar Angola, samba pelo palco em Sai Dessa e expõe o gosto pela boemia em Amanhã Eu Não Vou Trabalhar, de Alexandre Grooves, antes de sair de cena. O clima é de leveza e de uma descontração que confirmam o momento especialmente feliz de Mart'nália em Madrugada. O show reedita o alto astral do disco.

8 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Era para Mart'nália ter deixado o palco da casa Vivo Rio - onde estreou a turnê nacional do show Madrugada na noite de 26 de junho de 2008 - ao som de Vai Passar, o samba-enredo de Chico Buarque e Francis Hime. Era o bis do show. Mas as cortinas se fecharam e o público, que lotou a casa, não arredou pé. Diantes dos pedidos inflamados por um segundo bis, a cantora teve que voltar à cena e improvisou Pra Mart'nália e Chega, dois sambas acompanhados em coro pela platéia. "Vou encher a cara", avisou a cantora, com a habitual espontaneidade, feliz pela consagração obtida em seu primeiro (belo) show solo em casa de grande porte.
O fato é que Madrugada, o show, é uma celebração do momento feliz vivido por Mart'nália. Em cena, emoldurada por um cenário que traduz o tom carioca do disco homônimo, ela se mostra em estado de graça. E tão contagiante é a alegria do show que seus pequenos defeitos (como a dicção ainda deficiente da artista em números como Fé) se tornam insignificantes. Don't Worry, Be Happy - parece dizer Mart'nália a todo momento e não somente quando canta a sua desencanada versão do tema de Bob McFerrin, feita logo na abertura do show (antes de Cabide) e repetida no bis.
Com figurino que realça seu tom informal, a intérprete djavaneia no início do show - em músicas como Alívio e Pára Comigo -para depois cair no sambalanço que pontua o repertório do CD Madrugada. Como no disco, a seqüência com Tava por Aí, Deu Ruim e Ela É a Minha Cara resulta irresistível no palco. É um repertório delicioso através do qual Mart'nália, assumidíssima, faz ode a mulher. E, dentro desse espírito, a maior surpresa do roteiro foi Garota Porongondon, tema pouco badalado da parceria de Vinicius de Moraes (1913 - 1980) com Baden Powell (1936 - 2000). Mais tarde, a artista recorreria novamente ao cancioneiro do Poetinha em Mulher, Sempre Mulher (samba de Vinicius com Tom Jobim) e em A Tonga da Mironga do Kabuletê, parceria de Vinicius com Toquinho que ganhou ginga toda especial na sua voz.
Com desenvoltura, Mart'nália alterna-se entre o pandeiro (como em Pretinhosidade) e o tosco violão, como em Pé do meu Samba, saudada em cena como "a música da sorte" por ter sido o hit do disco homônimo de 2002 que projetou a filha de Martinho da Vila. Os 70 anos do pai, a propósito, são festejados com a inclusão de Mulheres e Beija, me Beija, me Beija no roteiro alto astral. Marota, Mart'nália simula sotaque português ao apresentar Angola, samba pelo palco em Sai Dessa e expõe o gosto pela boemia em Amanhã Eu Não Vou Trabalhar, de Alexandre Grooves, antes de sair de cena. O clima é de leveza e de uma descontração que atestam o momento especialmente feliz de Mart'nália em Madrugada. O show reedita o alto astral do disco.

27 de setembro de 2008 às 13:47  
Anonymous Anônimo said...

Em todo post que o blogueiro escreve sobre Mart'nália vem acompanhado o "assumidíssima".

Que coisa chata..

27 de setembro de 2008 às 14:02  
Blogger Unknown said...

Oi Mauro, o show foi exatamente isso, e eu saí de lá em estado de graça. Adorei sua resenha.

27 de setembro de 2008 às 15:44  
Anonymous Anônimo said...

Isso é hype. Não caiam.

27 de setembro de 2008 às 16:09  
Anonymous Anônimo said...

E há algum problema em ser assumidíssima? O texto do Mauro não desrespeita ninguém. Muito pelo contrário, enche a Mart'nália de merecidos elogios. É certo que a homossexualidade não deve ser determinante pra que se goste ou não de um artista, mas também não há motivo pra ignorar esse fato, tratando-o como um daqueles temas proibidos ou como um dado irrelevante na análise de sua obra. Ainda mais num caso em que a própria intérprete faz questão de cantar “ela é o jazz / e a quem diga que parece um rapaz” e “tira onda de grã-fina / mas pra mim é só a mina / que enfeitiçou meu coração”.
Salve a assumidíssima Mart’nália! E salve o melhor disco de 2008!

27 de setembro de 2008 às 21:55  
Anonymous Anônimo said...

Bravo Mart'nália!

28 de setembro de 2008 às 09:30  
Anonymous Anônimo said...

Tava na hora de dar uma lapidada no canto. Umas aulinhas não fariam mal.

29 de setembro de 2008 às 09:32  
Blogger O blog said...

No ano passado saí de Juiz de Fora-MG só pra ver Mart'nália no Rio, já que ela não costuma fazer shows pelo interior e amei. Fui no Cinematheque em Botafogo e ganhei até beijinho e foto com ela que é um amor de pessoa. Com relação ao novo disco, achei ele um pouco parado, pois o que é bom no som dela são os sambas de roda fazendo a gente suar a camisa, mas nesse não tem, mas também está maravilhoso. E com relação a sua voz, tudo bem que precisa melhorar, mas tem gente que canta com a ajuda de computadores e ela canta espontâneamente e natural.

29 de setembro de 2008 às 10:39  

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