26 de dezembro de 2006

Retrô 2006 - Voz de Castilho floresceu em CD

Coube a Biscoito Fino lançar - em maio - Amendoeira, o segundo álbum de Bebeto Castilho como cantor, gravado sob a produção antenada de Kassin e de Marcelo Camelo, sobrinho do artista (foto). Baixista, flautista e eventual solista vocal do Tamba Trio, Castilho é um cantor que descende da linhagem nobre de João Gilberto. Seu canto sutil - longe de impressionar pela potência ou pela beleza da voz... - atua como refinado elemento harmônico no conjunto do arranjo.

Foi com esse espírito bossa-novista que Castilho se apresentou como cantor em seu segundo disco solo (o primeiro, lançado em 1976, permanece inédito em CD no mercado nacional). Sua voz floresceu macia em Amendoeira. Além de produzir o álbum, Camelo deu ao tio o samba que batiza Amendoeira e cantou Porta de Cinema, tema de autoria de Luiz Souza, que vem a ser seu tio-avô, irmão de Bebeto. Fora da seara familiar, o músico do Tamba Trio destilou seu canto íntimo em bons sambas de Ataulfo Alves (Infidelidade, uma parceria com Américo Seixas), Dorival Caymmi (A Vizinha do Lado), J. Cascata (Minha Palhoça) e Benedito Lacerda (Sabiá de Mangueira, com Erastótenes Frazão).

Em sintonia com a delicadeza do canto de Castilho, os convidados impediram o CD de soar monocórdio a despeito de todo seu raro requinte. Nina Becker (cantora da Orquestra Imperial) deu o ar da graça em Beijo Distraído, de Durval Ferreira e Regina Werneck. Filha do pianista Laércio de Freitas, Thalma de Freitas interpretou Pode Ser?, o samba sincopado de Geraldo Pereira e Marino Pinto.

Amendoeira não foi um disco de bossa nova. Esteve mais para o samba-jazz. Mas teve bossa e seduziu quem acredita que uma voz miúda e até opaca também pode ser posta a serviço da harmonia. A repercussão comercial foi modesta, mas o álbum teve seu êxito artístico reconhecido em dezembro na 5º edição do Prêmio Rival BR de Música Independente. Marcelo Camelo e Kassin levaram o troféu de Produção do Ano por Amendoeira, um CD histórico e sagrado - como sentenciou Caetano Veloso (em texto do encarte).

1 Comments:

Anonymous Helena said...

gênio

25 de janeiro de 2010 às 11:42  

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