25 de dezembro de 2006

Retrô 2006 - O romance popular de Nando Reis

Nando Reis popularizou sua obra em 2006 com Sim e Não, CD editado em abril em que o cantor tangenciou o universo amoroso de Roberto Carlos. O ex-titã, que vinha de bem-sucedido projeto da série MTV ao Vivo, buscou ampliar ainda mais seu público, mas o fato é que parte dos fãs conquistados com álbuns como A Letra A se distanciou de sua música. Pena, já que o disco é ótimo.

O romantismo popular brotou no sexto disco solo de Nando Reis (na foto acima, com os músicos da banda Os Infernais) sem que o cantor tenha caído no pantanoso terreno brega como sinalizara ao iniciar, orgulhoso, parceria com Wando em 2005. Em Sim e Não, o artista se debateu entre a firme pegada roqueira de sua banda Os Infernais - que assinou o disco juntamente com Nando - e a opção por um repertório mais acessível para manter o público angariado com precoce MTV ao Vivo que lhe deu, enfim, a popularidade buscada em vão com discos mais refinados como o tal A Letra A.

Intérprete bem deficiente que vinha melhorando a cada trabalho, Nando Reis conseguiu a manutenção de seu padrão estético. Sim - a melodiosa canção que abriu o disco - e N foram belos temas que atingiram o equilíbrio delicado entre a sofisticação de trabalhos anteriores e o romantismo popular, semeado em letras diretas que exaltavam a mulher amada. O corinho de Sou Dela, música mais dançante que roçou o pop perfeito, foi elemento referencial do cancioneiro cafona que Nando rodeou, mas não abraçou (de fato).

Sim e Não alterna rocks moderadamente pesados (Santa Maria, Monóico - em que o artista propôs inversão de papéis sexuais que o distanciou do amor conservador explicitado nas canções mais sentimentais - e o estradeiro Caneco 70) com músicas melodiosas que destilaram o tal romantismo que norteou o CD até sua última faixa oficial, a valsinha Ti Amo (havia uma faixa escondida ao fim).

Houve, sim, músicas menores. Pra Ela Voltar rebobinou - sem a mesma inspiração - a declaração de amor feita em Sim. A letra de Para Luzir o Dia pareceu feita na cola de Diariamente (a música de Nando gravada por Marisa Monte no álbum Mais, em 1991), ainda que sua melodia envolvente seguisse a receita palatável do disco. Foi faixa de cordas que flertou com o som progressivo. Em clima mais cool, Nando floresceu e declarou amor à filha em Espatódea.

Não, Nando Reis não ficou brega. Deixou brotar o Roberto Carlos (dos anos 70) que existia nele sem aderir à banalidade da canção popularesca. Sim, seu sexto solo ofereceu munição certeira para ampliar seu público. Pena que isso parece não ter acontecido na medida da inspiração do repertório... Sim, o azar foi do público...

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

o Nando Reis deu um passo atrás na carreira, em todos os sentidos, agora vai ter que dá dois pra frente.

Jose Henrique

26 de dezembro de 2006 às 03:31  
Anonymous Anônimo said...

Zeca

Nando Reis não ficou brega, já a crítica a ele... Acho sensacional as pessoas acharem que têm propriedade para dizer quantos passos atrás o cara deu. Auto-confiança é tudo nessa vida, não?

Ah, e as músicas do CD do Mautner não são as duas únicas que Gil fez em tempos de ministério. Lembremos da que ele fez pra Copa do Mundo, o "Samba em Berlim".

beijos

26 de dezembro de 2006 às 10:16  

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