Zeca dá outra prova de amor ao melhor samba
Resenha de CD
Título: Uma Prova
de Amor
Artista: Zeca Pagodinho
Gravadora: Universal
Music
Cotação: * * * *
Desde que Zeca Pagodinho ingressou na gravadora hoje denominada Universal Music, em 1995, os discos do sambista copiam mais ou menos a receita certeira que, pilotada pelo produtor Rildo Hora, reabilitou o cantor no mercado fonográfico depois de um período de baixa na BMG. Uma Prova de Amor segue tal fórmula, só que com a inspiração e o frescor que pareciam mais rarefeitos em À Vera (2005), último álbum de estúdio e inéditas de Zeca. Não se deixe impressionar pela faixa-título, escalada para abrir os trabalhos. Uma Prova de Amor - o samba de Nelson Rufino e Toninho Geraes, não o disco - tenta clonar sem sucesso a cadência baiana de Verdade e Samba pras Moças, os dois maiores sucessos de Zeca na segunda metade dos anos 90. Não colou muito. Mas não julgue o álbum pelo seu pretenso hit radiofônico. O repertório, no todo, é excelente. Dois altíssimos partidos - Se Eu Pedir pra Você Cantar e Sempre Atrapalhado - atestam que a parceria de Zeca com Arlindo Cruz permanece vigorosa. E o suingue da gafieira, mote do último disco do artista, ecoa em faixas como Terreiro em Acari e Sincopado Ensaboado. Em diversas provas de amor ao melhor samba carioca, Zeca canta belo tema da lavra fina de Luiz Carlos da Vila (Então Leva, com Bira da Vila), faz a crônica dos costumes pagodeiros em Normas da Casa, dá seu recado político em Eta Povo pra Lutar e apresenta inédita de Monarco com Mauro Diniz - Não Há Mais Jeito, em que os autores parecem perseguir a melodia e o lirismo popular de Coração em Desalinho - e recebe reverente a Velha Guarda da Portela na regravação de Esta Melodia (Bubu e Jamelão) - aliás, como é difícil esquecer o registro sublime de Marisa Monte! - e no pot-pourri que une os sambas antigos Falsas Juras, Pecadora e Manhã Brasileira. Fora do chão carioca, Zeca pisa bem no terreno caipira no calangueado partido Sujeito Pacato, parceria de Serginho Meriti e Claudinho Guimarães, depois de exaltar o sincretismo religioso brasileiro em Ogum, com direito à oração declamada por Jorge Ben Jor, devoto de Jorge, o santo homônimo. E, no fim, como faixa-bônus, há a presença inusitada de João Donato, com quem Zeca - à vontade - revive Sambou... Sambou, ótimo tema de Donato (que toca seu personalíssimo piano na faixa) com João Mello. Enfim, mais um grande CD do artista. Embora siga fórmulas, Zeca é fiel a si mesmo.
Título: Uma Prova
de Amor
Artista: Zeca Pagodinho
Gravadora: Universal
Music
Cotação: * * * *
Desde que Zeca Pagodinho ingressou na gravadora hoje denominada Universal Music, em 1995, os discos do sambista copiam mais ou menos a receita certeira que, pilotada pelo produtor Rildo Hora, reabilitou o cantor no mercado fonográfico depois de um período de baixa na BMG. Uma Prova de Amor segue tal fórmula, só que com a inspiração e o frescor que pareciam mais rarefeitos em À Vera (2005), último álbum de estúdio e inéditas de Zeca. Não se deixe impressionar pela faixa-título, escalada para abrir os trabalhos. Uma Prova de Amor - o samba de Nelson Rufino e Toninho Geraes, não o disco - tenta clonar sem sucesso a cadência baiana de Verdade e Samba pras Moças, os dois maiores sucessos de Zeca na segunda metade dos anos 90. Não colou muito. Mas não julgue o álbum pelo seu pretenso hit radiofônico. O repertório, no todo, é excelente. Dois altíssimos partidos - Se Eu Pedir pra Você Cantar e Sempre Atrapalhado - atestam que a parceria de Zeca com Arlindo Cruz permanece vigorosa. E o suingue da gafieira, mote do último disco do artista, ecoa em faixas como Terreiro em Acari e Sincopado Ensaboado. Em diversas provas de amor ao melhor samba carioca, Zeca canta belo tema da lavra fina de Luiz Carlos da Vila (Então Leva, com Bira da Vila), faz a crônica dos costumes pagodeiros em Normas da Casa, dá seu recado político em Eta Povo pra Lutar e apresenta inédita de Monarco com Mauro Diniz - Não Há Mais Jeito, em que os autores parecem perseguir a melodia e o lirismo popular de Coração em Desalinho - e recebe reverente a Velha Guarda da Portela na regravação de Esta Melodia (Bubu e Jamelão) - aliás, como é difícil esquecer o registro sublime de Marisa Monte! - e no pot-pourri que une os sambas antigos Falsas Juras, Pecadora e Manhã Brasileira. Fora do chão carioca, Zeca pisa bem no terreno caipira no calangueado partido Sujeito Pacato, parceria de Serginho Meriti e Claudinho Guimarães, depois de exaltar o sincretismo religioso brasileiro em Ogum, com direito à oração declamada por Jorge Ben Jor, devoto de Jorge, o santo homônimo. E, no fim, como faixa-bônus, há a presença inusitada de João Donato, com quem Zeca - à vontade - revive Sambou... Sambou, ótimo tema de Donato (que toca seu personalíssimo piano na faixa) com João Mello. Enfim, mais um grande CD do artista. Embora siga fórmulas, Zeca é fiel a si mesmo.
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Desde que Zeca Pagodinho ingressou na gravadora hoje denominada Universal Music, em 1995, os discos do sambista copiam mais ou menos a receita certeira que, pilotada pelo produtor Rildo Hora, reabilitou o cantor no mercado fonográfico depois de um período de baixa na BMG. Uma Prova de Amor segue a fórmula, mas com a inspiração e o frescor que pareciam mais rarefeitos em À Vera (2005), último álbum de estúdio e inéditas de Zeca. Não se deixe impressionar pela faixa-título, escalada para abrir os trabalhos. Uma Prova de Amor - o samba de Nelson Rufino e Toninho Geraes, não o disco - tenta clonar sem sucesso a cadência baiana de Verdade e Samba pras Moças, os dois maiores sucessos de Zeca na segunda metade dos anos 90. Não colou muito. Mas não julgue o álbum pelo seu pretenso hit radiofônico. O repertório, no todo, é excelente. Dois altíssimos partidos - Se Eu Pedir pra Você Cantar e Sempre Atrapalhado - atestam que a parceria de Zeca com Arlindo Cruz permanece vigorosa. E o suingue da gafieira, mote do último disco do artista, ecoa em faixas como Terreiro em Acari e Sincopado Ensaboado. Em diversas provas de amor ao melhor samba carioca, Zeca canta belo tema da lavra fina de Luiz Carlos da Vila (Então Leva, com Bira da Vila), faz a crônica dos costumes pagodeiros em Normas da Casa, dá seu recado político em Eta Povo pra Lutar e apresenta inédita de Monarco com Mauro Diniz - Não Há Mais Jeito, em que os autores parecem perseguir a melodia e o lirismo popular de Coração em Desalinho - e recebe reverente a Velha Guarda da Portela na regravação de Esta Melodia (Bubu e Jamelão) - e como é difícil esquecer o registro sublime de Marisa Monte - e no pot-pourri que une os sambas antigos Falsas Juras, Pecadora e Manhã Brasileira. Fora do chão carioca, Zeca pisa bem no terreno caipira no calangueado partido Sujeito Pacato, parceria de Serginho Meriti e Claudinho Guimarães, depois de exaltar o sincretismo religioso brasileiro em Ogum, com direito à oração declamada por Jorge Ben Jor, devoto de Jorge, o santo homônimo. E, no fim, como faixa-bônus, há a presença inusitada de João Donato, com quem Zeca - à vontade - revive Sambou... Sambou, ótimo tema de Donato (que toca seu personalíssimo piano na faixa) com João Mello. Enfim, mais um grande CD do artista. Embora siga fórmulas, Zeca é fiel a si mesmo.
Pelo visto, deve ter ficado interessante. Soma ao clima de Xerém que só o Jessé Ramos da Silva Filho sabe dar uma sofisticação que deverá agradar em cheio o pessoal mais elitista - que, como bem sabe nosso caro Marcelo Barbosa, em regra, torce o nariz para o sambão.
Felipe dos Santos Souza
Esqueci de uma coisa: quando se mete a interpretar sambas mais dolentes, Zeca também é respeitabilíssimo.
"Lama nas Ruas", por exemplo, tem uma letra decididamente bela.
Felipe dos Santos Souza
"Então Leva" também foi belamente gravado pela cantora Juliana Amaral em seu grande disco Juliana Samba, produzido por Moacyr Luz e lançado no ano passado.
Mas graças a Deus isso vem se modificando Felipe! E a prova disso é que o Zeca penetra em todas as classes sociais. Obrigado pelas palavras. Abração,
Marcelo Barbosa - Brasília (DF)
Na minha casa ele não entra de jeito nenhum... Se for por esa praia fico com Roberto Ribeiro e João Nogueira. Melhores, com mais suingue e mais verdade.
Eu ouvi algumas faixas e esta muito bom.E também gosto de João Nogueira e Roberto Ribeiro,pena que já se foram.Mas acho que dentro do que se compromete,Zeca manda muito bem.
Toda vez que vejo o Zeca Pagodinho me lembro da célebre frase:
"No hall da fama nem todos são, nem todos estão"
Jose Henrique
FAÇO MINHAS AS PALAVRAS DO 5:26.
Respeitado e muito conceituado , tenho ´praser de ser brasileiro e poder entender todas as palavras do grande mestre
muito bom ....
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