29 de setembro de 2008

Zeca dá outra prova de amor ao melhor samba

Resenha de CD
Título: Uma Prova
de Amor
Artista: Zeca Pagodinho
Gravadora: Universal
Music
Cotação: * * * *

Desde que Zeca Pagodinho ingressou na gravadora hoje denominada Universal Music, em 1995, os discos do sambista copiam mais ou menos a receita certeira que, pilotada pelo produtor Rildo Hora, reabilitou o cantor no mercado fonográfico depois de um período de baixa na BMG. Uma Prova de Amor segue tal fórmula, só que com a inspiração e o frescor que pareciam mais rarefeitos em À Vera (2005), último álbum de estúdio e inéditas de Zeca. Não se deixe impressionar pela faixa-título, escalada para abrir os trabalhos. Uma Prova de Amor - o samba de Nelson Rufino e Toninho Geraes, não o disco - tenta clonar sem sucesso a cadência baiana de Verdade e Samba pras Moças, os dois maiores sucessos de Zeca na segunda metade dos anos 90. Não colou muito. Mas não julgue o álbum pelo seu pretenso hit radiofônico. O repertório, no todo, é excelente. Dois altíssimos partidos - Se Eu Pedir pra Você Cantar e Sempre Atrapalhado - atestam que a parceria de Zeca com Arlindo Cruz permanece vigorosa. E o suingue da gafieira, mote do último disco do artista, ecoa em faixas como Terreiro em Acari e Sincopado Ensaboado. Em diversas provas de amor ao melhor samba carioca, Zeca canta belo tema da lavra fina de Luiz Carlos da Vila (Então Leva, com Bira da Vila), faz a crônica dos costumes pagodeiros em Normas da Casa, dá seu recado político em Eta Povo pra Lutar e apresenta inédita de Monarco com Mauro Diniz - Não Há Mais Jeito, em que os autores parecem perseguir a melodia e o lirismo popular de Coração em Desalinho - e recebe reverente a Velha Guarda da Portela na regravação de Esta Melodia (Bubu e Jamelão) - aliás, como é difícil esquecer o registro sublime de Marisa Monte! - e no pot-pourri que une os sambas antigos Falsas Juras, Pecadora e Manhã Brasileira. Fora do chão carioca, Zeca pisa bem no terreno caipira no calangueado partido Sujeito Pacato, parceria de Serginho Meriti e Claudinho Guimarães, depois de exaltar o sincretismo religioso brasileiro em Ogum, com direito à oração declamada por Jorge Ben Jor, devoto de Jorge, o santo homônimo. E, no fim, como faixa-bônus, há a presença inusitada de João Donato, com quem Zeca - à vontade - revive Sambou... Sambou, ótimo tema de Donato (que toca seu personalíssimo piano na faixa) com João Mello. Enfim, mais um grande CD do artista. Embora siga fórmulas, Zeca é fiel a si mesmo.

11 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Desde que Zeca Pagodinho ingressou na gravadora hoje denominada Universal Music, em 1995, os discos do sambista copiam mais ou menos a receita certeira que, pilotada pelo produtor Rildo Hora, reabilitou o cantor no mercado fonográfico depois de um período de baixa na BMG. Uma Prova de Amor segue a fórmula, mas com a inspiração e o frescor que pareciam mais rarefeitos em À Vera (2005), último álbum de estúdio e inéditas de Zeca. Não se deixe impressionar pela faixa-título, escalada para abrir os trabalhos. Uma Prova de Amor - o samba de Nelson Rufino e Toninho Geraes, não o disco - tenta clonar sem sucesso a cadência baiana de Verdade e Samba pras Moças, os dois maiores sucessos de Zeca na segunda metade dos anos 90. Não colou muito. Mas não julgue o álbum pelo seu pretenso hit radiofônico. O repertório, no todo, é excelente. Dois altíssimos partidos - Se Eu Pedir pra Você Cantar e Sempre Atrapalhado - atestam que a parceria de Zeca com Arlindo Cruz permanece vigorosa. E o suingue da gafieira, mote do último disco do artista, ecoa em faixas como Terreiro em Acari e Sincopado Ensaboado. Em diversas provas de amor ao melhor samba carioca, Zeca canta belo tema da lavra fina de Luiz Carlos da Vila (Então Leva, com Bira da Vila), faz a crônica dos costumes pagodeiros em Normas da Casa, dá seu recado político em Eta Povo pra Lutar e apresenta inédita de Monarco com Mauro Diniz - Não Há Mais Jeito, em que os autores parecem perseguir a melodia e o lirismo popular de Coração em Desalinho - e recebe reverente a Velha Guarda da Portela na regravação de Esta Melodia (Bubu e Jamelão) - e como é difícil esquecer o registro sublime de Marisa Monte - e no pot-pourri que une os sambas antigos Falsas Juras, Pecadora e Manhã Brasileira. Fora do chão carioca, Zeca pisa bem no terreno caipira no calangueado partido Sujeito Pacato, parceria de Serginho Meriti e Claudinho Guimarães, depois de exaltar o sincretismo religioso brasileiro em Ogum, com direito à oração declamada por Jorge Ben Jor, devoto de Jorge, o santo homônimo. E, no fim, como faixa-bônus, há a presença inusitada de João Donato, com quem Zeca - à vontade - revive Sambou... Sambou, ótimo tema de Donato (que toca seu personalíssimo piano na faixa) com João Mello. Enfim, mais um grande CD do artista. Embora siga fórmulas, Zeca é fiel a si mesmo.

29 de setembro de 2008 às 09:54  
Anonymous Anônimo said...

Pelo visto, deve ter ficado interessante. Soma ao clima de Xerém que só o Jessé Ramos da Silva Filho sabe dar uma sofisticação que deverá agradar em cheio o pessoal mais elitista - que, como bem sabe nosso caro Marcelo Barbosa, em regra, torce o nariz para o sambão.

Felipe dos Santos Souza

29 de setembro de 2008 às 10:40  
Anonymous Anônimo said...

Esqueci de uma coisa: quando se mete a interpretar sambas mais dolentes, Zeca também é respeitabilíssimo.

"Lama nas Ruas", por exemplo, tem uma letra decididamente bela.

Felipe dos Santos Souza

29 de setembro de 2008 às 10:43  
Blogger Ju Oliveira said...

"Então Leva" também foi belamente gravado pela cantora Juliana Amaral em seu grande disco Juliana Samba, produzido por Moacyr Luz e lançado no ano passado.

29 de setembro de 2008 às 12:07  
Anonymous Anônimo said...

Mas graças a Deus isso vem se modificando Felipe! E a prova disso é que o Zeca penetra em todas as classes sociais. Obrigado pelas palavras. Abração,

Marcelo Barbosa - Brasília (DF)

29 de setembro de 2008 às 16:28  
Anonymous Anônimo said...

Na minha casa ele não entra de jeito nenhum... Se for por esa praia fico com Roberto Ribeiro e João Nogueira. Melhores, com mais suingue e mais verdade.

29 de setembro de 2008 às 17:26  
Anonymous Anônimo said...

Eu ouvi algumas faixas e esta muito bom.E também gosto de João Nogueira e Roberto Ribeiro,pena que já se foram.Mas acho que dentro do que se compromete,Zeca manda muito bem.

29 de setembro de 2008 às 22:58  
Anonymous Anônimo said...

Toda vez que vejo o Zeca Pagodinho me lembro da célebre frase:
"No hall da fama nem todos são, nem todos estão"

Jose Henrique

30 de setembro de 2008 às 02:07  
Anonymous Anônimo said...

FAÇO MINHAS AS PALAVRAS DO 5:26.

30 de setembro de 2008 às 16:50  
Blogger Grupo Ponto 100 Nó said...

Respeitado e muito conceituado , tenho ´praser de ser brasileiro e poder entender todas as palavras do grande mestre

11 de outubro de 2008 às 00:34  
Anonymous Anônimo said...

muito bom ....

11 de outubro de 2008 às 00:37  

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