Retrô 2006 - Luz interior de Gil brilhou em CD
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Foi puro deleite ouvir a música de Gil somente com sua voz e seu violão de múltipla musicalidade. A maioria dos temas veio dos anos 70 - década em que o artista aprofundou sua experiência existencialista em discos como Refazenda (1975), do qual Gil Luminoso recuperou, não à toa, as faixas Meditação e Retiros Espirituais. Moldado para reflexão das letras, o tom interiorizado do álbum possibilitou maior valorização dos versos de Metáfora (1982), Raça Humana (1984) e Tempo Rei (1984) - três músicas gravadas originalmente em período em que o compositor testava sonoridade pop em sua discografia (com resultado bem irregular).
Para colecionadores da obra fonográfica de Gil, o álbum agrupou músicas até então meio dispersas na discografia do compositor - casos de Preciso Aprender a Só Ser (o tema que inverteu a lógica individualista do samba-canção bossa-novista Preciso Aprender a Ser Só e que tinha sido lançado em compacto de 1973), O Som da Pessoa (então inédita parceria com Bené Fontelles, de 1983), Copo Vazio (lançada por Chico Buarque em seu álbum Sinal Fechado, de 1974, e regravada por Gil no mesmo ano num disco ao vivo de moderada repercussão), O Compositor me Disse (outra música do álbum ao vivo de 1974) e Você e Você, tema de 1993, criado para Gal Costa incluir no grande álbum O Sorriso do Gato de Alice.
Ouvidas num mesmo álbum, essas reflexões espiritualistas a cerca dos mistérios da raça humana adensaram a já vasta obra de Gil. Ao procurar visão menos materialista, que transcendesse a matéria, o compositor exibiu luminosidade ímpar. E essa intensa luz interior brilhou em disco que merecia mesmo reedição avulsa para ficar mais acessível aos admiradores deste artista - de fato!! - luminoso.
1 Comments:
o banda dois é demais
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