18 de junho de 2009

Livro sobre Pinheiro revolve mágoa com Guinga

No embalo dos 60 anos do compositor Paulo César Pinheiro, completados em 28 de abril de 2009, a Casa da Palavra põe nas livrarias A Letra Brasileira de Paulo César Pinheiro - Uma Jornada Musical, obra em que a jornalista Conceição Campos disseca o mundo e o processo de criação do parceiro de nomes como Baden Powell (1937 - 2000), Dori Caymmi, Francis Hime e Tom Jobim (1927 - 1994). O livro se origina de uma tese de mestrado defendida pela autora, mas sua narrativa não tem ranços acadêmicos. Ao contrário, é clara e objetiva. Conceição mapeia a origem do compositor, aborda sua relação com os muitos parceiros e traça a rota geográfica do cancioneiro de Pinheiro, fincado em terras cariocas, mineiras, baianas e amazônicas. Ao fim, há completo inventário da obra monumental do compositor com o levantamento de toda sua discografia e das canções gravadas. E, entre tantos dados, a autora dá uma versão para o fim abrupto da amizade e da parceira entre Guinga e Pinheiro. União que rendeu frutos saborosos como Senhorinha, a modinha lançada por Ronnie Von em 1986 na trilha sonora da versão original da novela Sinhá Moça. O motivo da ruptura teria sido o desabafo de Guinga ao jornalista João Máximo em entrevista publicada na edição de 8 de novembro de 1991 do Jornal do Brasil. Eis a declaração, reproduzida no excelente livro:

"Cometi um erro ao acreditar que, sendo parceiro de um letrista consagrado, tudo aconteceria naturalmente. Mas não. Paulinho tinha a carreira dele e custei a perceber que eu precisava ter a minha própria. Ele era um parceiro com outra cabeça. Por exemplo, achava minhas músicas difíceis, herméticas, nada populares. Não acreditava nelas. É mais ou menos como ficar 21 anos num emprego e o patrão não te dar o mínimo valor. Um dia você muda de emprego e novo patrão te acha o maior". Guinga em entrevista ao Jornal do Brasil, edição de 8 de novembro de 1991.

Magoado com a visão de Guinga, Paulo César Pinheiro teria dado por encerradas a parceria e a amizade com o colega compositor. Contudo, A Letra Brasileira de Paulo César Pinheiro mostra que, com ou sem Guinga, a jornada musical do autor de Canto das Três Raças sempre teve fôlego porque seu coração parece ser a casa da palavra por já abrigar - generoso - cerca de duas mil letras.

13 Comments:

Anonymous Luc said...

Difíceis? Sim, mas sobretudo para os intérpretes.

Herméticas? Guinga, o Pierre Boulez é hermético. Você é desbravador.

Nada populares? Aguarde, o público vai se familiarizar, vai "fazer o ouvido".

O que acontece com o Guinga é que ele levou a música brasileira até onde a gente pensava que o Edu Lobo fosse levar: até os limites do sistema tonal.

18 de junho de 2009 às 10:52  
Anonymous Anônimo said...

Essa história está mal contada Mauro. Quando Guinga fez essa declaração já havia rompido com PCP, por motivos artísticos e pessoais, há um bom tempo, e já estava de vento em popa com a parceria com Aldir Blanc ( parceria aliás que nos rendeu clássicos da nossa música e alçou Guinga ao seu devido lugar no Olimpo da Música Brasileira ).
Sua reportagem dá a entender que Guinga é um grande vilão, o que não é verdade, você sabe disso.
Vamos louvar Paulo César Pinheiro, que bem merece, sem manchar reputações alheias.

18 de junho de 2009 às 13:51  
Anonymous Anônimo said...

Praticamente todas as parcerias, musicais ou não, acabam por criar mágoas, melindres. Faz parte.
O importante é a obra dos dois, juntos e com outros parceiros.
Guinga é do tipo que fala o que vem na lata, mesmo. Paulinho é o cara dos mil parceiros, ou quase isso.
O que importa é que a música brasileira tem histórias, valores e pode ser clara e direta.
Bons livros sobre música brasileira são bem chegados.
Saúde e talento para todos !
Carioca da Piedade, que um dia já sonhou em ser Paulinho Pinheiro e ter parceiros como o Guinga.

18 de junho de 2009 às 15:38  
Anonymous RSantiago said...

O problema é de quem não tem ouvido nem paciência. Concordo com o Luc. O público vai se familiarizar com a musicalidade do Guinga.

O PCP é um grande letrista. Mas eu prefiro as parcerias do Guinga com o Aldir. Vide Ária de Opereta vs Porto de Araújo.

Sistema Tonal? Eu não acho que ele se preocupe com formalismos enquanto compõe. É muito descontraído pra tanto.

E voltando ao assunto principal, fiquei curioso pra ler o livro ;-)

18 de junho de 2009 às 15:47  
Anonymous Anônimo said...

PCP é dos maiores letristas da MPB. Guinga é um dos maiores melodistas. Nessa briga de cachorro grande quem sou eu para me meter. Só lamento e fico torcendo para que ambos voltem a trocar lambidas. A MPB agradece.

18 de junho de 2009 às 18:29  
Anonymous Anônimo said...

Não tem essa de Paulo César ser melhor ou não que Aldir. AMBOS SÃO GÊNIOS E DEVERÍAMOS SER GRATOS PELO PRIVILÉGIO.
Só tenho uma queixa: João Bosco precisa voltar a "namorar" Aldir Blanc. A dupla é perfeita. Sem erro!

18 de junho de 2009 às 18:31  
Anonymous Anônimo said...

Amo Guinga, mas cá entre nós PCP não precisa deste ou daquele parceiro. Sua estrela atrai qualquer planeta.

18 de junho de 2009 às 18:51  
Anonymous Anônimo said...

Independente de briguinhas de vizinho QUE BOM TERMOS PAULO C.PINHEIRO; ALDIR BLANC; GUINGA; SUELI COSTA; FÁTIMA GUEDES; ABEL SILVA; FAUSTO NILO; MÁRCIO BORGES; FERNANDO BRANT; MAURO DINIZ; RONALDO BASTOS...
Ô país abençoado.

18 de junho de 2009 às 18:55  
Anonymous Anônimo said...

Amém!

18 de junho de 2009 às 19:21  
Anonymous Anônimo said...

Mauro,

Acerta aí... o João, infelizmente, já subiu.

"Baden Powell (1937 - 2000), João Nogueira (1941 - 2000), Francis Hime e Tom Jobim (1927 - 1994)."


p.s. O que seriam 'ranços acadêmicos'?

Fernando

18 de junho de 2009 às 19:40  
Anonymous Anônimo said...

"Ranços acadêmicos" seriam "vícios", "hábitos" por vezes ruim que, no intuito de engrandecer, modernizar, elitizar uma escrita acaba por esquecer do principal: o conteúdo, a informação - seca e direta - para os leitores "comuns". Acertei Mauro ?

18 de junho de 2009 às 20:43  
Anonymous Anônimo said...

Mauro, sem querer "puxar o saco", gostei do "conserto". Ao invés de apenas reproduzir a informação já devidamente corrigida pelo Fernando aí, mandaste outro belo parceiro AINDA VIVO - QUE BOM - no texto.
Inteligência 10!

18 de junho de 2009 às 21:00  
Anonymous Anônimo said...

A observação do anônimo aí também não fica atrás. Percebi a troca agora. Sai o grande João Nogueira - já informado e corrigido - entra o enorme Dori Caymmi.

18 de junho de 2009 às 21:23  

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