29 de dezembro de 2006

Retrô 2006 - Paula Lima acertou ao ser sincera

Foi sintomático que o terceiro disco solo de Paula Lima, lançado em setembro, tenha se chamado Sinceramente. É como se a cantora paulista - revelada no coletivo Funk Como Le Gusta em fins dos anos 90 - já avisasse sutilmente no título que, desta vez, ela não se deixou manipular pela indústria fonográfica e fez um CD com toda a sua verdade e o seu balanço. E ainda dosou os floreios vocais que às vezes empanavam o brilho de seu canto. Tudo o que não acontecera no irregular disco anterior, Paula Lima (2003), gravado pela Universal Music, que contratou a artista, tentou logo popularizar seu som (havia até versão de Moonlight Serenade no repertório) e depois a descartou. Se tinha algum balanço naquele equivocado álbum, em poucos bons momentos, faltava a verdade, a sinceridade exposta já no título do terceiro CD da ótima cantora.

Contratada pela Indie Records, Paula Lima repôs sua discografia nos trilhos com Sinceramente. A primeira faixa - Novos Alvos, um pop miscigenado e radiofônico composto por Mart'nália, Zélia Duncan e Ana Costa - até deu a impressão de (um novo) trabalho eclético. Mas, a partir da segunda, ficou claro que Paula dançou conforme a música de seu primeiro e incensado disco, É Isso Aí (2001). A tal segunda faixa, Como Diz o Ditado, era samba cheio de suingue de Edu Tedeschi, compositor projetado por Maria Rita com a inclusão de Conta Outra no controvertido disco Segundo.

O suingue é mesmo a marca de Paula, que acertou ao transitar por samba-rock, sambalanço, soul e funk. Até partido alto tradicional de Arlindo Cruz, Tirou Onda (parceria com Acyr Marques e com Maurição), ganhou molho black na voz da artista. Arlindo, aliás, foi o compositor mais presente no repertório. E suas outras duas boas composições - Já Pedi pra Você Parar e Tudo Certo ou Tudo Errado - exibiram balanço mais envenenado do que o da habitual produção autoral do bamba carioca. Ou talvez tenha sido Paula que pôs suingue e veneno em tudo o que cantou no CD. A ponto de harmonizar em sua divisão parceria de Ana Carolina com Totonho Villeroy (Eu Já Notei), neobossa de Seu Jorge (Let's Go, com Tatá Spalla), releitura da lavra de João Donato (Flor de Maracujá) e um funk ensolarado de Marcus Vinicius (Negras Perucas). Isso para não falar de Saudações, a bela inédita de Leci Brandão que fechou o disco, selando o compromisso de Paula com sua luta e verdade.

Bem azeitada, a produção de Luiz Paulo Serafim e Bruno Cardozo combinou percussão e beats eletrônicos com equilíbrio, ajudando Paula a podar os excessos de seu canto, a retomar seu caminho com sinceridade e a desfazer a impressão (ruim) do disco anterior.

7 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Paula é muito boa, o disco pode ser muito bom, e ela não acontece

29 de dezembro de 2006 às 11:45  
Anonymous Anônimo said...

Ainda não ouvi esse novo trabalho da Paula Lima, mas gostei do trabalho anterior.

Inclusive achei muito interessante a versão de Moonlight Serenade.

A gravadora Universal é que não fez nada pela Paula e o disco não aconteceu.

Mas eu gosto muito dela. É linda e canta à bessa.

29 de dezembro de 2006 às 13:09  
Anonymous Anônimo said...

MAURO, VOU NA TUA. COMPREI OS DOIS PRIMEIROS CDS DESTA GATA MAS NÃO CURTI NENHUM DOS DOIS. JÁ HAVIA DEISTIDO DA MORENA, MAS COM TEU COMENTÁRIO VOU TIRÁ-LA DO FREEZER E TENTAR MAIS UMA VEZ.

29 de dezembro de 2006 às 13:23  
Anonymous Anônimo said...

Vi a cantora no Jô. Achei amadora.

29 de dezembro de 2006 às 22:11  
Anonymous Anônimo said...

Mauro,nesses retrôs nem um comentário sobre Baiana da Gema, da Simone? O cd é um refresco na discografia da Simone, merecia um comentário.
abração e feliz 2007.
PS Não achei outro lugar para colocar o comentário.

29 de dezembro de 2006 às 22:23  
Anonymous Anônimo said...

ela me cansa . americanizada demais da conta

30 de dezembro de 2006 às 06:09  
Anonymous Anônimo said...

Mas o Baiana da Gema não é de 2005?

1 de janeiro de 2007 às 17:56  

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