Livro relaciona vida e obra passionais de Russo
Resenha de Livro
Título: Renato Russo
- O Filho da Revolução
Artista: Carlos
Marcelo
Editora: Agir
Cotação: * * * 1/2
No dia 11 de outubro de 1996, ao saber da morte de Renato Russo (1960 - 1996), um funcionário de um parque de diversões do município baiano de Euclides da Cunha - Luís Araújo, de 22 anos - entra sozinho no trem fantasma. Enquanto ouve músicas da Legião Urbana na fita cassete que pôs para tocar num aparelho de som portátil, o rapaz dispara um tiro contra a própria cabeça, alegando na carta de despedida que sua vida não tem mais sentido após a morte de Russo. Tal passagem trágica, contada pelo jornalista Carlos Marcelo ao fim de seu livro Renato Russo - O Filho da Revolução, dá a dimensão que a obra do mentor da Legião Urbana adquiriu em pouco mais de dez anos desde o seu nascimento, em Brasília, até a explosão nacional. O livro não é uma biografia convencional do artista (os últimos discos da Legião Urbana bem como a carreira solo do cantor são mencionados de forma breve), mas prima por reconstituir os passos iniciais de Renato Russo relacionando sua vida com sua obra ao enfocar paralelamente os acontecimentos que geraram Brasília e fizeram com que, na virada dos anos 70 para os 80, fosse criada na cidade uma cena punk comparável somente à de São Paulo. A obra passional de Renato Russo é fruto da Revolução (a de 64) e também dessa cena roqueira que driblava o tédio com festas e as audições dos então raros LPs importados da Inglaterra.
Fartamente ilustrado com fotos e documentos, o livro não mergulha fundo na mente tão criativa quanto atormentada de Renato Russo, mas contextualiza muito bem o nascimento de um cancioneiro que faria a cabeça da juventude do Brasil. Foi da convivência do futuro artista com os amigos da lendária Turma da Colina que se originou um dos repertórios mais contundentes do rock brasileiro a partir da formação de grupos como o Aborto Elétrico (1978 - 1982). O autor mostra como o rapaz tímido, que chegou a fazer teatro para ficar mais expansivo, se tornou o líder mítico e por vezes messiânico de uma legião urbana que lhe devotaria amor e ódio na mesma proporção - como fica claro na convulsão, detalhada no livro, provocada pela volta do artista a Brasília em 1988 para um show no estádio Mané Garrincha que culminou em violência e desordem. Com narrativa coloquial, às vezes romanceada, Renato Russo - O Filho da Revolução revira o berço que impulsionou o cérebro mais inquieto daquela cena a traduzir na sua música as angústias e os sentimentos da Geração Coca-Cola. Até aquela manhã triste de outubro de 1996...
Título: Renato Russo
- O Filho da Revolução
Artista: Carlos
Marcelo
Editora: Agir
Cotação: * * * 1/2
No dia 11 de outubro de 1996, ao saber da morte de Renato Russo (1960 - 1996), um funcionário de um parque de diversões do município baiano de Euclides da Cunha - Luís Araújo, de 22 anos - entra sozinho no trem fantasma. Enquanto ouve músicas da Legião Urbana na fita cassete que pôs para tocar num aparelho de som portátil, o rapaz dispara um tiro contra a própria cabeça, alegando na carta de despedida que sua vida não tem mais sentido após a morte de Russo. Tal passagem trágica, contada pelo jornalista Carlos Marcelo ao fim de seu livro Renato Russo - O Filho da Revolução, dá a dimensão que a obra do mentor da Legião Urbana adquiriu em pouco mais de dez anos desde o seu nascimento, em Brasília, até a explosão nacional. O livro não é uma biografia convencional do artista (os últimos discos da Legião Urbana bem como a carreira solo do cantor são mencionados de forma breve), mas prima por reconstituir os passos iniciais de Renato Russo relacionando sua vida com sua obra ao enfocar paralelamente os acontecimentos que geraram Brasília e fizeram com que, na virada dos anos 70 para os 80, fosse criada na cidade uma cena punk comparável somente à de São Paulo. A obra passional de Renato Russo é fruto da Revolução (a de 64) e também dessa cena roqueira que driblava o tédio com festas e as audições dos então raros LPs importados da Inglaterra.
Fartamente ilustrado com fotos e documentos, o livro não mergulha fundo na mente tão criativa quanto atormentada de Renato Russo, mas contextualiza muito bem o nascimento de um cancioneiro que faria a cabeça da juventude do Brasil. Foi da convivência do futuro artista com os amigos da lendária Turma da Colina que se originou um dos repertórios mais contundentes do rock brasileiro a partir da formação de grupos como o Aborto Elétrico (1978 - 1982). O autor mostra como o rapaz tímido, que chegou a fazer teatro para ficar mais expansivo, se tornou o líder mítico e por vezes messiânico de uma legião urbana que lhe devotaria amor e ódio na mesma proporção - como fica claro na convulsão, detalhada no livro, provocada pela volta do artista a Brasília em 1988 para um show no estádio Mané Garrincha que culminou em violência e desordem. Com narrativa coloquial, às vezes romanceada, Renato Russo - O Filho da Revolução revira o berço que impulsionou o cérebro mais inquieto daquela cena a traduzir na sua música as angústias e os sentimentos da Geração Coca-Cola. Até aquela manhã triste de outubro de 1996...
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Resenha de Livro
Título: Renato Russo
- O Filho da Revolução
Artista: Carlos
Marcelo
Editora: Agir
Cotação: * * * 1/2
No dia 11 de outubro de 1996, ao saber da morte de Renato Russo (1960 - 1996), um funcionário de um parque de diversões do município baiano de Euclides da Cunha - Luís Araújo, de 22 anos - entra sozinho no trem fantasma. Enquanto ouve músicas da Legião Urbana na fita cassete que pôs para tocar num aparelho de som portátil, o rapaz dispara um tiro contra a própria cabeça, alegando na carta de despedida que sua vida não tem mais sentido após a morte de Russo. Tal passagem trágica, contada pelo jornalista Carlos Marcelo ao fim de seu livro Renato Russo - O Filho da Revolução, dá a dimensão que a obra do mentor da Legião Urbana adquiriu em pouco mais de dez anos desde o seu nascimento, em Brasília, até a explosão nacional. O livro não é uma biografia convencional do artista (os últimos discos da Legião Urbana bem como a carreira solo do cantor são mencionados de forma breve), mas prima por reconstituir os passos iniciais de Renato Russo relacionando sua vida com sua obra ao enfocar paralelamente os acontecimentos que geraram Brasília e fizeram com que, na virada dos anos 70 para os 80, fosse criada na cidade uma cena punk comparável somente à de São Paulo. A obra passional de Renato Russo é fruto da Revolução (a de 64) e também dessa cena roqueira que driblava o tédio com festas e as audições dos então raros LPs importados da Inglaterra.
Fartamente ilustrado com fotos e documentos, o livro não mergulha fundo na mente tão criativa quanto atormentada de Renato Russo, mas contextualiza muito bem o nascimento de um cancioneiro que faria a cabeça da juventude do Brasil. Foi da convivência do futuro artista com os amigos da lendária Turma da Colina que se originou um dos repertórios mais contundentes do rock brasileiro a partir da formação de grupos como o Aborto Elétrico (1978 - 1982). O autor mostra como o rapaz tímido, que chegou a fazer teatro para ficar mais expansivo, se tornou o líder mítico e por vezes messiânico de uma legião urbana que lhe devotaria amor e ódio na mesma proporção - como fica claro na convulsão, detalhada no livro, provocada pela volta do artista à Brasília em 1988 para um show no estádio Mané Garrincha que culminou em violência e desordem. Com narrativa coloquial, às vezes romanceada, Renato Russo - O Filho da Revolução revira o berço que impulsionou o cérebro mais inquieto daquela cena a traduzir na sua música as angústias e os sentimentos da Geração Coca-Cola. Até aquela manhã triste de outubro de 1996...
Oi, Mauro!
Quando vejo notícias como essa, o primeiro pensamento que me vem é "ai, gente, deixa o morto descansar!". Mas li umas matérias sobre esse livro e me pareceu interessante, por apresentar, de certa forma, um outro ponto de vista, não apenas abordar os mesmos fatos de forma reverente, repetitiva e vazia.
Tá, pode ser que seja mais um caça-níquel sem-vergonha, mas a princípio acho que, pela mudança do foco, merece algum crédito.
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Agora, Mauro, já que você falou que sou sua revisora favorita (hahaha, agora aguenta!), não vou deixar passar. Não há crase no trecho "... provocada pela volta do artista à Brasília em 1988...", o certo é o "a" sem acento mesmo! ;-)
Desculpe, é que eu trabalho com isso, é o que eu faço todos os dias, há bastante tempo, então, é automático, quase um ato inconsciente. Juro que não é por mal, nem por implicância ou pura chatice. :-)
Um abraço!
Flávia C.
Grato pela correção atenta, Flávia. Não se desculpe, é um favor que vc me faz apontando erros de digitação ou acentuação.
abs, MauroF
Grandíssimo Mauro,
Mais uma vez parabéns pelo seu delicioso blog(domauro, studionline...) Seus textos são agradabilíssimos e sempre com novidades e furos jornalísticos...
Realmente é um ótimo livro, estivemos no lançamento aqui em João Pessoa antes do Natal...
Abraços
Força sempre!
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